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4 O ARQUIVO HIPERTEXTUAL DA OBRA DE JUREMA PENNA

4.1 A CONSTRUÇÃO DO ARQUIVO HIPERTEXTUAL

A diversidade de documentos, modificações textuais, intervenções de sujeitos no processo de escrita, dentre outros aspectos, levou-nos a optar pelo meio digital como suporte para o desenvolvimento e a apresentação da edição dos textos teatrais de Jurema Penna. Nessa seção, discutiremos aspectos relativos à elaboração do arquivo hipertextual, no que tange aos procedimentos e programas empregados, e apresentaremos os critérios utilizados para a edição. Por fim, analisaremos a situação textual presente no conjunto documental de Iemanjá – rainha de Aiocá e O bonequeiro Vitalino ou Nada é impossível aos olhos de Deus e das crianças, seguidos dos respectivos textos críticos.

4.1 A CONSTRUÇÃO DO ARQUIVO HIPERTEXTUAL

O meio digital, como suporte para a elaboração de edições, tem mostrado as vastas potencialidades de se fazer a integração de um grande volume de informações e de materiais digitais, engendrando novas formas para a sua organização e apresentação. Propor a elaboração de uma edição em suporte virtual vai além transpor conteúdos concebidos conforme a lógica do impresso para o novo suporte, mas implica apropriações efetivas deste suporte. Ainda que imersos em uma cultura na qual os textos impressos constituem a forma privilegiada dos projetos editoriais, é fundamental propor inovações para essas práticas. Em decorrência do volume de informações e documentos levantados, a interconexão de dados traz a potencialidade de se estabelecer centros provisórios para as edições, de fornecer ao leitor numerosos percursos de leitura, congregando materiais de diferentes naturezas. Para tornar viável o intento editorial de oferecer este texto múltiplo, verificamos a necessidade de trazer, não somente uma edição crítica para a dramaturgia de Jurema Penna, mas congregar outros tipos de edição, constituindo o que se denomina de arquivos hipertextuais ou digitais.

Urbina define o trabalho elaborado com os diversos testemunhos do Dom Quixote como arquivo, pois “se trata de una biblioteca o colección de facsímiles digitales y de textos eletrónicos cotejados y anotados, almacenados y organizados en bases de datos relacionales, y

accesibles a través de interfaces de edición y de composición47” (URBINA et.al., 2005, p. 227). Tendo em vista o grande volume de informações relativas a essa proposta editorial, interessa reunir e organizar os dados digitais em uma base inter-relacionada, composta por fac-símiles e por textos eletrônicos cotejados.

Por sua vez, Manuel Portela (2013), ao assumir a noção de arquivo digital para o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, elucida que este arquivo deverá ir além do simples repositório digital dos documentos, propondo-se à

[...] criação de um espaço eletrônico que tire pleno partido das seguintes propriedades: a reconfiguração contínua dos artefactos digitais ao nível do código, a capacidade de marcar eletronicamente essas configurações, a agregação de documentos e dados em ambientes integrados, e a criação de espaços de interação colaborativa e intersubjetiva (PORTELA, 2013, p. 1-2).

Portela salienta, como elemento basilar para um arquivo digital, a possibilidade de diferentes sujeitos, tais como autor, editor e leitor, interagirem por meio da construção de espaços virtuais integrados e abertos, que potencializam a agregação de novas fontes, novos dados, bem como a reelaboração desse código-fonte, evitando sua desatualização.

Os projetos editoriais em meio digital têm se tornado mais arrojados, tanto no que tange às ferramentas informáticas utilizadas, quanto em relação ao propósito da edição, que não mais está restrito a fixar um texto. Vemos, então, nas propostas de arquivos hipertextuais/digitais, o intento de conciliar os diferentes tipos de edição, atualizando-as, em função de entender a produção e circulação da obra em questão, e integrando-as, por meio de uma base de dados que seja ao mesmo tempo segura e relacional.

Nesse sentido, propomos o arquivo hipertextual de Jurema Penna. Partindo-se das relações que o hipertexto permite estabelecer entre os diferentes documentos e edições. Utilizamos materiais de natureza diversa que se articulam no propósito de fornecer ao leitor diferentes percursos de leitura para o objeto de pesquisa em questão. Em se tratando de texto de teatro, caracterizado por sua multiplicidade e mutabilidade, o arquivo hipertextual torna-se um formato desejável, pois possibilita mostrar tal diversidade em um suporte mais fluído e relacional que o suporte papel.

