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II – PARCERIAS E ARTICULAÇÃO INTER-INSTITUCIONAL 2.1 Articulação entre a Comissão Restrita e Alargada

2.1.2. Percepção da Comissão Alargada

Por sua vez, os representantes entrevistados da Comissão Alargada, no que diz respeito à articulação entre as duas modalidades da Comissão de Protecção, apresentam opiniões divergentes, de acordo com a maior ou menor proximidade e conhecimento do trabalho da Comissão Restrita.

De acordo com uma das Representantes da Assembleia na Comissão Alargada, a articulação entre a Comissão Alargada e Restrita não tem sido efectuada devidamente. À Comissão Alargada tem sido atribuído o papel de mero «espectador», das acções desenvolvidas pela Comissão Restrita. Efectua essencialmente um papel de acompanhamento nos plenários. Não obstante, segundo esta entrevistada, é à Comissão Restrita que cabe a função de solicitar participação dos membros da Comissão Alargada, conforme refere «Para já refiro o nível de participação… que considero que é

muito importante. Que devíamos ser mais solicitados a participar. Devíamos acompanhar o desenvolvimento do trabalho da Comissão restrita, ter uma percepção real do acompanhamento do processo, das características do processo, conhecer a realidade integral da comunidade» (Entrevistada n.º 12, Representante da Assembleia Municipal na Comissão Alargada)

Esta opinião parece ser partilhada pela Representante da Saúde na Comissão Alargada, ao referir que a participação do Centro de Saúde «não é requerida com muita frequência»

(Representante da Saúde na Comissão Alargada), apesar de, a instituição demonstrar sempre disponibilidade para colaborar. Do seu ponto de vista, a Comissão Restrita centraliza a maior parte das funções, há um formalismo excessivo, quase burocrático, que dificulta esta articulação «alargada não é muito participativa mas também porque se

calhar em termos de percurso, as coisas foram-se centralizando na restrita (…) está um bocado centralizado e que de alguma forma é tudo muito formal, tudo muito… é um bocadinho

burocrático e acaba por, por impedir que… as coisas fluam de outra maneira e possam desenvolver-se de uma outra forma e se calhar com uma maior rentabilidade». (Representante da Saúde na Comissão Alargada),

Sublinha que a Comissão Restrita deve potenciar e organizar a disponibilidade da Alargada, uma vez que existe motivação para trabalhar, apesar de não deixar de referir a dificuldade e limitações face ao tempo disponível.

Na sua opinião, a questão da dinâmica estabelecida entre as duas modalidades, deve atender à própria capacidade de liderança assumida pelo/a próprio/a Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens.

No que concerne à questão da cedência de técnicos por parte da Alargada para exercerem funções na Restrita, é salientada essa dificuldade pela Representante da IPSS, Infantário Creche “O Miúdo”, reconhecendo que a maior parte dos técnicos da Comissão restrita, trabalham em regime de voluntariado, muitas vezes, fora do horário de trabalho da instituição, «para as IPSS, nós sentimos bastante dificuldade e acho que isso é

a nível geral das IPSS, disponibilizarem um técnico para o trabalho na comissão, as exigências são cada vez maiores e nós não conseguimos dar resposta por vezes ao nosso trabalho interno, quanto mais ao trabalho, que depois é um trabalho voluntário, (…) acho que é o trabalho pessoal de um técnico que se está a disponibilizar, por vezes, fora das horas de trabalho porque a própria instituição também não tem essa possibilidade, de disponibilizar durante muito tempo o técnico, acho que as próprias instituições têm bastantes limitações e dificuldades em disponibilizar para o trabalho numa Comissão Restrita que sabemos que, que efectivamente é um trabalho que exige muito dos técnicos».(Representante da IPSS., Infantário Creche o Miúdo, na Comissão Alargada)

Consideram, ainda, que a Comissão Restrita deveria ser constituída por técnicos a tempo inteiro.

Do ponto de vista do Representante da Guarda Nacional Republicana, do Núcleo de Amarante na Comissão Alargada, o que está em causa não é o modelo de organização da Comissão, mas a disponibilidade e qualidade dos técnicos, conforme frisa «o que

conta é a disponibilidade e a qualidade dos técnicos e precisam dos técnicos e os técnicos estão ali. É isso que é importante, é isso que interessa, é isso que é importante, que é quando são precisos, que os técnicos estejam lá» (Representante da GNR, Núcleo de Amarante, na Comissão Alargada)

Esta questão parece remeter uma vez mais para a excessiva responsabilidade exigida aos técnicos da Comissão Restrita, e na opinião do anterior Interlocutor do Ministério Público, os técnicos trabalham «sem rede», e o teoricamente «ideal e o que está na lei e o

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que toda a gente sabe, que devia ser a alargada a funcionar em rede com os outros parceiros sociais, a chamada Rede Social, no sentido de encontrar soluções, encontrar parceiros, fazer determinado tipo de apreciações necessárias para que a Comissão Restrita lhe pudesse apresentar problemas e encontrar as soluções adequadas aos problemas(…)» , não obstante, na prática não se viabiliza por insegurança institucional, no que concerne à salvaguarda das decisões tomadas pelos técnicos no âmbito da sua intervenção na comissão.

Considera, ainda, que a maior parte das instituições desconhece o trabalho, as dificuldades e necessidades sentidas pelos técnicos da Comissão Restrita, havendo um distanciamento e insensibilidade face à própria comissão, uma vez que, quem se faz representar na Comissão Alargada, são os «assalariados» e não os «corpos dirigentes ou

membros da Direcção»

Por forma a obstar qualquer caciquismo defende que as Comissões de Protecção deveriam «(…) desligar-se do poder autárquico, desligar-se das instituições, do fornecimento

dos técnicos voluntários (…)devia ser criada outra forma de encontrar os técnicos para a a intervenção e com certeza que ligados a uma estrutura independente, numa estrutura nacional enfim, independente, que respondessem perante essa comissão, perante o Ministério Público eventualmente, nos tais âmbitos da fiscalização (…)» (entrevistado n.º 13, ex-interlocutor do Ministério Público na Comissão Alargada).

Para além disso, atendendo às limitações do actual modelo de organização das CPCJ, foram sugeridas propostas, para o estabelecimento da unidade entre as duas modalidades, semelhantes às apresentadas pela Comissão Restrita, que passam pelo (re)estabelecimento dos grupos de trabalhos, pela efectivação do previsto na Lei, ao nível da sensibilização da comunidade sobre as mais diversas temáticas e o equacionamento de novas respostas face às necessidades sentidas pela Comissão Restrita.

2.2.

Articulação

da

CPCJ

com

a

Saúde: