• Nenhum resultado encontrado

Conservadores porque chefes de família: Augusto e Carlos.

C) Histórico da 'Bolsa de Valores do Brasil' e a caracterização da participação do investidor pessoa física.

IV. A análise individualizada dos entrevistados.

2. Conservadores porque chefes de família: Augusto e Carlos.

Augusto tem 63 anos, é casado e tem um filho de 25 anos. Ele e o filho não foram meus alunos, mas estudavam inglês na escola em que eu lecionava. Um dia, Augusto me ouviu dizer a uma terceira pessoa que eu estudava pequenos investidores na bolsa de valores, na secretaria da escola. Ele interviu dizendo que era investidor, nós conversamos e descobri que ele era engenheiro aposentado por uma estatal, propus a entrevista, ele a aceitou: fiquei aliviado pois temia não encontrar aposentados para entrevistar.

A entrevista ocorreu em Dezembro de 2008. Quando tentei procurá-lo no começo de 2010 para um eventual segundo encontro, sua linha de telefone estava desativada. Pessoas da escola, da qual eu me desligara em 2009, informaram que ele havia se mudado para o sítio que possuía em sua cidade natal. Fiquei apenas com o material do primeiro encontro.

Augusto havia se aproximado da bolsa em função do fundo de pensão que constituía o grosso de sua aposentadoria pela estatal. A partir das altas nos últimos anos, ele resolveu passar a investir através do home-broker uma outra parcela de seu patrimônio, ainda que 'pequena', segundo ele. Contou-me que foi através deste ingresso no home-broker e do recém-adquirido hábito de fazer compras ( de eletrodomésticos, por exemplo) pela Internet que pode se familiarizar com os computadores pessoais, já que antes eles existiam em casa apenas para o filho.

Uma semana após aquele primeiro contato, 'acidental' na secretaria da escola, Augusto me confidenciou que 'bolsa de valores, não dá mais'. Ainda estávamos no mês de Novembro de 2008 e, quando Augusto pensava que o pior da crise, em Outubro, havia ficado para trás, ele sofreu um novo prejuízo, pouco detalhado nesta rápida conversa. Ainda assim, insisti na ideia da entrevista que acabou ocorrendo duas ou três semanas após a manifestação de seu desânimo.

Na entrevista, Augusto parecia ter recobrado o ânimo com a bolsa, ainda que, de forma cautelosa. Ele afirmou já de saída: “Dá pra formar uma carteira legal, mas com dinheiro grande eu não recomendo não... Tem que ir [ investir]aos pouquinhos, em pacotinho pequeno, e com dinheiro que não vai precisar tirar logo.” Ele contou que teve ganhos muito bons antes da crise, que chegou a trocar de carro com os lucros da bolsa e que tais lucros poderiam se repetir depois da crise. No entanto, também confidenciou que, somando o dinheiro que investe via home-broker e o dinheiro

em seu fundo de pensão, havia perdido cem mil reais devido a crise.

À exemplo de Renato, ele afirmou que havia ligado para seus colegas de empresa, cotistas do mesmo fundo de pensão, para 'pegar uma opinião' sobre o que fazer face à crise. Ele expôs aos colegas que pretendia adotar a opção mais conservadora que o fundo oferecia, com menor exposição ao mercado de ações105. Todos desaconselharam tal mudança, argumentando que ele havia passado pelo pior, ou seja, grandes quedas, e que agora viria a recuperação.

Portanto, Augusto também mobilizou suas redes sociais como uma via de transmissão de

opiniões e percepções sobre uma conjuntura de incerteza. Tais redes reforçaram e o convenceram da crença na 'regularidade cíclica' do mercado, própria ao foco no longo-prazo, característica da

identidade de conservador na bolsa. Augusto, aliás, não se apresentou espontaneamente como conservador ao contrário dos outros seis entrevistados. Somente quando eu lhe perguntei se ele gostava de tomar muito ou pouco risco na bolsa, é que ele disse: ' Pouco risco, eu sou conservador, não gosto desse negócio aí de especulação. Tem muito malandro que especula e sabe quem se ferra? Eu, você, etc,etc, etc.'

