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Considerações metodológicas

Capítulo I – Construção do problema de investigação

1.6. Considerações metodológicas

Ao longo deste capítulo descrevi de que modo foi construído o objecto de estudo, esclarecendo os seis momentos, para mim, mais relevantes, do meu percurso investigativo e o quadro conceptual que orientou o desenvolvimento da pesquisa, salientando as dúvidas e os impasses que ocorreram durante este processo. Parti para o terreno da investigação com um quadro conceptual ligado à minha formação em educação com o objectivo de compreender os processos de socialização e de aprendizagem das pessoas em situação de sem-abrigo. Os resultados dessa primeira imersão no campo da investigação conduziram-me a outras áreas disciplinares que me eram menos familiares mas que contribuíram para alargar o meu quadro teórico de referência para, no terreno, conseguir ver mais claro e descortinar outros objectos e ligações entre eles, que não eram perceptíveis numa primeira abordagem. Esta incursão em disciplinas, para mim, menos frequentadas, como a filosofia e a sociologia, representaram um risco e, simultaneamente, um desafio intelectual.

As leituras que apresentei ao longo desde capítulo forneceram-me outras perspectivas teóricas para compreender e iluminar, mesmo que parcialmente, o objecto de estudo que inicialmente defini e motivaram a formulação de novas questões de investigação e dos objectivos que pretendia alcançar. Recupero aqui, de um modo sintético, algumas ideias-chave que retive como mais marcantes para o desenvolvimento da investigação.

Um primeiro conjunto de ideias baseadas nos dois pressupostos da modernidade – a autonomia do sujeito e a racionalidade individual e colectiva – e no reconhecimento dos seus limites que vieram questionar as noções de sujeito e de verdade. A noção de “social” imbuída de preceitos moralizadores tendentes a implementar uma certa ordem e controlo da existência colectiva, quer pelas instituições patrocinadas pelo Estado, quer pelas com origem na sociedade. As categorizações aplicadas a grupos de pessoas, no sentido de as tornar iguais para serem mais manejáveis – ordenar o caos

simplificando o complexo. O poder disciplinar e o seu carácter pan-óptico sustentado na individualização, assim como os seus limites – a propriedade anomizante dos sistemas disciplinares e a criação de sistemas recuperadores de indivíduos que escapam à norma. As instituições totais e os seus rituais de mortificação e exposição do eu. O relativismo das concepções de normal e de patológico e as noções de “normalidade e generalidade” ligadas às capacidades de adaptação ou de subordinação do indivíduo à comunidade. Os lugares vagos enquanto sistemas de vida possíveis e não praticados.

As relações entre biografia e identidade constituem um segundo conjunto de ideias sustentadas pelas leituras apresentadas. A ilusão biográfica e a consciência reflexiva que, não obstante a sua fragilidade, proporcionam a noção de continuidade do eu. As práticas confessionais na auto-regulação individual. A metáfora das máscaras comunicantes e o carácter não-unitário do eu. A morte do sujeito universal, estável e interiorizado e a sua substituição pelo conceito de subjectivação, como combinações de subjectividades desejadas atravessadas por discursos psi. E, finalmente, as funções das narrativas biográficas na investigação em ciências sociais e na educação.

Um terceiro conjunto de ideias assentes, essencialmente, nos trabalhos de Vexliard sobre os clochards e na procura da atribuição de responsabilidades pela situação individual ou social. A identificação das áreas científicas que estudaram o fenómeno e indivíduo e as propostas de classificação das causas da vagabundagem: as condições sociais dos indivíduos; os problemas individuais; as psicopatologias e perturbações psiquiátricas; e a delinquência associada à vagabundagem.

O quadro conceptual mobilizado para o desenvolvimento da pesquisa que aqui sintetizei será complementado com outros conceitos que convoquei na procura de atribuição de sentido à realidade social estudada. Darei conta dessas noções nos próximos capítulos.

