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O uso de ferramentas informáticas para os estudos filológicos tem sido frequentemente associado ao campo das Humanidades Digitais. Sua delimitação marca o lugar no qual os conhecimentos informáticos tornam-se aliados das investigações na área das Ciências Humanas. No ano de 2010, diversos profissionais da área das humanidades digitais, reunidos em Paris para a THATCamp31, propuseram um manifesto no qual definem o campo, a saber:

[...] 2. For us, the digital humanities concern the totality of the social sciences and humanities. The digital humanities are not tabula rasa. On the contrary, they rely on all the paradigms, savoir-faire and knowledge specific to these disciplines, while mobilizing the tools and unique perspectives enabled by digital technology.

3. The digital humanities designate a “transdiscipline”, embodying all the methods, systems and heuristic perspectives linked to the digital within the fields of humanities and the social sciences32 (MANIFESTO, 2010, p.1)

Torna-se fundamental para os pesquisadores das Humanidades Digitais construir reflexões acerca do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para a produção de conhecimento nessa área. Não se trata de limitar a interdisciplinaridade à produção e à utilização de programas para a pesquisa em Ciências Humanas, mas sim de considerar as implicações do advento das TIC para as questões relativas ao convívio social, patrimônio e herança cultural, produção, divulgação e circulação do conhecimento, dentre outras, uma vez que tais tecnologias constituem meios pelos quais os homens interagem e constroem visões de mundo.

Verificamos, como pilar da proposta, a construção de um saber assinalado por um profundo do diálogo entre tradição e modernidade, a partir da combinação de metodologias consolidadas de uma área, às inovações tecnológicas e renovações teóricas, explorando seus limites e possibilidades. Citamos, como exemplo, o Thesaurus Linguae Graecae (TLG) (2009), que tem como objetivo construir uma biblioteca digital da literatura grega que englobe os textos

31 THATCamp é o acrônimo de The Humanities and Technology Camp, um encontro aberto a pesquisadores da

área de humanidades e tecnologias, em que se trocam experiências e conhecimentos, utilizando a metodologia da “disconferências” (unconference), ou seja, uma conferência informal, espontânea, colaborativa, não hierárquica e interdisciplinar. Mais informações em http://thatcamp.org/about/.

32 “2. Para nós, as Humanidades Digitais referem-se à totalidade das Ciências Sociais e Humanidades. As

Humanidades Digitais não são tabula rasa. Pelo contrário, elas apoiam-se em todos os paradigmas, savoir-faire e conhecimentos específicos dessas disciplinas, mobilizando as ferramentas e perspectivas permitidas pela tecnologia digital. 3. As Humanidades Digitais designam uma “transdisciplinar”, que incorpora todos os métodos, sistemas e perspectivas heurísticas relacionadas ao digital nos domínios das Humanidades e Ciências Sociais”. (MANIFESTO, 2010, p.1, tradução nossa).

de Homero, passando pelas produções literárias do período da queda do Império Bizantino. Para tanto, conjuga-se “the traditional methodologies of philological and literary study with the most advanced features of information technology”33 (THESAURUS, 2009, p.1).

Por sua vez, o projeto Hypercites, desenvolvido na UCLA, congrega geografia, cartografia, georreferenciamento e história para propor um ambiente virtual que permite a superposição de mapas de diferentes épocas. O usuário pode, assim, explorar os espaços geográficos a partir de diversas camadas históricas, dentro de um modelo hipermidiático e interativo. Ao interconectar mapas de diferentes períodos e com diferentes tecnologias cartográficas, esses estudos promovem a integração entre os métodos tradicionais de pesquisa em Humanidades com os modernos métodos de Sistemas de Informação Geográfica.

A Filologia também se insere no campo das Humanidades Digitais. Um exemplo declarado desses estudos é o trabalho desenvolvido pelo grupo de pesquisa Humanidades Digitais, vinculado à USP, no que tange a área de Filologia e Linguística Computacional. Os projetos vinculados a esse grupo resultaram no desenvolvimento de ferramentas informáticas destinadas à construção de edições e ao reconhecimento óptico de caracteres, tomando como objeto textos em português, datados dos séculos XIII ao XVI. Este trabalho resulta distinto do uso que os filólogos, em geral, fazem dos computadores, visto que, em decorrência, de sua formação, estes profissionais não costumam adentrar o universo das Ciências da Computação, o que termina por estabelecer um distanciamento das inovações propostas pela Informática.

