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Considerações preliminares

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2 Os oráculos contra as nações estrangeiras, contra Judá e Israel

2.1 Considerações preliminares

A primeira consideração a ser feita tem a ver com a história das religiões; a segunda diz respeito à compreensão das seqüências numéricas; a terceira e a quarta, abrindo perspectivas para a análise exegética, relacionam-se diretamente com o processo redacional do livro de Amós. Tratam, respectivamente, do título em Amós 1,1, e do motto em Amós 1,2, que esta tese estudará no contexto dos fragmentos hínicos. Enquanto a terceira consideração apresenta elementos deuteronomísticos, a quarta é um convite a ler o livro de Amós numa perspectiva apocalíptica ou pré- apocalíptica, ainda que haja autores que situem 1,2 na época josiânica.

2.1.1 A interpretação de Aage Bentzen à luz dos textos egípcios

Em sua resenha sobre a obra de Arvid S. Kapelrud, Central Ideas in Amos, Erling Hammershaimb95 afirma que, na terceira seção de seu livro, Arvid S. Kapelrud adota, em Am 1,2—2,16, a interpretação de Aage Bentzen96, relativa às execrações das nações estrangeiras, cujo modelo foi extraído do culto, como nos

95 HAMMERSHAIMB, Erling. Resenha sobre Arvid S. KAPELRUD. Central Ideas in Amos. Oslo:

Skrifter utgitt av Det Norske Videnskaps-Akademi i Oslo, 1956. In: Vetus Testamentum, Leiden, v. 8, p. 330, 1958.

96 BENTZEN, Aage. The Ritual Background of Amos 1,2—2,16. Oudtestamentliche Studien,

textos egípcios de execração. Nesse caso, a passagem 1,2 estaria relacionada com a ênfase a Javé como Deus abominador. Outra idéia importante - ressalta Erling Hammershaimb - é a concepção do universalismo de Javé: sendo Senhor do céu e da terra, seu poder não se limita ao próprio povo de Israel e ao seu país, mas ele é o líder de todos os povos; os Israelitas não podem acreditar que sejam diferentes dos Etíopes aos olhos de Javé.97 Na opinião de Erling Hammershaimb, Arvid S. Kapelrud vê como origem deste universalismo a influência que Amós teria sofrido da religião cananéia do deus supremo El (‘Elyon). Pode-se perceber a confirmação disso no fato de que, em Amós, não se encontre qualquer polêmica contra Baal ou El, o que ocorre em Oséias em várias passagens como também em Is 28,1-6.7-13. Entretanto, soa, com certa ironia, esta afirmação de Erling Hammershaimb:

Se a observação de Arvid S. Kapelrud se sustenta bem, é surpreendente que idéias universalistas sejam também encontradas em Is 2,2ss, Mq 4,2ss; 6,3. Eu não estou convencido de que ainda não queiramos uma explicação melhor para a falta de polêmica em Amós contra o culto de Baal.98 (tradução nossa).

2.1.2 A questão do modelo da seqüência numérica

Em seu estudo sobre a seqüência numérica, em Am 1-2, Meir Weiss99 reconheceu que os dois números “três” e “quatro”, na frase introdutória, repetida oito vezes na primeira profecia do livro de Amós (cf. 1,3.6.9.11.13; 2,1.4.6) constituem um mero traço estilístico - o chamado modelo (“pattern”) de seqüência numérica: x/x+1 - bastante conhecido na poesia bíblica100 e no Antigo Oriente Próximo, especialmente no ugarítico.101 Entretanto, I. L. Seeligmann parece ser o único estudioso moderno que acredita que o uso destes dois números seja peculiar a Amós e “uma expressão da experiência pessoal do profeta”:

97 HAMMERSHAIMB, resenha sobre Arvid S. KAPELRUD, Central Ideas in Amos, p. 330. 98 If K.’s observation holds good, it is surprising that universalistic ideas are also found in Isaiah

(e.g. ii 2ff. Micah iv 2ff, and vi 3). I am not convinced that we do not still want a better explanation of the lack of polemic in Amos against the cult of Baal (HAMMERSHAIMB, loc. cit.).

99 WEISS, Meir. The pattern of numerical sequence in Amos 1-2: a re-examination. Journal of Biblical Literature, Atlanta, v. 86, p. 416-423, 1967.

100 Cf. Pr 30,15.18.21.29; 6,16; Jó 5,19; Eclo 23,16; 25,7; 26,28; 50,25.

101 “Two kinds of sacrifices Baal hates, three the Rider on the Clouds” (Baal II, III, 17) apud WEISS,

Como uma experiência profética, o grupo de visões (cap.7-8), deixou uma incisiva impressão sobre a mente de Amós de que Deus perdoa uma ou duas vezes, mas que ele não deixa mais passar o pecado do povo a terceira e a quarta vez. Foi esta forte impressão [...] que produziu a fórmula: ‘por causa das três transgressões [...] e pela quarta eu não revogarei’.102 (tradução nossa).

Ainda que se reconheça o uso do modelo, prevalece, segundo Meir Weiss, um desacordo entre os estudiosos no que diz respeito ao significado destes números em Amós. Para uns, trata-se de um número indefinido, aproximadamente três ou quatro transgressões.103 Para outros, x + 1 indicaria quatro transgressões.104 Para Meir Weiss, tais interpretações não são muito convincentes. Por exemplo, enquanto o modelo, no primeiro uso, é completo, sem subseqüente especificação, em Amós, as três ou quatro transgressões são ilustradas por uma descrição.105 No segundo uso, enquanto o modelo requer uma subseqüente especificação de x + 1 itens, em Amós, quatro transgressões não podem ser encontradas em nenhuma estrofe. Segundo Meir Weiss, um exame mais acurado da sentença, em Amós, mostra que a seqüência é, estruturalmente, diferente daqueles versos do modelo numérico, visto pelos estudiosos como analogias para se obter o significado dos dois números na profecia.106 Meir Weiss107 ressalta que, em outras profecias de Amós, uma lista de sete itens ilustra as palavras do profeta. Deus infligiu sete castigos ao povo, para que ele se convertesse (cf. Am 4,6-12). A destruição, da qual ninguém escapará, será completada de acordo com a quinta visão, através de sete ações (cf. 9,1-4). Contudo, mais de uma vez, assevera Meir Weiss, o número sete serve como base para as denúncias de Amós. Ora, na Bíblia, o número sete é tipológico, simbolizando e, talvez, representando a plenitude. Sete transgressões indicam a totalidade do pecado.

102 As a prophetical experience, the group of visions (chs. 7-8), left the incisive impression upon

Amos’ mind that God forgives once or twice – but that he can no longer disregard the sin of the people the third or fourth times. It was this profound impression […] which generated the formula ‘Because of three transgressions […] and because of four, I will not revoke’ (SEELIGMANN, Isac. On the History and Nature of Prophecy in Israel. Eretz-Israel, v. 3, p. 129a, 1954 [Hebr.], apud WEISS, The pattern of numerical sequence in Amos 1-2, p. 416, nota 1).

103 WEISS, op. cit., p. 416; cf. MORGENSTERN, Julius. Amos Studies IV. Hebrew Union College Annual, v. 32, p. 314, 1961; os intérpretes da Escola Siríaca, por exemplo, Efrém Siro, Teodoro

de Mopsuéstia, Teodoreto.

104 Deste grupo, Weiss cita, entre outros, GOTTWALD, Norman K. All the Kingdoms of the Earth:

Israelite Prophecy and international relations in the Ancient Near East. New York: Harper & Row, 1964. p. 106 e 112; WOLFF, Hans Walter. Amos’ geistige Heimat. Neukirchen-Vluyn: Neukirchener Verlag, 1964. p. 24-30.

