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CAPÍTULO 6 ESPÉCIES DE COOPERAÇÃO ADMINISTRATIVA

6.2 Institutos de cooperação administrativa

6.2.2 Consórcios administrativos

6.2.2.1 Consórcio intermunicipal

Usualmente, os consórcios administrativos mais requisitados são os intermunicipais. Neste sentido, valem os acordos firmados com a clara intenção de execução de obras, serviços e atividades, evidentemente, que se cinjam à competência local, contudo estejam ao alcance do interesse geral dos partícipes.

216 Tratando-se do assunto, Miguel Marienhoff aduz sobre inúmeras razões que podem determinar os consórcios

administrativos, sempre revisto de caráter geral. MARIENHOFF, Miguel. Tratado de derecho administrativo. 4. ed. actual. Buenos Aires: Abeledo-perrot, 1990. t. 1. p. 508-509.

217 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parceria na administração pública: concessão, permissão, franquia,

96 Destaque maior inquinou a expressão de Hely Lopes Meyrelles sobre os consórcios: “com essa cooperação associativa das municipalidades reúnem-se recursos financeiros, técnicos e administrativos que uma só Prefeitura não teria para executar o empreendimento desejado e de utilidade de todos”. 218

Acolhe-se como uma intensidade convergentes de esforços de dois ou mais Municípios para cumprimento de obras e serviços a todos pertinentes. A finalidade do instituto tem firmado o consórcio intermunicipal como instrumento para solução de problemas comuns de Municípios, em sua maioria circunvizinhos, com proveito na racionalização de serviços e equipamentos em favor das comunidades locais.

Dessa forma, o consórcio municipal de saúde tem obtido bons resultados. Sua implantação permite a construção de hospitais em local previamente estabelecido como centro de referência regional, possibilita a aquisição de ambulâncias para os Municípios consorciados, e ainda, evita a exposição dos enfermos aos longos deslocamentos às capitais em busca de centro especializado e melhores estruturas para internações hospitalares.

É evidente que os recursos somados dos entes municipais consorciados possibilitam uma convergência de interesses locais e diminuição de gastos com vistas a melhoria da saúde em determinada região. Alguns governos estaduais tem encarado como boa alternativa para as soluções entre Municípios carentes, principalmente, nos Estados de Minas Gerais e São Paulo.

Bem verdade que certos Municípios por sua carência não teriam, sozinhos, recursos para reformarem e equiparem seus hospitais, bem como montar uma estrutura com centros especializados para atender à demanda com eficiência, só remetendo aos grandes centros das capitais, pacientes com graves enfermidades.

O maior óbice é a comunhão de interesses quando os chefes do Executivo são de partidos políticos opostos, esquecendo que a solução ou minimização dos problemas comuns aos Municípios é suprapartidária. Há, em alguns casos, o empecilho referente a sede do hospital regional deverá ser acolhida em uma só localidade, preferencialmente, aquela mais central com relação aos outros consorciados, gerando desconforto de representantes de entes municipais ao ponto de não finalizarem a avença administrativa.

Por outro lado, suas vantagens se firmam como redutor de gastos e de serviços ociosos e a promoção dos serviços comuns com maior eficácia e cobertura, bem como, programação orçamentária, prestação de contas facilitada e oferta de serviços intrincados, e,

97 finalmente, estabelece relação saudável com os Estados-membros e União para repasse de verbas.

Compete observar a relação igualitária e autônoma de cada ente consorciado para aderir ou não ao ajuste. Indubitável é o escopo dos consórcios intermunicipais para remoção dos problemas, atendidas às peculiaridades das localidades envolvidas no certame.

O estabelecimento dos consórcios intermunicipais seguem um rito para sua instauração. Em síntese, vejamos, os itens principais:

a) identificação de carências comuns das comunidades locais: torna-se prudente um levantamento das dificuldades que assolam à região ou Municípios na busca de uma solução comum;

b) reunião dos representantes dos Municípios circunvizinhos: os Prefeitos interessados devem discutir as condições para supressão das deficiências locais e o objeto do ato consorcial;

c) definição do Município sede e forma de contribuição a partir da identificação das carências da região: discute-se as cláusulas necessárias para atendimento aos interesses dos consorciados;

d) confecção de estatuto do consórcio intermunicipal: será a norma da avença consorcial, tendo como signatário os chefes do Executivo de cada partícipe, com posterior remessa e aprovação das respectivas câmaras dos vereadores;

e) elaboração de minuta de consórcio intermunicipal: deverá conter identificação dos entes e seus representantes, definição dos objetivos, obrigações, etapas, vigência, cronograma de repasse de verbas e plano de ação;

f) análise obrigatória de órgão consultivo: imperativa manifestação antecipada das Procuradorias dos entes consorciados;

g) fundação e publicação do consórcio intermunicipal: sugere-se a sua transparência nos diários oficiais de cada ente consorciado com vistas a manutenir a ampla publicidade dos atos;

h) formação de junta gestora ou conselho para sua regência: sua organização se fará por Conselho dos Municípios partícipes, funcionando como órgão de decisão política através dos seus respectivos chefes do Executivo de cada ente; Secretaria Fiscal com incumbência de zelar pelos bens e interesses dos que por si não o possam fazer, inclusive na parte financeira e contábil; Secretaria

98 Executiva, a nosso ver, faz cumprir as tarefas estabelecidas previamente com apoio de representantes dos entes consorciados.

Inadequado seria esquecer que não existe uma forma pacífica para desenvolvimento e organização dos consórcios administrativos concebida pela doutrina pátria. Observamos, na prática, alguns consórcios elegerem, de imediato, Presidente e Vice-presidente após a aprovação de sua minuta e estatuto, procedendo registro cartorial para obtenção de cadastro geral de contribuinte (C.G.C.) e personalidade jurídica, prática da qual entendemos ser impertinente à luz do exposto.

É importante elucidar que a estrutura para desenvolvimento do ato consorcial deve ser simples e condensada, com vistas a atender o fim colimado, sem provocar despesas exorbitantes e imprevisíveis, para não eliminar o interesse imediato da cooperação na conquista de escopo comum, com o mínimo de recursos e gastos.