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Capítulo II Os Sistemas Administrativos

5. Confronto entre os sistemas de tipo britânico e de tipo francês

Compreender que no confronto entre sistema britânico e francês se pode observar que (cfr. fig. 5):

a) Quanto à organização administrativa, um é um sistema descentralizado. O outro é centralizado; b) Quanto ao controlo jurisdicional da administração, o primeiro entrega-o aos Tribunais Comuns, o

segundo aos Tribunais Administrativos. Em Inglaterra há pois, unidade de jurisdição, em França existe dualidade de Jurisdições;

c) Quanto ao direito regulador da administração, o sistema de tipo Britânico é o Direito Comum, que basicamente é Direito Privado, mas no sistema tipo Francês é o Direito Administrativo que é Direito Público;

d) Quanto à execução das decisões administrativas, o sistema de administração judiciária fá-la depender da sentença do Tribunal, ao passo que o sistema de administração executiva atribui autoridade própria a essas decisões e dispensa a intervenção prévia de qualquer Tribunal; e) Quanto às garantias jurídicas dos administrados, a Inglaterra confere aos Tribunais Comuns

amplos poderes de injunção face à Administração, que lhes fica subordinada como a generalidade dos cidadãos, enquanto França só permite aos Tribunais Administrativos que anulem as decisões ilegais das autoridades ou as condenem ao pagamento de indemnizações, ficando a Administração independente do poder judicial.

Têm vários traços específicos que os distinguem nitidamente (cfr. fig. 1):

Sistema administrativo de tipo britânico ou de administração judiciária

Sistema administrativo de tipo francês ou de administração executiva

Consagra a separação de poderes = Consagra a separação de poderes

Descentralizado

Organização Administrativa

Centralizado

Tribunais Comuns, Unidade de jurisdição Controlo Jurisdicional da Administração Tribunais Administrativos, Dualidade de Jurisdições

Direito Comum, Direito Privado Direito Regulador da

Administração Administrativo que é Direito Público

Fá-la depender da sentença do Tribunal Execução das decisões

administrativas

Autoridade própria a essas decisões e dispensa a intervenção prévia de qualquer Tribunal

Amplos poderes de injunção face à Administração, que lhes fica subordinada como a generalidade dos cidadãos

Garantias jurídicas dos particulares

Só permite aos Tri bunais Administrativos que anulem as decisões ilegais das autoridades ou as condenem ao p agamento de indemnizações, ficando a Administração independente do poder judicial

fig. 1: Confronto entre Sistemas Administrativos

5.1. Evolução dos sistemas administrativos: britânico e francês

 Verificar que a evolução ocorrida no século XX veio determinar a aproximação relativa dos dois

Sistema administrativo de tipo britânico ou de administração judiciária

Sistema administrativo de tipo francês ou de administração executiva

Tornou-se mais centralizado

(burocracia, criação de serviços)

Organização Administrativa

Tornou-se mais descentralizado (com autonomia de corpos intermédios) Tribunais Comuns Unidade de jurisdição Controlo Jurisdicional da Administração Mantém-se Tribunais Administrativos Dualidade de Jurisdições Direito Comum Direito Privado

Aproximação entre os dois sistemas

Direito Regulador da Administração

Administrativo que é Direito Público

Aproximação entre os dois sistemas

Fá-la depender da sentença do Tribunal Aproximação entre os dois sistemas, mas menos pronunciada

Execução das decisões administrativas

Autoridade própria a essas decisões e dispensa a intervenção prévia de qualquer Tribunal

Aproximação entre os dois sistemas, mas menos pronunciada

Amplos poderes de i njunção face à Administração, que lhes fica subordinada como a generalidade dos cidadãos

(globalmente superiores)

Garantias jurídicas dos particulares

Só permite aos Tribunais Administrativos que anulem as decisões ilegais das autoridades ou as condenem ao pagamento de ind emnizações, ficando a Administração independente do poder judicial

fig. 2: Evolução dos Sistemas Administrativos

Conclusão:

 O princípio fundamental que inspira cada um dos sistemas é diverso; soluções diferentes, técnica

jurídica diferente;

 Houve uma aproximação, nomeadamente:

a) A organização administrativa; b) No direito regulador;

c) No regime de execução das decisões administrativas; e, d) No elenco das garantias jurídicas dos particulares.

 Existem algumas diferenças que se mantêm mais nítidas, nomeadamente:

a) Nos tribunais onde, para Inglaterra, são os tribunais comuns e, para a França, os tribunais administrativos;

b) Unidade de Jurisdição (Inglaterra); e, c) Dualidade de jurisdição (França).

 Concluir que a grande diferença entre o sistema britânico e francês reside, pois, no tipo de controlo

 O facto de ambos os países pertencerem à EU, a médio ou longo prazo, reforçará uma aproximação

que vem sendo seguida por ambos. O mesmo sucederá a Portugal. Um direito comum europeu começa a nascer e terá reflexos no Direito Administrativo dos países membros (FREITAS DO AMARAL, 2006, p.130).

Actividade 1: no tempo lectivo de contacto:

 Para além do diálogo resultante da exposição do tema principal, a aula n.º 3 dispõe da seguinte actividade:

Resolução das seguintes questões:

1. Refira o que entende por sistema administrativo e apresente, descritiva e justificadamente, os dois principais sistemas administrativos que estudou.

2. No âmbito da matéria que estudou sobre os sistemas administrativos, apresente argumentos que fazem separar, em termos de características distintivas, o sistema administrativo de tipo britânico ou de administração judiciária do sistema administrativo de tipo francês ou de administração executiva.

3. Estabeleça as semelhanças entre o sistema administrativo de tipo britânico ou de administração judiciária do sistema administrativo de tipo francês ou de administração executiva. Identifique, ainda, a evolução ocorrida no século XX e que veio aproximar aqueles sistemas.

Actividade 2: no tempo autónomo (não contacto) do Estudante:

 Leitura do texto do manual principal, pp. 100-113 e 114-130.

Referências bibliográficas da sessão:

 AMARAL, Diogo Freitas do (2006). Curso de Direito Administrativo. Volume I. 3.ª Edição. Edições Almedina. Coimbra. 2006 (pp. 100-113 e 114-130).

 CAUPERS, João (1996). “Direito Administrativo”. Editorial Notícias. Lisboa (p. 33-37).

 CAUPERS, João (2005). “Introdução ao Direito Administrativo”. 8.ª Edição, Âncora Editora. Lisboa (pp.

44-47).

 DIAS,José Eduardo Figueiredo, eOLIVEIRA, Fernanda Paula (2005). “Noções Fundamentais de Direito Administrativo”. Almedina (pp. 30-36).

Capítulo III

Teoria Geral da Organização Administrativa: Elementos da Organização Administrativa

Aula T/P n.º 4 Horas de contacto: 2h,30m

Sumário:

Introdução: Identificação entre elementos de organização administrativa e Sistemas Administrativos Conceito de organização administrativa

Elementos da organização administrativa

As pessoas colectivas públicas, conceito e espécies Classificação dos órgãos

/…

Objectivos da aula:

 Identificar nos conteúdos programáticos o contexto dos elementos de organização administrativa no âmbito da teoria geral da organização administrativa;

 Relacionar os três grandes elementos reguladores da actividade administrativa;  Compreender o conceito de pessoa colectiva pública e respectivas espécies.  Identificação do tipo (classificação) dos órgãos das pessoas colectivas;  Compreensão do conceito e funcionamento de cada um dos órgãos;

 Percepção de toda a terminologia técnico-jurídica aplicada aos órgãos, em especial os órgãos colegiais; e,  Aplicação dos conceitos aos trabalhos propostos.