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Consolidar os Sistemas de Participação Social na Gestão das Políticas Culturais 695 Fonte: MINC, 2009, p 37.

CENÁRIO IDENTIFICAÇÃO RESULTADOS

5. Consolidar os Sistemas de Participação Social na Gestão das Políticas Culturais 695 Fonte: MINC, 2009, p 37.

Os Seminários Estaduais resultaram em 135 relatórios. Segundo o Ministério da Cultura:

O teor das contribuições variou, mas alguns temas específicos, orientações e pontos de vista apareceram com frequência: Aprovação da estrutura geral e da maioria das diretrizes do caderno do Plano; Propostas de aprimoramento e de inclusão de itens, e algumas de exclusão; Demanda por capacitação de gestores e trabalhadores em geral; Diversidade regional expressa nos relatórios dos GTs: questão das fronteiras no Acre, no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, manifestações religiosas, relação com a floresta nos estados amazônicos; Necessidade de equilibrar o atendimento universal dos segmentos culturais com algumas especificidades de setores mencionadas no caderno; Debate em torno de conceitos, como “marginalizados” e “pessoas com deficiência”; Periodicidade das conferências municipais, estaduais e nacional – vários grupos de trabalho propuseram encontros nacionais a cada dois anos; Defesa de ampliação do orçamento, conforme percentuais da PEC 150. (POR QUE APROVAR O PNC, 2009, p. 40)

Além dos encontros estaduais, o MINC utilizou outras formas de consulta pública. Foi criado um espaço de discussão virtual acessível no site do Ministério entre os meses de junho a dezembro de 2008. Também era possível enviar sugestões e críticas sobre o texto do PNC através de cartas e e-mail.

Ao contrário da PEC nº 306/2000, que em nenhum momento faz referência à participação do Ministério da Cultura, no texto do PL nº 6835 percebe-se uma articulação entre o MINC e o legislativo, pois em sua redação foi descrito todo o processo realizado na I Conferência Nacional de Cultura (coordenada pelo MINC).

Também foram realizados uma série de encontros para a discussão sobre o PL nº 6.835 na Câmara Federal, com a participação de integrantes do MINC, demonstrando a articulação entre os órgãos. Na tabela a seguir está disposto o calendário das audiências públicas para o debate do PNC:

TABELA 39 – Calendário de audiências públicas (Câmara dos Deputados)

Data Representante MINC

03/07/2007 Alfredo Manevy - Secretaria de Políticas Culturais

02/08/2007 Célio Turino - Secretaria de Programas e Projetos Culturais

16/08/2007 Orlando Senna - Secretaria de Audiovisual

30/08/2007 Manoel Rangel - Agência Nacional de Cinema-ANCINE

04/09/2007 Marco Acco - Secretaria de Articulação Institucional

20/09/2007 Sérgio Mamberti – Secretaria da Identidade e Diversidade

04/10/2007 Celso Frateschi - Fundação Nacional de Arte-FUNARTE

18/10/2007 Roberto Nascimento - Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura

30/10/2007 Luiz Fernando de Almeida - Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional

Fonte: Câmara dos Deputados. <http://www2.camara.gov.br/comissoes/cec/plano-nacional-de-cultura-2.html>. Acesso em janeiro de 2008.

Foram necessários dez anos até a aprovação do Plano Nacional de Cultura e a sua posta em vigência. Neste período, três Presidentes da República estiveram à frente da política brasileira, sendo o primeiro de oposição partidária em relação aos demais: FHC – PSDB (1995-2003); Lula – PT (2003-2011); e Dilma Rousseff – PT (2011-atual). No interior do Ministério da Cultura, o PNC está vinculado, desde 2003, à Secretaria de Políticas Culturais (antiga Secretaria de Avaliação e Formulação de Políticas Culturais).

O PNC envolveu a divulgação de três documentos até a sua aprovação final: 1ª e 2ª edição da publicação Plano nacional de Cultura: Diretrizes Gerais; e o texto do PL nº 6.835/2006. Outro documento torna-se essencial para avaliação do PNC: As Metas do Plano

Nacional Cultura, que reestrutura as propostas do PNC aprovado agrupando as ações em 53

metas.

A vigência do Plano Nacional de Cultura é decenal, iniciada em 02 de dezembro de 2010, sendo válida até 02 de dezembro de 2020. O tópico a seguir analisa a estruturação e o conteúdo do PNC brasileiro.

4.3 Estrutura e avaliação de conteúdo

Conforme dito anteriormente, o texto final do Plano Nacional de Cultura passou por uma série de transformações até a sua aprovação final. Foram três copiões que deram origem à primeira versão do documento Diretrizes Gerais. Este, por sua vez, apresentou uma segunda edição apenas oito meses depois de lançado, incluindo a revisão do Conselho Nacional de Política Cultural. Na realidade, poucas alterações são observadas em comparação às duas edições deste documento. Ambos possuem a seguinte estruturação: sete conceitos e valores norteadores, 33 desafios e cinco estratégias gerais, subdivididas em diretrizes e ações. Esta é a obrigatória.

principal mudança entre as duas versões, pois a primeira abriga 14 diretrizes subdivididas em 269 ações e a segunda é formada por 15 diretrizes55 compostas por 301 ações.