Assim, para Augusto, ser 'conservador' era 'não gostar de especulação', ele não associou tal identidade às características que vimos no capítulo. Contudo, ele afirmou que investia apenas em Vale, Petrobras e as elétricas106, simplesmente porque antes da crise tinha ganhado dinheiro com elas. Mais a crise estava lhe fazendo mudar. Ele diz ter percebido, a partir da crise, que Vale e Petrobras tinham se transformado justamente no que ele abominava, isto é, 'coisas muito

especulativas, que o preço sobe e desce muito rápido'. Assim, ele declarou que mesmo antes da crise já estava acompanhando as ações dos frigoríficos Friboi e JBS107 e fazendo 'testes de investimento' nas mesmas com pouco dinheiro. Ele afirmou que estava gostando dos resultados destes testes e, em oposição direta à Vale, comentou que 'essas empresastêm uma produção concreta atrás delas, então elas não ficam tão especulativas'. Esta é, obviamente, uma avaliação no mínimo distorcida – o que pode ser mais concreto que o crescimento da exportação de minérios pela Vale? - não obstante, ela demonstra como a crise pode desestruturar o 'mapa mental' de um pequeno investidor, fazendo-o reputar uma empresa que, antes, era sua 'predileta' em uma ' coisa muito especulativa'.

Como vemos, Augusto parece ser um conservador sui generis face a nossa amostra qualitativa. Mas, pelo menos em um aspecto, ele não foge ao que argumentamos sobre os 'conservadores' anteriormente, pois ele também associa sua condição de conservador a seu perfil sócio-familiar ao

105 Os fundos de pensão oferecem diferentes planos a seus cotistas, os planos 'conservadores' expõe uma porcentagem menor do capital do cotista ao mercado de ações, e uma parcela maior à renda fixa, títulos de dívida do governo, por exemplo. As opções 'arrojadas' operam uma alocação inversa do capital do cotista.

106 As empresas elétricas são também consideradas blue chips, com adicional de que frequentemente são reputadas no mercado como o setor mais defensivo da bolsa, ou seja, o grupo de ações que menos varia seus preços.

107 Em 2010, em uma agressiva política de aquisições, a JBS incorporou a FRIBOI e uma concorrente norte- americana, convertendo-se no maior fornecedor de proteína animal do mundo.

declarar, logo após explicar que não gosta de especulação,que 'eu tenho família e casa, não posso ficar arriscando tudo na bolsa'. Ele explicou que devido às perdas com o fundo de pensão ele havia orientado o filho e a mulher a cortarem todos os gastos supérfluos e estava em dúvida se ele e o filho deveriam seguir o curso de inglês ou não.

Augusto afirma que, devido à crise, percebeu que na bolsa ele deveria ser mais ágil, assim ele declara:

Quando começou a cair[o mercado de ações], veio aquele anjinho dizendo vende, vende Ah, não, eu vou esperar que vai aumentar. Bem, então no mercado de ações

você tem que ser rápido! Ágil! ( com ênfase) Quando tá ganhando, tudo bem, mas se der qualquer vacilo, qualquer notícia, pronto, vai lá e vende! Eu perdi de bobeira.

Esta eventual lição que Augusto considera implícita à crise seria justamente a negação da persistência no longo-prazo. Infelizmente não pudemos saber se Augusto realmente a internalizou , ou seja, se a experiência da crise alterou ou não sua atividade de investidor que, como vimos desde o início do relato, já parecia entrecortada entre fluxos de empolgação e desânimo com o mercado.

O outro entrevistado que evidencia o perfil 'conservador porque chefe de família' é Carlos. Ele é um conhecido de minha família, que aceitou ser entrevistado em Junho de 2009. Em Abril de 2010, pudemos nos encontrar novamente. Carlos tem 61 anos, é formado em Ciências

Farmacêuticas pela Universidade de São Paulo, exerce um cargo de gerência em uma empresa nacional de medicamentos e, atualmente, realiza uma pós-graduação em gestão de projetos no SEBRAE. Ele é casado, pai de dois filhos já maiores de idade.

Tendo mais de vinte anos de experiência com investimentos em bolsa, Carlos foi um

entrevistado chave para a percepção e a análise das mudanças na dinâmica das tomadas de decisão e exercício do investimento acionário entre dois momentos tecnológicos distintos, que descrevemos no capítulo dois, ou seja, o pregão viva à voz e os pregões automatizados em que os pequenos investidores atuam via home-broker.

