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Considera-se pequeno empresário, o empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 60.000,00 (sessenta

Regime Empresarial

7 Considera-se pequeno empresário, o empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 60.000,00 (sessenta

mil reais).”

8 GALGANO, Francesco. D iritto civile e commerciale. 3. ed. Padova: CEDAM, 1999, v. 3, tomo 1, p. 136; CARVALHOSA, Modesto. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 13, p. 776.

das suas atividades, quanto ao interesse público no sentido da fiscalização dessas atividades.9 As demais pessoas jurídicas de direito privado estão, a princípio, dis­ pensadas de tal escrituração.10

3.1 P rin cíp ios da escrituração

Qualquer que seja a forma adotada para a escrituração, ela deve obediência a determinados princípios, para evitar confusões e resguardar a confiabilidade das informações registradas.

Não há uniformidade na doutrina ao tratar de tais princípios. Ricardo Ne­ grão apresenta os princípios do sigilo, da fidelidade e da liberdade.11 Modesto Carvalhosa, por sua vez, apresenta os princípios da uniformidade temporal e da individuação da escrituração.12 A nosso ver, deve ser uma combinação entre as ideias dos dois autores, apresentando como princípios a uniformidade temporal, a fidelidade e o sigilo.

3.1.1 Uniformidade temporal

A escrituração empresarial é feita por meio de métodos contábeis, os quais não são iguais. Em função disso, é essencial que se mantenha a escrituração sem­ pre pelo mesmo método contábil no correr de toda a vida da empresa, a fim de evitar confusões. Fala-se em uniformidade temporal porque haverá uma unifor­ midade de método, apesar do decurso do tempo.13

3.1.2 Fidelidade

Todos os lançamentos da escrituração tomam por base certos documentos do empresário e devem ser fiéis a tais documentos, isto é, a escrituração deve cor­ responder à realidade que se apresenta.14 Com esse princípio, tenta-se garantir a confiabilidade dos lançamentos constantes da escrituração que não interessam apenas ao empresário, mas também a terceiros.

9 RIPERT, Georges e ROBLOT, René. Traité élémentaire de droit commercial. 5. ed. Paris: Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, 1963, v. 1, p. 207.

10 CARVALHOSA, Modesto. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 13, p. 775. 11 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 1, p. 206-209.

12 CARVALHOSA, Modesto. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 13, p. 777-778. 13 CARVALHOSA, Modesto. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 13, p. 777-778. 14 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 1, p. 206.

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Tentando dar aplicação a tal princípio, a lei veda que a escrituração con­ tábil possua rasuras, espaços em branco, entrelinhas ou borrões (art. 1.183 do Código Civil).

3.1.3 Sigilo

A escrituração interna do empresário goza naturalmente de um sigilo, con­ sagrado no artigo 1.190 do Código Civil. O juiz, a princípio, só pode determinar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.

Entretanto, com o correr do tempo, tal sigilo perdeu importância, cedendo espaço ao interesse do fisco na arrecadação, sendo hoje perfeitamente admissível o exame dos livros contábeis, pelas autoridades fiscais ou, mediante ordem judi­ cial, nos processos em que o empresário seja parte.

3.2 Livros

A escrituração é feita normalmente em livros, admitindo-se hoje já o sistema de fichas, folhas soltas ou microfichas geradas por computador. Em qualquer caso, devem ser obedecidas determinadas regras estabelecidas em lei, não se admitindo espaços em branco, entrelinhas ou rasuras.

Ante a força probante de tais livros e sua equiparação aos documentos públi­ cos para efeitos penais (art. 297, § 2S, do Código Penal), os mesmos devem ser autenticados pelas juntas comerciais, a fim de se garantir uma autenticidade nos mesmos. No caso de fichas ou folhas soltas, também é exigida a autenticação (art. 1.181 do Código Civil de 2002).

3.2.1 Livros obrigatórios

No Brasil, adota-se o sistema francês, pelo qual existem livros obrigatórios e livros auxiliares facultativos e ainda livros especiais, obrigatórios para deter­ minados empresários. Nos termos do Código Civil, o único livro obrigatório é o Livro Diário, que pode ser substituído pelo sistema de fichas ou pela escrituração mecanizada ou eletrônica (art. 1.180).

O Livro Diário é o livro que retrata as atividades do empresário; ele deve apresentar dia a dia as operações relativas ao exercício da empresa.15 O empre-

15 GALGANO, Francesco. D iritto civile e commerciale. 3. ed. Padova: CEDAM, 1999, v. 3, tomo 1, p. 137.

sário deve lançar, diariamente, todas as operações realizadas, títulos de crédito que emitir, aceitar ou endossar, fianças dadas e o mais que representar elemento patrimonial nas suas atividades. Ao final de cada exercício, deverão ser lançados no livro o balanço patrimonial e o balanço de resultado econômico.

De acordo com o Código Civil (art. 1.185), o empresário ou sociedade em­ presária que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o Livro Diário pelo Livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formali­ dades extrínsecas exigidas para aquele.

Existem outros livros obrigatórios, impostos pela legislação tributária, como para os atacadistas, varejistas e industriais, os livros de registro de entradas, re­ gistro de saídas, registro de utilização de documentos fiscais e termos de ocor­ rências, registro de inventário e registro de apuração do ICMS. Existem também livros obrigatórios pela legislação trabalhista, como o Livro de Registro de Em­ pregados.

3.2.2 Livros facultativos

A par dos livros obrigatórios, existem vários livros facultativos, que servem apenas para facilitar a escrituração. A lei não impõe a presença de tais livros, fica a critério do empresário usá-los ou não, nos termos do artigo 1.179, § l e, do Código Civil.

Um dos livros facultativos mais comuns é o Livro Razão. Neste são registra­ dos os vários atos ou operações praticadas pelo empresário pelas contas a que dizem respeito. Ao invés de fazer os lançamentos pelo dia da operação, os lança­ mentos são feitos pelas contas a que dizem respeito.

Embora seja um livro muito útil, ele não é um livro obrigatório. Ao contrário do que afirma Láudio Camargo Fabretti,16 a legislação tributária não tornou o Livro Razão obrigatório para todos os empresários. Conforme se depreende do artigo 259 do Regulamento do Imposto de Renda,17 o Livro Razão é obrigatório para as pessoas jurídicas sujeitas ao regime de tributação pelo lucro real e apenas para estas.

Outro livro facultativo muito comum é o chamado Livro Caixa, que registra qualquer entrada e saída de dinheiro. Neste livro, há um controle dos recursos que ingressam no patrimônio do empresário e daqueles que saem do patrimônio

16 FABRETTI, Láudio Camargo. D ireito de empresa no Código Civil de 2002. São Paulo: Adas, 2003,