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SUSTENTAÇÃO ANÁLITICA DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

VERIFICAÇÃO EMPÍRICA

1.2. Constituição e evolução da CPCJ nas suas modalidades Alargada e Restrita

1.2.2. Constituição e evolução da Comissão Restrita

A CPCJ, na sua modalidade restrita, é obrigatoriamente constituída por um número impar, devido à tomada de decisão das medidas a aplicar serem por deliberação e não por decisão do comissário, a CPCJ de Amarante nesta modalidade está constituída, actualmente, pelos seguintes elementos:

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Relativamente ao Presidente, o cargo tem alternado, começou por ser da responsabilidade da autarquia, passando para a Segurança Social e actualmente encontra-se de novo na responsabilidade da autarquia. Conforme refere a actual Presidente da Comissão «uma do Município, duas da Segurança Social, eu que sou do

Município. (…) Eu sou a quarta».(entrevistada n.º 2, Presidente da CPCJ)

A Comissão de protecção optou pela existência da figura de um gestor de caso, que se encontra responsável por efectuar as diligências necessárias junto dos agregados familiares e respectivo acompanhamento, trazendo para discussão da Comissão, as medidas de promoção e protecção que propõe aplicar junto das crianças e jovens em risco e ou em situação de perigo. Estas medidas são aplicadas por deliberação e não por decisão individual de cada comissário.

Ficou ainda estabelecido que a CPCJ na sua modalidade restrita começaria por reunir semanalmente, mas com o decorrer do tempo poderia passar a ser quinzenalmente para não sobrecarregar os técnicos. Deliberou, ainda, a readaptação do funcionamento da Comissão às necessidades sentidas pelos comissários, de forma a não prejudicar o seu trabalho e as instituições por eles representadas. Esta readaptação verificou-se posteriormente, tendo a Comissão começado a reunir quinzenalmente, só o fazendo semanalmente quando as situações exigiam uma deliberação/discussão urgente.

De referir ainda que a direcção das instituições que integram a Comissão Restrita, disponibilizaram os técnicos uma manhã ou uma tarde para a Comissão. Contudo na realidade acabam por disponibilizar mais tempo em virtude dessa manhã ou tarde se

Instituição Área Académica

Câmara Municipal de Amarante Administração Autárquica Segurança Social – Serviço Local de

Amarante

Assistente Social

CAE - Tâmega; Professora

Cercimarante (Secretário); Psicólogo

ADESCO Socióloga

Patronato da Sagrada família de Telões Assistente Social Um Representante da Assembleia

Municipal (área de Saúde);

Médica de Família Técnica Cooptada do Município

(Presidente);

Assistente Social Técnica Cooptada do Município Socióloga

Técnica cooptada do Infantário Creche “O Miúdo”

Psicóloga Técnica cooptada de Direito –

Representante da Assembleia Municipal

restringir à reunião desta modalidade, não lhes possibilitando o acompanhamento das situações.

Quanto á disponibilidade dos técnicos, a técnica cooptada ao Município é a única comissária a exercer a função a tempo inteiro e os restantes comissários estão a tempo parcial.

A partir de 2006, o Município disponibilizou um administrativo, a tempo inteiro, para a Comissão, o que permitiu uma melhor organização deste organismo e mais tempo para a secretária apoiar os técnicos gestores de caso.

Para além disso, a CPCJ de Amarante tem uma representante da Educação que articula com todos os estabelecimentos de ensino/agrupamentos, existentes no Concelho, e que realiza a triagem das denúncias com as diferentes medidas de promoção e protecção existentes no Concelho, por forma a poder ser aplicado o princípio da subsidiariedade, isto é, que as entidades de primeira instância, com responsabilidade na área da Infância e juventude, intervenham e esgotem toda a intervenção antes dos processos darem entrada na Comissão. Somente depois desta triagem é que as denúncias são trazidas para a reunião da Comissão restrita e se instaura o processo de promoção e protecção.

