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1. Instituir redes com o objetivo de fortalecer a gestão das políticas públicas para preservação da memória, formação, fomento e difusão das diversas linguagens artísticas, integrando instituições públicas das três esferas de governo, setor privado, colegiados setoriais e demais instâncias de participação da sociedade civil, sob a coordenação do Ministério da Cultura e instituições vinculadas. Diálogo com as iniciativas

do setor privado e da sociedade civil

09 09 –

TOTAL 269 301 32

Além das alterações citadas acima, destaca-se a ênfase dada ao Sistema Nacional de Cultura (SNC) na segunda edição do documento, após a revisão feita pelo Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC). Enquanto a primeira edição das Diretrizes Gerais quase não faz referência ao SNC, na segunda há um texto incluso na introdução tratando somente dele.

O texto introduzido pelo CNPC relembra os esforços, desde 2003, para a sua aprovação, além da sua necessária articulação com o Plano Nacional de Cultura. O PNC “trata-se de uma peça fundamental da estrutura” do SNC como o “elemento que vai materializá-lo, dar-lhe concretude, na medida em que conceitua, organiza, estrutura e implementa políticas públicas de cultura em todo o país. São as ações decorrentes do Plano Nacional de Cultura que darão forma e consistência ao Sistema Nacional de Cultura” (DIRETRIZES, 2008, p. 14).

Além da inclusão do texto na introdução, o SNC também foi inserido na estratégia

Fortalecer a ação do estado no planejamento e execução das políticas culturais, como uma

diretriz ligada às Instituições e mecanismos de integração: “Consolidar a implantação do SNC como instrumento de articulação, gestão, informação, formação e promoção de políticas públicas de cultura com participação e controle da sociedade civil e envolvendo as três esferas de governo (federal, estadual e municipal)” (DIRETRIZES, 2008. p. 62).

Rubim caracteriza esse esquecimento inicial em relação ao SNC como emblemático:

Um emblemático esquecimento é aquele relativo ao SNC, que vinha sendo construído pelo Ministério desde 2003 com uma adesão significativa dos estados e municípios brasileiros. No total, são apenas cinco citações nas 85 páginas do texto e todas elas tangenciais (...). Em alguns instantes do documento a evocação do SNC deveria ser obrigatória. Por exemplo, tomando o documento de 2007, nas páginas 25 e 26 (sistema de acompanhamento e avaliação do PNC); 29 (corresponsabilidade de instâncias estatais e da sociedade civil); 55 (garantir a participação da sociedade civil na gestão das políticas culturais); 60 (discussão sobre financiamento); 61 (na divisão de competências entre órgãos federais, estaduais e municipais) e 65 (consolidar sistemas de participação social na gestão das políticas públicas). Um esquecimento tão evidente que parte importante das contribuições do Conselho Nacional de Políticas Culturais sobre o PNC versou sobre o tema. (RUBIM, 2008, p.62)

O autor segue descrevendo outros silenciamentos importantes: relação entre cultura e mídia; ausência de uma atenção com a cultura das periferias urbanas brasileiras; formação em cultura; e desenvolvimento de estudos e pesquisas em cultura (RUBIM, 2008).

De uma forma geral, a sensação que se tem em relação aos documentos das Diretrizes Gerais é que os valores e desafios apresentados não conseguem ser inseridos ou enfrentados satisfatoriamente pelas estratégias propostas. De cunho altamente genérico, chega-se ao final do documento sem uma definição clara sobre as políticas culturais pretendidas pelo Estado.

Fonte: Dados obtidos a partir do documento Diretrizes Gerais do PNC, MinC, 2007 e 2008.

TABELA 41 - Estrutura do Plano Nacional de Cultura (Diretrizes Gerais – 1ª e 2ª Edição)

Valores e Conceitos Diagnósticos e

Desafios Estratégias e Diretrizes Gerais Planejamento de Execução Implementação Acompanhamento, Avaliação e Revisão

1. Cultura, um conceito abrangente; 2. A cultura brasileira é dinâmica; 3. As relações com o meio ambiente fazem parte dos repertórios e das escolhas culturais;

4. A sociedade brasileira gera e dinamiza sua cultura, a despeito da omissão ou interferência autoritária do Estado e da lógica específica do mercado;

5. O Estado deve atuar como indutor, fomentador e regulador; 6. Ao MinC cabe formular, promover e executar políticas, programas e ações na área da cultura;