Metodologicamente os contributos dos autores significativos para a construção do problema de investigação podem passar despercebidos. Porém, foram estas leituras que me fizeram prosseguir a pesquisa empírica atendendo a outros aspectos que inicialmente não eram inteligíveis. Ou seja, em lugar de me centrar preferencialmente nas biografias das pessoas que viviam ou tinham vivido em situação de sem-abrigo, interessei-me também pelas questões relacionadas com as categorizações das pessoas denominadas “sem-abrigo” e como essas classificações se repercutem nas próprias, junto dos práticos, no interior das instituições que trabalham para estas pessoas e na sociedade em geral.

Alguns aspectos relacionados com a metodologia de investigação foram apresentados implicitamente ao longo deste capítulo, contudo, uma vez que este texto se inscreve numa prática social sujeita a procedimentos e regras estabelecidos por uma comunidade científica, parece-me fundamental justificar, com base num conjunto de autores de referência na área da investigação qualitativa, como construí o objecto de estudo, quais as técnicas utilizadas na recolha e na análise dos dados empíricos e sobre o conhecimento que esta investigação pretende produzir.

Trata-se de uma investigação de tipo qualitativo, o que significa que o conhecimento que procuro obter é essencialmente interpretativo, e por conseguinte, subjectivo,

ancorado nos saberes, nas vivências e nas representações das pessoas que participaram neste estudo e, também, nas minhas próprias vivências no terreno da pesquisa, nos meus referenciais teóricos, valores e preconceitos, transportados para a observação, selecção, recolha, análise e interpretação dos dados empíricos.

A definição do problema de investigação e os métodos utilizados na procura de respostas às questões que se pretendem responder conferem ao investigador um papel determinante no desenvolvimento da pesquisa. Neste sentido, o investigador pode ser encarado como um bricoleur, ou como um produtor de uma manta de retalhos, “a quilt maker” (Denzin & Lincoln, 2000: 4). Com efeito, o trabalho desenvolvido foi construído com base no conhecimento pessoal e directo de uma realidade complexa, um fenómeno conhecido por sem-abrigo que se cruza com realidades múltiplas: pessoas a viverem nas ruas de Lisboa; instituições que se dedicam a auxiliar estas pessoas ou a atraí-las para as cuidar e “reinserir na sociedade”; técnicos e voluntários que trabalham nestas organizações; pessoas que passaram por processos de reinserção; e, por último, um investigador que percepciona e experiencia essa realidade que a interroga e se interroga.

O processo de investigação como uma manta de retalhos remete para a ideia de um método de construção de blocos independentes mas relacionados entre si e que, no final podem ser agregados, formando uma imagem, ainda que imperfeita, da realidade estudada.

Embora as preocupações metodológicas estivessem sempre presentes desde o início do estudo, foi no final da redacção da dissertação que a necessidade de inscrever a pesquisa num paradigma se tornou mais premente. Uma investigação é um processo individual e colectivo:

“Although it is true that at some level all research is a uniquely individual enterprise –

not part of a sacrosanct body of accumulating knowledge – it is also true that it is always guided by values that are not unique to the investigator: We are all creatures of our own social and cultural pasts. However, in order to be meaningful to others, the uniqueness of our own research experience gains significance when it is related to the theories of our predecessors and the research of our contemporaries. Social and cultural understanding can be found by ethnographers only if they are aware of the sources of the ideas that motivate them and are willing to confront them – with all that such confrontation entails” (Vidich & Lyman, 1998: 81).

Procurei posicionar a pesquisa num paradigma teórico, oscilando entre a teoria crítica, o paradigma construtivista e o participativo e nos pressupostos que os sustentam (Lincoln & Guba, 2000). As preocupações com o tipo de conhecimento que pretendia alcançar e a validade desse conhecimento fizeram-me rever os clássicos da investigação qualitativa e os Handbooks of Qualitative Research de Denzim e Lincoln. À dificuldade em posicionar a pesquisa no interior de um paradigma teórico acrescia mais uma preocupação: como classificar a estratégia de investigação?

