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CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. ENQUADRAMENTO DA COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS NO CONCELHO DE AMARANTE

(Rede Social de Amarante, Pré-diagnóstico Social, 2003)

O Concelho de Amarante situa-se na Região Norte de Portugal, pertence ao Distrito do Porto e encontra-se integrado na Região do Tâmega.

É o Concelho com maior área geográfica do Distrito e o mais populoso da região do Baixo Tâmega, sendo também o que possui maior número de freguesias (40), que se distribuem numa área de 301,5 Km², pela margem direita e esquerda do rio Tâmega. É uma região marcada por uma forte dualidade, uma vez que sofre a influência ao nível do comportamento do Grande Porto e da Região Litoral Norte, tornando-se por isso atractiva, particularmente para as freguesias da margem direita do Rio Tâmega, não obstante por se situar próxima do Marão, torna-se repulsiva pelo isolamento sócio- geográfico de algumas freguesias da margem esquerda do rio.

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As freguesias mais próximas da Serra da Aboboreira e do Marão evidenciam um forte distanciamento ao centro urbano, com a consequente dificuldade no acesso aos equipamentos básicos, nomeadamente, de saúde, educação, emprego e cultura (Rede Social de Amarante, Pré-Diagnóstico, 2003).

Parece evidente uma “divisão territorial” marcada pelo dinamismo económico e demográfico das zonas urbanas, onde se destacam os núcleos urbanos de Amarante e Vila Meã (tendencialmente associadas às freguesias da margem esquerda do rio Tâmega) e o despovoamento e inércia do interior rural (tendencialmente associadas à margem direita do rio Tâmega).

Ao nível demográfico, os dados revelam que a população tem vindo tendencialmente a aumentar (56,092 em 1991, 59,638 em 2001 e 61,471 em 2006, de acordo com os dados do Instituto Nacional de estatística - INE).

A taxa de variação da população residente entre 1991 e 2001 era de 6,3%, tendo diminuído para 3,1% entre 2001 e 2006. Não obstante, em ambos os períodos evidenciados, apresenta uma dinâmica de variação populacional superior à Região Norte, com 6,2% e 1,5% e do país, com 5,0% e 2,3%.

No que concerne às configurações etárias, é um território que tem sido palco de alterações na sua pirâmide etária, onde se evidencia o envelhecimento da população, principalmente nas freguesias das zonas rurais, tendo, em 10 anos, a população com mais de 65 anos aumentado cerca de 28% ((Quaternaire Portugal, 2008).

Verifica-se que o peso percentual das faixas etárias do topo da pirâmide começam a ser superiores às situadas na sua base (0-14, 17,5%; 15-24, 14, 5%; 25-64 54,4% e com igual o mais de 65 anos, 13,5%).

No que concerne às famílias, o concelho desenha a tendência actual das famílias modernas relativamente ao aumento do número de famílias monoparentais, tendencialmente femininas e o aumento do número de idosos a viver sós, ambos tendencialmente femininos, não obstante são ainda visíveis as famílias numerosas (Rede Social de Amarante, Pré-diagnóstico Social, 2003).

Por sua vez, no que diz respeito aos rendimentos e prestações dos serviços de acção social verificamos que são inferiores aos valores médios nacionais, o que se repercute no poder de compra per capita (0,35 para Amarante, 30,2 para a Região Norte e 100 ao nível nacional –-dados de 2005 – (Quaternaire Portugal, 2008). Estes valores fazem percepcionar o aumento dos riscos de exclusão social, com a consequente ameaça da coesão social). É também dado relevante o facto de, no concelho de Amarante, o

número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção ser superior à região Norte e ao País, 6,3%, 4,3% e 3,2%, respectivamente (dados de 2006 – Qauernaire Portugal, 2008), acresce-se ainda, que os beneficiários desta medida com menos de 24 anos apresentam valores bastantes significativos, 7,4% para o concelho e 6,7% para a região Norte (dados de 2007 – Quaternaire Portugal, 2008).