Nosso arquivo hipertextual foi desenvolvido com os softwares Adobe Fireworks CS5, para a elaboração da interface gráfica, e Adobe Dreamweaver CS5, para construção da

47 “trata-se de uma biblioteca ou coleção de fac-símiles digitais e de textos eletrônicos cotejados e anotados,

armazenados e organizados em bases de dados relacionais e acessíveis através de interfaces de edição e de composição” (URBINA et.al., 2005, p. 227, tradução nossa).

arquitetura digital e os hiperlinks, utilizando-se da linguagem HTML. Na tensão entre a inovação do suporte virtual e a permanência das formas impressas, buscamos encontrar, no meio digital, estruturas adequadas para evidenciar as situações textuais presentes no conjunto documental selecionado. Por meio dos referidos programas, exploramos o suporte digital, ainda que submetidos às limitações tecnológicas que nos foram impostas.

Propomos, para este arquivo hipertextual, a seguinte composição:

i. Edição fac-similar: reprodução digital dos documentos, acompanhados de sua descrição física;

ii. Edição sinóptica: onde apresentamos o confronto entre duas versões do texto, utilizando-se o software Juxta Commons;

iii. Edição crítica: momento em que trazemos o texto crítico acompanhado do aparato de notas de natureza diversa;

iv. Documentos da recepção: em que se organiza e se apresenta a documentação que atesta a recepção dos textos, relacionando-a com as demais partes do arquivo hipertextual.

Passamos a detalhar cada uma das partes do arquivo hipertextual, indicando a metodologia utilizada para construí-las.

Optamos por apresentar os fac-símiles acompanhados de sua descrição. Esta escolha pautou-se no intento de encontrar um espaço que tornasse a descrição física dos testemunhos mais funcional e mais integrada à proposta editorial, tornando-se, efetivamente, um elemento que concorre para a crítica filológica que se pretende desenvolver. Tal procedimento mostrou- se produtivo por evidenciar certas marcas materiais que serão fundamentais para entender a produção, recepção e circulação desses textos, abrangendo desde os erros de datilografia, que dão a entender a produção, até a representação do modelo de língua escrita que os sujeitos da cena teatral possuíam no período, perpassando pelos diferentes usos e sentidos que o script, como suporte físico, recebia nesse momento.

Muitas vezes, a presença do fac-símile promove a ilusão de estarmos diante do texto em sua integralidade, em sua forma mais “fidedigna”. Esse raciocínio desconsidera que, mesmo quando se reproduz a imagem, faz-se necessário a existência de uma mediação editorial que permita compreender com mais precisão as marcas presentes no suporte. Dada essa limitação da edição fac-similar, surgiram as edições face a face, que trazem o fac-símile acompanhado da transcrição diplomática. Ao se fornecer a transcrição do manuscrito, seja ele medieval ou contemporâneo, o editor suplanta a dificuldade daqueles leitores que encontram neste alguma dificuldade de leitura. Além disso, a edição face a face enseja, ao leitor especialista, confrontar

a lição do manuscrito com a transcrição feita pelo editor, favorecendo, ainda, a visualização de outros aspectos não contemplados no processo de edição, e confirmando o processo editorial como aberto e passível de revisões.

Silva (2003), ao propor uma edição crítica e genética para o conto Linha reta e linha curva, de Machado de Assis, apresenta os fac-símiles acompanhados de sua transcrição diplomática. Como lhe interessa a gênese da obra, a pesquisadora registra, ao lado do fac-símile, as ocorrências de diversos tipos de rasura, comentando-as. Este recurso auxilia o leitor na deciframento das rasuras, pondo-as em relação com o processo de construção do texto. É nesse sentido que justapor a descrição física do testemunho e o fac-símile implica uma atividade crítica, a qual possibilita evidenciar os aspectos daquela materialidade que interessam ao editor na análise de seu objeto de estudo.

