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CAPÍTULO II BIOTÉRIO ASPECTOS FÍSICOS E ORGANIZACIONAIS NA UNIVERSIDADE DO

2.3 Instalações e barreiras sanitárias

De acordo com o estudo apresentado no VII Congresso Brasileiro da Ciência de Animais de Laboratório e no II Congresso Mundial da Ciência de Animais de Laboratório, promovidos pelo COBEA - Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (2000), verificou-se a importância dos cuidados na implantação das barreiras sanitárias, pois os ectoparasitas e endoparasitas apresentam grande importância epidemiológica, não só na criação animal, como também nas pesquisas biomédicas, pois servem como vetores de microorganismos que ativam processos bacterianos e virais. Após a análise de alguns Biotérios, concluiu-se que a incidência de alguns parasitas são encontrados até mesmo em Biotérios com grande quantidade de barreiras sanitárias.

Barreiras Sanitárias, conforme Couto (1998,p.25),

"São procedimentos que visam impedir que agentes indesejáveis, presentes no meio ambiente , tenham acesso às áreas de criação ou experimentação animal, bem como agentes patógenos em testes, venham a se dispersar para o exterior do prédio”.

São vários os elementos que compõem as barreiras sanitárias, as quais vão desde os materiais usados na construção, até os equipamentos mais sofisticados para filtração de ar e água ou esterilização de materiais. O emprego destes elementos devem ser determinados pela quantidade de

animais, tipo de materiais, fluxo (de pessoal e de material), e serão mais elaborados e empregados, quanto maior for a exigência microbiológica.

As colônias de animais (S.P.F.), requerem um nível mais alto de controle do ambiente microbiano do que o controle de animais convencionais. Os alojamentos com barreiras sanitárias impedem a introdução de agentes infecciosos e evita a infecção.

Os sistemas de barreiras sanitárias devem seguir os seguintes princípios:

Nas salas de criação, os isoladores esterilizam-se quimicamente, antes da entrada dos animais. No caso de microambientes (caixas), será utilizado o sistema químico e a autoclavagem.

Os sistemas de saídas e entradas de resíduos, camas, caixas, tampas e mamadeiras, incluem a utilização de produtos químicos (tanques) para uma prévia desinfecção e a utilização de autoclave de barreira demostrada na planta A2. As saídas dos animais para o experimento, deverão ser com sistema de PASS THROUGH, (sistema de passagem com diferença de pressão) para evitar a entrada dos microorganismos (anexo 02).

O ar condicionado central ou sistema de ventilação e exaustão precisa seguir critérios especiais, pois conforme Merusse e Lapichik (1996, p. 19), “O controle atmosférico implica, basicamente, na movimentação do ar em salas de animais, com a finalidade de remoção de poluentes e manutenção de conforto térmico”.

Este controle e cuidado, principalmente em países de clima com predominância quente, deve ser minucioso e específico para cada Biotério, não

podendo seguir especificações prontas, pois cada Biotério apresenta um denominador total de carga térmica.

O primeiro ponto a ser definido é quanto a quantidade de ar a ser colocada nas salas, e para isto, é necessário efetuar o cálculo da carga térmica, considerando a quantidade de calor produzido na sala pelos animais, lâmpadas, equipamentos, etc., bem como, a quantidade de calor recebida pela sala em função da luz solar.

A CTT (carga total térmica) pode ser calculada com auxílio de tabelas, porém, só a partir de características específicas da edificação, tais como latitude, longitude, altitude, posição das paredes e janelas, entre outras.

Tomando esses cuidados no sistema de ventilação, a própria distribuição do ar no biotério pode funcionar como uma barreira sanitária, que segundo Merusse e Lapichik (1996, p.20),

“Quando devidamente instalados e em condições de operação, os filtros de ar irão reter os contaminantes, além do que, pode-se estabelecer gradientes de pressão nas salas, pela modificação na relação das vazões de insuflação ou exaustão, em áreas determinadas”.

Outro fator fundamental e que deve ser continuamente analisado, é a água potável para abastecimento dos animais, que deverá ser previamente filtrada utilizando filtros especiais, estes devem ser constituído de polipropileno, com grau de filtragem 1 micra absoluta e um segundo filtro constituído com membrana de nylon de zonas múltiplas com grau de filtragem de 0,20 micra

para retenção de microorganismo e deve estar sempre disponível para todos os animais, a menos que seja contra indicada por protocolo experimental, (especificação solicitada pelo pesquisador).

Segundo o manual do CCPA (1998), a água proveniente de órgãos responsáveis pelo tratamento não é estéril, provocando assim, contaminação da colônia através de bactérias e parasitas. Desta forma, é fundamental a vigilância e o controle da água, pois para a investigação, a contaminação da água e sua composição química podem afetar a saúde dos animais, alterando o resultado das pesquisas, ao considerar-se que a maioria dos animais têm tolerância baixa ao cloro.

Deve-se introduzir um sistema de distribuição de água que diminua a propagação de enfermidades para os animais. Para tanto, faz-se necessário uma caixa de água exclusiva para o Biotério, de preferência que esta seja de material transparente, para visualização da água, em local de fácil acesso, possibilitando a limpeza periódica de suas paredes, faz-se necessário também um local onde a incidência dos raios de sol não seja forte, visando manter a água mais fresca.

Como em nossa região a qualidade da água deixa a desejar, há que se tomar cuidados especiais como a utilização de pré-filtros na entrada e saída da caixa de água. Para eliminar completamente a contaminação por bactérias, também faz-se primordial o uso de filtros especiais que antecedam o abastecimento das mamadeiras.

Todos esses cuidados serão reforçados como uma análise microbiológica periódica da água utilizada no Biotério, unida com uma vigilância

microbiológica rigorosa do ambiente, objetivando averiguar previamente as condições de saúde dos animais alojados.

As dietas utilizadas pelos animais deverão passar pelo processo de autoclavagem. A auto-clave é o principal equipamento utilizado na esterilização de materiais e insumos. Esta deve possuir dupla porta, com intertravamento da mesma, de forma a impedir que haja comunicação entre as áreas “ limpa e suja” (anexo 03).

Este equipamento utiliza o processo de calor úmido para esterilização e devido a pressão e isolamento térmico, obtém-se temperaturas elevadas, podendo atingir até 135 graus Celsius. A recomendação geral, de acordo com Couto (1998), é que o ciclo de esterilização seja de 121 graus Celsius, durante 20 minutos. Os materiais autoclaváveis, normalmente, compreendem as gaiolas plásticas, tampas de gaiolas, bicos, “cama” (maravalha), uniformes e rações.

As barreiras sanitárias descritas servem, não só para proteção dos animais, mas também para o pessoal envolvido no manejo.

De acordo com Couto (1998), referente às barreiras sanitárias, vê-se que dentre todas as possibilidades de transmissão e contaminação, o homem é uma delas, pois, encontramos microorganismos associados ao nosso corpo, que fazem parte de nossa flora microbiológica normal. Os animais também possuem sua flora que pode ser diferente da nossa, desta forma quando manuseamos o animal sem os cuidados necessários, podemos transmitir uma série de microorganismos patogênicos à ele.

Assim, faz-se importante a previsão de duchas nos vestiários para o pessoal envolvido no Biotério, visando a sua devida higienização antes da entrada para o manuseio dos animais. Além de duchas, antes de ingressar na área do Biotério, o funcionário deverá vestir-se apropriadamente com paramentação estéril (avental, luvas, gorro, máscara), quando tratar-se de Biotério destinados a animais S.P.F (livres de germes patogênicos específicos).

Não pode-se deixar de citar a importância da desinfecção dos ambientes.

Os cuidados em relação a desinfecção devem ser rigorosos, e conseqüentemente não entram em contato com os animais.

O acesso ao Biotério deverá ser limitado, a fim de assegurar um controle constante do ambiente e para minimizar as interferências que podem modificar os resultados das pesquisas.