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A instituição de atuação dos sujeitos desta investigação é uma escola particular de Porto Alegre, localizada num dos bairros mais tradicionais da cidade – o que não significa que seja uma escola voltada para a elite econômica. A escola trabalha na perspectiva de unir a ação transdisciplinar entre educação e saúde e atende alunos do Berçário até a 5ª série do Ensino Fundamental, com uma proposta de Educação Inclusiva.

É uma escola que compreende desde a Educação Infantil (berçários e níveis), até os anos iniciais do Ensino Fundamental. Foi fundada em maio de 1990 e em sua filosofia de trabalho destaca-se a inclusão de alunos com Deficiência na escola regular. Cabe ressaltar que na época não existia legislação que permitisse este tipo de proposta em creches e pré-escolas, sendo necessário criar um projeto piloto, analisado e aprovado pela Secretaria de Saúde e Juizado de Menores, ocasião em que foi formulado o Parecer nº 8.700 de novembro de 1990, que visava a adequação do ato normativo que permitia a presença de crianças com deficiência junto a outras crianças e opinava sobre o direito da criança e do adolescente com deficiência:

O direito é, pois um meio para fazer um mundo humano e habitável [...] no caso da criança portadora6 de deficiência tanto seu direito a liberdade quanto seu direito a igualdade, somente podem ser exercidos eficazmente, a medida em que as necessidades próprias da “deficiência” de saúde e educação, antes de servirem de obstáculo, sirvam-lhe de atenção, carinho e oportunidade (PPP, 2013, p.02).

Em 1992 foi fundamentada a prática pedagógica a partir do que propôs o Seminário Regional sobre Políticas, Planejamento e Organização da Educação Integrada, promovido pela UNESCO/OREALC, cuja meta era a criação de uma escola comum, que oferecesse uma educação diferenciada a todos, em função de suas necessidades. Posteriormente esta proposta foi regulamentada nacionalmente pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96). A escola inicialmente oferecia somente a modalidade de Berçário, foi ampliando gradualmente nos primeiros anos de existência, até atingir toda a Educação Infantil. A partir de então se vislumbrou o segmento dos estudos e formulações para a ampliação para o Ensino

Fundamental. Este se efetivou em 1998, quando a escola teve sua primeira turma de 1a série, e, nos três anos subsequentes foi ampliando progressivamente a oferta.

A escola parte do pressuposto de que todos os envolvidos no processo pedagógico são sujeitos da sua história, seres singulares e que como tal devem ser valorizados e respeitados. Desenvolver estratégias necessárias para incluir, numa mesma proposta pedagógica e numa mesma sala de aula, alunos com Deficiência e os demais, nos faz refletir sobre o profissional envolvido no processo de ensino e de aprendizagem. Neste sentido o Projeto da escola, desde o princípio, considerou como fundamental possibilitar a manifestação das diferenças. O fato da sala de aula mostrar-se heterogênea no que diz respeito às necessidades de cada aluno, foi assumido como um desafio para os educadores. Prática que não permitiu a estagnação dos envolvidos.

2.7.1 Espaços de Atuação

a) Escola Infantil

Compreende a faixa etária de 0 a 6 anos e está subdividida em berçários e níveis. Tem por finalidade a formação de sujeitos comprometidos com a história e capazes de interferirem no meio social em que vivem (família, escola, comunidade), reconhecendo no outro um cidadão de direitos e deveres, crescendo num espírito de solidariedade e compreensão, onde as primeiras aquisições do conhecimento sejam prazerosas e permeadas de conquistas e descobertas.

b) Berçários

Nesta etapa, trabalha-se fundamentalmente com a estimulação a termo. Esta estimulação não pretende antecipar etapas e nem acelerar o desenvolvimento, mas considera que o estímulo certo, no tempo devido, favorece a qualidade de vida da criança. Pensa-se no bebê e no contexto familiar inseridos no processo escolar. Propõe-se respeitar a rotina de cada bebê, dando conta de aspectos de vida diária, como alimentação, sono, higiene, estímulos cognitivos, motores e de linguagem, perpassados pelos aspectos afetivos. No Berçário I a turma tem no máximo 6 alunos e no Berçário II, no máximo 10 alunos. As turmas contam com momentos de interação

com a Fonoaudióloga, com a Terapeuta Ocupacional e aula especializada de Psicomotricidade Relacional.

