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CONSIDERAd¯ES FINAIS

No documento Anonimato e fama no reality show BBB 3 (páginas 98-149)

O olhar deseja sempre mais do que o que lhe p dado a ver.

A Ficcionalizaomo Do Cotidiano

Diante do que expomos atp aqui, veremos que talvez nmo estejamos tmo longe da hipytese que formulamos.

Conhecendo as possibilidades da televismo, podemos dizer que nesse formato de programa coexistem diferentes tipos de realidade associados a elementos ficcionais. Utiliza-se de estratpgias da ficomo no formato novela (50 minutos, atores famosos). O bbb 3 p formatado para ser consumido da mesma forma que consumimos a ficomo, por isso, vem sendo considerado como novelas da vida real (15 minutos de programa com episydios semanais de maior duraomo).

Atp este ponto preocupei- me em destacar e analisar as estratpgias narrativas do bbb 3 e identificar uma posstvel presenoa de elementos ficcionais. Vimos que existe uma sprie de relao}es sedimentadas na trama e nos personagens, que induzem a uma estrutura semelhante entre esse formato e a novela.

Desta forma podemos dizer que o reality show bbb 3 p tratado e lapidado como ficomo. O desenvolvimento da histyria, valores atributdos aos jogadores, perippcias, noo}es de causa e efeito, presenoa do casal romkntico e desenlaces. No entanto, apesar da semelhanoa, existe diferenoa na produomo das duas coisas (novela e reality show). Na novela, temos um roteiro previamente estabelecido que ji presume a histyria e a disposiomo de cada personagem, atores que seguem orientao}es de um diretor, tudo ensaiado e programado para causar este ou aquele efeito.

No caso do big brother, com exceomo de uma ou outra coisa (como no momento em que os integrantes lembram que estmo sendo filmados), nmo existem atores profissionais que devem desempenhar pappis determinados, nem um roteiro explicando sobre como devermo brigar, beijar , e de que maneira devermo se comportar. Se nmo existem atores, perguntamos: As atuao}es smo melhores porque smo verdadeiras? Nmo p

bem assim, pois a ediomo se encarrega nmo de inventar as coisas, mas deixa as vinte e quatro horas diirias (de cada uma das ckmeras) resumidas em alguns minutos de programaomo, de forma mastigada, diditica e facilmente assimilivel para o p~blico receptor. Tudo por conta da economia narrativa.

Cada bloco de cenas do big brother tem um tem a, um discurso embutido. A produomo desses blocos tem evolutdo a cada ediomo do programa. Alpm disso, virios truques estmo a servioo de mostrar ainda mais ao p~blico que postura deve adotar. Como na novela, a m~sica p um dos grandes trunfos do bbb. Insere-se uma m~sica de suspense aqui uma balada romkntica acoli, m~sica tema para cada personagem, recursos de animaomo sobre as imagens para dinamizar a trama.

Pois bem, nmo por acaso o fen{meno do reality show, especificamente o bbb, esti bem mais pryximo da novela, o que significa acima de tudo dois componentes:

TRAMA: toda novela se baseia numa teia de acontecimentos que assegura o interesse do receptor dia a dia. Por isso, o primeiro capt tulo p sempre importante e bem cuidado, alpm do ritmo mais acelerado e cheio de ao}es. No big brother Brasil, p vital, portanto, que se apresente logo os ³participantes´ e suas histyrias de vida para que o telespectador se interesse por eles. A Rede Globo de Televismo cria ³acontecimentos´ consecutivos para manter a audirnc ia interessada usando as mesmas formas atrativas da telenovela como: a prova do ninho, logo no primeiro dia, definindo o ltder, o anjo e o suprimento de comida da semana, quando o importante nisso tudo p a fixaomo dos personagens, ou seja: quem se interessa por quem, quem vai ganhar a lideranoa ou o anjo.

PERSONAGENS PARTICIPANTES: a trama pouco teri interesse se nmo houver empatia do p~blico pelos envolvidos nela. Dat a importkncia de ter pessoas diferentes, com caractertsticas de

identificaomo simples para o reconhecimento do espectador como: DJ, assessor parlamentar, professora, mergulhador, mas que vmo assumindo variados pappis ao longo da narrativa surpreendendo e revelando novas caractertsticas.