Revisitar os manuais de investigação qualitativa acabou por apaziguar algumas incertezas. Compreendi que a partir de 2005, sensivelmente, o campo da investigação qualitativa se tornou mais permeável a novas questões de investigação, estratégias de pesquisa e perspectivas teóricas, dando lugar a um debate alargado sobre questões

fundamentais acerca do conhecimento produzido pelos investigadores qualitativos nas ciências sociais. “No longer is it possible to categorize practitioners of various

perspectives, interpretive practices, or paradigms in a singular or simplistic way. The old categories have fallen away with the rise of conjugated and complex new perspectives” (Lincoln & Denzin, 2005: 1115).

Se as questões relacionadas com o paradigma teórico ficaram menos urgentes, hesitava em relação à estratégia metodológica seguida. Confrontando as diversas estratégias tipificadas nos manuais de investigação qualitativa e comparando-as com o meu processo investigativo, compreendi que, embora não tenha tido a consciência de que estava a desenvolver uma pesquisa etnográfica, foi assim que a considerei, apesar de não ter dormido na rua nem num centro de alojamento temporário. Por que razão identifiquei a minha investigação com a estratégia etnográfica? Poderia considerar que na recolha empírica tinha utilizado técnicas ou métodos de observação participativa. Contudo, estou certa que o carácter etnográfico de uma parte substancial da pesquisa se deve ao contacto directo, longo, intenso e sistemático que estabeleci junto de um conjunto de pessoas a viver em situação de sem-abrigo. Essa imersão no terreno da pesquisa permitiu-me experienciar, em primeira mão, a realidade social que pretendia conhecer e compreender. De facto, mantive-me ligada ao terreno da pesquisa, o mundo das pessoas em situação de sem-abrigo, desde o Verão de 2004 até ao Outono de 2007. Actualmente ainda mantenho contactos com pessoas que conheci nesse período, algumas a viver na rua, outras em habitações convencionais.

Se nos primeiros tempos da pesquisa entendi o meu papel, enquanto investigadora no terreno, como o de observadora-participante, quando iniciei a análise das notas de campo e me apercebi da riqueza da informação que tinha registado ao longo do tempo, compreendi que o meu trabalho se assemelhava mais ao de um etnógrafo e não tanto ao de um investigador-participante. A minha implicação na realidade social estudada foi longa, intensa e emocional. Criei laços afectivos com pessoas que conheci nesse período da pesquisa. Na verdade, essa primeira etapa de trabalho de campo teve a duração de cerca de quatro anos. No segundo momento de recolha de dados passei escassas semanas numa comunidade de trabalho, num centro de apoio social e num centro de alojamento temporário. Nesse período considero que realizei observação participante, visto que a duração foi curta e houve uma menor implicação pessoal com o terreno da pesquisa. As entradas no diário de campo, durante esse segundo período, são distintas das iniciais. Trata-se, sobretudo, de descrições dos espaços observados e das interacções entre os residentes ou utilizadores das várias instituições com os profissionais e comigo. Muitos desses contactos resultaram na realização de entrevistas com o objectivo de conhecer o percurso de vulnerabilidade e a relação institucional do entrevistado com o sistema social.

Apesar de estar certa que a minha investigação tinha todas as características que me faziam considerá-la etnográfica, os manuais sobre este tipo de pesquisa, como o

Handbook of Ethnography, faziam-me questionar a validade do conhecimento

produzido e a pertinência do estudo. Foi no Handbook of emergent methods, publicado em 2008, que compreendi que não estava só nas minhas incertezas acerca da filiação teórica e metodológica da pesquisa:

“Within a rapidly changing and globalizing world, amidst social progress and change, as well as theoretical developments in multiple traditions both within and across disciplines, new research questions are being posed or reexamined. In order to answer these new questions and reexplore some old ones with our new insights and within our new and fluid context, new methods for gathering the data necessary for answering research questions have developed, as well as strategies for representing research findings. Emergent research methods have sprung forth as a result of where we have been, where we are, and where we envision ourselves going in the future” (Hesse-

Biber & Leavy, 2008: 1).

