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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.6 MODALIDADES DE IMPORTAÇÃO

A forma mais comum de realizar uma importação é a forma direta, na qual a empresa realiza a importação utilizando seus próprios recursos, e em seu próprio nome. Também é conhecida como importação por conta própria.

No entanto, hoje em dia, as empresas optam por focar as atividades principais de seus negócios e acabam optando por terceirizar algumas atividades do seu empreendimento. Essa tendência vem ocorrendo também no comércio exterior, em que muitas companhias já iniciaram o processo de terceirização de suas operações de importação de mercadorias, e começaram a dar destaque apenas em vender os produtos e atender às necessidades de seus clientes (RECEITA FEDERAL, 2012).

Para normatizar esta nova atitude empresarial, criaram-se duas maneiras de terceirizações reconhecidas legalmente e devidamente regulamentadas pela Receita Federal: a importação por conta e ordem de terceiros e a importação por encomenda.

2.6.1 Importação por conta e ordem de terceiros

Segundo a Receita Federal do Brasil:

A importação por conta e ordem de terceiro é um serviço prestado por uma empresa – a importadora –, a qual promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadorias adquiridas por outra empresa – a adquirente –, em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/02 e art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/02).

Na descrição desta modalidade de importação, Barbosa anuncia que:

[...] neste caso, a trading é mera prestadora de serviços, visto que realiza a importação por conta e ordem do interessado, o qual é citado na Declaração de Importação como "real adquirente" e é responsável pelo recolhimento dos tributos devidos na importação (2012).

O importador da mercadoria poderá também oferecer desde a simples execução do despacho, a intermediação da negociação no exterior, a contratação do seguro e até mesmo fechamento de câmbio, se a adquirente desejar.

Além do contrato entre as partes, para que uma operação de importação por conta e ordem de terceiro seja realizada de forma perfeitamente regular, é necessário ainda que tanto a empresa adquirente quanto a empresa importadora sejam habilitadas no Radar para operar no Siscomex (RECEITA FEDERAL, 2012).

Após as duas empresas estarem habilitadas, a empresa adquirente deverá apresentar, à unidade da Receita Federal com jurisdição para fiscalização aduaneira sobre o seu estabelecimento matriz, cópia do contrato de prestação dos serviços de importação firmado entre as duas empresas (adquirente e importadora), caracterizando a natureza de sua vinculação, a fim de que a contratada seja vinculada no Siscomex como importadora por conta e ordem da contratante, pelo prazo previsto no contrato (RECEITA FEDERAL, 2012).

Depois de realizados os procedimentos acima descritos, a empresa adquirente está apta para iniciar as importações por conta e ordem de terceiros através de uma importadora.

Entre os procedimentos fornecidos pela Receita Federal, convém salientar que, apesar de toda movimentação financeira, na modalidade de importação por conta e ordem a ser realizada pela empresa contratada, não é caracterizada uma operação por sua conta própria, mas sim da empresa solicitante, já que os recursos financeiros dela se originaram.

2.6.2 Importação por encomenda

Seguindo a mesma característica da importação por conta e ordem de terceiros, ou seja, a terceirização do exercício das atividades burocráticas, a importação por encomenda diferencia-se da anterior pelo fato de todo o procedimento da importação ser realizado em nome da empresa importadora com o intuito de revender à empresa encomendante dos produtos em questão.

Nesse tipo de operação, a importadora, com seus próprios recursos, providencia a importação da mercadoria desejada pela empresa encomendante, nacionaliza e a revende posteriormente, mediante contrato entre a importadora e a encomendante (RECEITA FEDERAL, 2012).

Assim como as operações por conta e ordem, em uma importação por encomenda, tanto a empresa encomendante quanto a empresa importadora também necessitam estar habilitadas em seus devidos Radares e no Siscomex para realizar uma importação regularmente. E, ainda, a pessoa jurídica que encomenda mercadorias para outra empresa deve apresentar, à unidade da Receita Federal com jurisdição para fiscalização aduaneira sobre o seu estabelecimento matriz, cópia do contrato firmado entre as duas empresas (encomendante e importadora), caracterizando a natureza de sua vinculação, a fim de que a contratada seja vinculada à encomendante no Siscomex, pelo prazo ou operações previstos no contrato (RECEITA FEDERAL, 2012).

Outra condição para que a importação seja considerada por encomenda é que a operação seja realizada integralmente com recursos do importador contratado, pois, do contrário, seria considerada uma operação de importação por conta e ordem de terceiro.

Ressalva-se que nesse tipo de operação, apesar das duas partes necessitarem estar habilitadas no Radar, o limite que será utilizado será o da importadora.

Para facilitar a compreensão, são apresentadas no Quadro 3 as principais diferenças das duas modalidades de importação de caráter terceirizado, descritas acima, a Importação por conta e ordem de terceiros e a Importação por encomenda:

IMPORTAÇÃO POR CONTA E ORDEM IMPORTAÇÃO POR ENCOMENDA

Importadora/Trading é apenas prestadora de serviços

Importadora/Trading é a real adquirente da mercadoria

Operação realizada com recursos da adquirente Operação obrigatoriamente realizada com recursos da importadora/trading

Câmbio fechado pelo adquirente Câmbio obrigatoriamente fechado pela

importadora/trading DI – Ficha “Importador”: o adquirente é citado

como “real adquirente”

DI – Ficha do “importador”: utilizar campo destinado à identificação do adquirente por conta

e ordem para informar os dados do encomendante, enquanto não estiver disponível o

campo próprio para este na DI (no campo informações Complementares, mencionar que se

trata de uma operação de importação por encomenda)

Quadro 3: Comparativo de Importação por Conta e Ordem e Importação por Encomenda. Fonte: Adaptado de Barbosa (2012).

Para finalizar, a empresa que decidir por terceirizar algumas ou todas as suas operações de comércio exterior deve estar atenta não só às diferenças de custo entre a importação por conta e ordem e por encomenda, mas também aos diferentes efeitos e obrigações tributárias a que estão sujeitas essas duas situações, tanto na esfera federal, como no âmbito estadual, alega a Receita Federal do Brasil (2012).

Com o intuito de responder aos objetivos do referido trabalho, o próximo capítulo inicia com a caracterização dos programas de incentivos fiscais à importação no estado de Santa Catarina, em seguida aborda a guerra fiscal do ICMS e dos Portos e a Resolução Nº 72, e, por fim, são relatadas as vantagens e desvantagens dos benefícios fiscais em diversas visões.

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