Maria Morrás, em seu ensaio de título sugestivo: Informática y crítica textual: realidades y deseos (2003, p.225), problematiza a relação entre os filólogos e o computador, caracterizando duas formas de se fazer filologia: a artesanal e a informática:

la filología «artesanal», en el que los editores realizan su trabajo utilizando el ordenador sólo en los estadios últimos de preparación del texto, a modo de máquina de escribir sofisticada; otro, el de la filología «informática», en el que los teóricos del hipertexto proclaman el final de las ediciones críticas e incluso del libro impreso34.

No que tange à filologia artesanal, a nova máquina substitui a antiga, pois tem a oferecer a vantagem de usar o papel apenas quando desejado, livrando-se dos erros de datilografia, dificuldades na diagramação e editoração da página, resultando em um texto limpo e bem

33 “as metodologias tradicionais dos estudos literários e tecnológicos com os mais avançados recursos da tecnologia

da informação” (THESAURUS, 2009, p.1, tradução nossa).

34 “a filologia ‘artesanal’ na qual os editores realizam seu trabalho, utilizando o computador apenas nos últimos

momentos de preparação do texto, como uma máquina de escrever sofisticada; outro, na filologia ‘informática’, na qual teóricos do hipertexto proclamam o final das edições críticas e inclusive do livro impresso” (MORRÁS, 2003, p.225, Tradução nossa).

organizado. Por estas razões, o editor crítico vislumbrou no computador a evolução de sua máquina de escrever, em detrimento das demais formas de tratar dados. Lucía Megías (2012, p.112) atribui essa opção à semelhança entre a folha e o teclado da máquina de datilografia e seus correspondentes no computador, afirmando que

[c]on las páginas, los archivos, el diseño de las letras, con esta apariencia de seguir haciendo el trabajo que era habitual en el mundo analógico nos sentimos cómodos en el universo digital. Tan cómodos que continuamos llamando con nombre inapropriados a determinadas realidades nuevas que la tecnología digital ha insertado en nuestras vidas35.

A filologia informática se utiliza do computador e de diversas ferramentas digitais em todo o processo de construção da edição, desde o uso de scanners e programas de tratamento de imagem, na etapa da digitalização, incluindo o uso de programas específicos para a análise das modificações ao texto, até a construção de uma interface digital para a apresentação da edição. A Crítica Textual se beneficia dos avanços da informática para tornar o processo editorial mais célere, poupando o editor crítico das etapas mecânicas da edição, podendo concentrar os esforços para os momentos em que sua intervenção interpretativa é necessária. O editor em vez de investir seu tempo somente no estabelecimento do texto crítico, poderá dedicar-se à interpretação do aspecto material do suporte, bem como em seu conteúdo, descortinando-o em seu processo de produção e transmissão.

Para além da oposição entre a filologia informática e a filologia artesanal, buscamos entender a filologia informática em duas formas principais. A primeira diz respeito ao uso das ferramentas digitais para a construção de toda a edição, que demanda o desenvolvimento de programas específicos ou o uso de programas já existentes, customizados para se adequar à realidade de determinado corpus. Em geral, esta categoria é bastante aplicada às obras que possuem uma tradição complexa, composta por muitos testemunhos envolvidos na transmissão. Além disso, está presente nas situações em que a análise linguística desempenha um papel determinante para a construção da edição.

