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A construção da identidade docente é um processo que envolve muitos e diferentes momentos. Se trata de um processo que se retroalimenta das vivências individuais e coletivas.

Para se identificar, o indivíduo, que será um profissional, precisa conviver com muitas facetas de sua escolha profissional.

Desta forma, não posso desconsiderar jamais minhas vivências no Curso Normal, que ainda adolescente me possibilitaram construir grande parte da minha identidade docente, em lugares físicos e sociais de formação onde, em uma concepção bourdieusiana, pouco a pouco ela foi forjada.

Tampouco, ignorar as mudanças de espaço físico para o interior fluminense seria desconsiderar a importância da manifestação sociocultural da cidade de São Fidélis como fator preponderante, não somente na construção da minha identidade docente, como também na adoção como cidadão fidelense e, mais ainda, fluminense.

No Curso Normal, bebi da fonte de uma cultura única, proporcionada pelo Colégio Estadual de São Fidélis. Entender esse eixo como um dos estruturantes do currículo praticado se tornou muito importante para enxergar os fatores epistemológicos e culturais presentes nos normalistas daquela instituição.

Hoje, mais do que nunca, percebo que a consolidação da formação de professores em Nível Médio tem como sua preciosa peculiaridade a possibilidade de construir, junto com a informação profissional que encaminha para a escolha, a vivência profissional do (a) ainda jovem professorando (a). Portanto, este é um divisor de águas na formação do Pedagogo que

dele provém, pois não terá dúvidas de sua escolha e de sua trajetória, pois a sua identidade docente é construída antes mesmo do ingresso nesta graduação.

Também é possível perceber hoje a importância que é dada aos colégios do interior fluminense, mormente nas regiões serrana, norte e noroeste fluminense, quando professores e professoras labutam diuturnamente para manter viva a identidade singular dos cursos Normais em Nível Médio do interior fluminense, com as características que lhes são peculiares, identidade essa alinhada à formação normalista no Brasil, de tradição quase bissecular.

Percepções de construção de identidades docentes sempre existirão em diferentes contextos sociais e acadêmicos. As minhas, entretanto, são únicas: têm no Curso Normal a sua origem, na Pedagogia sua continuidade e na vida profissional sua direção. A dúvida que não tenho é a que os lugares de formação para o magistério em nível Médio instrumentalizam seus formadores e formados, intermediados pelas culturas dos municípios do interior fluminense.

Por isso eles devem ser incentivados e preservados. O que vier depois será sempre a construção da identidade docente pela formação continuada. Fica a reflexão!

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