Porpm, nmo adianta prp-determinar quais os personagens que sermo amados e odiados pelo espectador (isso nmo vale sy no bbb, mas para os vil}es nas novelas), mas que, eles sejam reconhecidos como indivtduos, tmo interessantes quanto quaisquer pessoas, o que p parte da idpia do programa. Juntando-se trama e personagens/participantes, pode-se desenvolver a narrativa na qual estes elementos crescermo buscando sempre manter a atenomo do p~blico receptor.

Restam ainda muitos questionamentos sobre a realidade apresentada nos programas reality shows, mesmo porque, a relaomo desse formato com o real, tem como base um elaborado trabalho de corte, ediomo, sobreposiomo num desrespeito a captaomo das imagens, evidenciando submissmo a um recorte da realidade, a um princtpio de seleomo do que vai ser mostrado, ou seja, o modo de construomo de sentido p dado pelo corte.

Trata - se, portanto, de uma complicada noomo de realidade. Talvez o principal problema do programa esteja no nome: reality show. A maioria das crtticas se prende a este ponto: o programa p manipulado, nada nele p real. At se mistura a noomo de que os que vivem li nmo smo realistas. Achamos que nmo. Quantos de nys vivemos trancados numa casa com pessoas estranhas com ckmeras ligadas em todos os lugares? Parece ser meio ybvio concluir-se isso. Quando a TV Globo exibiu a primeira ediomo do bbb, a jogadora Estela indagada por Xuxa sobre a verdade de cada um, respondeu: ³e claro que nmo somos cem por cento aqui dentro´.

Tudo leva a crer que o reality show oferta ao mercado um novo tipo de realidade, cria um mundo artificial, produzindo no interior do

pryprio meio, sobre o qual, a tv detpm todo o controle e dita js regras. Uma esppcie de mundo cenirio, no qual os acontecimentos smo produzidos artificialmente. Assim, o real em que vivem os participantes p cuidadosamente construtdo.

Como vimos, o jogo tem regras, o que nos leva a deduzir que assim sendo, a liberdade dos sujeitos p apenas de ³ingressar quando selecionados´ (GREIMAS apud DUARTE, 2004, p. 151). Com isso, indagamos mais: sobram espaoos para a liberdade, a espontaneidade? Quem desrespeita as regras p sumariamente eliminado. Para reafirmar essa condiomo lembramos o trabalho de Fausto Neto (2003) que examina os questionirios/fichas de inscrio}es nos bbbs, nos esclarecendo como ocorre j seleomo dos participantes desse jogo. O trabalho evidencia todas as exigrncias e cuidados tomados pela Rede Globo para definir quem pode ingressar no jogo.

Dessa forma, os participantes do bbb seguem diferentes percursos traoados pelo programa, ingressam no mundo artificial, constitutdo de restrio}es que pautam suas ao}es como integrantes. Suas autonomias smo aparentes. Dat, a busca incessante de um desempenho bem sucedido, sempre com a perspectiva de seduzir mais o espectador, que recebe do programa, a oferta de real, sustentado pelas ckmeras que vigiam todos, permitindo a ele, tudo ver e ouvir.

Uma outra coisa que nos chama a atenomo nesse programa p a possibilidade de oferecer algo de novo que possa renovar a idpia de dramaturgia televisiva. Iniciamos pelo aspecto mais claro: estes personagens existem de verdade. Fora da tela, eles continuam vivendo, trm famtlia, amigos e uma casa. Isto pode os tornar empiticos porque smo como nys, pessoas comuns. Ao que parece, este poderi ser o principal ponto novo de atrativo p~blico, o que prova sua funcionalidade. As pessoas discutem os participantes/personagens em diferenciados momentos e lugares. Essa condiomo vem fascinando o p~blico que se vr ainda mais representado por elas, pois pode ser um

deles. Sabemos que essa ilusmo de ³realidade´ existe nas novelas e nmo p por acaso que ouvimos histyrias de atores que interpretam vil}es e smo xingados e atp agredidos na rua. Mas, o que consideramos como novidade trazida pelo espeticulo da realidade (bbb) p a quebra do ilusionismo, de fato, emprestando novo interesse aos momentos de dramaturgia no Brasil.

