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Conclui-se com os dados expostos neste trabalho que, desde a criação dos benefícios fiscais de incentivo à importação em Santa Catarina, muitas alterações ocorreram no que diz respeito ao comércio exterior praticado nesse estado.

Nos dias atuais, é praticamente impossível, para um país que esteja em fase de desenvolvimento e queira manter esse ritmo de crescimento, não ter contato com produtos estrangeiros, seja para suprir as necessidades diferenciadas de uma massa de consumidores ávidos por novidades, seja para beneficiar esses mesmos consumidores, evitando os monopólios e permitindo uma concorrência mais acirrada e justa, além do incremento de novas tecnologias que vem junto com produtos importados. Citando alguns pontos positivos advindos das importações, o estado de Santa Catarina, através dos pertinentes incentivos fiscais, conseguiu visualizar uma oportunidade de crescimento de sua economia, oferecendo às empresas que no estado se instalavam baixas alíquotas de ICMS, causando, com isso, um grande aumento no volume de importações e automaticamente na arrecadação de impostos.

Contudo, apesar dos ótimos resultados que os incentivos fiscais de redução de tarifas incidentes para instalação de novas empresas no estado catarinense apresentaram alguns governos, como o de São Paulo, começaram a verificar que muitas empresas estavam saindo de seus estados de origem e se instalando em Santa Catarina, atrás das atrativas reduções de impostos e, consequentemente, trazendo uma diminuição nas importações.

Com isso, os benefícios fiscais às importações começaram a chamar atenção das autoridades, ainda mais depois de o estado de Santa Catarina alterar seu foco no âmbito do comércio exterior, passando de uma tradição exportadora, dando espaço significativo a uma nova cultura de importações.

Tudo isso em virtude da atratividade que os benefícios concedem às empresas, pois com a possibilidade da diminuição da incidência do ICMS na saída das mercadorias, tornou-se muito mais lucrativa a atividade, não só no que diz respeito ao lucro final de uma importação, mas também quanto à aquisição de clientes para uma importadora, pois se torna possível oferecer seus serviços com um menor custo diminuindo o preço final da mercadoria e essa surge mais competitiva no mercado perante as demais, nacionais ou importadas por outros estados.

Diante disto, iniciou-se a chamada “guerra-fiscal”, que foi instaurada com outros estados da federação justamente alavancada em decorrência do grande aumento da oferta de incentivos à importação através do ICMS.

Nesse cenário, muitas unidades da federação alegaram que o incentivo que Santa Catarina oferece às empresas fazia com que o produto importado entrasse no país em condições mais favoráveis do que o produto nacional e isso acabava desfavorecendo a produção nacional e contribuindo para a desindustrialização do país.

Contudo, como foi visto no decorrer do trabalho, o estado que mais é a favor do fim dos benefícios fiscais é o de São Paulo, que simplesmente é o maior importador do Brasil, porém, alega que as importações estão trazendo desemprego e acabando com as indústrias nacionais.

No entanto, um estudo realizado pela ABECE (2012) confirmou que as importações brasileiras impulsionam o país em seu desenvolvimento e que 83% das importações são destinadas às indústrias, ou seja, são importações que ajudam no crescimento da produção nacional, fazendo com que os produtos cheguem ao mercado consumidor com preços mais competitivos. Ao contrário do que alguns estados sustentam, muitos dos produtos importados complementam os produtos brasileiros e não os substituem.

Esse perfil das importações estimula a economia, com novos investimentos e empregos e se Santa Catarina não puder seguir com incentivos as suas atividades portuárias, essa distorção econômica ficará ainda maior e culminará em que as importações através dos portos que estão próximos aos grandes centros urbanos, como o porto de Santos, aumentem cada vez mais.

Portanto, a criação dos benefícios fiscais em Santa Catarina não só foi benéfica para a instalação de novas empresas ou geração de empregos, mas também para uma implantação de uma nova cultura de comércio exterior, tendo como atrativo o incremento das importações no estado.

Mas muitos passos ainda hão de ser dados, pois com a unificação do ICMS, a partir de janeiro de 2013, novas mudanças para o estado deverão ser tomadas a fim de que as empresas catarinenses, principalmente as comissárias de despacho, armazéns, terminais portuários e retroportuários, agentes marítimos, empresas de logística e tradings companies, não tenham de fechar suas portas, o que acarretaria uma brutal queda na arrecadação do estado.

Espera-se que, a partir de agora, o governo catarinense estimule o desenvolvimento de Santa Catarina como um polo logístico e atraia, em consequência, grandes varejistas para instalarem seus centros de distribuições em solo catarinense, propiciando, com isso, um contínuo crescimento do estado.

Como sugestão para trabalhos futuros, a acadêmica sugere o desenvolvimento de um estudo que envolva a análise de todos os benefícios ficais oferecidos pelos estados brasileiros. Outra sugestão é realizar uma avaliação sobre a Resolução do Senado Federal 13/2012, os riscos envolventes nos âmbitos jurídicos, econômicos e empresariais.

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APÊNDICE A – ENTREVISTA COM ANDRÉ LUIZ PEREIRA

A presente entrevista semiestrutura foi realizada no dia 27 de abril de 2012, com o André Luiz Pereira, Supervisor Fiscal da empresa Komport Comercial Importadora S.A., com o intuito de obter informações que não estão claras nas legislações e destina-se, ainda, à coleta de maiores informações sobre os benefícios fiscais para elaboração do trabalho de conclusão de curso do Curso de Relações Internacionais.

1) Quais são os benefícios fiscais oferecidos pelo governo catarinense atualmente? 2) Quando surgiu o benefício fiscal do Art. 148-A?

3) Dos benefícios que já existiram em Santa Catarina, o Art. 148-A foi o maior. Comente um pouco sobre ele.

5) Qual foi o motivo da revogação do benefício em questão?

6) Você concorda com a revogação do benefício do Art. 148-A? Qual sua opinião sobre o assunto?

7) Por qual motivo o governo revogou o benefício do programa Pró-Emprego para as empresas que importam mercadorias para revenda?

8) Qual sua opinião sobre a guerra fiscal?

9) Uma empresa que deseja iniciar suas operações de importação hoje consegue tirar algum benefício próprio? Qual?

10) Qual sua opinião sobre a Resolução 72?

11) Com a unificação das alíquotas de ICMS da Resolução 72, você acha que os estados acabariam com a guerra fiscal?

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