De acordo com as editoras deste manual, a turbulência no ambiente social, político e económico tem provocado mudanças de paradigmas no interior nas ciências sociais. Essas alterações nos paradigmas disciplinares promovem a criação de metodologias híbridas: “The practice of reevaluating traditional methods and generating new ones

involves creativity, risk taking and intuition” (Hesse-Biber & Leavy, 2008: 2). A

inovação nos métodos de investigação implica a “renegotiation of ‘scientific

standards’ of assessment, validity, and other criteria by which knowledge is judged”

(Hesse-Biber & Leavy, 2008: 4).

Foi também junto da comunidade científica dos métodos emergentes que fui capaz de posicionar a estratégia metodológica que desenvolvi. Confesso que me senti aliviada por ver reconhecida por uma comunidade alargada a metodologia utilizada no desenvolvimento da minha pesquisa. Posteriormente verifiquei que na edição de 2005 do Sage Handbook of Qualitative Research, a etnografia pública, “public ethnography” era já reconhecida pelos editores Denzin e Lincoln. Barbara Tedlock, 2005 e Carol A. Bailey, 2008, escrevem sobre a etnografia pública em dois manuais, The Sage

Handbook of Qualitative Research e Handbook of Emergent Methods,

respectivamente.

Sintetizo aqui as características mais salientes da etnografia pública sistematizadas pelas duas autoras. Neste tipo de pesquisa o posicionamento do investigador face ao objecto de estudo é particularmente relevante e, de certa forma vem questionar as tradições da investigação em antropologia e sociologia que preconizam o carácter apolítico do conhecimento científico. Na etnografia pública o investigador assume um cometimento político com o seu objecto de estudo, ou seja, “Public ethnographers

conduct research on and participate in the fight against repressive conditions” (Bailey,

2008: 265). Esta assunção do envolvimento político com o objecto de estudo sossegou algumas das minhas hesitações. De facto, a viragem na condução da investigação, que ocorreu no terceiro momento da pesquisa, relatado neste capítulo, deveu-se à consciência de que a minha ligação ao meu objecto de estudo não era meramente “científica”, pretendia, alcançar outras audiências fora da academia. Para além da consciência de que a minha audiência poderia ultrapassar as fronteiras académicas, pressentia em mim uma espécie de revolta pelo modo como as pessoas em situação de sem-abrigo são inscritas socialmente e pela violência simbólica e efectiva a que estão sujeitas no seu quotidiano. Procurei conter estas emoções, pois podem enviesar a recolha de dados significativos e a sua interpretação. Embora, cada vez mais, se reconheça que o investigador transporta consigo valores para o campo da investigação, recomenda-se a reflexão e a explicitação desses mesmos valores e

preconceitos.

Tedlock, 2005, entende a etnografia pública como um tipo de investigação e de escrita “that directly engages with the critical social issues of our time, including such topics

as health and healing, human rights and cultural survival, environmentalism, violence, war, genocide, immigration, poverty, racism, equality, justice, and peace” (Tedlock,

2005: 473). Para esta autora, os etnógrafos públicos não são apenas participantes mas “use the observation of their own participation to understand and artistically portray

the pleasures and sorrows of daily life at home as well as in many out-of the-way places” (Tedlock, 2005: 473). A etnografia pública é concebida pela autora como

teoria e prática: “It straddles the domains of lived experience and recollected memory

of time spending interacting in the field, on one hand, with time spent alone in reflection, interpretation, and analysis, on the other” (Tedlock, 2005: 473).

