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5. Discussão dos Resultados

5.1. Considerações gerais

Ainda não é totalmente conhecido qual o programa ideal de exercícios a prescrever a adultos idosos. Contudo, muitos estudos têm apresentado melhorias significativas na ApF de idosos sujeitos a programas regulares de AF (Häkkinen et al, 2000; Trancoso e Farinatti, 2002; Capodaglio et al, 2007; Sillanpää et al, 2009; Whiteford et al, 2010; Hurley e Roth, 2000; Hunter et al, 2004; Hass et al, 2001; Mazzeo e Tanaka, 2001). De uma forma geral, os resultados por nós obtidos revelaram-se positivos pois, no final do programa de treino, não ocorreram decréscimos na ApF dos idosos. Muito pelo contrário, foram observados ganhos na maioria das componentes avaliadas no GTF2. No entanto, a nível do IMC, postura,

protusão da cabeça e dos testes de flexibilidade dos MS e MI não se verificaram ganhos estatisticamente significativos, quando comparados com os valores medidos no início do estudo.

Estes resultados corroboram os obtidos por Botelho (2002) e por Carvalhais (2004), onde a bateria de testes de Rikli e Jones (2001) também foi utilizada para avaliar as componentes de ApF de adultos idosos.

Participar em treinos com baixa intensidade e frequência parece enaltecer melhorias nas várias componentes da ApF em idosos, conforme atestam Meuleman et al (2000), Cavani et al (2002) e Marzilli et al (2004). Também Zhang et al (2003) sugerem que o mínimo necessário para melhorar a saúde e a aptidão física de adultos idosos é realizar programas de AF três vezes por semana e a uma intensidade e duração apropriadas. No nosso estudo, a frequência das sessões foi igual à proposta por Zhang et al (2003), trissemanal, e este conseguiu gerar efeitos

78 positivos na ApF de idosos. Assim, é possível verificar, observando os resultados por nós obtidos, que a participação trissemanal num programa de AF combinado evidencia ser suficiente e capaz de induzir alterações na ApF em idosos.

5.2. Estatura

Os resultados deste estudo indicam que não ocorreram alterações significativas em nenhum dos grupos no que respeita as duas posturas avaliadas. Desta forma, foram observados alguns ganhos, mas nenhum deles foi estatisticamente significativo.

A fragilidade dos músculos extensores da coluna é reconhecida como o factor chave na fisiopatologia da PA (Balzini et al, 2003). Nesta linha de pensamento, num estudo cujo objectivo era verificar quais os melhores meios não farmacológicos para melhorar a postura cifótica dos idosos com osteoporose e subsequentes problemas, Pfeifer et al (2004), após várias avaliações, chegaram à conclusão que o treino de força dos músculos extensores da coluna pode atenuar a diminuição da estatura, reduzir a hipercifose torácica, fracturas vertebrais e da anca e dores na caixa torácica na zona anterior do tronco. Assim, os estudos com programas de intervenção de TF deste grupo muscular, tem vindo a aumentar nos últimos anos (Kado, 2009). Neste sentido, é do nosso entender que os resultados do nosso estudo vão ao encontro destas afirmações, e que tais melhorias só não foram mais evidentes provavelmente devido ao tempo de duração do nosso estudo.

Num outro estudo, de Katzman et al (2007), os seus resultados estão de acordo com os resultados por nós obtidos, apesar de a média de idades nesses estudo ser superior à dos sujeitos participantes neste estudo. No seu estudo os participantes realizaram um programa de treino combinado, envolvendo exercícios de força dos músculos extensores da coluna, juntamente com trabalho de flexibilidade dos ombros e da anca, no qual o objectivo seria identificar quais as melhorias na PA de idosas, durante um período de 12 semanas. Analisando os seus resultados, verificaram que 12 semanas são suficientes para promover alterações ao nível da hipercifose, performance física e equilíbrio. Os resultados por eles obtidos consideraram-se estatisticamente significativos, havendo, no entanto, uma

79 explicação para tal facto ter acontecido neste estudo e não no nosso. Além de as idosas não terem participado em programas de AF organizada antes da realização do estudo, a sua hipercifose era demasiado acentuada, o que poderá ser justificado pelo mecanismo de Wintors-Stone e Snow (2003), no qual estes afirmam que as variáveis com valores mais baixos são as que têm maior volume de resposta. Em termos da estatura das idosas, estes verificaram a ocorrência de alterações mas, tal como no nosso estudo, estas não foram estatisticamente significativas.

As melhorias evidenciadas no estudo de Katzman et al (2007) vieram fortalecer a importância da participação assídua em programas de AF organizada, pois os valores dos resultados evidenciados excedem em muito a progressão da cifose tipicamente observada durante uma década em pessoas idosas, o que pode ter benefícios longitudinais significativos.