A segunda vertente da filologia informática que identificamos é aquela que vai se ocupar da apresentação do texto em meio digital. Por mais que não sejam utilizados programas para a sua produção e o uso da informática esteja restrito ao momento final do percurso editorial, entendemos que essa vertente se afasta da concepção de filologia artesanal por se propor a

35 “[c]om as páginas, os arquivos, o desenho das letras, com essa aparência de seguir fazendo o trabalho que era

habitual no mundo analógico, nos sentimos cômodos no universo digital. Tão cômodos que continuamos chamando com nome inapropriados determinadas realidades novas que a tecnologia digital inseriu em nossas vidas” (LUCÍA MEGÍAS, 2012, p.112, tradução nossa).

elaborar formas eficientes de apresentar o texto crítico neste suporte. Se, por um lado, o uso de programas de computador é o diferencial para a construção de edições pertinentes à filologia informática; por outro, o desconhecimento das especificidades do meio digital dá origem a edições que se resumem a uma mera transposição de suportes.

Jerome McGann (1995) parte do princípio de que a informática potencializa a circulação da informação, o que gera uma mudança na maneira como se constrói e como circula o conhecimento. Na sociedade contemporânea, os livros já não possuem a hegemonia do processo de circulação, dividindo com os textos digitais o papel na transmissão das informações. À medida que estas produções digitais vão assumindo lugares de destaque no campo dos estudos literários e filológicos, tornam-se ferramentas de análise que permitem inaugurar novas formas de compreender os mesmos objetos de pesquisa. Assim:

[w]hen we use books to study books, or hard copy texts to analyze other hard copy texts, the scale of the tools seriously limits the possible results. In studying the physical world, for example, it makes a great difference if the level of the analysis is experiential (direct) or mathematical (abstract). In a similar way, electronic tools in literary studies don't simply provide a new point of view on the materials, they lift one's general level of attention to a higher order36.(MCGANN, 1995, p.2).

Defende-se, dessa forma, o suporte digital como ferramenta de experimentação, que permite ao pesquisador levar seu objeto a suplantar a forma material do livro e, a partir de então, dotar a sua análise de possibilidades que estariam engessadas pelo formato do impresso.

Ao problematizar as edições em suporte papel, McGann alude para a complexidade presente na concepção das edições críticas, fac-similares e edições anotadas às quais denomina “um conjunto de máquinas engenhosas”, variadas

[b]rilliantly conceived, these works are nonetheless infamously difficult to read and use. Their problems arise because they deploy a book form to study another book form. […] The critical edition's apparatus, for example, exists only because no single book or manageable set of books can incorporate for analysis all of the relevant documents. In standard critical editions, the primary materials come before the reader in abbreviated and coded forms.37 (MCGANN, 1995, p.2).

36 “Quando usamos livros para estudar livros ou textos impressos para analisar outros textos impressos, a escala

das ferramentas limita seriamente os possíveis resultados. Ao estudar o mundo físico, por exemplo, faz uma grande diferença se o nível da análise é experimental (direto) ou matemático (abstrato). De forma semelhante, as ferramentas eletrônicas nos estudos literários não fornecem simplesmente um novo ponto de vista sobre os materiais, elas elevam o nível geral de atenção para uma ordem superior” (MCGANN, 1995, p.2, tradução nossa).

37 “[b]rilhantemente concebidas, essas obras são, todavia, vergonhosamente difíceis de ler e usar. Seus problemas

surgem porque se utilizam de uma forma de livro para estudar outra forma de livro. [...] O aparato da edição crítica, por exemplo, só existe porque nenhum livro ou conjunto gerenciável de livros pode incorporar para a análise de todos os documentos relevantes.Em edições críticas padrão, os materiais pimários aparecem ao leitor em formas abreviadas e codificadas” (MCGANN, 1995, p.2, tradução nossa).

A dificuldade decorrente da leitura das edições não seria originada pelo modo como esta é concebida, mas se estabelece em decorrência da rigidez e linearidade do suporte em que é dada a ler. As características do suporte papel tornam estática a dinamicidade própria das modificações textuais decorrentes da produção e da transmissão dos textos.

Nesse sentido, McGann propõe a utilização do meio virtual para a proposição destas edições, às quais denomina HyperEditing:

The electronic environment of hyperEditing frees one to a considerable extent from these codex-based limits. Indeed, computerization for the first time releases the logical categories of traditional critical editing to function at more optimal levels. But "editing" text through wordprocessors is not, in the view being taken here, "HyperEditing" because wordprocessing engines are structured only for expressive purposes. […] To function in a "hyper" mode, an editing project must use computerization as a means to secure freedom from the analytic limits of hardcopy text.38 (MCGANN, 1995, p.3, tradução nossa).