A representante da educação procura promover as diligências necessárias para a resolução dos problemas dentro da própria escola e/ou junto das entidades com intervenção na área da infância e juventude, conforme refere a representante do CAE Tâmega «a Comissão de Protecção de Amarante tem uma forma diferente… aliás, todas têm,

de acordo com as necessidades do concelho têm uma forma diferente de trabalhar e… inicialmente decidimos que eu não geria processos mas que daria apoio a todos os técnicos, em todos os processos e é exactamente isso que eu faço vou às escolas, quer solicitada quer não, faço levantamentos de alunos em situação de risco, quer sejam da comissão quer não, tento ver quais são as necessidades, quais são os tipos de apoio que precisam e oriento, se necessário, para a comissão senão resolvo eu, juntamente com as direcções das escolas e com os Directores de turma. Quando a situação é grave e já pertence a um técnico da comissão, imediatamente comunico ao técnico. Quando a situação é grave e não está na comissão, preenchem, mediante sinalização, comigo e depois enviam e é apresentado na reunião da Comissão Restrita». (entrevistada n.º 8 – Representante do CAE Tâmega - comissária na modalidade restrita)

No que concerne à educação, desde o estabelecimento do protocolo entre o Ministério da Educação e a Comissão Nacional de Crianças e Jovens em perigo, que se tem verificado uma melhoria na articulação com as escolas, o que permite a elaboração de

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projectos de vida mais próximo e adequado á realidade vivida pelas crianças e jovens que se encontram em acompanhamento na Comissão.

A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Amarante, na sua modalidade Restrita, sofreu alterações na sua composição, desde a sua constituição em 2004.

Houve, ao longo destes 5 anos, flutuação constante do corpo técnico que compõe esta equipa, permanecendo apenas desde o início da sua implementação, os parceiros obrigatórios (Câmara Municipal de Amarante e Segurança Social), a Cercimarante e a representante da Assembleia Municipal (Médica de Família).

No âmbito deste estudo, apreendemos a este nível os constrangimentos que esta comissão se debate na permanência dos técnicos, constituindo um grave entrave no trabalho com as famílias, pela interrupção constante do trabalho já iniciado pelos técnicos, pela rotatividade constante dos técnicos a trabalhar um mesmo processo, e pelo pouco tempo disponível para dedicar à comissão. «Ao longo do tempo, desde o inicio,

sentimos alguma dificuldade, na… permanência dos técnicos… porque o trabalho dos técnicos nas próprias instituições, por isso ao princípio sentimos alguma dificuldade, na permanência dos técnicos na comissão, mais porque as instituições não estavam tão sensibilizada para a questão… até porque era um organismo novo, não era muito conhecido ainda na zona. Portanto em termos institucionais era, e continua a ser, porque compreendo que seja complicado para as instituições disponibilizarem os técnicos que têm as suas próprias funções dentro da instituição e têm de disponibilizar um dia ou meio-dia para a comissão, oficialmente é uma tarde ou uma manhã, um dia que disponibilizarem. Mas na prática acaba por ser mais complicado o trabalho e a permanência dos técnicos durante muito tempo».(entrevistada n.º 2, Presidente da CPCJ)

Para além disso, parece constituir um entrave a um trabalho mais consistente e consolidado, a inexistência de um profissional na área do Direito, pois apesar de várias estratégias desenvolvidas, nomeadamente através da cooptação de profissionais nesta área, a ausência de orientação sistemática nesta área parece permanecer.

«Também temos uma técnica cooptada no âmbito do direito, que é representante da Assembleia Municipal que, devido á indisponibilidade técnica, não tem comparecido, já que ela é advogada, exerce as duas funções de advogada, portanto não tem tido tempo para comparecer, mas às vezes, foi solicitada junto ao telefone e lá assina alguma colaboração em algumas questões acho que diz respeito ao direito». (entrevistada n.º 2, Presidente da CPCJ)

Apesar dos constrangimentos, parece ser sentida a evolução de forma positiva da Comissão Restrita, principalmente pelos técnicos que puderam vivenciar a experiência de permanecer vários anos na Comissão, assistindo às transformações pelas quais tem

vindo a passar. É apontado como factor potenciador do trabalho da Comissão, na sua modalidade restrita, a qualidade profissional dos técnicos, a multidisciplinaridade da equipa, bem como o bom inter-relacionamento e cooperação entre os técnicos, conforme referenciou a ex-Presidente e comissária, cooptada à Segurança social «(…)os

técnicos, também sinto que houve uma evolução ao nível, digamos, de profissionalismo, porque acho que os técnicos foram evoluindo, fizeram uma aprendizagem, (…)quando saí da comissão, já havia uma equipa formada e quando saí senti que esta equipa era muito cooperativa, muito solidária, e isso acho que ajudava muito na resolução dos casos, e havia um apoio grande entre todos os técnicos. (entrevistada n.º 7 – ex Presidente e comissária na modalidade restrita – Segurança Social)