105 WEISS, op. cit., p. 417.

106

WEISS, loc. cit.

O julgamento recai sobre cada nação, por causa de seu pecado completo.108 O crime de Damasco é o maior e o mais completo, “porque eles trilharam Galaad com trilhos de ferro” (1,3).

Segundo o entendimento de Meir Weiss, a discrepância entre a frase introdutória e sua continuação, que invalidaria a visão, geralmente aceita, da sentença como um modelo de seqüência numérica, não existe mais. O problema da rara construção da sentença fica resolvido: a razão para as diferenças na forma métrica entre nossa sentença e os versos construídos naquele modelo é explicada, e fica claro que esta estrutura é obrigatória para o significado dos dois números.109

Certamente Meir Weiss admite que não existe nenhuma analogia na Bíblia para apoiar sua solução, mas, ao menos como princípio metodológico, sugere alguns pontos para ajudar a solucionar o problema:

a) Uma vez que não há analogia na Bíblia para o uso que ele sugere, o uso deveria ser atribuído às palavras de Amós (“por causa de três [....] e por causa de quatro” em vez de “por causa de sete”);

b) tem sido estabelecido que a hendíadis é o uso mais freqüente na Bíblia Hebraica do que em outra língua. Partindo da psicologia bíblica e da retórica, Meir Weiss vê, neste fenômeno, um tipo de paralelismo, para explicar o sentido de totalidade no hebraico. Os dois componentes da hendíadis, isto é, duas palavras que são uma só e que expressam um conceito único e inseparável, aparecem provavelmente separados e até mesmo a certa distância um do outro, em duas metades de um verso, sendo cada palavra totalmente independente na forma, semelhante ao uso das duas palavras estereotipadas, mencionadas acima;110

c) o autor reconhece a plausibilidade da aplicação dos estudos de Hermann Gunkel ao caso do modelo de seqüência numérica em Amós, mas faz suas ressalvas para reservar ao profeta de Técua uma significativa margem de liberdade de expressão:

Entretanto, não tem sido negado, certamente tem sido mais do que provado, por um bom número de composições bíblicas, que também naquele período e naqueles círculos em que o escrito era ‘menos pessoal’ e ‘mais atrelado a um estilo aceito e sujeito às

108 WEISS, The pattern of numerical sequence in Amos 1-2, p. 420. 109 Ibid., p. 421.

formas que estivessem em devida conformidade com o gênero literário’, a personalidade do artista expressou a si mesma, e embora sujeito a elas, o artista não foi subjugado por elas, mas ele mesmo subjugou-as, uma vez que, infundindo seu espírito pessoal no tradicional e no geral, ele transformou-o numa ‘entidade’ à sua própria imagem. Quanto mais quando o artista estava ciente de que ele tinha sido chamado por Deus para ser seu profeta.111 (tradução nossa).

Em seu estudo sobre a interpretação do livro de Amós, Hartmut N. Rösel112 não atribui a unidade dos oráculos contra as nações ao uso estereotipado da série numérica gradual “Por causa das três transgressões [...] e pela quarta”.

Ele resume as possíveis interpretações para os mencionados números113: (a) não se trata de uma pequena quantidade exata definida; (b) quatro transgressões, das quais, via de regra, só a última é mencionada114; (c) “um ‘novo’ modo poético pelo qual o profeta expressa os conceitos de totalidade e clímax” 115; (d) transgressões contadas indefinidamente116; (e) não há aqui nenhum oráculo numérico graduado, mas os números se somam em sete crimes, como estariam realmente enumerados na estrofe de Israel; (f) por meio do número sete, estariam expressas completeza e totalidade.117 Como ressaltou Hartmut N. Rösel, a maioria das explicações (b,c,e) evidenciam a totalidade dos crimes. Nessa direção, dever-se-ia buscar a solução, se bem que a explicação da soma 3+4=7 seria bem menos provável.118

