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Consequências da falta de segurança no trabalho

No documento Psicologia do Trabalho (páginas 165-168)

Atividadesde aprendizagem

Aula 27 Segurança do trabalho

28.1 Consequências da falta de segurança no trabalho

Onde falta segurança, as consequências mais nefasta são os acidentes que comprometem o trabalhador, o meio ambiente e o patrimônio da empresa. A maior das perdas está no trabalhador que tem sua vida comprometida, pois se a lesão for permanente, nem sempre é possível o retorno à atividade laborativa. O acidente de trabalho, para Zocchio (2002), se deve principalmente a dois fatores:

Ato Inseguro – praticado pelo indivíduo, em geral consciente (o indivíduo

sabe que está se expondo ao perigo), inconsciente (desconhece o perigo a que se está expondo) ou circunstancial (algo mais forte leva a pessoa a praticar uma ação insegura). Algumas situações que caracterizam os atos inseguros: ficar junto ou sob cargas suspensas; colocar parte do corpo em lugar perigoso; usar máquinas sem habilitação; lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento; tentativa de ganhar tempo; brincadeiras e exi- bicionismo; uso de roupas inadequadas ou acessórios desnecessários; não usar proteção individual, ou mesmo, excesso de confiança.

Condição Insegura – é o ambiente físico de trabalho que expõe a pe-

rigo ou a risco a integridade física do trabalhador e a própria segurança das instalações e equipamentos. Algumas situações que caracterizam as condições inseguras: falta de ordem e de limpeza; ventilação e/ou ilumi- nação inadequadas; escassez de espaço; passagens perigosas; falta de

proteção em máquinas e equipamentos; defeitos nas edificações; desvios ou improvisação nos processos ou falta ou falha de manutenção.

O objetivo da segurança do trabalho está em eliminar, ou pelo menos, mini- mizar, as condições e os atos inseguros, promovendo saúde e bem-estar aos trabalhadores. Aqui estão inseridos os aspectos psicológicos da segurança do trabalho, isto é, elementos que tranqüilizam o trabalhador e ao mesmo tempo geram confiança para executar suas tarefas, fazendo com que o com- portamento inseguro não esteja presente nos postos de trabalho.

Os últimos dados fornecidos pelo Ministério da Previdência Social - MPS, atra- vés do Anuário Estatístico da Previdência Social, datam de 2004. Neste ano:

Ocorreram cerca de 459 mil acidentes de trabalho registrados, perfa- zendo um aumento de 15% em relação ao ano anterior. Os aciden- tes típicos representaram 80,9% do total de acidentes, os de trajeto 13,1% e as doenças do trabalho 6%. A participação das pessoas do sexo masculino foi de 77,5% e do sexo feminino de 22,5%. A faixa etária decenal com maior incidência de acidentes é a constituída por pessoas de 20 a 29 anos, com 38,2% do total, sendo que mais do que 2/3 dos acidentes ocorreram com pessoas entre 20 e 39 anos de idade. (Anuário Estatístico da Previdência Social, 2004).

Neste mesmo ano, conforme dados do MPS,

O setor agrícola participou com 8,2% do total de acidentes registra- dos, o setor indústria com 46,9%, o setor serviços com 44,9%. Nos acidentes típicos, os sub-setores com maior participação nos acidentes foram a agricultura, produtos alimentares e bebidas, com 9,5% cada. Nos acidentes de trajeto, os sub-setores com maior participação foram os serviços prestados principalmente a empresas e comercio varejis- ta, com 12,6% e 11,7%, respectivamente. Nas doenças de trabalho, o destaque ficou com os sub-setores intermediários financeiros, com 10,6% e comércio varejista, com 8,0%. (Anuário Estatístico da Previ- dência Social, 2004).

No Código de Classificação Internacional de Doenças – CID 10, os aci- dentes em 2004 foram:

Ferimento do punho e da mão (S61), fratura ao nível do punho ou da mão (S62) e traumatismo superficial do punho e da mão (S60) com,

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Aula 28 - Segurança do trabalho II

respectivamente 14,0%, 7,0% e 5,2% do total. Nos acidentes típicos, as partes do corpo com maior incidência de acidentes foram o dedo, mão (exceto punho ou dedos) e pé (exceto artelhos) com, respectiva- mente, 28,7%, 10,0% e 7,5% do total de acidentes.

