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Parte II. Investigação

CAPITULO 2. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Capítulo 2. Considerações Éticas

Qualquer tipo de investigação, cujo objecto de estudo seja o ser humano, levanta questões éticas e morais. Estas questões tornam-se tanto mais prementes quanto mais fragilizado o indivíduo se encontra. O risco de poderem lesar-se os direitos humanos dos indivíduos investigados levou à necessidade de se criarem mecanismos que garantam a inviolabilidade dos seus direitos.

Pode referir-se que o presente trabalho inclui dois aspectos éticos de extrema importância. O primeiro relaciona-se com uma ética relativa ao tratamento e relação com o doente e familiares e o outro com uma ética de investigação, na qual estão em causa a defesa dos direitos dos doentes e seus familiares.

Apresentar um comportamento ético pressupõe que em todo o tratamento médico, as preferências do doente baseadas nos seus próprios valores e conhecimento de benefícios e custos sejam eticamente relevantes e consideradas pelas profissionais de saúde (Jonsen, Siegler & Winslade, 1998). Esta valorização das preferências do doente constitui os alicerces para a relação enfermeiro- doente e assenta num conjunto de princípios criados como forma de dar visibilidade à legítima autonomia das pessoas, evidenciando respeito pelas suas escolhas e decisões que sejam verdadeiramente autónomas ou livres (Archer, Biscaia & Osswald, 1996).

O respeito pela dignidade humana é, de igual modo, exigido aos profissionais de saúde, como forma de promover no doente a sua capacidade para pensar, decidir e agir.

Serrão e Nunes (1998, p.17) salientam que o respeito pela autonomia do

doente alterou a sua postura no seio da relação clínica, passando de uma completa dependência para uma participação activa.

Um dos principais factores de desenvolvimento das profissões é a investigação. Esta é a pedra de toque do desenvolvimento da profissão de Enfermagem. Contudo, e tendo em conta a relação privilegiada que a relação

enfermeiro-doente representa na sociedade, a preocupação pelo zelo dos direitos humanos é imperiosa e fundamental.

Para além da importância da Investigação para a enfermagem, também para o próprio indivíduo esta se apresenta de extrema importância pois vai, de algum modo, garantir a melhoria dos cuidados de saúde.

De qualquer modo, os custos emocionais são por vezes bastante elevados para o doente e família, exigindo da parte do investigador a rigorosidade necessária para garantir a validade do estudo, evitando o desperdício de tempo e de recursos, físicos e emocionais por parte dos sujeitos da investigação.

Thompson e colaboradores (2004, p.202) salientam que para ser ética, a investigação em enfermagem deve ser baseada num exame crítico prévio dos seguintes fundamentos e consequências morais da investigação:

Deve considerar-se se a investigação proposta satisfaz as exigências da beneficência, da justiça e do respeito pelas pessoas.

O dever da beneficência protectora exige que se faça uma cuidadosa avaliação prévia dos riscos potenciais para os pacientes, resultantes da sua participação no projecto, e que se clarifiquem os benefícios directos que a investigação lhes pode trazer bem como à comunidade em geral. Nenhuma investigação é aceitável, sob o ponto de vista ético, quando os riscos são superiores aos benefícios. Se a investigação clínica for potencialmente arriscada para os sujeitos, os testes laboratoriais e as experiências prévias em animais deverão obrigatoriamente satisfazer o dever do investigador de cuidar dos sujeitos da investigação e de proteger os seus direitos.

O princípio da justiça exige que nenhum estudo envolva abusos ou descriminação de determinados pacientes ou de grupos de pacientes (quer por motivo de raça, sexo, classe social, situação de cativo quer pelo interesse que a doença tem sob o ponto de vista médico); e, mais ainda, que a investigação deve, potencialmente, beneficiar toda a população.

O princípio do respeito pelas pessoas significa que, para a investigação ser ética, deve garantir o respeito pelos direitos do paciente à verdade, à privacidade e ao tratamento.

o Os pacientes não devem ser envolvidos, sem estarem

perfeitamente informados e conscientes da natureza do estudo, e sem a sua participação livre e voluntária. Quando o paciente não está capacitado para dar o seu consentimento, devem ser estabelecidas garantias especiais para se protegerem os seus direitos (por exemplo, autorização através de procuração ou tribunais para monitorizarem o estudo no interesse do paciente).

o A privacidade física e a confidencialidade dos sujeitos

da investigação devem ser protegidas através de procedimentos e protocolos adequados, de preferência examinados e aprovados por uma comissão de investigação multidisciplinar de ética.

o O direito do paciente de receber cuidados e tratamento

risco pela sua participação na investigação (por exemplo, quando envolve o uso de placebo ou experiências de controlo feitas à sorte).

Com base nos pressupostos anteriormente enunciados e tendo em conta que os doentes com CCR são, pelas limitações que a doença impõe na sua qualidade de vida, uma população emocional e fisicamente fragilizada, foram tidos em conta todos os aspectos considerados relevantes para assegurar o respeito pelos seus direitos enquanto cidadãos livres e autónomos. Assim, foi elaborado documento de consentimento informado que foi entregue ao doente e familiares, tendo estes sido previamente informados e esclarecidos sobre todos os aspectos do estudo.

Foi efectuado pedido de autorização ao Conselho de Administração de todos os Hospitais envolvidos. Relativamente aos Hospitais de S. Bernardo em Setúbal e N.ª S.ª do Rosário no Barreiro foi exigida autorização para a realização do estudo pela Comissão Nacional de Protecção de dados, pelo que foi solicitada esta mesma autorização à referida Comissão, tendo o estudo sido aprovado mediante a exigência do cumprimento de determinados parâmetros, por parte do investigador.

Relativamente ao Hospital Garcia de Orta em Almada, o pedido foi efectuado à Comissão de Ética do Hospital que autorizou a colheita de dados aos doentes da sua instituição.

CAPITULO 3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS

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