Isso nos leva, entmo a formular uma outra questmo que atributmos grande importkncia: como se di a dramaturgia nesse programa? Percebemos dois principais trabalhos de dramaturgia no bbb: primeiro, o de ediomo do que acontece naquela casa cenirio. Como torni- lo um espeticulo com comeoo, meio e fim, com plot points (ponto de virada), um evento ou incidente que ³engancha´ na aomo e reverte noutra direomo, ou melhor dizendo, ele move a histyria adiante, com desenvolvimento e resoluomo. Isto se deve ao fato de que a vida de ningupm p interessante todo o tempo, o dia inteiro. Como podemos ver, somente a ediomo do real como acontece no bbb 3, o torna mais atrativo e fascinante, motivando o interesse do espectador para assisti-lo.

O segundo aspecto p o da anilise, ter um dramaturgo vendo e acompanhando os acontecimentos do dia a dia, direcionando o programa a partir dos detalhes que consideram relevantes j narrativa. No big brother, a TV Globo tem feito isso muito bem, o que comprovamos no ritmo cadenciamento das seqrncias e cenas de cada episydio, o que sem d~vida vem instigando e despertando a curiosidade e a atenomo do p~blico.

Assim como nas novelas, os acontecimentos smo seqenciados em formato de episydios diirios, compondo ³a narrativa seriada´ (MACHADO, 2000, p. 83). Um determinado programa que se espalha ao longo de meses, anos,, sob a forma de edio}es diirias, semanais ou mensais. No caso espectfico das formas narrativas, o enredo p geralmente estruturado em capttulos, sendo que cada um deles p apresentado diariamente, mo mesmo horirio e subdividido em blocos

menores uns dos outros, por breaks (conjunto de comerciais). No bbb, o que os partipantes/personagens ji emprestam ao dramaturgo p a complex idade de personalidades inerentes ao ser humano, cabendo a ele torni - la espeticulo.

Contrariando o ³fim dos tempos´ apregoado pelos artigos publicados, principalmente na Internet, este programa parece corresponder a uma necessidade do ser humano de ouvir relatos com os quais se identifique. O bbb p entendido, entmo como um mundo arquitetado com pretens}es de dar respostas, tornando-se dependente da cooperaomo do p~blico. Resultado de estratpgias que se servem de estilos e maneiras de configurar realidades. Suas histyrias se constroem sobre um terreno myvel, retratadas pela convivrncia de figuras, cenirios e situao}es complexas. Desse modo, o andamento da narrativa vai depender dos acontecimentos que elucidam comportamentos e projetam expectativas.

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1ƒ Episydio: Largada do BBB 3

O programa Big Brother Brasil 3 comeoou mostrando 12 jogadores que entrariam na disputa. Dos 70 mil supostos selecionados, alguns chamaram atenomo desde o comeoo, como a Miss Brasil Joseane (que depois perderia o tttulo por seu casamento ter sido descoberto), o Assessor Parlamentar Dhomini (de Goiknia, a mesma cidade dos patrocinadores do programa).

Mais tarde foi descoberto que Juliana e Sabrina eram ex-danoarinas do Programa do Domingmo do Faustmo e que Paulo, vencedor da disputa dias antes da estrpia do programa, era fotygrafo da Globo. Percebemos que embora a seleomo do bbb 3 tenha sido melhor que a dos outros dois programas anteriores, ainda assim ele teve algumas falhas. Uma delas foi a insistrncia da Rede Globo em dizer que apenas duas pessoas haviam sido escolhidas por olheiros e os outros 12 teriam sido atravps das fitas de vtdeo encaminhadas j emissora. N entanto, Alan, Sabrina, Juliana e Samantha ji se conheciam o que prova que mais de duas pessoas foram selecionadas por olheiros.