Verificámos, ainda, que 24% de jovens (com 25 ou mais anos) são economicamente dependentes do Estado e 23% da família.

Estes dados evidenciam objectivamente que encontramos no concelho uma, cada vez mais, “sociedade jovem assistida”, desempregada, pouco qualificada, com dificuldade de delineação de um percurso de vida autónomo e com o consequente risco de desintegração.

Por outro lado, segundo o estudo da Quaterinaire Portugal, editado pela Rede Europeia Anti-Pobreza, (2008) parece evidente no concelho, como em quase todo a região do Tâmega, a existência de uma economia subterrânea que tem provocado um desenvolvimento desarticulado, senão mesmo, desfasado da realidade.

A acrescentar que o desemprego agravou-se, no período de 2004 a 2008, principalmente o desemprego feminino e o de Longa Duração, sendo que as mulheres representam cerca de 70% dos desempregados inscritos.

Outro dado relevante é a existência de 4 bairros de habitação social no concelho de Amarante, que concentram as famílias mais problemáticas (beneficiários do RSI, com casos de alcoolismo e violência doméstica), reproduzindo intergeracionalmente a pobreza e exclusão.

No que concerne à educação, Amarante ainda tem um longo caminho a percorrer, os percursos escolares continuam a evidenciar níveis de insucesso com a consequente desmotivação e risco de desistência escolar.

De facto, a taxa de abandono escolar é de 4,9% e a média do país é de 2,7%, a saída antecipada da escola é de 44,7% e a média do país é de 24,6%.

Estes dados revelam que o Concelho tem sido pressionado para a efectivação da frequência da escolaridade obrigatória, no entanto, as situações de abandono ainda são relevantes e aumentam à medida que se sobe no nível de ensino.

Para além disso, o concelho de Amarante tem a particularidade de apresentar um conjunto de jovens oriundos de famílias rurais com baixos rendimentos, com percursos marcados pelo insucesso e abandono escolar, com a consequente entrada precoce no mercado de trabalho, sendo facilmente influenciados para a entrada em mecanismos de

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economia ilícita, que lhe permitem o acesso à aquisição de bens de prestígio e o proporcionar de uma auto estima que a escola não foi capaz

Em suma, podemos sublinhar que “o concelho é marcado por uma certa desintegração e desenraizamento juvenil e presença de manifestações urbanas muito forçadas” (Quaternaire Portugal, 2008).

No que concerne aos consumos, verificamos que o alcoolismo é um fenómeno relativamente generalizado uma vez que é aceite socialmente e com forte valorização social e cultural. Com especial incidência nasfreguesias mais isoladas do Marão 8Margem esquerda do rio Tâmega).

Quando associado a famílias mais desfavorecidos é despoletador de forma visível de problemas económico-financeiros, violência doméstica, negligência parental, com as consequentes repercussões no sucesso escolar dos filhos.

Segundo o estudo do ISCTE (Guerra, 2009), é visível que o consumo de álcool ao longo da vida na população escolar do 3.º ciclo (Tâmega 60,3%; Norte 56,6% e Portugal 59,7%) e secundário (Tâmega 87,1%; Norte 84% e Portugal 85%) na região do Tâmega, onde se insere concelho de Amarante, é superior às médias do Norte e Nacional

Ao nível do consumo de drogas ou substâncias psicoactivas, dados fornecidos pela Guarda Nacional Republicana (GNR) sublinham o facto do concelho ser um pólo de passagem e estadia de dependentes de outros concelhos (nomeadamente, as freguesias de S. Gonçalo, Cepelos, Madalena e Vila Meã).

Para além disso, sublinham, a passagem de droga dentro das escolas por parte de redes locais de tráfico de droga e o aumento do número de jovens com modelos de comportamento desviantes e que aderem ao consumo destas substâncias.

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