Em sua entrevista, ele relatou com detalhe e vivacidade as mudanças entre estes dois

momentos, evidenciando, para o viva à voz, a falta de informações e opções de análise, o recurso à transmissão de 'dicas' via redes pessoais, a impossibilidade de acompanhar as cotações em tempo real para quem não estivesse fisicamente no prédio da bolsa e as dificuldades de comunicação com os operadores da corretora através do telefone. Para o contexto atual do home-broker, ele destaca as maiores fontes de informação e análise, a facilidade operacional e o acompanhamento do mercado em tempo-real. A riqueza de sua descrição obriga-nos a transcrever a partir de agora um trecho longo da entrevista:

Eu comecei [ a aprender sobre o mercado] lendo jornal, revista, porque naquela época [ década de 1980] não tinha Internet, era tudo mais difícil, bem mais difícil. Então, conheci um outro cara lá no Rio de Janeiro, esse era meio nervoso, ele era diretor financeiro de uma empresa, então ele sempre vinha falando: “ Pô, Carlos, hoje eu tenho umas dicas e tal. Puta, nesses negócios de dica, eu me ferrei, comprei umas porcarias comprei 'Cimento Aratu', acho que hoje ela é do grupo Votorantim, mas na época, ela sim plesmente parou de ser negociada na bolsa, meu dinheiro foi pra... ficou preso.

Então era mais ou menos assim, o que tinha de informação, você pegava no jornal, mas no jornal é assim, quando saí no jornal já tá todo mundo sabendo, só não tá sabendo o cara que nem lê jornal e ouve ' ah, isso aqui vai subir!' ( risos) Sempre tem um

retardatário, né? Então, era pouca informação, tinha jornal, revista especializada e programa de TV, lembro naquela época que tinha um programa de TV, o cara abria todo dia, 15, vinte minutos, comentava as ações, dava dicas, hoje você nem vê mais isso, com a Internet você não tem mais isso. Então era assim.

[pesquisador]: - E era por telefone com o corretor?

[ entrevistado]: - ( arrastando com monotonia a voz, em tom irônico) E era por telefone, e você tinha que ligar pro corretor e o cara... ( risos) Era muito engraçado, meu! Era isso, você ligava pro corretor, tinha que ter cadastro na corretora, né? Você ia lá, levava documento e o caramba e fazia o seu cadastro. Mas aí você ligava para o corretor e: ' Pô, compra aí a ação sei lá o que.' E ele[ o corretor]: 'Ah, deu, comprei agora. Ou: ' Não, não, não deu,[ o preço] subiu demais, vamos esperar' Você vê, né? Naquele tempo era tudo pregão viva à voz, os últimos caras do viva-voz perderam o emprego agora, uns meses atrás, porque tinha ainda um pouco do viva-voz na BMF. Agora não tem mais, é tudo home-broker.

[ pesquisador]: - E você acha que tinha muita diferença pra operar naquela época? [ entrevistado]: - Ah, sim, muita diferença! Porque, pô, hoje você abre o site e 'pumba', você já tá acompanhando online as cotações. Antes não, você ligava pro corretor e falava: 'Ah, quanto tá ação? 15. Então se chega a tanto, compra'. Aí você desligava o te lefone e não sabia mais a quanto tava a ação, se ele conseguiu comprar. Você tinha que ligar duas, três vezes. Então, como esse não era e não é meu negócio, pensa, você tá na empresa, no escritório e ter que ficar ligando pro cara.... Hoje não, você

acompanha se a ação tá subindo ou tá descendo online, o que tá acontecendo com índice e tal. Sem contar a inflação, tinha inflação pra cacete na época, não é da sua época, mas pô, tinha inflação de 2% ao dia, hoje a inflação no Brasil é de 5% ao ano. 2% ao dia! (…) Era uma loucura, no mês dava 30% de inflação, então pra saber se ganhou, se você perdeu, tinha que deflacionar primeiro, se tem inflação de 30% você só ganhou se o lucro [ com a ação] foi maior que 30%, era mais difícil pra acompanhar, apurar. Agora com o home-broker não, ele te dá uma sensação de poder você é seu próprio corretor, você vende, compra. É outra coisa.