7. O PNC está ancorado na corresponsabilidade de diferentes instâncias do poder público e da sociedade civil. 1. Linguagens Artísticas; 2. Manifestações Culturais; 3. Identidades e Redes Socioculturais; 4. Políticas Gerais; 5. Políticas Intersetoriais; 6. Gestão Pública e Participativa. 1. Fortalecer a ação do Estado no planejamento e execução das políticas culturais; 2. Incentivar, proteger e valorizar a diversidade artística e cultural brasileira; 3. Universalizar o acesso dos brasileiros à fruição e produção cultural; 4. Ampliar a participação da cultura no desenvolvimento socioeconômico sustentável; 5. Consolidar os sistemas de participação social na gestão das políticas culturais. Programas e planos segmentados e regionais: transformar as diretrizes gerais do PNC em ações e metas adequadas às especificidades das linguagens artísticas, práticas culturais, demandas de grupos populacionais e identitários e situações municipais, estaduais e regionais. Definição de responsabilidades das organizações públicas, privadas e civis e subsequente execução compartilhada das iniciativas planejadas. Periódica, envolvendo a participação de diferentes atores:  Ministério da Cultura;  Secretarias e órgãos estaduais e municipais de cultura;  Sistema de Informações e Indicadores Culturais;  Poder legislativo da

união, estados, distrito federal e municípios;  Sistemas setoriais;  Fóruns, Congressos e Câmaras Setoriais;  Conferências Nacionais de Cultura;  Conselhos.

Apesar da ampla discussão até se chegar ao texto final das Diretrizes Gerais, que serviria de base para o PNC, é interessante observar as mudanças em relação ao Plano Nacional de Cultura aprovado pela Lei 12.343/2010. As principais alterações estão relacionadas à inclusão de três tópicos: descrição dos princípios e objetivos; definição das atribuições do poder público; e os mecanismos de financiamento. Foram suprimidos os valores norteadores e os diagnósticos e desafios. Em relação às 05 estratégias, antes subdivididas em 15 diretrizes e 301 ações, no PNC aprovado tem-se 14 estratégias, alinhadas através de 36 diretrizes e 274 ações.

Os conteúdos das estratégias não se diferenciam muito, são ampliados em relação a cinco áreas temáticas que se mantêm: Estado, diversidade cultural, acesso, desenvolvimento socioeconômico sustentável e participação social. Contudo, observa-se uma redução de 27 no total das ações e uma alteração nas ênfases dadas a cada área: inicialmente, observam-se os temas da diversidade (83 ações), do desenvolvimento socioeconômico sustentável (73 ações) e do acesso (61 ações) concentrando a maior parte das iniciativas.

No plano aprovado, o Estado sai da quarta posição e passa a ter maior ênfase (91 ações), seguido da diversidade (59 ações) e do acesso (52 ações). O desenvolvimento socioeconômico sustentável, antes em segundo lugar, cai para quarto. Foi o tema que mais reduziu o número de ações, considerando-se a relação estabelecida com o total geral (diminui de 24,25% para 18,98%). Esses dados podem revelar algo importante: uma mudança na priorização de temáticas para as políticas culturais do MINC, reforçando a atuação do Estado e diminuindo o enfoque da economia criativa.

Tabela 42 – Comparativo Documentos Diretrizes Gerais e PNC (Lei nº 12.343/2010)

Estratégias (total de ações) Área (total de ações): Estratégias

1. Fortalecer a ação do Estado no planejamento e Execução de políticas culturais (57)

2. Incentivar, proteger e valorizar a diversidade artística e cultural do país (83)

3. Universalizar o acesso dos brasileiros à fruição e á produção cultural (61) 4. Ampliar a participação da cultura no desenvolvimento socioeconômico sustentável (73) 5. Consolidar os sistemas de participação social na gestão das políticas culturais (27)

Estado (91):

1. Fortalecer a função do estado na institucionalização das políticas culturais; 2. Intensificar o planejamento de programas e ações voltadas ao campo cultural; 3. Consolidar a execução de políticas públicas para cultura

Diversidade (59):

4. Reconhecer e valorizar a diversidade;

5. Proteger e promover as artes e expressões culturais; Acesso (56):

6. Universalizar o acesso dos brasileiros à arte e à cultura;

7. Qualificar ambientes e equipamentos culturais para a formação e fruição do público; 8. Permitir aos criadores o acesso às condições e meios de produção cultural; Desenvolvimento socioeconômico sustentável (52):

9. Ampliar a participação da cultura no desenvolvimento socioeconômico;

10. Promover as condições necessárias para a consolidação da economia da cultura; 11. Induzir estratégias de sustentabilidade nos processos culturais;

Participação social (16):

12. Estimular a organização de instâncias consultivas; 13. Construir mecanismos de participação da sociedade civil; 14. Ampliar o diálogo com os agentes culturais e criadores

Se considerarmos o total das diretrizes, veremos que a concentração em torno do Estado se repete, com 11 das 36 diretrizes existentes. Em seguida, tem-se desenvolvimento socioeconômico sustentável e diversidade, com 07 diretrizes cada um; acesso (06 diretrizes) e participação social (05 diretrizes).

Para início de análise do Plano Nacional de Cultura aprovado, podemos elencar os doze princípios e os dezesseis objetivos que o regem: