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Formação continuada de professores para a adoção das tecnologias

2 CAPÍTULO INTRODUTÓRIO: CONHECENDO O TEMA

2.2.2 Formação continuada de professores para a adoção das tecnologias

Além da preocupação com a formação continuada do professor, mais um desafio é lançado: a tecnologia no campo educacional. Warschauer (2006) apresentou três elementos necessários para a adoção de uma tecnologia, que poderiam ser aplicados aos professores, definindo a adoção como inclusão digital correspondente à posse de um equipamento, à necessidade de uma conectividade para esse equipamento e ao letramento, que possibilita relacionar a formação com a tecnologia. Para o autor, a formação para a tecnologia (letramento) caracteriza-se por três aspectos: os artefatos físicos, diversos materiais de informação, como livros, revistas, jornais e computadores, cuja ausência inviabilizaria o acesso à informação; o conteúdo relevante transmitido, ou seja, a filtragem do conteúdo; as habilidades, ou seja, os conhecimentos adquiridos e as atitudes assumidas pelo usuário para que o conteúdo filtrado seja realmente significativo e para que a informação fosse transformada em conhecimento.

Almeida (2004) destacou a importância da formação de professores baseado no próprio contexto profissional e na reflexão a partir das suas ações, que devem ultrapassar a ideia de disponibilização de equipamentos. Salientou, ainda, a necessidade do alinhamento entre teoria e prática, pois, a partir do momento da conscientização do professor quanto a essa relação, desperta a importância da tecnologia.

Essa ideia é corroborada por Oliveira (2007), que mencionou que a formação continuada para a adoção de tecnologias deveria oportunizar a apropriação crítica da tecnologia e a integração de seu uso à prática pedagógica e não apenas ser a oferta de cursos de curta duração que abordem somente questões técnicas do uso do equipamento. Ou seja, a formação continuada deve transcender parte técnica das tecnologias e abordar questões de ordem metodológica e prática do fazer pedagógico. Assim, essa argumentação vem ao encontro do posicionamento de Moran (2002), quando afirmou sobre a necessidade do estabelecimento de uma comunicação crítica e reflexiva em relação aos fundamentos teóricos e metodológicos da adoção das tecnologias no campo educacional.

2.2.3 As políticas públicas de formação continuada de professores para a adoção de tecnologias

Em 1997, o Governo Brasileiro, por meio do Ministério da Educação (MEC), criou o Programa Nacional de Informática na Educação (Portaria n. º 522 em 09/04/1997), que a partir de 12 de dezembro de 2007, por meio do Decreto n.º 6.300, passou a denominar-se Programa Nacional de Tecnologia Educacional que promovia o uso da tecnologia como ferramenta para potencializar a prática pedagógica no âmbito da educação pública. Em seu artigo 4.º, parágrafo 3, item II desse decreto, que delega as atribuições dos estados, municípios e Distrito Federal, apresenta-se a relação do programa com a formação dos professores, que consiste em: “viabilizar e incentivar a capacitação de professores e outros agentes educacionais para utilização pedagógica das tecnologias da informação e comunicação” (BRASIL, 2007).

As diretrizes que regem esse programa, além de apresentarem toda a lógica para a implantação do parque tecnológico e a conectividade nas unidades educacionais da rede pública no Brasil, mostrando indicativos para a formação dos professores. No capítulo Ações, no item Capacitação de Recursos Humanos, sustenta-se que o sucesso do programa seria consolidado por meio da capacitação de todos os envolvidos com a implantação (BRASIL, 1997):

...preparar professores para saberem usar as novas tecnologias da informação de forma autônoma e independente, possibilitando a incorporação das novas tecnologias à experiência profissional de cada um, visando a transformação de sua prática pedagógica (...) (BRASIL, 1997, p. 8).

Calcado no Programa Nacional de Tecnologia Educacional, e para se cumprir os propósitos da inclusão digital, foi instituído o Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado), ação do MEC baseada nas orientações do Banco Mundial que propõem a introdução da tecnologia no ensino público, em parceria com a Secretaria de Educação a Distância(SEED) e governos estaduais e municipais, por meio de suas secretarias de educação preconiza, ainda, formações didático-pedagógicos das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), articulando-as aos diversos equipamentos tecnológicos, aos conteúdos e recursos midiáticos elaborados pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Público e pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais.

As formações disponibilizadas e respectivas descrições e carga horária constam no no quadro 4.

49 Quadro 4 - Curso do ProInfo Integrado para professores e gestores.

Fonte:http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/271-programas-e-acoes- 1921564125/seed-1182001145/13156-proinfo-integrado. Acesso em: setembro de 2016.

A implementação de ações de formação de professores por meio do ProInfo gerou muitas críticas entre alguns pesquisadores. Freire (2014), que avaliou o programa na perspectiva da formação docente em relação ao uso dos recursos tecnológicos e suas implicações na prática pedagógica, afirmou que ele necessitava priorizar e valorizar as formações dos docentes, para que a apropriação de ferramentas fosse mais eficaz. Já Santos (2007), que analisou a qualidade do processo formativo dos professores participantes do ProInfo, discorreu sobre a superficialidade do reflexo dos recursos no cotidiano da prática pedagógica, pois a ênfase estava na ferramenta e não no significado da sua prática de sala de aula. Para

Santiago (2017), que analisou o uso das tecnologias digitais na educação, intermediada pelo ProInfo, aponta que não foi possível atingir a formação de todos os professores, sendo necessário focar o uso adequado das ferramentas tecnológicas por meio de metodologias inovadoras que pudessem assegurar um envolvimento maior entre o recurso e a prática pedagógica.

Sendo um programa já consolidado e com uma caminhada histórica, Santos (2014) destacou a finalidade do programa como recurso didático-metodológico invisível, isto é, os professores que realizavam a formação reconheciam os benefícios da tecnologia, mas ainda não conseguiam articular o uso de recursos com as áreas do conhecimento nem com a prática pedagógica. Ou seja, a base teórica era desvinculada da prática, limitada em instrução e técnica, de cunho reprodutivista, culminando em atividades que não desenvolviam a produção de conhecimento, sendo que o modelo de formação proposto inviabilizava o uso pedagógico de recursos tecnológicos pelos professores.

2.2.4 As políticas públicas de implantação de recursos tecnológicos nas