Antes do trecho citado, Carlos explicou que havia se interessado pela bolsa a partir de conversas com um ex-colega de trabalho108 – não o diretor financeiro, 'o cara meio nervoso' do relato – repetindo o padrão de atração e adesão à bolsa via redes sociais. Ao longo de seus mais de vinte anos de investimento acionário, Carlos afirmou ter parado de investir durante um tempo quando voltou do Rio para a região do ABC, em São Paulo, tendo que comprar e reformar uma casa

108 Sobre este ex-colega, Carlos disse que voltou a conversar com ele logo após a crise. O ex-colega havia continuado a investir, chegando a acumular oitocentos mil reis em ações antes da crise. Depois da crise, seu capital caiu para trezentos mil. Ele dizia então estar aguardando a recuperação, Carlos concordou com a atitude do ex-colega, comentando ' Você vê, agora ele já deve estar com uns quinhentos mil'.

naquela que é sua cidade natal109.

Através do relato, nota-se, em primeiro lugar, que a Internet e o home-broker são representados como um 'marco' para as condições de acesso e difusão de informações e acompanhamento do mercado. O eixo de estruturação do relato é o 'antes'/'depois' da Internet e do home-broker. Antes, os canais de acesso às informações e também ao aprendizado sobre o mercado – na linguagem

conceitual do capítulo dois, os canais de acesso e internalização da 'cultura financeira integrativa' – eram as mídias tradicionais, revistas, jornais e a televisão, reputados como insuficientes pelo entrevistado ( 'Era pouca informação'). Esta insuficiência parecia remeter o entrevistado ao recurso à rede de relações sociais – o 'cara meio nervoso' que lhe passava dicas – como circuito para o acesso a 'dicas' de investimento que, devido à atividade profissional do passador de dicas citado, diretor financeiro de uma empresa, poderia adquirir pelo menos as aparências de informação privilegiada. Esse uso da rede parece mais radical que o uso verificado em Renato ou Augusto para os quais a rede serve como transmissora de interpretações e opiniões sobre conjunturas de incerteza, mas não como transmissora de dicas e apontamentos de empresas para se investir, empresas que podem ser previamente desconhecidas, mas que passam a alvos do investimento a partir das dicas. De qualquer maneira, a experiência da recepção de dicas parece acionar, no relato de Carlos, apenas memórias de prejuízo. Em outro momento da entrevista, ele deixou bem claro que agora não gosta mais nem de 'dar bisú [ dicas] para os outros e nem de receber de ninguém'.

As dinâmicas de acompanhamento do mercado e de efetivação dos negócios também aparecem como radicalmente modificadas a partir do advento da Internet e do home-broker. Na realidade do viva-voz, ao se desligar o telefone, perde-se o contato com o mercado. Carlos demonstra como tal fato complicava sobremaneira a atividade de um pequeno investidor que como ele, tinha que ligar ' duas ou três vezes' para o corretor, em meio a sua ocupação profissional, com intuito de efetivar uma única compra de ações. Os diálogos por telefone supostos, ao longo da entrevista entre o investidor e o corretor, representam de forma irônica, no discurso de Carlos, as dificuldades e os contra-tempos da atividade do investidor antes do home-broker, mas também expressam a

existência de interações sociais frequentes, entre investidor e operador, que desaparecem a partir do home-broker.

Ainda segundo o relato, o home-broker confere ao investidor uma 'sensação de poder', não apenas em virtude do acompanhamento em tempo real do que transcorre no mercado, mas igualmente porque a partir desta tecnologia o investidor se converte em seu 'próprio corretor', comprando e vendendo ações sem intermediação.

Não obstante, todo o fascínio que o home-broker e os recursos da Internet exercem sobre

Carlos, e os pequenos investidores de modo geral, ainda não se acha contemplado no trecho transcrito. Carlos explica que fez cursos e leu dois livros de Arnaldo Majer, o último 'professor de bolsa' que analisamos no capítulo anterior.