Para justificar a necessidade de elaboração de uma política nacional, coloca-se o dever do Estado em “fomentar o pluralismo, coibir efeitos das atividades econômicas que debilitam e ameaçam valores e expressões dos grupos de identidade e, sobretudo, investir na promoção da equidade e universalização do acesso à produção e usufruto dos bens e serviços culturais” (DIRETRIZES, 2008, p. 11; 2007, p. 11).

Para ir além do tradicional conceito de cultura adotado pelos governos anteriores, associado especialmente às artes e ao patrimônio material, o documento cita o reconhecimento de três dimensões culturais:

I) Simbólica: adotando uma abordagem antropológica abrangente, se propõe a “cultivar” as infinitas possibilidades de criação simbólica expressas em modos de vida, motivações, crenças religiosas, valores, práticas, rituais e identidades (DIRETRIZES, 2008, p. 11; 2007, p.12);

II) Cidadã: acesso universal à cultura por meio do estímulo à criação artística, democratização das condições de produção, oferta de formação, expansão dos meios de difusão, ampliação das possibilidades de fruição, intensificação das capacidades de preservação do patrimônio e estabelecimento da livre circulação de valores culturais (DIRETRIZES, 2008, p. 11; 2007, p.12)

III) Econômica: regulação das economias da cultura, para evitar os monopólios comerciais, a exclusão e os impactos destrutivos da exploração predatória do meio ambiente e dos valores simbólicos a ele relacionados. Apoio de forma qualitativa ao crescimento econômico brasileiro (DIRETRIZES, 2008, p. 12; 2007, p.13).

A partir daí, ambas as publicações das Diretrizes Gerais seguem divididas em três partes principais. Na primeira, estão colocados os “valores e conceitos” do PNC, baseados especialmente na ampliação do conceito de cultura, tomados em sua dimensão antropológica; no reconhecimento da cultura como um direito de todo cidadão; e nas responsabilidades do MINC enquanto órgão gestor e formulador de políticas públicas. Assim, espera-se que o Estado exerça sua função gestora e política para atuar além do campo das artes, considerando também “as múltiplas identidades e expressões culturais até então desconsideradas pela ação pública” (DIRETRIZES, 2008, p. 30; 2007, p. 27).

É importante, inclusive, o reconhecimento disposto no documento de que não cabe ao governo ou as empresas conduzir a produção da cultura”, “impondo hierarquias ou sistemas de valores”. O Estado deve atuar “como indutor, fomentador e regulador das atividades, serviços e bens culturais” (DIRETRIZES, 2008, p.31; 2007, p. 28).

Na segunda parte do documento, são colocados os “diagnósticos e desafios para as políticas culturais”, relacionados com a implementação de políticas e ações de valorização e estímulo ao campo cultural. Eles se dividem em seis temas envolvendo linguagens artísticas; manifestações culturais; identidades e redes socioculturais; políticas gerais; políticas intersetoriais; gestão pública e participativa (DIRETRIZES, 2008, p.33 a 59; 2007, p. 28 a 53).

Na última parte do documento estão dispostas as “Estratégias Gerais” do PNC. Nesse trecho é que estão colocadas as formas de atuação do Estado para o campo da cultura, enumerando-se as diretrizes e ações a partir de cinco estratégias gerais:

I) Fortalecer a ação do estado no planejamento e execução das políticas culturais; II) Incentivar, proteger e valorizar a diversidade artística e cultural do país;

III) Universalizar o acesso dos brasileiros à fruição e à produção cultural;

IV) Ampliar a participação da cultura no desenvolvimento socioeconômico sustentável; V) Consolidar os sistemas de participação social na gestão das políticas culturais.

Essas estratégias foram divididas, resultando em 269 e 301 ações, respectivamente. Conforme se observa na tabela a seguir, poucas foram as diferenças entre as duas edições do documento Diretrizes Gerais. Ressalta-se o acréscimo de trinta e duas ações nas estratégias propostas. A estratégia que mais sofreu alteração foi Incentivar, proteger e valorizar a

diversidade artística e cultural do país, com a inclusão de doze ações. A maior parte delas

refere-se a questões ligadas ao patrimônio. Outra estratégia que sofreu alterações foi

Universalizar o acesso dos brasileiros à fruição e à produção cultural. Nela, nove ações

foram inseridas, quase todas relacionada à formação de público e otimização na utilização de espaços culturais. Há, também, a inserção da diretriz Turismo Cultural, com nove ações: 04 transferidas de Valorização da diversidade e três novas propostas criadas.

Estratégias Diretrizes Total de ações Propostas acrescentadas 1ª edição 2ª edição I) Fortalecer a ação do Estado no planejamento e execução das políticas culturais Instituições e mecanismos

de integração 24 25 1. Consolidar a implantação do Sistema Nacional de Cultura (SNC)

Financiamento 16 19

1. Ampliar os recursos para a cultura e otimizar o seu uso, visando o benefício de toda a sociedade e o equilíbrio entre as diversas fontes: orçamento público com a fixação em lei de um percentual mínimo dos recursos para a área; fundos públicos; renúncia fiscal e capital privado.

2. Revisão do sistema de renúncia fiscal

3. Criação junto a CEF e bancos de fomento de linhas de credito subsidiado para financiamento da requalificação de conjuntos arquitetônicos e imóveis isolados de interesse histórico ou cultural.

Legislação 12 13

1. Elaborar lei especifica sobre conservação preventiva e gestão de cidades, centros e conjuntos históricos tombados, considerando sua dinâmica social, econômica e cultural.

II) Incentivar,