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Capítulo II Os Sistemas Administrativos

2. Definição e conceito de Serviço Público, Função Pública e Emprego Público

 Compreender que o “serviço público visa a satisfação de necessidades colectivas individualmente sentidas, através do fornecimento de bens ou serviços abaixo do seu custo” (BILHIM (2000).

Compreender o conceito de Função Pública e funcionalismo público, Serviços Públicos e Interesse Público e que o seu estabelecimento profissional é uma solução do processo de reforma de administração pública (CARDONA, 2000) e que “a transformação do serviço público transcende as

barreiras ou limites da política” (SHERGOLD, 1997).

 Identificar outras considerações teóricas sobre o alcance da expressão função pública ou

funcionalismo público (ou civil service), que se utiliza muitas vezes para identificar subconjuntos do emprego público com base em diversos critérios: (i) o critério da ordem jurídica-formal; (ii) critério de ordem jurídica; e, (iii) o critério de ordem funcional.

 Apreender as origens do conceito de serviço público que emergiu, em termos conceptuais, do trabalho

cidadania democrática; (ii) modelos de comunidade e sociedade civil; e, (iii) princípios de humanismo organizacional.

Compreender que a questão numérica e funcional e, até, dos custos com pessoal, são questões que,

no âmbito das reformas, deverão andar sempre juntas, dada a complexidade do problema. Esta ideia é, aliás, corroborada por vários e importantes investigadores (POLLITT E BOUCKAERT, 2004).

Compreender o conceito de sistema de carreira, como sendo caracterizado pela predominância da

ideia de emprego para toda a vida, com critérios específicos de acesso e ingresso na função, uma forte ênfase no desenvolvimento da carreira com uma grande relevância para a antiguidade e uma diferenciação relativamente forte entre o emprego público e privado (career-based system).

Compreender o conceito de sistema de emprego, como sendo caracterizado por um foco sobre a

selecção de candidatos para cada posição, um acesso e ingresso mais aberto e uma maior mobilidade entre o emprego no sector privado e no sector público (position-based system).

Reter que o tradicional sistema de carreira, comum a um grande número de países da Europa e

América do Norte, parece estar a mudar para alternativas de emprego muito mais flexível.

 Compreender que a visão (ou princípio motivador) da segurança no emprego desaparece gradualmente com a passagem de um regime de carreira (fortemente tradicional) para um regime de emprego (cfr. fig. 1).

Funcionalismo Público

Act ual Princípios da Nova Ges t ão PúblicaFuncionalismo Público

Regime de Carreira

Regime de Emprego

Regime de Carreira

Regime de Emprego fig. 23: Es quema t ipo do funcionalismo público act ual e conforme os

princípios da NGP

fig. 1: Esquema-tipo do funcionalismo público tradicional e o novo esquema do regime de emprego público

 Perceber que a reforma do emprego público começou, assim, a ser um problema real de governação,

 Conhecer que a questão central parece ser a de se saber se é racional continuar a investir e

desenvolver um sistema de carreira (career civil-service system) (BODIGUEL, 1995; OECD, 1995, 1997a, 2001; EYMERI, 2001; NOMDEN, 2002), como foi o caso da Alemanha, Portugal e França (pelos menos durante e depois do século XX) ou se, por outro lado, se deveria investir no regime de emprego (job civil-service system) como fez, desde muito cedo, o Reino Unido e a Holanda.

 Entender que os arranjos institucionais das formas ou sistemas de emprego público variaram entre os

países. Tais dissemelhanças verificam-se em vários aspectos. A grande maioria países balança por uma das seguintes escolhas (não anulando a outra) que se resumem a dois modelos profissionais distintos: (i) o sistema de carreira (career-based system) e, (ii) o sistema de emprego (position-based system) (DAHLSTRÖM et al, 2008; DEMMKE et al, 2008; ADOMONIS, 2008; BOURGON, 2008, KUPERUS et al, 2009).