Muita gente esperava que o BBB 3 fosse o melhor de todos. No entanto, o programa recebeu crtticas durante todo o seu percurso. Vejamos como tudo comeoou. Eis que o grupo de 14 pessoas chega a casa. Imediatamente ela se abre para receber os jovens candidatos i fama. Eles parecem estar entrando numa arca acolhedora que conduziri os sonhos em busca da concretizaomo do objeto desejado. Prontamente todos se posicionam, acomodam-se nos quartos onde devermo ocupar durante a vivrncia na casa.

Demonstram alegria e expectativas em compartilhar esse espaoo que irradia luminosidade a acender a esperanoa de vencerem. Sentem firmeza no propysito que os conduziram atp aquela casa fincada sobre a terra, com profundas ratzes sustentando os sonhos de tornarem-se celebridades.

Os primeiros momentos na casa mostram os jogadores em estado de euforia, com as devidas apresentao}es, numa chamada individual, na qual seus nomes smo memorizados e as primeiras conversas comeoam a tecer os fios que devem compor o tecido societirio que teri na experirncia relacional sua sustentaomo.

As relao}es dentro da casa conferem a trama narrativa, os atributos de um ³novo´ formato de programa televisivo. Nele, a vida cotidiana dos jovens participantes se constryi tendo como referrncia um espaoo constitutdo pelo pryprio meio, que promove os acontecimentos, num processo de auto-referencialidade. O programa se ancora em um real paralelo (vida de pessoas comuns) que serve de referrncia a realidade criada pelo bbb, no reduzido espaoo de uma casa cenirio.

Configura-se o jogo, os participantes expressam ji nos primeiros dias de convivrncia a impossibilidade de integraomo, foroando a televismo recorrer a diferentes estratpgias para demonstrar interatividade. Por isso, a incorporaomo do telespectador como parte integrante do espeticulo.

Nmo obstante, observamos um entrecruzamento nas relao}es que comeoam a se enquadrar, desencadeando diferentes ao}es comunicacionais. Constitui-se a trama com o envolvimento dos diferentes participantes que inicialmente se posicionam como atores sociais (pessoas an{nimas) em busca do reconhecimento, do sucesso o que deveria ocorrer em decorrrncia de sua participaomo nesse jogo comunicativo. Contudo conseguimos ver que j medida que a televismo vai construindo o texto- programa, vai acontecendo uma transformaomo desses atores sociais em atores discursivos, em decorrrncia da mudanoa na forma de operaomo da tevr.

Notamos a presenoa constante de estratpgias que estmo diretamente ligadas js lygicas que presidem a produomo televisiva, nos permitindo estabelecer caractertsticas desse tipo de texto programa. Dessa forma, podemos dizer que assim como outros produtos televisivos do mesmo grnero, o bbb 3 dentre outras caractertsticas apresenta a recorrrncia a espetacularizaomo. Observamos tambpm a presenoa de determinados tons, sons cenirios responsiveis pelos efeitos de sentido.

Nmo importa que seja a confusmo do cotidiano, as brigas e as insignificantes tarefas dompsticas que constituam seu conte~do. A pretensmo maior p que a oferta seja antes de tudo entretenimento e, por conseguinte a necessidade do show deve pairar sobre o grnero. Nesta terceira ediomo apesar das diferenoas, nmo constatamos grandes conflitos pessoais, os jogadores desde o intcio se preocuparam mais com as articulao}es, formao}es de grupos, visando as posstveis alianoas para a conquista da vityria.

Passados os primeiros momentos dos contatos iniciais, os jogadores se re~nem na sala para conversar com o apresentador do programa Pedro Bial, que no tom de descontraomo, dirige-se ao grupo para nomear um por um dos concorrentes do jogo bigbrodiano. A conversaomo adota um cariter de superficialidade, quando o apresentador comeoa a agulhar as mooas, revelando que cinco delas tinham silicone nos seios. Falou ainda que Dtlson e Marcelo haviam se depilado para marcar melhor seus m~sculos.

Como podemos perceber, o discurso animador versus jogadores, animador

versus telespectadores nmo ultrapassa a trivialidade, a mesmice de um cotidiano que se

apresenta vazio de reflexmo e questionamentos crtticos. Provavelmente este programa de formato diferenciado de outros que comp}em o grnero/reality show opere com a

No documento Anonimato e fama no reality show BBB 3 (páginas 98-149)

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