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CAPÍTULO III A ERGONOMIA E O BIOTÉRIO

3.2 História da ergonomia

O termo Ergonomia é ainda fruto de uma reflexão sobre seu conceito etimológico e real significado em relação ao objeto de seu estudo, talvez por ser identificavelmente uma ciência nova.

A Ergonomia também foi iniciada em 1949, pelo inglês Murrel, componente da primeira sociedade de ergonomia, a Ergonomic Research Society, composta por psicólogos, fisiologistas e engenheiros ingleses, e interessados nos problemas da adaptação do trabalho ao homem (Laville, 1977).

Os conhecimentos relativos ao comportamento do homem no trabalho vêm sendo recolhidos de modo sistemático há muito tempo, porém, muito antes do aparecimento pelo interesse de se conhecer a respeito do desempenho do homem em atividade, a fim de aplicar este saber à concepção das tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção, já havia um pensar quando da criação de um instrumento e a sua melhor adaptação ao seu operador (Ibidem).

A constatação de que essa preocupação iniciou-se há tempos remotos, basta registrar que no século XVII e XVIII, engenheiros e organizadores do trabalho tentavam medir a carga de trabalho físico diário nos

próprios locais laborais. Alguns físicos e fisiologistas, também, já se interessavam pelo homem em sua atividade de trabalho, visando compreender o seu desempenho. Leonardo da Vinci, introduz a biomecânica, Lavoiser faz os primeiros elementos da fisiologia respiratória e calorimetria, como uma primeira tentativa do custo do trabalho muscular e Columb com o estudo do ritmo de trabalho em inúmeras tarefas, tentando assim, determinar uma carga ótima que considerasse as diferentes condições de execução do trabalho (Ibidem).

É interessante ressaltar ainda, que na área médica, também a partir do século XVII, houveram estudos como o de Ramazzini, verdadeiro criador da medicina do trabalho, que se interessou pelas conseqüências do trabalho , descrevendo as primeiras doenças profissionais. Outro estudo, também, relacionado às conseqüências do local de trabalho com a saúde do trabalhador é de Tisso, no século XVIII, que interessou-se pelos problemas de climatização do locais de trabalho e pela a organização da medicina, criando um serviço nos hospitais destinado a atender e curar as moléstias dos artesões (Ibidem).

Na mesma época, Villérme realiza estudos estatísticos, efetuando uma importante pesquisa sobre as condições de trabalho em inúmeras fábricas de todas as regiões da França, os quais culminam num relatório publicado em 1840 sobre o estado físico e moral dos operários. Tal fato resulta no ponto de partida para as primeiras medidas legais de limitação da duração do trabalho e da idade e engajamento para as crianças, o que explica o sentido etimológico do termo Ergonomia. Considera-se então, como sendo o estudo das leis do trabalho, mas sabe-se que de todas as implicações para chegar a este

significado, o objeto da Ergonomia envolve critérios inúmeros que fazem desta ciência uma verdadeira arma para a melhoria de vida e da satisfação profissional (Ibidem).

No decorrer da história, no século XIX, Chauveau desenvolve a primeira lei do dispêndio energético no trabalho muscular e no final do mesmo século, Jules Amar fornece as bases da ergonomia do trabalho físico, estudando os diferentes tipos de contração muscular dinâmica e estática, interessando, também, pelos problemas da fadiga e pelos efeitos do meio ambiente(temperatura, ruído e claridade). O referido autor em sua obra introdutória à Ergonomia, durante a primeira Guerra Mundial, fruto de seu trabalho na reeducação dos feridos e da concepção de próteses, o livro “ O motor humano”, onde descreve os métodos de avaliação e as técnicas experimentais, favorecendo as bases fisiológicas do trabalho muscular e relacionando-as com as atividades profissionais (Ibidem).

A ergonomia, segundo Laville (1977, p.6),

“é, de inicio, uma tecnologia, isto é, um corpo de conhecimento sobre o homem aplicáveis aos problemas levantados pelo conjunto homem - trabalho, ela tem, contudo, métodos específicos de estudo e pesquisa sobre a realidade do homem no trabalho”.

Os esforços em adaptar ferramentas, armas e utensílios às suas necessidades e características marcam o principiar da ergonomia, que segundo seu histórico e evolução estão relatados por Santos e Fialho (1997),

na Odisséia de Homero, Ulisses foi reconhecido por ser o único capaz de vergar o arco que fora construído exclusivamente para ele. Na Europa, com o seu surgimento ocorrido na década de 50, voltada para aplicações industriais, é suportada pela Fisiologia, Biomecânica e Antropometria, objetivando o projeto de postos de trabalho e processos industriais. O foco já era o bem estar dos trabalhos e a produtividade. Também, o registro de que nos Estados Unidos, um pouco antes, como conseqüência dos esforços industriais de guerra, aparecem a Human Factors Enginnering Pscology, dentre outras, com o propósito de melhorar o desempenho dos sistemas.

A segunda geração, na década de 60, apresenta um momento de mudança de foco dos aspectos físicos e perceptuais do trabalho para sua natureza cognitiva. Essa alteração permitiu a presença dos sistemas computacionais no meio de trabalho.

Em seguida, a terceira geração tem seu foco no nível macroergonômico ou nível global da tecnologia da interface organização-máquina. Esta visão macroergonômica evoluiu de um primitivo relativo a uma tecnologia homem/máquina para um conceito mais abrangente, surgindo assim, uma quarta geração na ergonomia, na qual amplia-se a visão antropocêntrica para uma biocentrada, em que as soluções devam contemplar não só aspectos sócio econômicos, mas também, aqueles relativos ao subjetivismo humano e ao meio ambiente em que se inserem. "O construtivismo neste momento, rende justiça à dimensão reflexiva das ciências cognitivas, conduzindo a uma

abordagem ergonomicamente humana" (Santos e Fialho, 1997).

que envolvem o homem na busca da ordem e harmonia a sua volta, na qualidade de vida, e dispõe, para tanto de vários métodos para auxiliá-lo no desenvolvimento de suas ações e tarefas, a fim de criar um mundo melhor. Entre tantos estudos e mecanismos encontra-se a ergonomia, a qual apresentou na trajetória de sua história, fatos que a indiciaram como a ciência que percorre o caminho mais simples e eficaz para a conquista dessa tão almejada qualidade de vida, neste caso especificamente, qualidade de vida profissional.