111 However, it has not been denied, indeed it has been more than proven by a good number of

biblical compositions, that also in that period and in those circles in which writing was “less personal” and “more bound to an accepted style and subject to forms which are in due conformity with the literary genre”, the personality of the artist did express itself, and though subject to them he was not subjugated by them but himself subjugated them, since by infusing his personal spirit into the traditional and general he transformed it into an “entity” in his own image. How much more so when the artist was aware that he was called by God to be his prophet (WEISS, The pattern of numerical sequence in Amos 1-2, p. 422-423).

112 RÖSEL Hartmut N. Kleine Studien zur Auslegung des Amosbuches. Biblische Zeitschrift,

Luzern,v. 42, p. 7, 1998.

113 Ibid., p. 8.

114 Only the last clause has to do with an actual crime which merits divine punishment. The

graduated numerical sayings to which Amos alludes must formerly have been of similar types. He cites explicitly only the last of four crimes, the one which tips, indeed overloads, the scales, rendering Yahweh’s direct intervention unavoidable (WOLFF, Joel and Amos, p. 138).

115 Rather, it is to be understood as a novel poetical way by which the prophet expresses the concepts

of totality and climax (PAUL, Shalom M. Amos: a Commentary on the Book of Amos. Minneapolis, Fortress Press, 1991. p. 30).

116 FOSBROKE, Hughell E. W. The Interpreter’s Bible VI. New York, 1956. p. 779, apud RÖSEL,

Kleine Studien zur Auslegung des Amosbuches, p. 8.

117 Em concordância com WEISS, op. cit., p. 416-423. 118 RÖSEL, op. cit., p. 8.

2.1.3 O título em Amós 1,1

Segundo Hans Walter Wolff, partes de Am 1,1 pertenceriam à antiga escola de Amós, partes pertenceriam à redação deuteronomística. A segunda oração relativa do título (cf. 1,1), “O que ele viu contra Israel [...] dois anos antes do terremoto”,

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laeør'f.yI-l[; hz"“x' ûrv,a]

, seria o primeiro indício da redação da escola, podendo estar aludindo às visões em 7-9, embora o verbo empregado aqui pela escola seja

hz'“x'

, e não

ha,'r'

, como em 7,1.4.7; 8,1; 9,1. O autor supõe que somente a segunda oração relativa faça ligação com a afirmação relacionada com o tempo em que ocorreu a visão, ou seja, “dois anos antes do terremoto”.119 Trata-se do verbo

hz"“x'

, ‘ver em visão’ (ARA)120, “que somente os profetas judaicos – com sua ênfase no conselho divino ao qual só os profetas verdadeiros tinham acesso (Jr 23,18-22) – parecem ter empregado (Is 1,1; 2,1; 13,1; Mq 3,1; Hab 1,1)”.121

Segundo Hans Walter Wolff122, possivelmente, uma forma mais antiga do título

trazia “As palavras de Amós de Técua”, à qual teria sido, primeiramente, acrescentada a segunda oração relativa, “que ele viu contra Israel dois anos antes do terremoto”. A seguir, um acréscimo final teria introduzido a primeira oração relativa “um dos criadores de Técua” e a fórmula expandida de datação “no tempo de [...] rei de Israel”. Conseqüentemente, o acréscimo em 1,1, ligando o profeta à história dos reis israelitas, bem como o associando aos pastores de ovelhas, certamente pertence à redação deuteronomística.123 Portanto, uma análise do título indicaria que seu nível mais antigo poderia ser reconhecido na frase “As palavras de Amós de Técua”124, que pode ser a introdução da coleção dos oráculos em 3-6. Isto porque os oráculos 1,3—2,16 são, imediatamente, introduzidos por uma fórmula de mensageiro como palavras de Javé. Entretanto, Hans Walter Wolff reconhece que a rubrica inicial caracterizaria, mais apropriadamente, os relatos de visão nos capítulos 7-9 do que

119 WOLFF, Joel and Amos, p. 108 e 117.

120 “Parole di Amos, uno dei pastori di Tecoa, che ebbe in visione riguardo a Israele…” (La Sacra

Biblia Nuova Riveduta, 1994).

