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Considerações dos professores da instituição de educação especial

6. APRESENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS CADERNOS ADAPTADOS

6.1. Considerações dos professores da instituição de educação especial

estagio de desenvolvimento cognitivo do aluno. Além disso, apresentamos um material de teste seguindo os preceitos da Cartografia Tátil para comparação.

6.1. Considerações dos professores da instituição de educação especial

A avaliação do caderno em braile e ampliado ocorreu na ADEVIRP em Dezembro de 2014 e Janeiro de 2015, totalizando 4 encontros. A ADEVIRP funciona como uma instituição que insere o estudante com deficiência visual na sociedade. O estudante frequenta a instituição no contra turno da escola e realiza atividades para além da sala de recursos, mas também traz duvidas

sobre os conteúdos dados em sala, bem como realiza as tarefas de casa e trabalhos com o auxilio do professor da instituição.

Oferece aulas de educação física, informática, música, orientação e mobilidade entre outras. Atende cerca de 200 estudantes, dos 31 municípios da região. De manhã recebe os estudantes do Ensino Fundamental e Educação Infantil e a tarde estudantes do Ensino Médio. Atende, ainda, pessoas com deficiência da comunidade. Conta com uma equipe de terapia educacional, psicologia, oftalmologia e realiza parcerias para inserção no mercado de trabalho.

As salas são bastante heterogêneas, com relação a idade dos estudantes bem como suas deficiências. Em média conta com 12 estudantes por classe e um professor.

A instituição possui alguns aparelhos como a máquina Perkins, mesa tátil, impressora braile, estúdio para gravar audiodescrição, ampliador, lupa. A biblioteca tem, em sua maioria, materiais adaptados pela fundação Dorina Nowill.

Para iniciar o debate sobre o material adaptado entrevistamos duas professoras da instituição, Paula e Márcia, que integraram o estudo após receberem informações sobre o objetivo da pesquisa e dar ciência à Carta ao Sujeito e Termo de Consentimento Livre (Anexo A). Distintas nas suas formações e trajetórias dentro da educação especial, os dados obtidos foram bastante relevantes.

A entrevista se baseou nos seguintes tópicos para ambos os livros, braile e ampliado:

 Formação;

 Conhecimento sobre os cadernos adaptados;  Tamanho do material;

 Qualidade do material;  Análise do mapa escolhido;

 Relação com professores da rede estadual; e  Conhecimento de Cartografia Tátil;

A professora Paula é pedagoga, com habilitação em audiocomunicação. Tem pós-graduação em educação especial e em deficiência visual. Leciona na instituição desde seu inicio. Ela é também professora da sala de recursos da Escola Estadual Professor Cid de Oliveira Leite, polo de encaminhamento dos estudantes da ADEVIRP e da região que possuam alguma deficiência, por esse motivo já conhecia o material em questão.

Como é professora da sala de recurso regularmente empresta materiais adaptados aos professores, mas conta que como estes não tem o domínio do braile ficam confusos ao manusear o material.

Com relação ao tamanho ela acha ambas as versões do caderno adequadas e de fácil manuseio. Segundo ela se o tamanho fosse maior, seria desconfortável para o aluno transportar.

Entretanto, o processo de ampliação adotado para a produção dos cadernos, não foi nada mais do que esticar as imagens. Ao ser questionada sobre o mapa da pagina 7 (Figura 32) na versão para baixa visão a professora afirma que a letra está pequena e fora de foco e de já ter recebido críticas pelos estudantes sobre a qualidade deste material. Mas acha que a lupa seria o suficiente para enxergar o que está escrito. Quando mesmo com o auxilio da lupa a figura ampliada ainda apresenta-se embaçada ela recorre ao caderno comum e utiliza a lupa com esta versão. Aliás, esta é uma estratégia comum entre os estudantes com baixa visão, devido a demora para receberem o material ampliado.

Figura 32: Mapa da página 7 do caderno de geografia 6º ano, Vol 2, de 2013 na versão ampliada. Fonte: acervo pessoal.

Fica evidente que a professora analisa a leitura de uma imagem e não exatamente de um mapa. Com essa ampliação o mapa original sofreu diversas distorções, inclusive da escala.

