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Buscou-se por meio deste trabalho, demonstrar que as políticas de integração aos refugiados adotados pelo Canadá e pelo Brasil possuem pontos de construção em comum e outros bem distantes. E, como forma de responder as hipóteses abordadas para elaboração do trabalho pode-se entender que a estrutura politica de integração dos dois países possui pontos de partidas semelhantes, especialmente quanto a Convenção de 1951 e o Protocolo de 1967.

Como já mencionado durante a pesquisa, para se alcançar uma política de integração duradoura é necessário ser identificado as principais dificuldades enfrentadas no processo de integração pelas pessoas que buscam o país de acolhimento, bem como as principais dificuldades do país para conceder o acesso à educação, saúde, transporte, segurança e trabalho como forma de inserção na sociedade civil que fará parte. Sendo papel do Estado buscar meios para facilitar o acesso a esses serviços básicos para a vida de um ser humano.

Porém, durante os últimos anos foi demostrado que o Estado-nação não possui capacidade suficiente para atender toda a demanda elencada no cenário internacional pelo aumento, sem controle, do número de pessoas que são forçadas a se deslocarem do seu país de origem em busca de outro país para poderem receber os direitos fundamentais básicos. Por este motivo, faz-se necessário uma cooperação entre o setor privado e setor público de cada país com a participação dos organismos internacionais como maneira de buscar meios para melhor atender todos os refugiados, bem como assessorar nos meios de solicitação de refúgio.

Sendo assim, a grande pergunta levantada durante essa pesquisa está na questão ―o que‖ e ―como‖ isto vem sendo realizado pelo Canadá e pelo Brasil no acolhimento e atendimento do processo de reassentamento. São os refugiados que foram transferidos de um país anfitrião para outro Estado que concordou em admiti- los e, em última instância, conceder-lhes assentamento permanente (JUBILUT, 2017). Quanto ao processo de refúgio, são pessoas que solicitam às autoridades competentes para serem reconhecidas como refugiado, mas que ainda não tiveram seus pedidos avaliados definitivamente pelos sistemas nacionais de proteção e refúgio (ACNUR, 2018) como forma de analisar comparativamente os meios utilizados pelos dois países.

Foi debatido no primeiro capítulo, acontecimentos históricos que levaram a elaboração de convenções, protocolos e comissões para a proteção e acolhimento aos refugiados, norteando toda a inserção do tema sobre a estrutura de integração adotadas em torno da temática internacional. A partir dessa base pode ser abstraída a importância da construção das politicas de acolhimento e integração dos refugiados apresentados pela Convenção de 1951, do Protocolo de 1967 e o ACNUR, assim como dos diferentes atores internos e externos de cada país.

Ademais, pode ser entendido que durante os últimos anos, devido o número de deslocados forçados buscarem o status de refugiado foi necessário aumentar a abrangência e diminuir os processos burocráticos de acolhimento àqueles que buscam por esse status, tendo em conta que atualmente o número de refugiados ultrapassa 25 milhões de pessoas em todo o mundo.

Depois de familiarizado o tema da pesquisa e sua relevância no contexto internacional foram apresentados o estudo de caso sobre o tema no Canadá e no Brasil.

O segundo capítulo abordou as políticas de integração adotadas pelo Canadá, tendo como ponto principal responder os questionamentos em torno do reassentamento e do processo de refúgio inseridos no país. Como já mencionado, o Canadá por ser um país que possui políticas em torno do multiculturalismo devido a todo o contexto histórico é entendido como um país exemplo, ele se preocupa com todo o processo e possibilidades de integração possíveis aos refugiados para organizar toda a sua estrutura política de integração, realizando uma enorme cooperação entre o governo, a sociedade e empresas privadas.

Logo, é admissível inferir que a localização geográfica do Canadá ajuda a política brasileira, ora avançada, de integração quando comparada a de outros países.

O país entende que é fundamental o papel da sociedade civil para poder realizar, com eficiência, todo o processo relacionado aos refugiados. Por meio de programas de reassentamentos o país recebe milhões de refugiados, os programas funcionam por meio do setor privado, setor público e misto, financiamento e auxílio de empresas (Organizações Religiosas, ONG e qualquer outra instituição ou grupo organizado pela sociedade civil), Estado e por cooperação entre empresas e o governo canadense. Logo, é graças a esses programas de reassentamento e a legislação adotadas em conjunto com todo o aspecto político abrangido pelo país

que é considerado uma nação exemplo em relação à temática abordada pela pesquisa.

Finalmente, no terceiro capítulo buscou-se entender a estrutura de integração e acolhimento no Brasil. E, mesmo o país sendo um local que possui uma lei de proteção especial do refugiado, considerada um exemplo de modernidade em relação à América Latina ao tentarmos na prática e nas ações realizadas pelo Estado, é considerado insuficiente e pouco eficaz, pois diferente do Canadá, o Brasil ainda é pouco ativo nas questões relacionadas ao papel do Estado no atendimento e acesso aos direitos fundamentais garantidos a todos e em destaque aos refugiados.

No cenário nacional é possível perceber que mesmo havendo uma legislação que assegura os direitos e garantias aos refugiados o país não possui uma estrutura organizada e ainda está construindo maneiras para atender os refugiados que estão no país e as pessoas que solicitam esse status.

Em contra ponto, entendemos que o contexto histórico do Canadá e do Brasil são caracterizados como países que possuem, na construção das suas políticas de estruturação aos refugiados, status positivo. No entanto, no Brasil ainda há dificuldades e poucos meios de exercer o acolhimento e a integração, além disso, o país possui pouca atenção e demanda na questão por reassentamento.

Por fim, foi possível analisar por meio dessa pesquisa que a cooperação e as políticas de estruturação para a integração aos refugiados são bem mais desenvolvidas no Canadá, e que o Brasil, mesmo possuindo uma legislação moderna, possui grande dificuldade para garantir os direitos emendados dos acordos internacionais e interno presente no país.

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