Em 2004, as principais conseqüências dos acidentes de trabalho liqui- dados foram incapacidades temporárias com menos de 15 dias e mais de 15 dias, com participação de 49,3% e 33,4% respectivamente. De 2003 para 2004, os acidentes de trabalho liquidados aumentaram 14,4%, sendo que ocorreu uma redução de 6,4% nos acidentes de- correntes da incapacidade permanente, enquanto os acidentes decor- rentes de incapacidade temporária de menos de 15 dias aumentaram 24,1%, no período. A relação entre o número de óbitos sobre o total de acidentes passou de 0,62% para 0,57% no período. (Anuário Esta- tístico da Previdência Social, 2004).

A ausência de segurança nos ambientes de trabalho demonstra que os aci- dentes ocorrem dentro da própria empresa, no desenvolvimento rotineiro da atividade laborativa. Tal fato indica a necessidade de políticas orientadas fundamentalmente para o ambiente.

O Brasil permanece entre os países com maiores índices de mortes por acidentes do trabalho no mundo, ficando atrás da Índia, Coreia do Sul e El Salvador. No mundo, cerca de 2 milhões de trabalhadores mor- rem anualmente em decorrência de acidentes de trabalho e doenças relacionadas ao trabalho; os acidentes respondem por cerca de 360 mil mortes. Bilhões de reais são gastos com benefícios acidentários, aposentadorias especiais e reabilitação profissional. Ainda há despesas referentes à assistência à saúde do acidentado, indenizações, retreina- mento, reinserção no mercado de trabalho e horas de trabalho perdi- das. Parte deste “custo segurança no trabalho” afeta negativamente a competitividade das empresas, pois aumenta o preço da mão-de-obra, o que se reflete no preço dos produtos. Por outro lado, ocorre o incre- mento das despesas públicas com previdência, reabilitação profissional e saúde reduzindo a disponibilidade de recursos orçamentários para outras áreas ou induzindo o aumento da carga tributária sobre a socie- dade. (www.cecac.org.br).

O número de dias de trabalho perdidos em razão dos acidentes au- menta o custo da mão-de-obra, encarecendo a produção e reduzindo a competitividade do país no mercado externo. Estima-se que o tempo

de trabalho perdido anualmente devido aos acidentes de trabalho seja de 106 milhões de dias, apenas no mercado formal, considerando-se os períodos de afastamento de cada trabalhador.

(www.mte.gov.br/Empregador/segsau/Conteudo/7307 , 2006).

Na Tabela 28.1, observam-se os principais tipos de acidentes de trabalho registrados no CID 10 – Código Internacional de Doenças.

Tabela 28.1: Principais tipos de acidentes de trabalho registrados segundo o CID-10.

Tipos de acidentes de trabalho Quantidade % sobre o total

Ferimento do punho e da mão 36.309 10,6

Fratura ao nível do punho e da mão 23.188 6,7

Sinovite e Tenossinovite 10.941 3,2

Traumatismo superficial do punho e da mão 10.471 3,0

Fratura do antebraço 7.614 2,2

Amputação traumática ao nível do punho e da mão 7.198 2,1 Luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos

ao nível do pinho e da mão 5.802 1,7

Ferimento de antebraço 3.102 0,9

Lesão por esmagamento do punho e da mão 1.904 0,6 Queimadura e corrosão do punho e da mão 1.699 0,5 Outros traumatismos e os não especificados do punho e da mão 1.691 0,5 Traumatismos de músculo e tendão ao nível do punho e da mão 1.688 0.5

Subtotal 111.587 32,4

Outros 232.409 67,6

Total 343.996 100,0

Fonte: Anuário Estatístico da Previdência Social, 2000. Elaboração: SPS/MPAS

O ideal seria tratar as questões de segurança e saúde de forma prevencio- nista. Assim idealiza Zocchio (2002, p. 43), que admite a presença de riscos ocupacionais e define o acidente de trabalho como sendo “uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no proces- so normal de uma atividade ocasionando perda de tempo útil ou lesões nos trabalhadores ou danos materiais”.

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