Diferentes dos textos medievais ou modernos, em que a mise en page possui inúmeros elementos estranhos aos leitores contemporâneos, os textos teatrais censurados não trazem essa dificuldade, pois possuem um suporte material, o datiloscrito, ainda próximo dos leitores. Por conta dessa proximidade, muitas das marcas deixadas em seu processo de circulação podem passar despercebidas pelos leitores comuns. Faz-se, então, necessário que o editor oriente o leitor no reconhecimento dos sinais ali existentes. A presença da imagem não dispensa a intervenção editorial, pelo contrário, para que suas marcas sejam plenamente interpretadas, os esclarecimentos editoriais são fundamentais. No caso dos textos teatrais censurados, não realizamos a transcrição diplomática ao lado da imagem, pois o datiloscrito encontra-se legível e em um bom estado de conservação.

Para proceder à construção do arquivo hipertextual, fizemos a transcrição diplomática de todos os testemunhos. Para tanto, utilizamos o software gratuito Free Online OCR, (2014), uma ferramenta informática capaz de reconhecer e transformar uma imagem (extensão JPG, JPEG, BMP, TIFF, GIF), em um texto editável. O programa funciona exclusivamente on line e sua versão gratuita aceita a conversão de 15 arquivos por hora. O usuário deve fazer o upload da imagem e selecionar a língua e o formato de saída, que pode ser DOC, TXT, XLS. No caso dos textos teatrais censurados, o output em formato TXT se mostrou mais vantajoso, pois fornecia um arquivo sem formatações. Por estarem em bom estado de conservação, o reconhecimento ótico de caracteres revelou-se eficaz, com índice de correção superior a 80%. Na figura 10, comparamos um fac-símile e o seu output do OCR, com destaque para os problemas de identificação dos caracteres.

Figura 10 – Comparação entre o fac-símile e a transcrição obtida com o uso do OCR

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Maria - Deus te abençOe! Gaspar - 6i, seu Jose, tudo bem?

Jose - Vivendo. Que negOcio é esse dÉ tostão menino? Isso e do tempo que se amarrava cachorro com linguiça. Muda essa cantiga.

Gaspar - Mas minha mãe me ensinou assim, que minha 5v6 ensinou a ela. Jose - Mas do tempo da sua av6 prá cá, muita coisa mudou. Muita coi- sa aconteceu neste mundão de meuDeus.

Maria' - 56 que o dinheiro mudou cl,e' vou te contar. Olhe, meu bisavô foi do tempo da pataca.

Jose - Depois teve .o real, mais de um real se dizia reis.

Maria_ - Quando se queria dizer que uma coisa não valia nada, meu avó' falava assim:

"Não vale nem dez reis de mel coado". José - Antes de todos teve cruzado

Maria - Teve "conto de reis". Um cpnto de reis era dinheiro.prártapá casa.

Alguns erros de leitura são decorrentes de manchas no suporte como em “cl,e'”, em vez de “de” (L.8); dificuldade em ler diacríticos, que ora são reconhecidos como um número, como “5v6”, em lugar de “avó” (L.5), ora como uma letra maiúscula, como em “negOcio”, em vez de “negócio” (L.3). Apesar disso, o uso de OCR para a transcrição mostra-se importante, uma vez que torna tal processo muito mais célere. Os erros de reconhecimento de caracteres são muito característicos, o que favorece a sua fácil identificação e correção. Alguns desses podem apresentar um padrão, por exemplo o número “6”, em geral, corresponde a “ó”, isso permite utilizar ferramentas de “localizar e substituir”, presentes na maioria dos softwares, para a correção desses erros no momento da revisão da transcrição.

O uso desse recurso evita que erros humanos sejam cometidos pelos editores no momento de transcrição, tais como a supressão de segmentos textuais ou sua repetição, a modificação de termos por sinônimos, ou até mesmo erros de digitação. Com o uso do OCR, o trabalho do editor, nessa etapa será, então, dedicado a revisão, a fim de dirimir os erros de reconhecimento de caracteres, obtendo, assim, uma transcrição que efetivamente traga as lições dos textos.

