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Encerro essa escrita reforçando que, com esse estudo, não busquei verdades ou respostas que comprovem algo. Interessei-me muito mais pelas perguntas, pois elas movem a pesquisa, desestabilizando-a e reorganizando-a para o desenvolvimento de uma consciência maior dos caminhos a seguir. Ao longo desse processo, foi muito instigante, para mim, pensar o quanto minhas escolhas metodológicas reverberaram em meu fazer artístico, especialmente no que diz respeito a autoetnografia. Esta foi a primeira vez que inseri a pesquisa de campo em meu processo criador. Aqui, esse procedimento foi entendido enquanto uma prática artística. Assim, o caminho escolhido mostrou-se para mim como um novo modo de criar, no qual pude me permitir ser constantemente tocada pelas experiências de outras pessoas. Meu trabalho, de fato, só pôde existir através da voz de outras mulheres. Deste modo, visualizo essa pesquisa como uma forma de lutar por aquilo que acredito enquanto artista feminista, estudante e mulher. Nesse contexto, a construção de um referencial feminista contribuiu para a elaboração de um trabalho mais conciso. Ao reconhecer que esta é uma pesquisa em Artes, propus a valorização de minhas referências artísticas na mesma medida que as teóricas, relacionando-as entre si. Assim, foi muito importante para a pesquisa visualizar o quanto discussões feministas estão presentes em criações de performers contemporâneas. Ter consciência disso contribuiu para reforçar o entendimento da Arte como um espaço potente para abordar questões socioculturais relacionadas às mulheres

Compreendo que a pesquisa vai acontecendo de forma orgânica, processual e não causal e que a experiência enquanto pesquisadora é indissociável de minha obra. Interessei-me muito pelo trânsito entre linguagens artísticas e como elas potencializam-se entre si. O tempo dança na Performance Arte, assim como a Performance dança no tempo. Deste modo, através daquilo que me toca, busco sensibilizar o outro ao estabelecer uma relação com o público durante a obra. Ao longo desses dois anos, pude me compreender performer/bailarina nas Artes Visuais, redescobrindo o corpo e suas possibilidades artísticas. Sem negar minha Dança, permiti-me fluir pela transdisciplinaridade apropriando-me de diferentes signos para repensá-los em Performance. Desse modo, compreendo minhas criações como estruturas que se mantém abertas para habitarem diferentes espaços e serem habitadas por eles e por quem os constitui.

A Performance Arte, para mim, é um estado de presença, é escuta do corpo, é uma outra possibilidade de manifestar minha Dança. Compreendo, também, que por meio da Performance, há uma afirmação do corpo, não como um veículo para comunicar uma mensagem, mas sendo ela própria. Sua imagem instaura relações através das quais criam-se sentidos. Entendo que o

ser humano não é um sujeito passivo, assim visualizo a Arte, mais especificamente, a Performance e seu caráter transgressor, como um modo de escancarar, questionar e problematizar alguns pensamentos, muitas vezes enrijecidos e naturalizados. A partir da escolha desse caminho artístico pude trazer dois elementos recorrentes em meus estudos e criações: o corpo e o tempo.

Quanto ao primeiro, enquanto bailarina e performer, não há como não compreender o corpo como uma questão central em meu trabalho. Meu corpo feminino é branco, magro, jovem. Meu corpo é cíclico, transpira, sangra, transforma-se. Meu corpo em ação é movimento, expressão e comunicação. O segundo, o tempo, é outro assunto inquietante para mim. Quando o abordei através da minha ancestralidade feminina, em um trabalho anterior a esse, interessava- me pensar acerca dos ciclos e daquilo que o tempo mantém ou transforma ao longo das gerações. Como a mulher sente o tempo através de seu corpo e como o tempo se revela no corpo da mulher? Foi então que passei a questionar como o tempo afeta culturalmente o corpo da mulher e como essas mulheres relacionam-se com isso. Nesse contexto, a relação entre memória e identidade, tão presente nos relatos das mulheres, foi um aspecto fundamental para compreender qual a abordagem do tempo nesse trabalho, o qual, por sua vez, revelou-se por meio das narrativas. Deste modo, considero necessário destacar que o feminino foi abordado a partir de uma perspectiva do tempo. Assim, ele não só costurou poeticamente o trabalho, como também mostrou-se como um elemento constituinte de questões socioculturais que afetam a mulher.

No que diz respeito a escrita da dissertação, compreendê-la como uma prática, uma escrita-corpo, enfim, uma escrita-performativa, possibilitou que eu me apropriasse ainda mais do trabalho. A escrita do diário de bordo, por sua vez, foi também muito importante, pois por meio dele percebi a escrita poética como uma ponte entre criação artística corporal e minhas leituras e escritas acadêmicas. Antes, essa escrita poética mostrava-se para mim como um respiro, um escape em meio a normas e exigências acadêmicas muito rígidas e quadradas. Agora, percebo que para além disso, ela passou a ter uma relevância maior dentro do processo. Algumas vezes entendo-a como estímulo para criação das Performances, outras como consequência e até mesmo amadurecimento das mesmas.

