• Nenhum resultado encontrado

I) Apresentar a proposta e o plano de ação para adequar sua estrutura e funcionamento para poder responder as tarefas que lhe impõem este documento (PNC). Isto deverá ser feito sob os critérios de transparência, qualidade, eficiência e cobertura.

II) Criar uma instância de coordenação técnica do PNC dentro do Ministério, com o objetivo de orientar sua implementação, monitoramento, avaliação e atualização.

III) Apresentar a regulamentação, no que se refere à cultura, da Lei 715 “pelo qual se ditam normas orgânicas em matéria de recursos e competências em conformidade com os artigos 151, 288, 356 e 357 (Ato legislativo 01 de 2001) da Constituição e se ditam outras disposições para organizar a prestação dos serviços de educação e saúde, entre outros”.

IV) Elaborar um plano de ação que contenha os lineamentos de como será o apoio aos processos de planejamento regionais (planos estratégicos setoriais, municipais e departamentais) e a gestão cultural dos municípios, casas de cultura, fundos mistos, bibliotecas, museus municipais e outras instituições e setores e a articulação de ditos processos com o PNC.

V) Regulamentar o Programa Nacional de Apoio às atividades artísticas e culturais.

VI) Avaliar e reestruturar o Sistema Nacional de Cultura.

VII) Implantar processos de acompanhamento e avaliação física, financeira e de impacto aos programas y projetos a cargo do Ministério e de suas entidades vinculadas.

INFORMAÇÃO

Redesenhar o SINIC, elaborando planos de ação para desenvolver as seguintes áreas: Estatísticas e Indicadores; Banco de projetos culturais; Agenda de conectividade do setor cultural (serviços de informação cultural ao cidadão, usando as novas tecnologias); Cartografia cultural da Colômbia (informação georeferenciada sobre o setor e a vida cultural do país).

FINANCIAMENTO

Identificar e aproveitar as fontes disponíveis. Prioridades: Fomento às indústrias culturais; Formação de públicos; Apoio às micro, pequenas e médias empresas culturais; Organizações e criadores culturais; Recursos próprios do setor cultural; Aliança com outros setores (educação, comunicação, meio ambiente, comércio exterior, turismo); Fundos mistos departamentais e distritais de promoção às artes e à cultura; Regular e controlar os recursos do sistema geral de participações; Controle de recursos públicos pela sociedade civil; Melhoria da gestão de recursos internacionais;

LEGISLAÇÃO

Compilar, harmonizar e identificar todos os vazios legislativos no setor. Para isso, deve: Fazer um estudo sistemático e comparado de dita legislação que inclua suas relações intersetoriais e faça uma proposta legislativa integral; Apoiar a formação de um grupo de especialistas em legislação cultural e direitos culturais; Formular uma estratégia legislativa com base nos dois pontos anteriores; Difundir os alcances da legislação cultural; Continuar com a regulamentação da Lei 397 / 1997.

GESTÃO

Fortalecimento interno do MINC e melhoria da gestão no resto do setor através: Programa Nacional de Formação em Gestão Cultural; Sistema Nacional de Cultura; Observatório de Políticas Culturais; Conpes futuros.

O Conpes 3162 é finalizado com recomendações diversas, incluindo outros setores do governo. Caberia ao Ministério da Cultura (Conpes, 2002, p. 33):

I) Acolher e executar todas as diretrizes da política e recomendações indicadas no presente documento;

II) Adotar e por em prática as políticas e estratégias do Plano Nacional de Cultura 2001- 2010;

III) Elaborar e por em prática um plano de trabalho específico que incluísse cronograma, metas, ações, responsáveis e indicadores do avanço de todas as diretrizes da política e recomendações descritas neste documento;

IV) Liderar e articular todos os planos de trabalho realizados pelos Ministérios e entidades as quais se atribuíram responsabilidades neste documento.

V) Difundir e socializar o presente documento;

VI) Apresentar ao CONPES, em julho de cada ano, a situação do avanço do desenvolvimento que se deu a este documento.

É perceptível, através de fatores como a elaboração do Conpes 3162 e a própria mobilização nacional em torno do PNC, que havia um interesse real do Ministério da Cultura colombiano daquele período em transformar e investir no campo cultural do país, através de ações pensadas a longo prazo. Contudo, a forma de gerir e acompanhar o plano ficaram à mercê da boa vontade e do interesse dos gestores que conduziram o MINC durante os dez anos de vigência do plano. Conforme veremos a seguir, tanto o Conpes quanto o plano previam ações de acompanhamento que nunca foram colocadas em prática. Esse aspecto fragilizou a continuidade do plano, bem como a avaliação dos seus resultados.