Tendo preparado as transcrições dos testemunhos que apresentam as diferentes versões do texto, passamos à elaboração do segundo elemento que compõe o arquivo hipertextual: a edição sinóptica. De acordo com Duarte ([1997-], verbete), uma edição sinóptica é aquela que “reproduz, lado a lado, as lições de pelo menos dois diferentes testemunhos, com o objectivo expresso de as comparar”. Borges e Souza (2012, p. 38) esclarecem que

O cotejo entre diferentes versões textuais, em confronto sinóptico, torna essa edição crítica e também histórica; nela, buscando-se demonstrar pontos em que tais versões se aproximam ou se afastam, trazendo notas e comentários que visam esclarecer os textos em seus múltiplos aspectos.

Nesse sentido, uma edição sinóptica traz a comparação entre dois ou mais testemunhos, lado a lado, para que o próprio leitor possa confrontar as versões do texto, percebendo as modificações textuais empreendidas pelo autor, em suas escolhas e rechaços. Este tipo de edição torna-se um instrumento para o filólogo apresentar os caminhos de sua leitura, apontando para o leitor, por meio das notas e dos comentários, sua análise sobre as alterações feitas, que, mais tarde, resultarão nas escolhas para o estabelecimento da edição crítica.

Para desenvolvimento da edição sinóptica, utilizou-se o software livre Juxta Commons48, um programa para a colação de diferentes testemunhos. O Juxta Commons foi idealizado pela Nines (Networked Infrastructure for Nineteenth-Century Electronic Scholarship), uma organização que conta com o apoio da Universidade de Virginia (EUA), cujo principal objetivo é transpor para o meio digital documentos pertencentes ao século XIX. A engenharia de software foi desenvolvida pela Performant Software Solutions e se utiliza das seguintes linguagens de programação: Ruby on Rails, Java, Apache Solr.

O programa destaca-se por possuir uma interface acessível, que confere ao usuário uma navegação intuitiva por seu espaço virtual. Possui, também, modos de visualização que permitem verificar as mudanças nos testemunhos, alternando facilmente o texto escolhido como o de base. O site possui vários tutoriais e manuais para dirimir as dúvidas sobre o seu uso. Passamos a descrever as ferramentas presentes no software, justificando a sua importância para essa proposta de edição. A figura 11 apresenta a interface do programa, em sua versão online.

Figura 11 – Tela inicial do Juxta Commons

Fonte: JUXTA, 2014

Nesta tela, há uma explicação sobre o uso do programa, por meio de um diagrama, onde se inscreve “Explore your workspace”. A tela é dividida horizontalmente em duas partes, na parte superior, está o painel de biblioteca, dividido em três seções: a primeira Sources, traz o

48 O programa encontra-se disponível em: http://juxtacommons.org/ e pode ser utilizado tanto como ferramenta

online, como software instalado no computador. Optamos pelo Juxta Commons em sua versão online, pois esta permite compartilhar os resultados em outros sites. A depender da velocidade de conexão à internet, os modos de visualização podem demorar para carregar.

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botão Add Source (indicado na figura 11, letra a), que faz o upload dos arquivos para o programa. Após o upload, é necessário clicar sobre a seta azul, da primeira coluna (figura 11, letra b), a fim de preparar os testemunhos para a colação. Ao clicar na seta azul, os testemunhos vão sendo listados na segunda coluna, Witnesses (figura 11, letra c). O terceiro passo é criar as configurações de comparação para cada um dos textos analisados; para isso, é preciso clicar em

Create set (figura 11, letra d), nomeá-lo, e, em seguida configurar os critérios de colação que

admitem ignorar pontuação, capitalização e incluir ou não a sensibilidade à hifenização. O último passo é colacionar os documentos, clicando na seta azul, da terceira coluna (figura 11, letra e). O resultado está ilustrado na figura 12. Após a colação, o usuário é levado ao modo de visualização Heat map; note-se que o primeiro ícone da barra de navegação está destacado em amarelo (figura 12, letra a). Nesse modo, o programa apresenta a diferença entre os dois testemunhos, tomando um deles como base. Conforme indicado na figura 12, letra b, esta escolha, no entanto, não é fixa e pode ser facilmente modificada clicando-se no outro testemunho da witness list. A diferença entre o texto de base e o outro testemunho aparece destacada em azul. Ao clicar sobre os destaques, uma janela pop-up aparece indicando a modificação (witness diferences, figura 12, letra c).