Como exponho no texto, ao longo da pesquisa, compreendi e valorizei o processo criador sendo tão importante quanto as Performances “em si”. A partir daí, aprofundei minha reflexão sobre a criação artística dentro da universidade, sobretudo, pois entendo que aqui não há uma separação entre trabalho artístico e acadêmico. Eles coexistem retroalimentando-se. Foi a partir do momento em que passei a ter maior consciência disso que minha pesquisa começou

a fluir de fato. Um exemplo para pensar na multiplicidade da obra de Arte nesse contexto, seriam as minhas participações em eventos acadêmicos. Nas apresentações de comunicações orais, sempre busquei priorizar minha poética, seja trazendo essas questões para o corpo, seja trazendo elementos de cena, compreendendo-as de fato como desdobramentos das Performances. Nesses espaços, levei algumas vezes os relatos escritos sobre a menarca, além de papéis em branco para que as mulheres presentes pudessem também escrever sobre. Em nenhuma dessas ocasiões, os relatos resumiram-se a escrita. As discussões das minhas apresentações sempre vinham permeadas por memórias de primeira menstruação que eram trazidas por essas mulheres. Enfim, mais espaços de fala se criavam ao diluir impessoalidades, afetando e redesenhando a estrutura desses ambientes.

Gosto de pensar em como todas as Performances relacionam-se e costuram-se à pesquisa como uma totalidade. A relação das filhas com as mães na menarca, o cuidado para evitar uma gravidez que iniciava ali e, muitas vezes, vinha através da medicalização desses corpos com anticoncepcional: enfim, todos esses momentos se entrecruzam de alguma forma nessas narrativas. Com a Performance Arte como caminho, busquei mostrar o feminino como algo plural e dar destaque às experiências diversas de mulheres também diversas que me atravessaram e ainda atravessam profundamente. Essa é uma pesquisa sustentada por uma grande rede feminina. Foi muito tocante para eu ver como se criaram espaços de fala a partir dela, mesmo em momentos que eu não esperava. A contribuição das mulheres foi ainda além dos relatos, como no apoio que tive ao recolher embalagens de anticoncepcionais; na divulgação dos formulários; nas mulheres que convidaram suas amigas a participarem das rodas, enfim.

Eu pesquiso com paixão. Esse trabalho foi um mergulho profundo para mim. Ao longo desse percurso, imergi na densidade dessas narrativas femininas, adentrando a sonoridade revolta, amorosa e confessional de suas vozes. Ouvi mulheres pedindo desculpas, uma, duas, três, incontáveis vezes. Emerji com o corpo encharcado de marcas de violência, mas também de acolhimento e proteção. O que é ser mulher em meio a esse turbilhão de sentimentos? O quão gigante tornamo-nos apenas na delicadeza de sermos escuta uma das outras?

Reconheço, em todas as Performances desenvolvidas até então, um potencial de aprofundamento uma vez que cada uma delas, individualmente, geraria material suficiente para desenvolver uma dissertação. Minhas criações artísticas abordam temas delicados que suscitaram muitas discussões que exigiram que eu me detivesse mais tempo nelas. O que apresento nessa escrita é resultado de um trabalho de dois anos, que entendo como o início de um processo que pretendo seguir investigando artisticamente e, porque não, academicamente. Minhas proposições para o futuro são seguir com essas investigações, abordando também

aspectos relacionados ao climatério e a menopausa, os quais gostaria de ter trabalhado durante o mestrado, mas optei por não o fazer nesse momento, devido ao tempo e dedicação que as outras Performances exigiram. Além disso, tenho o intuito de levar meu trabalho para diferentes espaços, não somente trazendo essas mulheres como motivação para a criação artística, mas também como um público fundamental para a construção desse processo. Talvez a pergunta que siga ecoando é pensar : de que modo posso fazer com que as mulheres que integram minha pesquisa sintam-se cada vez mais representadas e contempladas na minha criação? A busca por um trabalho mais plural e horizontal, que inclua mais mulheres do que exclua, deve ser constante e não cessa aqui.

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ANEXO A – BULA DO ANTICONCEPCIONAL SELENE 3. Quando não devo usar este medicamento?

Contraindicações e riscos de Selene

Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona) não deve ser utilizado na presença das condições descritas a seguir. Caso apresente qualquer uma destas condições, informe seu médico antes de iniciar o uso de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona).