Com relação à legenda deste mesmo mapa, que aparece na página seguinte, a professora afirma que se esta tivesse na mesma página a leitura seria bem mais rápida, conforme apresenta o modelo do projeto Guidelines and Standards for Tactile Graphics, mostrado anteriormente (p. 92), no qual o mapa e a legenda ficam dispostos nas folhas que se complementam, quando aberto situa-se no mesmo plano. No caso do caderno do aluno muitas vezes encontra- se na pagina seguinte ou anterior ao mapa, por se tratar de longas legendas. A leitura se torna demorada e confusa conforme opinião dos entrevistados.

Sobre a versão em braile do mesmo mapa (Figura 33) afirma que esta deixa a desejar, que some com informações importantes e, ao ser comparado com o mapa impresso, parece incompleto.

Figura 33: Mapa da página 7 do caderno do aluno de geografia, 6º ano, Vol. 2, de 2013, adaptado em braile.Fonte: acervo pessoal

Ao ser questionada sobre a eficácia do caderno braile para ser manuseado pelo professor e em dupla, esta afirma que seria muito mais positivo aliando a tinta à textura e relevo. Apontou ainda, outra dificuldade enfrentada pelos estudantes cegos. A paginação do braile é diferente do caderno impresso e, portanto, dificulta o acompanhamento das aulas.

Mesmo assim, por considerar a forma de leitura braile a mais eficaz, devido ao treino de seus estudantes com os livros da biblioteca, acha razoável a versão dos cadernos em sala de aula.

Durante a entrevista, a professora demonstrou conhecer um pouco sobre mapas em relevo e apresentou alguns materiais que produziu. (Figura 34). Embora esteja ciente que o aprendizado seria mais democrático com a Cartografia Tátil, em sua opinião esta é uma alternativa inviável e que encarece a produção dos materiais táteis em comparação com a impressora braile.

Figura 34: Mapas em relevo produzidos pela professora Paula da ADEVIRP. Fonte: acervo pessoal

A professora Márcia tem formação de Estudos Sociais, desde 1989. Em agosto de 2014 assumiu como professora de uma turma de 21 estudantes do Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos – CEEJA - que frequentam a instituição, após 11 anos de trabalhos voluntariados na ADEVIRP.

Na modalidade de ensino CEEJA o atendimento é individualizado, a presença do aluno é flexível, sendo obrigatório o comparecimento às avaliações parciais e finais, bem como o registro de, pelo menos, 1 comparecimento por mês para desenvolvimento das atividades previstas para cada disciplina. Por isso, não contam com um professor da sala de recursos. Destacou que mesmo assim os professores da Escola Estadual Profª Cecília Dultra Caram, que atende os seus estudantes, dão respaldo chegando a produzir materiais adaptados.

Como o CEEJA não utiliza os cadernos do aluno, Márcia afirmou não ter conhecimento sobre o material. Ao analisá-lo e encarando seu contexto de recursos escassos o caderno se apresentou como uma alternativa bastante atraente num primeiro momento. Porém ao analisá-lo mais atentamente a professora fez alguns apontamentos como a qualidade da apresentação, sobretudo na versão ampliada, que perde o foco em diversas imagens e distorce as figuras ao aumentá-las, bem como disse já ter sido questionada pelos estudantes sobre a apresentação de conteúdos somente pelo método de pontos. Estes afirmaram à professora que a explicação se tornava muito mais concreta para eles se outros materiais fossem apresentados.

A professora ainda reforçou que ao lidar com estudantes com alguma deficiência o estudo e a produção de materiais é bastante trabalhosa e desprende muito tempo. Para ela, este problema seria solucionado através de parcerias entre as instituições especiais, Universidades e o poder público.

Em suas aulas busca trazer recursos complementares, inclusive utilizando-se de seu conhecimento em Cartografia Tátil, o qual esta profissional buscou por conta própria, pois afirma nunca ter participado de um curso. Para ela os materiais do IBC são os ideais para o ensino de qualquer disciplina.

6.2. Considerações dos estudantes com deficiência visual que