121 HUBBARD, David Allan. Joel e Amós: introdução e comentário. São Paulo: Sociedade Religiosa

Edições Vida Nova, 1996. p. 141. Hubbard sugere cf. PETERSON, D. I. The Roles of Israel’ s

Prophets. Sheffield: JSOT Press, 1981. p. 86. 122 WOLFF, op. cit., p. 118.

123 Ibid., p. 113.

este material em 3-6.125 Para o autor, correspondências gerais, como as semelhanças de detalhes, levam a crer que o ciclo dos oráculos contra as nações tenha sido fixado, conjuntamente, por escrito, como certamente deve ter sucedido com o ciclo das visões.126 Percebe-se a presença de uma estrutura em cinco partes, formando pares e levando a um clímax na parte final. Além de outros indícios, como as repetições de sentenças-chave e de uma relação temática estreita entre as duas partes conclusivas do ciclo (cf. 2,13-16; 9,1-4). Percebem-se outras correspondências significativas menores, como o uso da fórmula conclusiva do discurso de mensageiro “Javé disse” (1,5.8.15; 2,3; 7,3.6), incomum no livro de Amós.127 Partindo da constatação de que

os oráculos de mensageiro em 3-6 se apresentam estruturados de maneira mais desordenada e solta, Hans Walter Wolff põe a questão se 1,3—2,16 e 7-9 não representariam um estágio mais avançado do desenvolvimento literário.128 Também perguntou se a passagem, em 2,10-12, não deveria ser atribuída à escola de Amós em decorrência da constatação de que estaria fora de seu contexto. Em razão de seu estilo interrogativo de disputa (cf. 2,11b) e de seu conteúdo temático (cf. 2,12 com 7,16), a passagem em 2,10-12 poderia corresponder à finalidade da escola de Amós. Por isso, Hans Walter Wolff considerou estes motivos bastante convincentes para uma datação tardia.129

De sua parte, Hartmut N. Rösel130 observou que é geralmente reconhecido que o título do livro de Amós não é de uma só peça. As indicações mais importantes seriam as duplicações das orações relativas (“que estava... que viu...”) e a duplicação das indicações de tempo, ou seja, o tempo do reinado dos Reis e o relativo ao terremoto. Hartmut N. Rösel131 relembra que, em geral, os estudiosos consideram a primeira frase relativa, alusiva à profissão de Amós, como secundária, visto que ela separa “Amós” da indicação de lugar “de Técua”. Para Hartmut N. Rösel, também é secundária a datação através dos Reis, que resultaria de uma distância histórica maior. O autor acrescenta que alguns estudiosos acreditam que se possa reconstruir uma forma mais curta de Am 1,1:

125 WOLFF, Joel and Amos, p. 107. Os oráculos 1,3—2,16 são, imediatamente, introduzidos por

uma fórmula de mensageiro como palavras de Javé.

126 WOLFF, loc. cit. 127 Ibid., p. 100 e 148. 128 Ibid., p. 107.

129 Wolff teve a mesma suspeita em relação a Am 5,25-26, que ele, pelos mesmos motivos, atribuiu à

escola de Amós (WOLFF, op. cit., p. 110).

130 RÖSEL, Kleine Studien zur Auslegung des Amosbuches, p. 2. 131 RÖSEL, loc. cit.

TM:

v[;r'(h' ynEïp.li ~yIt;ßn"v. laeør'f.yI-l[; hz"“x' ûrv,a] [;Aq+T.mi sAmê[' yreäb.DI

“As Palavras de Amós de Técua, o qual viu sobre Israel dois anos antes do terremoto.”

