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CAPÍTULO II BIOTÉRIO ASPECTOS FÍSICOS E ORGANIZACIONAIS NA UNIVERSIDADE DO

2.6 Considerações sobre os fatores ambientais

Existem fatores físicos, químicos e biológicos que podem interferir sobre os animais de experimentação, modificando assim, os resultados das pesquisas.

Dentre inúmeros cuidados para que os resultados das pesquisas sejam confiáveis, os com ambiente são imprescindíveis, pois fatores como a temperatura e suas variações; a variação da percentagem da umidade relativa do ar; a iluminação (natural ou artificial, a claridade, o fotoperíodo, e a intensidade); o tipo de água com seu devido tratamento; o tipo de cama e também, seus devidos cuidados; os equipamentos disponibilizados no local do alojamento e as medidas físicas para proteger as condições microbiológicas. O estado microbiológico do animal deve ser mencionado (convencionalmente, exceto de organismos patógenos específicos - SPF), o gnotobiótipo com microorganismos específicos,

(CCPA - 1998), podem ser decisivos ou estipulatórios do êxito ou não no mantimento desses animais.

Há que se analisar todos os dados publicados sobre temperaturas ideais para alojar animais de laboratórios, pois este fator é responsável pelo bem estar desses animais. Desta forma, há que se instalar equipamentos necessários para um controle, senão 24 horas diárias ou com reajuste uma vez ao dia, visando para que se faça o controle ideal da temperatura nos locais de alojamento dos animais em protocolos para experiências. Se, por exemplo, o protocolo de experiências requerer tem peraturas frias, há que se preparar este ambiente visando a adaptação gradativa do animal à temperatura.

Quanto à umidade relativa do ar, a maioria dos laboratórios com animais prefere uma percentagem de 50% com variações toleráveis de 40-70%. Porém, estabelecer uma percentagem específica, depende da dimensão do espaço físico, da quantidade de animais alojados e das atividades do manejo. Em locais onde não é possível controlar a umidade relativa dentro dessas variações aceitáveis, pode ser necessário a instalação de desumificadores e umificadores.

Outro fator de controle ambiental é a ventilação, que influencia a temperatura, a umidade e as partículas gasosas e contaminantes nas gaiolas de alojam entos de animais. Os sistemas de ventilação do Biotério, devem perm itir a manutenção dos parâmetros aceitáveis de temperatura. O índice requerido de circulação de ar varia conforme vários fatores, como: a idade dos animais; o sexo; a espécie; a freqüência da limpeza e

também outros fatores que dependem da dimensão do espaço físico e atividades desenvolvidas, de acordo com a demanda de animais para ensino ou pesquisa.

Devidamente instalado e controlado, o sistema de ventilação pode e deve evitar a propagação de odores e agentes patógenos transportados pelo ar. As diferentes pressões do ar podem ser usadas para inibir a passagem de agentes patógenos entre as salas. Pressões mais altas são usadas em salas limpas úmidas com áreas sujas e com riscos biológicos, a fim de minimizar as contaminações, pois as instalações onde ficam armazenados e excluídos os microorganismos do ar, dependem em parte, das diferenças de pressão de ar, para que não propaguem a circulação de ar poluído.

Quanto à iluminação, três características podem influir sobre os animais de laboratório; a intensidade, a claridade e o fotoperíodo. A iluminação deve promover uma boa visibilidade e uma luz uniforme, sem reflexos. Existem recomendações para parâmetros, mas também neste aspecto, a quantidade e a variação da iluminação vai variar conforme a estrutura física do ambiente, a capacidade de criação e o alojamento dos animais.

Assim, a concepção do Biotério ergonomicamente projetado, além de seguir as especificações padrões, deve prever um cálculo considerando todos os fatores internos e externos que influenciam no estabelecimento da iluminação adequada ao ambiente e aos animais alojados. Quanto ao efeito da claridade da luz sobre os animais de

laboratórios, como existem poucos estudos, conseqüentemente, um número muito pequeno de boas bibliografias.

O fotoperíodo é consideravelmente o aspecto da iluminação que mais influencia os animais de laboratórios, pois interferem no seu ritmo circadiano, nos aspectos bioquímicos, fisiológicos e de comportamento. Esta interferência no ciclo circadiano pode afetar as respostas dos animais frente as drogas. A relação luz/escuro pode afetar o desempenho reprodutivo, quanto a maturidade sexual.

É necessário prever e ter registrado, que se alguma alteração no aspecto luminosidade acontecer, é imprescindível adiar as pesquisas , pelo menos, num período de uma semana, para que estas interferências não venham a afetar os resultados das pesquisas.

Outro fator ambiental que deve ser minuciosamente analisado e programado, é o cuidado com o ruído, porque os efeitos da intensidade, freqüência, a rapidez no aparecimento do barulho, a duração de ruído sobre o animais de laboratórios podem afetá-los em suas capacidades auditivas, o que vai diferir apenas por nível de sensibilidade das espécies. Além dessa conseqüência, uma exposição intensa ao ruído pode ocasionar alterações nos sistemas gastrointestinais, imunológicos , reprodutivos, nervoso e cardiovasculares. Foi constatado que ruído intenso e súbito podem provocar sobressaltos e acelerar aparição de crises em várias espécies. Assim, emissores de sons imperceptíveis aos seres humanos, porém perceptível ao animal, podem ocasionar perturbações de comportamento nos animais. Como não há critérios

firmes da tolerância de ruídos pelos animais de laboratório, pode-se presumir que ruídos desnecessários e excessivos constituem uma variação importante e um possível perigo para a saúde.

Os animais que emitem ruídos devem ser separados dos ambientes onde ficam os mais quietos e tranqüilos, e por isso, mais sensíveis ao barulho. Aparelhos que emitem ruídos súbitos, como telefone não podem ficar nas salas de manejo.

Porém, é possível controlar os ruídos do Biotério mediante dimensão apropriada, seleção atenta dos equipamentos, boas práticas e principalmente manejo adequado, preocupando-se também com os ruídos que podem causar transtornos para os operadores, pesquisadores, disponibilizando protetores de tímpanos.

Outro fator importante e que não pode ficar fora de uma análise criteriosa, é a utilização de produtos químicos no Biotério, pois o uso indiscriminado e inconsciente destes produtos podem causar muitos problemas para o animal de laboratório. Os compostos tóxicos podem surtir efeitos locais e sistêmicos sobre quase todas as espécies.

Os produtos químicos agem em todo ambiente mediante o ar, a água, os alimentos, a cama e as superfícies de contato. O uso de perfumes e desodorantes podem mascarar a percepção desses agentes, e por isso, não devem ser usados pelos funcionários do Biotério.

Para obter-se um Biotério S.P.F., há de se projetar meios e capacitar recursos humanos, adequando o ambiente às pessoas da melhor maneira de manejar e alojar os animais destinados à pesquisas.

Em síntese, promover seriamente e compromissadamente o bem estar humano e animal, demanda a soma de esforços, visando que o Biotério seja um ambiente quase natural para esses animais e que a quantidade de uso nas experimentações, justifiquem fortem ente a inserção do homem sobre seu desenvolvimento normal. Faz-se necessário estim ular todo um movimento “medidor” da real necessidade de uso, e que desse movimento, crie-se um hábito responsável e ético.