Não pretendo com esta pesquisa produzir um retrato artístico do quotidiano das pessoas em situação de sem-abrigo que conheci e que participaram neste estudo, o que de facto foi significativo para mim com a “descoberta” da etnografia pública foi a possibilidade de assumir que uma das minhas motivações para o desenvolvimento deste estudo está relacionada com o desejo de mostrar outros aspectos, menos conhecidos, do quotidiano das pessoas em situação de sem-abrigo e de evidenciar alguns estereótipos que circulam acerca das pessoas que se encontram a viver em abrigos diferentes dos convencionais.

O artigo de Bailey, 2008, foca outros aspectos relativos à etnografia pública que complementam as noções avançadas por Tedlock, 2005. Bailey, 2008, reconhece a dificuldade de descrever este tipo de investigação pois ainda não está suficientemente definida e codificada. No entanto, identifica cinco características que devem estar presentes no desenvolvimento duma pesquisa deste tipo.

“A theoretically sound and methodologically rigorous form of scholarship can be

considered a public ethnography if in general it meets the following conditions: (1) its primary means of collecting data is in-depth field research; (2) it is motivated by a desire to reduce social injustice; (3) it critiques the structures and social processes that promote inequality; (4) it includes active participation of the scholar in the fight against repressive conditions, and (5) its desired audience extends beyond academic circles to include some facet of the public at large” (Bailey, 2008: 266).

Atendendo às condições identificadas por Bailey, 2008, creio que a pesquisa que agora relato obedece aos cinco critérios acima referidos. Uma vez que fiquei a conhecer este tipo de investigação no final da escrita da dissertação, procurei, no texto, proporcionar ao leitor a informação necessária para ser ele o juiz da investigação. Aqui, também deixo ao leitor esse encargo, o de ajuizar se a pesquisa que aqui apresento pode ou não ser considerada etnografia pública.

A legitimação da etnografia pública no interior da academia tem opositores, como reconhece Bailey, 2008: “public ethnographies generally are not considered as just one

of many approaches. Opposition, quite emotional at times, exists to including public ethnography as a legitimate form of scholarship” (Bailey, 2008: 269).

sociologia e da antropologia. Os seus argumentos são evidenciados por Bailey, 2008. A neutralidade política garante às instituições e profissionais uma credibilidade que poderá ser comprometida pelo reconhecimento da etnografia pública. Por outro lado, a aceitação de um posicionamento político implica um posicionamento moral partilhado por uma comunidade científica. Estas duas questões podem afectar negativamente o financiamento de pesquisas por parte dos governos e de fundações: “after all, when they critique political and corporate structures that have ties to

funding agencies, public ethnographers actively bite the hand that feeds them” (Bailey,

2008: 269). Das várias críticas à etnografia pública acima identificadas, a que me parece mais relevante reside no facto desta não ser considerada, por alguns investigadores, como investigação, pois utiliza meios que justificam os seus fins; estes fins não podem ser confundidos com investigação. Apesar destas críticas, Bailey, 2008, menciona algumas universidades norte-americanas que incluem nos seus currículos a etnografia pública e que incentivam os seus estudantes a desenvolverem este tipo de investigação.

Mas os riscos que os etnógrafos públicos incorrem não provêm apenas da academia. Bailey, 2008, identifica riscos de apropriação indevida ou de interpretações abusivas dos resultados das pesquisas, sobretudo pelos média. De facto, a simplificação dos resultados de qualquer pesquisa podem ser usados de diversas formas. Quando estudei a investigação de Vexliard encontrei uma notícia publicada na Time Magazine, nos Estados Unidos da América, em Julho de 1955, que satirizava os resultados da sua pesquisa.

“To one Parisian, however, the bums of Paris are no proper bums at all, but merely

aggravated psychological cases eager for reclamation. After a painstaking study for a doctorate at the Sorbonne, Psychologist Alexandre Vexliard reported in a thesis that some 50% of the Paris clochards are not drinking men. That many of them do useful and vital work at the city's markets and that most of them are ‘redeemable’ to society.

The bums of Paris reacted with outraged pride to these black charges”5

Os riscos que provêm da academia são, provavelmente, os que podem travar o

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