• Nenhum resultado encontrado

Diante da proeminente necessidade de se publicar os textos teatrais baianos, produzidos e encenados durante a ditadura militar, como fontes necessárias tanto para a constituição de uma literatura dramática, como para a história do teatro baiano, deslocaremos o foco da discussão sobre a publicação desses textos das edições comerciais para as edições que tomam por base o referencial teórico-metodológico da Filologia. Esta proposta editorial destaca-se pelo estudo acadêmico-científico desses documentos, tendo em vista os diversos aspectos atinentes à sua publicação, considerando desde o processo de elaboração dos primeiros fragmentos pelo dramaturgo, passando pela conclusão e encenação, bem como sua circulação na sociedade e as diversas formas materiais assumidas, além dos sentidos produzidos pelo público.

Ao tomar textos de teatro como objetos de edição, questionamos os sentidos atribuídos ao trabalho filológico no trato com esses artefatos culturais. Patrice Pavis (2011) denomina como “proposições filológicas” aquelas em que

[…] a representação necessita do texto para existir e para ser interpretado. O texto não é descrito em sua enunciação cênica, ou seja, como prática de cena, mas como referência absoluta e imutável, como pivô de toda encenação. Ao mesmo tempo, o texto é declarado incompleto, já que necessita da representação para tomar seu sentido. Tais proposições filológicas têm todas em comum uma visão normativa da encenação: esta não pode ser arbitrária, ela deve servir o texto e se justificar para uma leitura correta do texto dramático. Pressupõe-se que o texto e a cena estão ligados e que foram concebidos um em função do outro: o texto em vista de uma futura encenação, ou pelo menos de um modo dado de atuação; a cena pensando naquilo que o texto sugere para a sua espacialização (PAVIS, 2011, p.191).

A adjetivação “filológicas” para essas proposições permite a Pavis abarcar na mesma competência uma série de diferentes áreas, incluindo os teóricos da semiologia e do teatro. Fica patente que a noção trazida pelo pesquisador está calcada em uma Filologia de base estruturalista que tomava como pressuposto teórico a imanência do sentido no texto, cujo trabalho do comentário visava encontrar. Esse sentido, por sua vez, era considerado unívoco e correspondia a uma verdade interpretativa garantida pelo autor. Aplicando-se ao teatro, Pavis caracteriza como concepção filológica aquela em que há a soberania do plano verbal no espetáculo, tanto no que concerne a sua anterioridade em relação à cena, quanto como detentor dos significados a serem revelados no palco.

Esta posição, entretanto, não coaduna com as práticas da Filologia na atualidade. Conforme afirmam Borges, Souza, Matos e Almeida (2012, p.11), “[d]o ponto de vista da Filologia, o objeto texto é concebido em sua polimorfia característica, isto é, nas distintas formas assumidas pelo mesmo, que permitem entrever suas muitas histórias [...]”. Nesse sentido, no ponto de vista aqui defendido, interessa ao filólogo não somente o roteiro resultante do processo de encenação teatral, mas todos os registros verbais ou não verbais encontrados que se refiram ao espetáculo. Consideramos como texto, para além do script da peça, os demais documentos resultantes da produção da encenação, além de canções, fotografias, registros verbais e não verbais, entendendo-os como elementos necessários à compreensão dos diferentes aspectos presentes nos fazeres teatrais.

A crítica filológica, dessa forma, não se encontra mais restrita a uma prática interpretativa que visa encontrar o sentido da obra. Ao considerar os diferentes aspectos concernentes ao texto teatral, materializados nos testemunhos e em outros documentos da cena, torna-se ocupação da filologia propor uma leitura, capaz de contextualizá-lo para o leitor que se encontra temporalmente distante do momento de sua produção. Em lugar de apresentar uma leitura pronta e fechada, o filólogo ocupa-se de, por meio do labor editorial, dotar o leitor de elementos e instrumentos para que construa seu próprio sentido, não se tratando, pois de uma reconstrução do passado, mas uma problematização do mesmo, a partir das referências levantadas.

