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7. ALTERNATIVAS AO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA OS ESTUDANTES

7.2. Recursos digitais: o GEO E.A

Conforme apontado durante as avaliações dos cadernos, os estudantes com baixa visão afirmaram utilizar as sobras dos cadernos comuns com o auxilio da lupa para acompanhar as aulas e/ou para fazer tarefas. Pensando nessa questão e tendo em vista que o volume de estudantes com baixa visão sobrepõe o número de estudantes com cegueira, foi desenvolvido um protótipo de um web aplicativo para dar acessibilidade levando em conta as inúmeras especificidades de limitações visuais do grupo com baixa visão.

Com a invenção dos primeiros computadores, a sociedade incorporou uma ferramenta tecnológica que possui grande potencial e cada vez mais representatividade no mundo atual. A inserção deste na educação busca agilizar e diversificar as atividades escolares.

As primeiras experiências com a informática no contexto educacional internacional ocorreram na década de 1950. Vinte anos depois, o Brasil passa a inserir essas novas tecnologias no ambiente universitário. Até hoje, ainda percorre um longo caminho para se chegue ao ensino básico, principalmente no que se refere à rede pública, tendo em vista que faltam investimentos, sobretudo, em infra-estrutra.

Mesmo assim é primordial que os estudantes tenham acesso e façam uso dessas novas ferramentas, para prepará-los para os novos recursos digitais em diversos outros locais fora da escola, mas também para romper com os modelos tradicionais de educação.

Tomando como perspectiva futura, negando a manutenção da exclusão digital, e lidando com o a oferta atual, buscamos uma alternativa que unisse a praticidade de um recurso tecnológico e a necessidade de novas alternativas de ensino para um público cada vez mais diversificado. Nesse sentido, incorporar as novas tecnologias ao processo de inclusão educacional pode ser uma saída bastante atraente para o estado e para os estudantes, que vivenciam em seu cotidiano o uso de aplicativos, da internet, em equipamentos como computadores, tablets e smatphones.

Buscando facilitar a adaptação de materiais para as mais de 5000 escolas do estado elaboramos em parceria com a aluna Rebeka Gomes do

curso de Tecnologia em Gestão de Tecnologia da Informação, do Centro Universitário Moura Lacerda, em Ribeirão Preto, o aplicativo web GEO-E.A. (Geografia – Educação Assistiva), um protótipo que foi projetado para contribuir no processo de inclusão de estudantes com D. V. da rede pública, a partir da Geografia e que visa facilitar a distribuição de material especializado para este público.

Após realizado um levantamento bibliográfico, as tecnologias adotadas para o desenvolvimento do web aplicativo foram:

 HTML5: Tecnologia utilizada em complementação à tecnologia JAVA para o desenvolvimento da aplicação para WEB. É uma linguagem de marcação de hipertexto utilizada corriqueiramente para desenvolvimento de páginas para internee. Foi escolhida a versão mais atual por proporcionar melhoria semântica, acessibilidade com total integração multimídia e fácil manipulação de conteúdo gráfico na WEB sem a necessidade de adicionar plugins e APIs. (PILGRIM, 2010).

 CSS3: Tecnologia utilizada por ser a nova versão Cascading Style Sheets, direcionado para definição do layout das páginas da aplicação WEB, dando suporte ao HTML5. (FRAN, 2012).

 Twitter BootStrap 3: Tecnologia adotada por ser um front-end framework, utilizado juntamente com HTML5 e CSS3 com intuito de dinamizar a interface e os componentes da página WEB; além de aderir aos padrões desenvolvidos por empresas como Google, Twitter, Facebook. E tem compatibilização de conteúdo com os pequenos dispositivos (smartphones e tablets) e design responsivo. (OTTO, THORNTON, 2013).

 JQuery Framework: Tecnologia utilizada por ser uma biblioteca JavaScript que simplifica a interação dos scripts com o HTML. Esta biblioteca torna a página web mais dinâmica e interativa. (SILVA, 2012).  WAI - ARIA: Tecnologia que permite identificar estruturas importantes de

uma página WEB. Utilizada em conjunto com HTML5, (CRAIG, 2009). Foi adotada para prover acessibilidade sem limitações de utilização para deficientes visuais.

 AngularJS Framework: Biblioteca diferentemente de outros frameworks JavaScript, ele adota uma abordagem mais ligada à sintaxe HTML, funcionando como uma espécie de extensão da linguagem.(DARWIN, 2013)

 JAVA Speech: Tecnologia adotada por ser é uma API JAVA, de fácil utilização e implementação, para sintetização e reconhecimento de voz. Não tão difundida no mercado (AYRES, NOLAN.. 2006).

 Eclipse Luna: Tecnologia escolhida por ser uma IDE para desenvolvimento Java, porém suporta várias outras linguagens a partir de plugins como C/C++,PHP,ColdFusion, Python, Scala e plataforma Android. Ele foi feito em Java e segue o modelo open source de desenvolvimento de software. auxilia no desenvolvimento e agiliza a implementação dos códigos. (ECLIPSE, 2006).

 Apache TomCat 7.0: Tecnologia adotada por ser um servidor web (servlet container), especialmente vinculado às tecnologias Java. (VUKOTIC, 2011).