c) Níveis

Na medida em que as crianças estão crescendo e se desenvolvendo, aumenta a necessidade de abrir espaços para a demanda ligada a aquisição de conhecimentos. Os projetos pedagógicos se intensificam e as experiências de socialização aumentam a medida em que as crianças vão interferindo e construindo efetivamente o planejamento do espaço escolar, sem perder a possibilidade de ser criança, pois é no brincar que mais se aprende. Nesta etapa as turmas tem, no máximo, 12 alunos e contam com uma aula especializada semanal, de psicomotricidade relacional, educação física ou yoga infantil

2.7.2 Concepção Pedagógica da Escola

a) Intervenção Psicanalítica: campo discursivo institucional, escuta do aluno, do educador, pais, equipe interdisciplinar e funcionários.

b) Pedagogia de Projetos: professor atribui significados à curiosidade despertada, abrangendo áreas do conhecimento, assumindo uma concepção construtivista/interacionista do desenvolvimento.

c) Inclusão: investir na perspectiva da inclusão, apostando no trabalho a partir dos pressupostos da diversidade e da identificação do que cada um tem de singular para contribuir com o grupo.

Nesse sentido, a concepção pedagógica da escola se fundamenta nos princípios do construtivismo/interacionismo proporcionando e propondo ao aluno sua participação ativa no próprio aprendizado, valorizando a descoberta do conhecimento. De acordo com os níveis da Educação Infantil, os Projetos Pedagógicos se intensificam e as experiências de socialização aumentam na medida em que as crianças vão interferindo e construindo efetivamente o planejamento do espaço escolar, sem perder a possibilidade de ser criança, pois é no brincar que mais se aprende.

O trabalho pedagógico alicerçado pela Pedagogia de Projetos permite um trabalho interdisciplinar, abrangendo as áreas do conhecimento inseridas na realidade, viabilizando múltiplas relações sociais.

A função do projeto é promover a criação de estratégias para resolver um problema proposto, testar algumas hipóteses referentes à um determinado tema, pesquisar sobre o assunto eleito pelo grupo, levar o grupo a buscar o que lhe é significativo. O projeto auxilia os alunos a serem conscientes de seu processo de aprendizagem e exige do professor uma postura flexível, de pesquisador onde os desafios e conflitos o estimulem e não o paralisem (PPP, 2013, p. 7).

Desta forma, a escola acredita na possibilidade da formação de sujeitos comprometidos com a história e capazes de interferirem no meio social em que vivem (família, escola, comunidade) reconhecendo no outro um cidadão de direitos e deveres, crescendo num espírito de solidariedade e compreensão, onde as primeiras aquisições do conhecimento sejam prazerosas e permeadas de conquistas e descobertas.

2.7.3 Avaliação

A avaliação é um processo contínuo, cumulativo e cooperativo, envolvendo todos os participantes da Escola. A avaliação exerce as funções diagnóstica, prognóstica e investigativa, cujas informações devem proporcionar o rendimento da ação pedagógica educativa.

2.7.4 Avaliação na Educação Infantil

O processo avaliativo na Educação Infantil da escola investigada, ocorre de modo contínuo e baseia-se principalmente no acompanhamento e nas observações feitas pela equipe interdisciplinar e a professora. Semestralmente é feito um momento de reflexão, o conselho de classe, envolvendo todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente com determinada turma, isto é, professora, professores especializados, supervisores e ainda profissionais que atendem clinicamente alguma criança. Como resultado do conselho, são elaborados pareceres descritivos individuais dos alunos com o objetivo de registrar o seu processo de desenvolvimento universal e singular. Universal no que diz respeito a articulação de conhecimentos da sociedade em geral (regras, conhecimentos científicos, conhecimentos sociais...) e singular referindo-se ao seu conhecimento espontâneo (como a criança articula suas hipóteses com outros conhecimentos, transformando ou aprimorando suas ideias...)

Os pareceres descritivos são entregues aos pais ou responsáveis, em reuniões de turma ou reuniões gerais, sendo que a escola procura manter uma comunicação efetiva com as famílias, por entender que a família é o primeiro e o mais importante vínculo social da criança. Sempre que necessário são agendados encontros com determinadas famílias, com o objetivo de discutir ou encaminhar alguma situação específica da criança.

A escola compreende que o trabalho pedagógico a partir de projetos promove a elaboração de estratégias que possibilitam resolver problemas propostos, testar e rever hipóteses relacionadas ao assunto do projeto, realização de pesquisas e levantamento de materiais significativos sobre o tema elencado pelo coletivo das crianças de cada turma. O trabalho por projetos ainda auxilia os alunos a acompanharem seu processo de aprendizagem sendo o professor um pesquisador ao mesmo tempo que media as diferentes situações, exigindo- lhe uma postura flexível diante de todo o processo.