No seguimento do estudo de Katzman et al (2007), surge o estudo de Pawlosky et al (2009), onde reavaliaram 19 das 21 pacientes do estudo de 2007. Verificaram que as mesmas não só mantiveram os seus ganhos na cifose da PH, como também melhoraram a cifose na MP. Este facto foi ainda mais admirável visto que só uma das idosas continuou a realizar exercício físico. Uma das razões que poderá explicar estes resultados será o facto de o treino físico e educativo postural ter induzido nas idosas uma maior consciência postural, no qual estas conseguiram incorporar enquanto realizavam as actividades do quotidiano. Concluíram que um programa multidimensional com a duração de 12 semanas é suficiente para provocar ganhos satisfatórios ao nível da PA, da força dos extensores da coluna e da performance física, e que estes ganhos se mantêm um ano após a intervenção desse mesmo programa de treino.

Na mesma linha de investigação, Hongo et al (2007) constataram que, mesmo a uma intensidade de exercício mais baixa, o treino de força durante 4 meses pode ser benéfico para o aumento da qualidade de vida em idosos e também para o aumento da força dos músculos extensores da coluna. Estas melhorias provocaram uma melhoria na postura e equilíbrio dos idosos, tendo em conta que os idosos demonstraram maior capacidade para realizarem as suas actividades do quotidiano. Assim, este estudo demonstra que uma intensidade de exercício mais baixa é favorável à melhoria da força dos músculos extensores da coluna, havendo

80 assim uma melhoria também na postura e, por consequência, no equilíbrio dos idosos.

A manutenção e melhoria da função física são muito importantes para a prevenção de quedas nos idosos e essa prevenção é uma condição importante nos seus cuidados de saúde (Melzer et al, 2004). Um programa de exercícios deve focar-se na capacidade de equilíbrio, força muscular, marcha e alteração e manutenção da postura, pois as melhorias destas funções físicas são consideradas como um meio de reduzir o risco de quedas em idosos (Yokoya et al, 2008).

5.3. IMC

Os resultados do nosso estudo não evidenciaram alterações significativas ao nível do IMC, apesar de se ter verificado uma ligeira diminuição.

Um dos motivos que poderá ter levado à não ocorrência de alterações significativas ao nível do IMC no nosso estudo pode dever-se ao facto de, como referido pelo ACSM (2011), a prática de AF sem modificações na dieta ter apenas um efeito modesto na alteração da composição corporal das pessoas. Mais ainda, estes indicam que para que tal possa acontecer são necessários 6 meses de prática de AF. Como a população alvo do nosso estudo já era activa antes de começar a participar no nosso programa de treino, os efeitos esperados neste parâmetro, após as 10 semanas de participação no mesmo, só se iriam fazer notar caso houvesse um controlo absoluto sobre as dietas dos participantes, pois os benefícios previamente referidos devem-se ter feito notar quando estes começaram a participar em programas de AF e, na altura da participação no nosso estudo, estes estivessem mais numa fase de manutenção desses ganhos referidos.

A composição corporal refere-se ao percentual relativo de peso corporal representado por gordura, tecido isento de gordura e água, sendo o excesso de gordura corporal associado à hipertensão, diabtes tipo 2 e hiperglicemia (ACSM, 2009). O ACSM (2011) refere que a participação em programas de AF sem haver modificações na dieta irá proporcionar melhorias ao nível da gordura visceral abdominal e gordura corporal total, mesmo não se verificando grandes alterações ao nível do peso corporal. No entanto, referem que se a AF for acompanhada de dieta,

81 além dos benefícios referidos previamente, também irão ocorrer alterações ao nível do colesterol.

Também Slentz et al (2004) corroboram as afirmações supracitadas, pois estes indicam que, para haver perda de peso com sucesso, é necessário combinar a dieta e o exercício físico para se optimizar o défice energético.

Hurley e Roth (2000) indicavam que o TF pode reduzir a gordura corporal total em idosos de ambos os géneros, mesmo quando os indivíduos não controlam a sua dieta. No entanto, estes referem que a obesidade abdominal está intimamente ligada com problemas cardiovasculares, um factor mais importante será o efeito do TF na gordura visceral.

O facto de ser terem registado diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos, tanto no primeiro momento de avaliação, como no segundo, pode dever-se ao facto de o GTF2 ter mais um homem do que o GC, e, também, o

facto de no GC haver uma senhora com 69 anos de idade e com um IMC mais elevado que a média dos restantes IMC (resultados não apresentados).

Assim, é do nosso entendimento que deverá ser sempre efectuada uma avaliação aos níveis de gordura visceral em idosos nos estudos que englobem exercícios de força, de forma a ter conhecimento se há influências do TF neste parâmetro, pois um nível baixo de gordura visceral contribui para um menor índice de problemas cardiovasculares.

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