3.3 – Estrutura e avaliação de conteúdo

O Plano Nacional de Cultura da Colômbia foi apresentado pelo governo no dia dez de dezembro de 2001, tendo vigência até 2010. Quando questionado sobre a definição do prazo decenal de validade do plano, o ex-ministro Juan Luiz Mejía afirmou:

Porque estávamos começando o século e queríamos ter, primeiro, um número redondo e queríamos ter uma visão da primeira década do século. (...) não é um prazo demasiado longo, mas naquela época o víamos assim e também porque acreditamos que é um período onde realmente se pode fazer avaliações das políticas culturais. (MEJÍA, 16 de abril de 2012, tradução nossa).

Outro aspecto importante relacionado ao plano colombiano é que ele não está previsto em nenhuma lei. O documento do plano e o Conpes 3162 são os principais registros da sua intencionalidade, mas sem nenhuma garantia de execução e acompanhamento. Mejía também explica o fato:

Não está previsto em lei e nem é vinculante. Por quê? Por um problema constitucional. (...) Quando se fez a Constituição de 1991 os constituintes dedicaram a maior parte do seu tempo a olhar o novo Estado de direito e, portanto, se focaram muito no capítulo dos direitos, e tenho a sensação que lhes acabou o tempo. Logo, o Estado, que deveria ser o executor, ficou praticamente intacto em relação ao Estado de 1886, conforme a Constituição que nos regia. Então, o que aconteceu? Sob esta estrutura antiga do Estado, o ministro disse taxativamente que a Constituição formula a política de despacho. Quando estávamos na discussão da lei um grupo de oposição disse que ela era inconstitucional, pois o Conselho formula a política e não o ministro. E a Constituição diz que é o ministro. Então este Conselho nos colocou simplesmente como um tema assessor. (MEJÍA, 16 de abril de 2012, tradução nossa).

A partir da fala acima, percebemos que houve um problema de interpretação sobre as responsabilidades do Ministério e do Conselho de Cultura, travando a aprovação de uma lei que regulamentasse o PNC. Dois entendimentos distintos vislumbravam que era competência de um órgão e de outro a formulação da política, cuja discordância foi utilizada como argumento para paralisar o processo.

Mais uma vez fica clara a dependência de inúmeros fatores, que vão além das obrigações do Estado e dos direitos cidadãos, na formulação e implantação de uma política. E aqui nos referimos a uma política voltada para a cultura, que depende também de questões como conjuntura e interesses dos diversos grupos que compõem o governo e a própria sociedade. A necessidade de negociação é constante diante de tantas divergências de interesse e opinião.

O tema do PNC da Colômbia 2001-2010 é Para uma cidadania democrática cultural:

Um plano coletivo desde e para um país plural. Este tema é um reflexo de todo o momento

anterior pelo qual passou o país, em busca do reconhecimento da diversidade cultural existente e de um Estado mais participativo. O próprio documento afirma isso, logo em seu prólogo:

Este Plano é uma criação que reúne as vozes de milhares de colombianos. É um Plano de um país com múltiplas culturas. Um Plano de uma Nação diversa. Um Plano que fala de um país plural e pelo qual fala um país plural. Um Plano que se diz de muitas maneiras, como o país. (PNC, COLOMBIA, 2001, p. 9, tradução nossa).

E reafirma esta intenção quando descreve que o propósito do plano é “propiciar a construção de uma cidadania democrática cultural que, desde as especificidades culturais dos sujeitos, tenha uma presença efetiva no cenário do público e desde lá forje as bases para uma convivência plural” (PNC, COLOMBIA, 2001, p. 13, tradução nossa).

Também é visível no documento o reconhecimento do momento delicado pelo qual passava a política do país:

O Plano nos impulsa a pensar o país em meio a incerteza. Nos faz sonhar em meio ao cerco. Nos anima a nos comunicar quando o direito a expressar-se livremente está ameaçado. Nos empurra a mobilizarmos em um momento em que vastas zonas do país estão penetradas pelo medo. (PNC, COLOMBIA, 2001, p. 9, tradução nossa).

Conforme vimos em capítulo anterior, a Colômbia é um país que sofre até hoje com sérios problemas políticos, relacionados especialmente ao narcotráfico e à violência. Apesar dos índices de criminalidade estarem diminuindo, esta ainda é uma realidade que atinge o país, com a existência de fortes grupos armados que continuam causando medo à população. E no período de implantação do PNC, a atuação desses grupos já era forte e as taxas de violência e homicídio estavam elevadíssimas no país.

O documento do Plano Nacional de Cultura colombiano possui oitenta páginas e apresenta-se com a seguinte estrutura:

I) Propósito do PNC II) Natureza do PNC

III) Considerações históricas e sociais IV) Princípios gerais

V) Campo das políticas VII) Orientações do PNC VIII) Etapas.

PROPÓSITO