Nessa abordagem, os scripts cumprem o papel de ponto de partida para a busca de diferentes informações que permitam vislumbrar a ação no palco. Em se tratando dos textos teatrais baianos, testemunhas de um fazer dramático permeado pelas questões de seu tempo, interessa-nos perceber as vinculações entre as diversas linguagens presentes no espetáculo, dentro da complexidade em que elas se constroem. Entendemos que o papel da cena é reinventar o texto, desdobrando-o conforme as necessidades da ação, apresentando novas formas de

interpretá-lo, renovadas a cada temporada. Acreditamos, portanto, que o trabalho filológico não busca uma “relação normativa”, conforme afirmou Pavis, entre o palco e o roteiro do espetáculo.

Assumimos, como ponto de partida para a nossa análise, a significativa diferença entre a linguagem do texto escrito e a linguagem da cena. A passagem de uma para a outra implica um trabalho crítico que não pode ser linear ou seguir uma relação de causa e efeito. Torna-se, assim, fato evidente que nesse processo de tradução cênica, o componente verbal do espetáculo deverá ser ressignificado e reconstruído. Nesse sentido, tentar visualizar o espetáculo através do texto ou o texto através do espetáculo resultará sempre em uma perspectiva oblíqua, em que se pode ver apenas parte, uma visão obtusa, limitada e incompleta, mas ainda assim, coerente com a proposta cênica.

O caminho interpretativo adotado na crítica filológica terá como consequência a realização de uma leitura do fragmento, que, por sua vez, resultará igualmente incompleta, mas que se pretende representativa do objeto em estudo. Desconsideramos, portanto uma visão de Filologia que objetive compreender a relação entre texto e performance de forma paralela. A busca por documentos e materiais que atestem a elaboração do espetáculo, uma das etapas do método filológico, não tem como objetivo dar conta de uma totalidade. Acreditamos, antes, que com esse procedimento será possível compor um mosaico de elementos textuais, culturais e sócio-históricos a fim de que os leitores sejam capazes de propor, acerca deles, suas interpretações.

Apesar de suas origens remontarem à Antiguidade Clássica, é possível perceber, ao longo da história da Filologia, uma permeabilidade às teorias vigentes de cada momento histórico. Uma vez que toda ciência se inscreve em um momento histórico, é inevitável que apresente as marcas dele em suas formulações teórico-metodológicas. Incursionar por esses caminhos resulta em um movimento interpretativo que se soma às propostas de empreender uma revisão acerca dos estudos filológicos, discutindo-se as suas vinculações teóricas e ideológicas, bem como a função que tal disciplina desempenhou ao longo de sua história. Ademais, em um momento no qual se busca firmar o campo dos estudos filológicos em sua relevância e especificidade, em diálogo com os avanços dos estudos do texto na contemporaneidade, torna-se preciso estabelecer propostas de edição e estudo coerentes com tais avanços.

A fim de pensar o desenvolvimento dos estudos filológicos, parte-se de Marquilhas (2010b) que situa, no século XVIII, um labor filológico identificado como a “esplêndida ciência”, que, orientando-se pelos postulados da Filosofia, consorciava os estudos linguísticos

e literários no intento de conhecer o espírito das nações, por meio de estudos dos textos legados pelas sociedades:

O historicismo com que abordaram a comparação dos textos antigos e medievais, europeus e indianos, servia-lhes sobretudo para atingirem um fim que era o do conhecimento das origens e da evolução da humanidade (a história do espírito do mundo). As línguas eram concebidas como memórias que se enriqueciam no momento da formação de uma cultura original, mas que perdiam vitalidade depois de atingida a idade de ouro, avançando então para fases de decadência, envelhecimento, esquecimento (MARQUILHAS, 2010b, p. 358).