Assim, vislumbramos no meio digital a possibilidade de emancipar o editor dos condicionamentos impostos pelo livro impresso. No entanto, se esse uso se restringir a softwares como o Word, não teremos a construção de textos para o meio virtual, uma vez que a lógica dos impressos rege a configuração desses programas. É preciso, então, se apropriar dos elementos do meio virtual e sua potencialidade de congregar documentos verbais, visuais, fílmicos etc, por meio das hipermídias. Para a ilustrar a questão, traz, dentre outros exemplos, o caso da edição da obra de William Blake, cuja dependência direta das ilustrações torna impossível uma edição que não considere palavra e imagem em suas inter-relações. McGann, assim, aponta para a necessidade de se construir não uma edição crítica, mas um arquivo crítico, tomando-se como fundamento básico o exercício de inter-relacionar todos esses diversos documentos.

McGann discute também a questão da dependência de um texto como centro do processo editorial, indicando caminhos para a desconstrução dessa ideia. Nesse sentido,

[i]n a hypertext, each document (or part of a document) can therefore be connected to every other document (or document part) in any way one chooses to define a connection. […] From a scholarly editor's point of view, this structure means that every text or even every portion of a text (i.e., every logical unit in the hypertext) has

38 “O ambiente eletrônico de hyperEditing liberta-nos, em grande medida, destes limites baseados no codex. Na

verdade, a informatização, pela primeira vez, libera as categorias lógicas de edição crítica tradicional para funcionar em níveis mais otimizados. Mas a "edição" do texto por meio de processadores de texto não corresponde ao que chamamos aqui "HyperEditing" porque as máquinas de processamento de texto são estruturadas apenas para fins expressivos. [...] Para funcionar em um modo de "hiper", um projeto de edição deve usar a informatização como um meio para garantir a liberdade dos limites analíticos do texto impresso” (MCGANN, 1995, p.3, tradução nossa).

an absolute value within the structure as a whole unless its absolute character is specifically modified. (MCGANN, 1995, p.14).39

A construção de múltiplas relações entre os diversos documentos do arquivo tem como consequência o descentramento de uma versão escolhida como centro do processo editorial, ao mesmo tempo em que o estabelecimento dessas relações potencializa cada testemunho como documento individual, que tanto pode ser lido de forma isolada, quanto no conjunto de outros escritos que lhe fazem referência.

Passamos a explorar as diversas possibilidades engendradas pelos diferentes níveis de contato da interface entre a Crítica Textual e a Informática. Não se trata de uma investigação acerca da linguagem de programação utilizada em cada uma das propostas. Buscamos, antes, analisar como se dá a construção e a apresentação de edições de textos. Interessa-nos também identificar que horizontes editoriais e noções de filologia nortearam a elaboração das edições em questão, mapeando os traços de inovação presentes nelas.

Vale pontuar que, para relacionar a linguagem computacional às demandas filológicas, faz-se necessário dominar uma linguagem de programação. Dada a complexidade presente tanto na área da Filologia, como na Informática, torna-se tarefa difícil para um único profissional dar conta de desenvolver essa articulação. Em geral, para atingir tal fim, os grupos de pesquisa buscam associar profissionais de ambas as áreas para o desenvolvimento de edições eletrônicas, seja por meio de convite a pesquisadores de áreas diferentes, seja estabelecendo convênios interdepartamentais e interinstitucionais.

No caso do desenvolvimento da ferramenta E-Dictor (PAIXÃO DE SOUSA; KEPLER; FARIA, 2009), aplicativo informático que auxilia a edição eletrônica de textos antigos e análise linguística, o grupo de pesquisa contava com uma equipe multidisciplinar que envolvia profissionais da área de Filologia, Linguística e Informática. O propósito do desenvolvimento do E-Dictor foi decorrente de necessidades identificadas durante a construção de edições e estudos linguísticos para o Corpus Anotado do Português Tycho Brahe, bem como na aplicação do referido aplicativo às atividades de edição de textos realizadas pelo PROHPOR-UFBA.