Carlos também assina há mais de um ano, o software de análise comercializado por Majer, o SHB. Entusiasmado, ele abriu a plataforma em seu computador e me apresentou todos os recursos de análise do software, explicando como toma suas decisões de investimento. Após o trabalho, praticamente todo dia, Carlos afirma que abre a SHB para monitorar o desempenho de vinte ações, dentro das quais ele escolhe 3 ou 4 para investir. Ele explica que: ' Há muitos tipos de ações, blue chips, segunda linha, terceira linha. (…) Mas meu negócio são as ações mais tranquilas, de

empresas grandes, então eu procuro uma Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional, Vale, Bradesco, Itausa.'

Demonstrando os recursos da SHB, Carlos nota que todas as ferramentas de análise são

'explicadas pelo programa', ou seja, quando você passa o cursor do mouse sobre elas, uma caixa de texto abre-se com a rápida definição da ferramenta e os parâmetros a partir dos quais esta

ferramenta indica uma compra ou uma venda do ativo em questão. Passando o cursor sobre uma ferramenta de análise grafista - o IFR110, por exemplo - a SHB informa que o IFR mede a força da tendência do ativo, abaixo do valor de 30 o IFR indica uma boa situação para a compra, acima de 70, uma boa situação para a venda. Carlos esclarece:

Bem, então o que eu gosto de ver aqui? Eu gosto de abrir o preço-lucro da ação, o preço pelo valor patrimonial da empresa, acho importante ver se essa empresa está distribuindo dividendos nos últimos tempos, como é que o lucro dela tá

variando nos últimos semestres [ neste instante, o entrevistado mostra exemplos ao pesquisador de que, após a crise, algumas empresas já estão registrando

bons lucros, enquanto outras não] Também gosto de dar uma olhada no IFR, assim eu vou acompanhando essas coisas e quando a maioria dos números está bom eu compro a ação.

Portanto, todas as ferramentas de análise citadas ( preço lucro, preço pelo valor patrimonial, IFR) e a observação da dinâmica dos lucros e dividendos conformam a 'racionalidade

interdependente' de Carlos, na medida em que ele toma essas ferramentas e variáveis como indícios da provável tendência futura das ações que lhe interessam, isto é, ele as toma como indicativos do comportamento dos demais agentes em relação a estas ações: basicamente, se os agentes passarão a comprá-las por preços cada vez maiores, configurando uma alta, ou se aceitarão vendê-las por

110 Índice de Força Relativa, ele é uma equação que pondera os preços máximos e mínimos da ação em um período escolhido. Ao ser acionado, a plataforma de análise realiza automaticamente esta equação dispondo seus resultados na forma de um gráfico cujo eixo horizontal é o eixo do tempo (período de um ano, por exemplo) e o vertical é o eixo que representa o valor do IFR, entre zero e cem.

preços cada vez menores, configurando uma baixa.

Desta maneira, o enquadramento cognitivo e as técnicas práticas de Carlos não repetem o padrão que descrevemos para os conservadores, suas técnicas são mais influenciadas por elementos da 'cultura financeira integrativa', ou seja, pelos princípios de análise grafista e fundamentalista que aprendeu no contato com os materiais de um 'professor de bolsa' e sua plataforma de análise.

É igualmente notável que nosso entrevistado com maior tempo de experiência em bolsa, ao explicar como operava antes da Internet e do home-broker, refira-se às dicas de um conhecido e enfatize as poucas informações que então circulavam, para, ao explicar como investe neste momento, nos guiar de forma entusiasmada no extenso cardápio de opções de análise que sua plataforma eletrônica lhe disponibilizou a partir do contato que buscou ter com a análise grafista e fundamentalista.

Ainda assim, provavelmente Carlos não seria considerado como 'o melhor aluno da sala' pelos 'professores de bolsa', pois ele rompe uma lição muito cara a todos estes professores: a 'blindagem emocional' a partir do estabelecimento de um sistema fixo para a tomada de decisões, ao qual o investidor deve se ater com máxima disciplina. Os 'professores de bolsa', Majer incluso, como vimos, ensinam combinações de duas ou mais ferramentas de análise que comporiam um sistema de tomada de decisões ( uma 'metodologia', como Majer diria) auto-suficiente, ou seja, que não deve ser afetado ou conjugado a nenhuma outra consideração e/ou informação, por parte do investidor,