• Nenhum resultado encontrado

2 CAPÍTULO INTRODUTÓRIO: CONHECENDO O TEMA

2.1.1 Conectando fases: a pesquisa

Segundo Creswell (2014), a pesquisa qualitativa, por ser subjetiva, necessita que o pesquisador apresente ao leitor a forma como enxerga o mundo, quais são as estruturas interpretativas e os pressupostos filosóficos associados. Nesse sentido, com a trajetória descrita acima, os paradigmas foram estabelecidos, isto é, pressupostos que conduzem a certas atitudes em relação ao meu ser e ao meu objeto de pesquisa foram se definido. Considerando a importância do meu posicionamento e as influências sob o olhar de pesquisadora, evidencia-se a preocupação em agir. Há dúvidas em relação ao sucesso das ações, mas, por meio de tentativas de erro e de acerto, almejam-se as melhores soluções para os problemas confrontados. Essas características sugerem a descrição de uma estrutura interpretativa que se alinha ao pragmatismo.

No pressuposto ontológico, a realidade é encarada de forma prática. A utilidade e a praticidade aliadas à sua funcionalidade regem as ações. Um exemplo da utilidade associada à funcionalidade é a tentativa de implementar novas formações e, na busca de motivos dos insucessos, a finalidade é a de aperfeiçoamento em formações futuras. No pressuposto epistemológico, quando o tema software é abordado, surge um exemplo de como conhecer a realidade. Ferramentas auxiliam as mais diversas áreas da pesquisa na obtenção tanto de evidências objetivas como subjetivas. Essa

35 característica de praticidade induz à procura de ferramentas que auxiliem em questões, muitas vezes, obscuras, com a finalidade de identificar informações ocultas nas entrelinhas durante a análise de dados.

No pressuposto axiológico, destaca-se a praticidade, em que é não raro depara-se com a dificuldade em perceber a subjetividade e reconhecer o que está embutido na realidade que se apresenta. Na análise de dados, ocorre o mesmo.

Assim, no pressuposto metodológico, há o envolvimento da pesquisa qualitativa, mas necessita da quantitativa para compor o corpus da pesquisa e para a análise dos dados.

A trajetória apresentada reflete as inquietações que levaram ao processo de investigação e elaboração desta pesquisa. Os aspectos pragmáticos da realidade observada e a inquietação diante das limitações das políticas de adoção de tecnologia pelos professores direcionam para a questão central deste estudo: analisar a política de formação de professores para adoção das tecnologias da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba na perspectiva da Teoria Adoção da Inovação. Esta questão central conduziu aos seguintes desdobramentos dos

problemas de pesquisa:

1) Os documentos normativos explicitam elementos que favoreçam a adoção das tecnologias?

A implementação de uma política pública está sempre calcada em documentos normativos que estabelecem diretrizes para a condução de um determinado procedimento, quer seja de formação continuada, implantação de metodologias, ou de parque tecnológico, entre outros. Os documentos não deixam de ser um instrumento que normatiza as ações educativas, gerando a necessidade de se analisar o Plano Nacional de Educação (PNE) e as Diretrizes Curriculares do Município de Curitiba (DCM), a fim de identificar a concepção que aponta para a adoção de uma tecnologia. Essa investigação é analisada por meio do olhar sob as concepções de tecnologia que foram se constituindo ao longo do tempo e que traduzem o contexto das políticas públicas em cada momento específico e provocam outras demandas.

2) O professor participante das formações tem alguma característica específica que o leva a adotar uma tecnologia em potencial na prática pedagógica da sala de aula?

A SME apresenta, em seu planejamento anual de cursos, formações que contemplam os mais diversos temas e recursos ligados à tecnologia. A procura por

esses cursos é elevada, significando que, ao longo da trajetória de formação para tecnologias, professores passaram pelos cursos oferecidos. Poucos desses adotaram-nas em sua prática pedagógica. É necessário investigar como ocorre o processo de adoção por esses professores.

3) Uma equipe responsável pela formação continuada para o uso de tecnologias pode interferir no modo como os professores adotam-na em sua prática pedagógica?

A SME tem, hoje, uma coordenadoria específica responsável pela formação continuada de professores para o uso das tecnologias. Ao longo das gestões, vários formadores passaram por essa coordenadoria, que anteriormente fazia parte do Departamento de Desenvolvimento Profissional, com seus diversos perfis, formações e visões sobre a tecnologia. É necessário analisar como esses profissionais influenciaram e ainda influenciam os professores em sua trajetória para que se transformem em adotantes de tecnologia, sob o olhar da Teoria da difusão da Inovação (TDI) e das concepções de tecnologia apresentada ao longo do tempo.

4) O perfil do gestor de um setor de tecnologia influencia a aquisição, implementação da tecnologia e a formação de professores?

Desde a criação do ETD na RME, em 2003 (hoje, desvinculado da Coordenadoria de Tecnologia e Inovação implantada no início de 2018), o cargo foi ocupado por oito diretores, cada um com um olhar sobre formação, de visão e de conduta diferenciada frente à tecnologia. É necessário analisar as diferentes perspectivas sobre a tecnologia que já existiram na RME e como essas perspectivas influenciaram os processos de formação. É preciso também ter clareza que nem sempre o perfil do gestor é determinante para o estabelecimento de diretrizes institucionais, embora os resultados de Pocrifka (2012) tenham indicado que o papel dos gestores é muito mais determinante para o sucesso de algumas políticas de uso de tecnologias do que os estudos recorrentes costumavam apontar.

Essas questões conduziram aos objetivos descritos a seguir.