O E-Dictor baseia-se na linguagem XML (eXtensible Markup Language) e traz como vantagem a possibilidade de fazer diversas marcações em uma determinada palavra, sobrepondo-as e gerando diferentes “versões” que podem ser visualizadas alternadamente. Uma

39 “[e]m um hipertexto, cada documento (ou parte de um documento), portanto, pode ser conectado a qualquer

outro documento (ou documento de peça) de qualquer forma o que indivíduo escolhe para definir uma conexão. [...] Do ponto de vista de um editor acadêmico, esta estrutura significa que cada texto ou mesmo cada porção de um texto (ou seja, cada unidade lógica no hipertexto) tem um valor absoluto dentro da estrutura como um todo, a menos que seu caráter absoluto seja especificamente modificado”. (MCGANN, 1995, p.3, tradução nossa).

das desvantagens em se empregar o XML decorre de sua interface gráfica pouco amigável tanto para quem utiliza o software, quanto para quem lê o seu produto. O aporte do E-Dictor surge, também, no sentido de se propor um formato mais amigável, que não exija dos filólogos um profundo conhecimento da referida linguagem de programação, de maneira a torná-lo acessível a um maior número de pesquisadores (cf. figura 6). O uso dessa ferramenta pretende constituir um processo de edição eletrônica que seja mais confiável, pautado em critérios claros de funcionamento. De acordo com Paixão de Sousa, Kepler e Faria,

[a] especificação da estrutura XML para codificação no E-Dictor vai de encontro a dois objetivos principais: (i) ser o mais neutra possível (em relação ao conteúdo textual codificado) e (ii) atender a necessidades linguísticas e filológicas, em outras palavras, é preciso que a preparação de conteúdo para análises lingüísticas seja simples e eficiente, sem que se percam informações relevantes para estudos filológicos (PAIXÃO DE SOUSA; KEPLER; FARIA, 2009, p. 9).

Figura 6 – Interface gráfica do E-Dictor

Fonte: PAIXÃO DE SOUSA; KEPLER; FARIA, 2009, p.8

Conforme descrição de Paixão de Sousa, Kepler e Faria (2009, p.8), o programa dispõe de: a) Menu da aplicação: que dá acesso às funcionalidades do programa; b) Barra de ferramentas: onde estão localizadas as opções de codificação e edição; c) Área do texto, dividida em abas, a saber: Reprodução, Grafia e Morfologia; d) Barra de navegação entre as páginas do documento.

O programa apresenta uma considerável flexibilidade, o que possibilita sua utilização nos mais diversos contextos. No menu "Preferências", o editor poderá customizar sua edição conforme objetivos e interesses. Na aba Edição de Palavras, é possível configurar parâmetros de correção gráfica e grafemática, controlando, inclusive, o nível de intervenção. Na aba Elementos do texto, pode-se especificar os elementos da estrutura, tornando possível manipular de forma mais eficaz o arquivo XML, a partir do XSLT e do HTML, melhorando o aspecto final do seu layout. Na aba Morfologia, o editor pode vincular (ou corrigir) as classes de palavras associadas a um certo item lexical. Em Metadados, configuram-se as informações acerca do texto-fonte e sobre a construção da edição.

O referido software mostra-se muito útil para um corpus que se destine ao estudo da língua e da história, bem como para obras de tradição singular. No entanto, por não possuir uma ferramenta para colação, o E-Dictor torna-se menos favorável ao uso de testemunhos de tradição plural, em que se faz necessário o confronto entre os diferentes testemunhos. No entanto, as diretrizes utilizadas para assinalar as intervenções realizadas pelo editor podem contribuir para o desenvolvimento de um aplicativo apropriado aos textos de tradição plural, de maneira que seja possível comparar os testemunhos e marcar em cada um deles as diferenças encontradas, em vez de se escolher apenas um testemunho.

As obras de Shakespeare também se tornaram objetos de edição em meio eletrônico. A

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