O aplicativo armazenaria os cadernos do estado em formato digital. Combinando diversas tecnologias, que serão descritas a seguir, o GEO - E.A apresenta a versão simples só com a utilização da lupa ou a versão acessível com soluções para suprir a questão da ampliação.Para seu uso é necessário baixar o arquivo .zip e descompacta-lo. Após descompactar teremos uma pasta chamada WEBCONTENT. Dentro desta pasta contem os arquivos JS, CSS, HTML, necessários para a execução do aplicativo.

A ideia é que o aplicativo fosse alojado na plataforma on line do site da Secretaria da Educação do estado de São Paulo. O aluno com deficiência, faria o download do aplicativo em seu computador, celular ou tablet. Como se trata de um protótipo, ainda é preciso discutir a viabilidade de liberar a quantidade de donwloads ou limitá-los a um número suficiente para que este faça parte do cotidiano do aluno.

Para inicializar o app, abra no Google Chrome ® o arquivo LOGIN.html e a tela a seguir será apresentada:

Figura 40: Tela inicial GEO - E. A

Na tela seguinte o aluno deverá inserir usuário e sua senha, e posteriormente clicar em Login. Por se tratar de um protótipo, não há autenticação em banco de dados. Haverá o direcionamento para a tela de perfil de aluno, na qual poderá ter acesso aos dados (simbólicos) referente a escola, série, foto, últimas atividades desenvolvidas, assim como a atividade proposta para o dia, com 2 botões para iniciar tarefa em modo normal e de acessibilidade.

Figura 41: Tela do perfil do usuário do GEO- E. A.

Ao clicar em começar o estudante será direcionado para a tela da atividade em modo normal, somente com a lupa (Figura 42).

Figura 42: Atividade do caderno do aluno no GEO – E. A. em modo normal Ao clicar em Modo Acessibilidade o aluno será direcionado para a tela da atividade com as opções e as funcionalidades descritas a seguir:

Figura 43: Botões funcionais do GEO – E. A. em modo de acessibilidade.

A lupa se move com o mouse ou com o dedo (para o caso de equipamentos touch screen, e possibilita a ampliação em até 37,5%. (Figura 44).

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Figura 44: O uso da lupa no GEO – E. A. em modo de acessibilidade.

A ativação do contraste opcional, permite ao usuário ver com maior grau de diferenciação os detalhes do desenho (Figura 45). Como não ocorre automaticamente, o usuário poderá voltar a versão colorida quando desejar.

Figura 45: O uso do contraste no GEO – E. A. em modo de acessibilidade.

O GEO – E. A. ainda permite o aumento da fonte (Figura 46). Nessa opção de acessibilidade o usuário pode utilizar o recurso de audiodescrição das imagens e a leitura dos exercícios. O aplicativo apresenta espaços para a digitação das respostas dos exercícios como sugestão futura, podendo inclusive gravar a resposta oral do aluno. Entretanto, para o momento a resolução das atividades pode ser ainda mantida nas apostilas impressas.

Figura 46: O uso da fonte ampliada no GEO – E. A. em modo de acessibilidade.

Ressaltamos aqui a importância do desenvolvimento participativo deste aplicativo. A audiodescrição deve envolver, no mínimo, uma equipe com um usuário, um professor de Educação Especial e um professor de Geografia para que não comprometa a compreensão do conteúdo em meio a interdependência que a aprendizagem desta disciplina apresenta na relação imagem X texto. Esta conexão serve ainda para promover o aperfeiçoamento do web aplicativo para que se torne algo acessível e assim durável, conforme a afirmação a seguir:

Considerando a natureza colaborativa da web e sua importância em facilitar a comunicação é importante pensar, aperfeiçoar e expandir as questões técnicas e realçar a necessidade de considerar a acessibilidade do ponto de vista do desenvolvedor web e do usuário. Uma web tecnicamente inacessível é pouco provável que perdure ao longo do tempo. A meta da acessibilidade web é proporcionar aos desenvolvedores uma base concreta para a acessibilidade através do desenvolvimento de um conjunto de fatores associados à acessibilidade. A extensão do problema da acessibilidade pode ser confirmada pelo World Wide Web Consortium (W3C) que estima que mais de 90% dos sites são

inacessíveis para os usuários com algum tipo de necessidade especial (BOLDYREFF, 2002, apud CUSIN & VIDOTTI, 2009).”

Optou-se por inserir a audiodescrição, mesmo sendo um material focado no público com graus de visão residual diferente, justamente pelo fato dos conteúdos geográficos perpassarem também por temas abstratos, e para que fora do ambiente escolar o aluno conte com algum com o auxilio para a compreensão desses esquemas e/ou mapas com autonomia.

Destacamos ainda, que a adoção deste app-web facilitaria bastante a logística da distribuição do material adaptado, umas das principais reclamações dos entrevistados. Por outro lado é necessário que o usuário tenha o mínimo de condições para acessá-lo, o, ou seja, um equipamento com acesso a internet para o primeiro acesso.

Com relação ao MECDaisy, um software livre oferecido pelo Ministério da Educação, que é um leitor de livros, o GEO- E. A. traz a possibilidade de manipulação das imagens e dos recursos de acordo com a necessidade de usuário. Obviamente, nenhum dos dois recursos tecnológicos substitui a percepção tátil, mas são alternativas para tornar o ensino mais prático e inclusivo, sem depender da logística na confecção e entrega de materiais.

Até a conclusão da dissertação, foi possível finalizar o protótipo que em 2016 entrará em fase de teste pelos usuários com deficiência visual.