A língua era, assim, compreendida como um organismo vivo que nascia, se desenvolvia, decaia e morria. O determinismo era patente nestas formulações, uma vez que tais eruditos estabeleciam uma conexão direta entre a língua falada e o seu povo, como se a primeira fosse um reflexo do ânimo do segundo.

Este pensamento só seria revisto com a emergência dos neogramáticos e a clivagem estabelecida entre o fenômeno linguístico e sua dimensão cultural e histórica. Para esses teóricos, interessava estabelecer leis capazes de explanar os fenômenos, que anteriormente eram considerados exceções à regra, por meio de explicações “internas à língua”, além de se constituir uma teoria para a mudança linguística. A partir daí, há um progressivo afastamento entre os Estudos Linguísticos e as Ciências Humanas: de um lado, a Filologia se constitui em uma disciplina histórica e, de outro, a Linguística torna-se uma ciência natural.

No fluxo dessa corrente, segue, em plano secundário, a Crítica Textual, que se ocupa de garantir que uma certa obra esteja o mais próximo possível daquilo que formulou o seu autor. Após a segmentação dos campos dos saberes, no âmbito acadêmico do século XIX, a tarefa de editar textos foi relegada para a Filologia, sob a égide de fornecer materiais fidedignos para os estudos linguísticos, restituindo-os de toda a corrupção e lacuna que os “macularam” durante o processo de circulação.

Nessa busca pelo original, constitui-se o método lachmaniano. Como uma síntese dos saberes e das práticas que remontam à Antiguidade Clássica, diferencia-se desta por propor uma edição com base científica, consoante às propostas que consolidaram o saber acadêmico- científico, durante o século XIX. As etapas editoriais eram devidamente estabelecidas e o filólogo deveria retirar da edição tudo aquilo que dissesse respeito ao seu próprio juízo de valor, subtraindo da prática editorial a subjetividade e construindo uma ideia de editor como sujeito neutro, que deveria ser imperceptível na elaboração da edição.

O método propunha a recolha de todos os testemunhos de uma obra, a chamada tradição direta, bem como todos os que a ela se referissem, a tradição indireta. O objetivo era dar conta

de uma totalidade de documentos que fosse relevante para a reconstituição do original perdido. Para tanto, os documentos eram analisados quanto a sua autenticidade e/ou validade para a tradição. Os testemunhos deveriam ser comparados e, por meio da análise dos erros, estabelecer-se-ia uma filiação entre eles, conforme um modelo semelhante a uma árvore genealógica, denominado stemma codicum. O objetivo final era chegar ao arquétipo, o texto mais próximo ao original perdido.

Trata-se de uma proposta editorial de base positivista, cujo compromisso era com os critérios de estabilidade textual e originalidade. Os elementos textuais que não correspondiam ao original eram considerados desvios, acréscimos, interpolações estabelecidas de maneira a desvirtuá-lo, afastando-o de sua forma ideal. Estes “erros” eram, por fim, expostos à margem do texto crítico, ocupando um lugar secundário em relação ao arquétipo reconstituído. As funções dessa edição seriam estancar as modificações feitas devido a sua circulação, bem como estabelecer um padrão “suficientemente correto” para ocupar o espaço da obra dentro do sistema literário.

Em reação a esta corrente de pensamento, Bédier, filólogo francês dissidente da escola lachmanniana, propõe uma metodologia de edição que tinha como objetivo editar o manuscrito mais representativo de uma dada tradição textual, em vez de optar por um texto compósito, resultado da soma de outros, mas que não corresponde a nenhum dos que de fato existiram. Conforme leitura de Elia (1993), à semelhança de Lachmann, a proposta editorial de Bédier permanece historicista, mas se propõe a uma dimensão culturalista e não naturalista: “[o] método de Bédier abandonava por isso a busca biológica de um antepassado comum para deter- se na fenomenologia do texto” (ELIA, 1993, p.60).