Wilhelm Rudolph:

v[;r'(h' ynEïp.li ~yIt;n"v. laeør'f.yI-l[; [;Aq+T.mi sAmê[' yreäb.DI

“As Palavras de Amós de Técua sobre Israel dois anos antes do terremoto.”

Hans Walter Wolff:

[;Aq+T.mi sAmê[' yreäb.DI

“As Palavras de Amós de Técua”.

Entretanto, para Hartmut N. Rösel, a frase “dois anos antes do terremoto” seria original, como admitiu Wilhelm Rudolph. Observa-se que, em 1,1, falta, depois do nome do profeta, seu patronímio, fato que não deve ser superestimado, pois ocorre também em Abdias, Naum, Habacuc, Ageu. Contudo, a suspeita de que alguém tivesse conhecido o pai de Amós, caso ele tivesse sido uma pessoa importante, não é fora de propósito, afirma Hartmut N. Rösel.132

Quanto à pátria de Amós, sua origem seria Técua em Judá. Dado que, em tempos mais recentes, tenha-se renovado a tese da existência de uma Técua, ao norte, como pátria de Amós, este debate não parece inútil. Um dos argumentos segundo os quais Amós não poderia se originar da Técua judaica é o fato de ali não crescerem figueiras, com as quais Amós, segundo 7,14, pudesse ganhar sua vida.133 Mas crê-se que haja condições para o cultivo de figueiras na Galiléia Setentrional, onde se busca a Técua do norte, que, no Antigo Testamento, não vem documentada. Segundo Wilhelm Rudolph, na Antigüidade, o sicômoro era mais disseminado do que na atualidade.134 Quanto à sugestão de Hirbet Shema`, sabe-se que tal povoamento foi

instalado somente em tempos helenísticos.135 Além disso, a formulação da expulsão

de Amós para a terra de Judá, pelo sacerdote Amasias (cf. 7,12), com o uso do imperativo “foge”,

xr;B

. , não provaria, absolutamente, segundo Hartmut N. Rösel, que Judá não poderia ter sido a pátria de Amós. Em sua argumentação, Hartmut N.

132 RÖSEL, Kleine Studien zur Auslegung des Amosbuches, p. 3. 133 Ibid., p. 4.

134 RUDOLPH, Wilhelm. Joel, Amos, Obadja, Jona. Gütersloh: Gütersloher Verlaghaus Gerd Mohn,

1971. p. 258, apud RÖSEL , op. cit., p. 4.

135 MEYER, E. M. Th. Kraabel; STRANGE, J. F. Ancient Synagogue Excavations a Khirbet Shema Upper Galilee. Israel, 1970-1971. Durham, 1976. p. 211-216, apud RÖSEL, op. cit., p. 4.

Rösel recorre a Nm 24,11, onde se usa uma formulação igual, para dizer que Balaão tinha sido enviado de volta para seu lugar de origem.

2.1.4- O motto em Amós 1,2 visto no contexto dos fragmentos hínicos

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Tradução: E disse

Javé de Sião rugirá

e de Jerusalém levantará sua voz e murcharão as pastagens dos pastores e secará o cimo do Carmelo

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Tradução:

Eis que [ele é] quem modela as montanhas e quem cria vento,

e quem revela a um homem qual o pensamento dele quem faz aurora trevas,

Javé, Deus de exércitos seu nome.

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5,9

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Tradução:

Aquele que faz as Plêiades e Órion

e muda em manhã a escuridão

e dia em noite escurece.

Aquele que convoca as águas do mar e despeja-as sobre a superfície da terra Javé seu nome

Aquele que entrega saque contra forte

e saque contra cidadela entrada136

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9,5

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Tradução:

95 E Senhor Javé dos Exércitos

Aquele que toca na terra e [ela] treme,

e ficam de luto todos os habitantes da terra; e se levanta como rio toda ela

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