- história atual ou anterior de problemas circulatórios, especialmente os relacionados com trombose. A trombose é a formação de um coágulo de sangue, que pode ocorrer nos vasos sanguíneos das pernas (trombose venosa profunda), nos pulmões (embolia pulmonar), no coração (ataque cardíaco), ou em outras partes do corpo (veja o item “Contraceptivos e a trombose”);

- história atual ou anterior de derrame cerebral, que é causado por um coágulo de sangue ou o rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro;

- história atual ou anterior de sinais indicativos de ataque cardíaco (como angina ou dor no peito) ou de um derrame (como um ataque isquêmico transitório ou um pequeno derrame reversível);

- história de enxaqueca acompanhada, por exemplo, de sintomas visuais, dificuldades para falar, fraqueza ou adormecimento de qualquer parte do corpo;

- diabete melito com lesão de vasos sanguíneos;

- história atual ou anterior de pancreatite (inflamação do pâncreas), associada com níveis altos de triglicérides (um tipo de gordura) no sangue;

- icterícia (amarelamento da pele) ou doença grave do fígado;

- história atual ou anterior de câncer que pode se desenvolver sob a influência de hormônios sexuais (por exemplo: câncer de mama e dos órgãos genitais);

- presença ou antecedente de tumor no fígado (benigno ou maligno); - presença de sangramento vaginal sem explicação;

- ocorrência ou suspeita de gravidez; - durante a amamentação;

- hipersensibilidade a qualquer um dos componentes de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona).

Se qualquer um destes casos ocorrerem pela primeira vez enquanto estiver tomando medicamento do tipo de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona), descontinue o uso imediatamente e consulte seu médico. Neste período, outras medidas contraceptivas não hormonais devem ser empregadas (veja também o item: “O que você deve saber antes de usar Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona)?”).

Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona) não deve ser utilizado por homens. 4. O que devo saber antes de usar este medicamento?

Precauções e advertências de Selene

Nesta bula são descritas várias situações em que o uso de medicamento do tipo de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona) deve ser descontinuado, ou em que há diminuição da sua eficácia. Nestas situações, devem-se evitar as relações sexuais ou, então, utilizar adicionalmente métodos contraceptivos não-hormonais como, por exemplo, preservativo ou outro método de barreira. Não utilize os métodos da tabelinha (do ritmo ou Ogino-Knaus) ou da temperatura. Estes métodos podem falhar, pois medicamentos do tipo de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona) modificam as variações de temperatura e do muco cervical que ocorrem durante o ciclo menstrual normal.

Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona) não protege contra infecções causadas pelo HIV (AIDS), nem contra qualquer outra doença sexualmente transmissível.

Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona) foi prescrito especialmente para você. Não o compartilhe com outras pessoas.

NÃO TOME REMÉDIO SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO, PODE SER PERIGOSO PARA A SAÚDE.

O uso de medicamento do tipo de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona) requer cuidadosa supervisão médica na presença das condições abaixo. Essas condições devem ser comunicadas ao médico antes do início do uso de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona):

- fumo; - diabete;

- excesso de peso; - pressão alta;

- alteração na válvula cardíaca ou alteração do batimento cardíaco; - inflamação das veias (flebite superficial);

- veias varicosas;

- qualquer familiar direto que já teve trombose, ataque cardíaco ou derrame; - enxaqueca;

- epilepsia;

- você ou algum familiar direto tem, ou já apresentou, níveis altos de colesterol ou triglicérides (um tipo de gordura) no sangue;

- algum familiar direto que já teve câncer de mama; - doença do fígado ou da vesícula biliar;

- doença de Crohn ou colite ulcerativa (doença inflamatória crônica do intestino); - lúpus eritematoso sistêmico (uma doença que afeta a pele do corpo inteiro);

- síndrome hemolítico-urêmica (uma alteração da coagulação sanguínea que causa insuficiência renal);

- anemia falciforme;

- condição que tenha surgido pela primeira vez, ou piorado, durante a gravidez ou uso prévio de hormônios sexuais como, por exemplo, perda de audição, porfiria (doença metabólica), herpes gestacional (doença de pele) e coréia de Sydenham (doença neurológica);

- tem ou já apresentou cloasma (pigmentação marrom-amarelada da pele, especialmente no rosto). Neste caso, evite a exposição excessiva ao sol ou à radiação ultravioleta;

- angioedema hereditário (estrogênios exógenos podem induzir ou intensifica os seus sintomas). Consulte seu médico imediatamente se você apresentar sintomas de angioedema, tais como: inchaço do rosto, língua e/ou garganta, dificuldade para engolir ou urticária junto com dificuldade para respirar.

Se algum destes casos ocorrer pela primeira vez, reaparecer ou agravar-se enquanto estiver tomando medicamento do tipo de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona), consulte seu médico. Se o hirsutismo (aumento da quantidade de pelos no corpo) surgiu recentemente, ou intensificou-se consideravelmente nos últimos tempos, seu médico deve ser informado de pronto, devido à necessidade de se descobrir a causa.

A experiência com medicamentos contendo combinações de estrogênio/ progestógeno, como no caso de Selene® (etinilestradiol + acetato de ciproterona), baseia-se, predominantemente, nos contraceptivos orais combinados. Portanto, as precauções abaixo relacionadas para o uso

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