Figura 12 – Visualização da colação no modo Heat Map

Fonte: JUXTA, 2014

Ainda na janela pop-up witness differences (figura 12, letra c) note-se que, nesta mesma janela pop-up, o símbolo indica a ausência do trecho destacado no testemunho

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Yemanja_T75. Além desse, há o (delta), que indica o deslocamento de trechos e o refere- se a trechos acrescentados em relação ao testemunho que está sendo visualizado.

O segundo modo de visualização é o side-by-side-view (figura 13, letra a). Nesta, dois testemunhos, por vez, podem ser visualizados lado a lado, as diferenças entre eles são marcadas em azul e a barra de rolagem permite movimentar os dois testemunhos simultaneamente, caso o cadeado esteja habilitado (figura 13, letra b). No ângulo superior direito dos testemunhos há o botão “Change”, que altera qual deles será visualizado em cada um dos quadros. A diferença entre os testemunhos, também, é evidenciada por meio das flechas azuis na coluna central. Ao se passar o mouse sobre um determinado trecho, o azul fica mais opaco, indicando a relação entre as versões. Clicando-se sobre uma palavra de um dos testemunhos, automaticamente ambos se alinham, permitindo a visualização da modificação textual.

Figura 13 – Visualização da colação no modo side-by-side view

Fonte: JUXTA, 2014

Este modo permite efetivar a leitura dos testemunhos em contraste. Os destaques feitos pelo programa orientam o leitor na visualização das diferenças entre as versões, tornando o trânsito entre elas mais fluído e intuitivo. Este tipo de edição desloca a atenção do leitor do texto editado para as suas modificações textuais, ele é convidado a perceber, por si, as substituições, os acréscimos e deslocamentos. Dessa forma, a noção de que uma obra adquire diferentes formas à medida em que circula em uma sociedade, princípio orientador dos trabalhos da Crítica Textual, torna-se, efetivamente, visível pelos modos de visualizações trazidos pelo Juxta Commons.

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Outra ferramenta que permite concretizar a edição sinóptica é a opção User annotations, disponível na margem direita da tela, no modo de visualização heat map (figura 14, letra a). Nesta, o editor poderá registrar os seus comentários acerca das modificações textuais, compartilhando as suas interpretações com o leitor. Ao clicar em users annotations, uma janela pop-up é aberta com os comentários do editor. Um clique sobre a lupa (figura 14, letra b), o programa leva o leitor até a passagem do texto a que o comentário se refere. O acesso a essas anotações também pode ser feito clicando sobre a região do texto destacada em azul. Nesse caso, uma janela pop-up aparece na tela com a diferença entre os testemunhos e a anotação do editor (regional annotation), como expresso na figura 14, letra c.

Figura 14 - Ferramenta User annotations

Fonte: JUXTA, 2014

A diferença entre os testemunhos também pode ser evidenciada por meio do recurso gráfico do histograma (Cf. figura 15), acessado no terceiro botão da barra de navegação. A opção de visualizar o histograma está disponível nos modos de visualização heat map e side- by-side. Trata-se de um diagrama que representa a frequência da ocorrência das modificações em relação ao texto de base escolhido. Assim, quanto mais longa a barra, mais intenso o processo de modificação textual. Ao se comparar o histograma da peça Iemanjá – rainha de Aiocá com o da peça O bonequeiro Vitalino, verifica-se que o processo de modificação textual na primeira peça foi muito mais intenso que na segunda.

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Figura 15 – Visualização de histogramas

Histograma de Iemanjá – rainha de Aiocá Histograma de O bonequeiro Vitalino. Fonte: JUXTA, 2014

O Juxta Commons permite ainda exportar os dados da colação em formato XML, tomando-se como parâmetro o TEI (Text encoding initiative), um padrão para a apresentação de textos em formato digital, amplamente utilizado por universidades e bibliotecas. A adoção desse padrão traz como principal vantagem a integração entre diferentes sistemas de bases de dados digitais, bem como a atualização automática desses dados, em função de avanços na tecnologia empregada. Ao transpor o texto para o padrão TEI, o Juxta Commons insere, automaticamente, uma série de tags que compõem a sintaxe do referido padrão. Estas tags permitem rotular tanto macrounidades, como livros, capítulos etc., quanto microunidades, como parágrafo, sentença, palavra. No caso da comparação entre diferentes testemunhos, o TEI também possibilita o uso de do sistema de marcação para indicar as diferentes versões

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