 Compreender que o desenho do emprego público apresenta uma grande diversidade e diferença de

estrutura orgânica (ADOMONIS, 2008), existindo vários factores que contribuem para essa falta de

homogeneidade: (i) a diversidade de instituições (horizontal scope of the civil service); (ii) a abundância de posições e cargos disponíveis (vertical scope of the civil service); e, (iii) variedade de estatutos de emprego público (material scope of civil service).

2.1. Natureza do funcionalismo público.

 Identificar as características gerais do serviço público (GUYON, 1997): (i) interesse geral; (ii)

socialmente deve ser garantida a coesão (dimensão colectiva) e os direitos fundamentais das pessoas (dimensão individual); e, (iii) garantir as insuficiências do sector privado.

 Confirmar que a maioria de países, hoje, opta por uma noção restrita do funcionalismo público.

 Identificar o conceito amplo de funcionalismo público  broad concept of civil service  países,

como a França, Irlanda, Holanda, Espanha, Suécia e Portugal têm sistemas de funcionalismo público (civil services) que englobam todos os trabalhadores da administração pública, ou melhor dizendo todos os funcionários do Estado (Public Employee) considerando que todos fazem parte da máquina administrativa do Estado.

 Identificar o conceito restrito de funcionalismo público  restricted scope of the concept of civil

service  países como Alemanha, Reino Unido, Áustria, e mais recentemente a Dinamarca e a Itália, restringiram o alcance do conceito de funcionalismo público ao designado por core public

administration, que basicamente significam as funções que unicamente o Estado tem legitimidade para prosseguir, enquadrando-se aqui as forças armadas e de segurança, polícia, etc.,

 Identificar as semelhanças e diferenças na caracterização do funcionalismo público (em termos de

direito administrativo) a saber: (i) separação da esfera pública da esfera privada; (ii) separação da política da administração; (iii) suficiente protecção no emprego, estabilidade, níveis salariais; (iv) uma definição clara dos direitos e deveres dos funcionários públicos (civil servants); e, (v) recrutamento e promoções baseadas no mérito.

 Identificar, para alguns autores, outras aproximações ao conceito: LONGO (2001) faz três

aproximações ao conceito de funcionalismo público: (i) o contexto jurídico próprio da Europa Continental em que o autor define funcionalismo público como aquela parte do emprego público regulada por normas de direito público, diferente das leis laborais; sendo este o alcance com que na Espanha e em França se fala em função pública como é, também, em nosso entender, o caso de Portugal, embora se trate de uma aproximação meramente formal. (ii) numa segunda via (próxima da anterior) leva à distinção entre o carácter normativo e contratual da relação de emprego. Assim funcionalismo público será um sistema em que os conteúdos da relação contratual estão estabelecidos legalmente e administrados pelos empregados públicos, em boa medida de forma unilateral. E, por último, (iii) aborda o conceito de funcionalismo público como o sistema de emprego próprio de uma parte dos empregados públicos, sendo aqueles que desempenham funções relacionadas com o exercício de poderes públicos.

 Compreender as observações institucionais básicas da definição de funcionalismo público, como: (i) presença de uma administração profissional, que goza de uma esfera de autonomia e imparcialidade no seu funcionamento (mesmo que sob a responsabilidade política); (ii) a existência de regras específicas de acesso e continuidade no emprego público que garantam a aplicação dos princípios do mérito e igualdade; e, (iii) a existência de mecanismos que protejam a segurança no emprego.

 Entender a noção de funcionalismo público como o sistema de articulação do emprego público mediante o qual determinados países garantem, sistemas e instrumentos diversos, certos elementos básicos para a existência de administrações públicas profissionais.

 Perceber que os sistemas de funcionalismo público podem incluir um ou mais tipos de relação de

emprego, a uniformidade ou diversidade das estruturas e políticas da gestão de emprego público expressam somente a existência de diferentes modelos nacionais de funcionalismo público.