A metodologia desenvolvida por Lachmann e Bédier tomava como objeto os manuscritos produzidos antes da imprensa e dedicava-se principalmente a textos eclesiásticos. É inegável admitir que estes estavam marcados por um sentido de sacralidade, que impunha um distanciamento entre editor e obra, o que resultava numa postura de reverência frente à singularidade do objeto em estudo. Daí tantos esforços para purgar destes os erros, desvios e mutilações adquiridos no processo de circulação, e logo a deferência e o cuidado da parte de quem devia “resgatar” estas obras.

O desenvolvimento dos estudos filológicos no século XX e XXI ganha novas formas provenientes da aplicação do método filológico a objetos de natureza diversa, tais como manuscritos de autor e impressos de diversos gêneros (jornal, contos, folhetins, romances). Essas questões promovem deslocamentos das fronteiras dos estudos filológicos, bem como a

ampliação dos limites, revisão de conceitos e novas modalidades da Crítica Textual, das quais se destacam a Bibliografia Textual, a Crítica Genética e a Sociologia dos Textos.

A Bibliografia Textual, vertente associada aos estudos anglo-saxões, dedica-se ao trabalho com os impressos. Trata-se de entender o contexto de produção e caracterizar as especificidades desse objeto, partindo-se do pressuposto de que no processo de produção do livro impresso também ocorrem modificações textuais. Em que pese uma falsa impressão de imutabilidade destes livros, quando comparados aos manuscritos, as análises desenvolvidas por Greg e Bowers no início do século XX apontaram para a presença de intervenções sobre o texto que eram inerentes à sua produção. Em Bibliografia Textual, os estudos apontam para o manuscrito que originou o livro impresso, em termos de autoria e origem; o cotejo entre manuscritos e impressos; e o estudo das revisões autorais em diferentes edições (BOWERS, 1966).

Estes estudos estão calcados na busca pela correção das alterações ao texto advindas de sua produção e circulação. Todas as análises realizadas no que tange à aparência física dos livros (bibliografia descritiva) e em relação à investigação dos detalhes físicos para caracterizar o processo de sua manufatura (bibliografia analítica) materializam-se em critérios utilizados para se chegar à edição mais próxima possível do manuscrito que a originou. A metodologia prevê que o editor tome a versão mais antiga, corrigindo-a com base nas variantes substantivas provenientes da tradição. Em seguida, deve-se testar a integridade da cópia e caracterizar as demais, comparando-as ao texto tomado como base para a edição, o copy-text, exemplar a partir do qual todas as correções, inserções e emendas serão realizadas (GREG, 1950).

No que tange à interface entre Filologia e Crítica Genética, verifica-se que o estudo do manuscrito moderno demandou novos tratamentos teórico-metodológicos para esses objetos, fato evidenciado nos trabalhos de Continni (1986). Willemart (1999) destaca a importância de ratificar o lugar de nascimento de cada uma das ciências, a Filologia, que se origina no positivismo do século XIX, e a Genética, no estruturalismo do século XX. Para o referido pesquisador, os estudos da gênese destacam-se por proporem a preterição da análise teleológica das fontes, assim, a investigação da documentação relativa a uma obra não se resumiria apenas a uma sucessão de fatos e de escritos, que tem como ápice a obra impressa.

Marquilhas (2010b, p. 362) defende que o método lachmaniano permitiu o surgimento das modalidades da Crítica Textual na contemporaneidade, quais sejam a Crítica Genética e a Sociologia dos Textos. No que tange à Crítica Genética, a referida filóloga elucida que a organização genealógica dos manuscritos proposta por Lachmann foi uma importante etapa metodológica para essa disciplina estabelecer uma ordenação ao seu prototexto. Por sua vez, a

Crítica Genética devolve à Crítica Textual meios para compreender a escrita em seu processo de construção, nas rasuras, avanços e recuos do autor, na produção de sua obra. Dessa forma, se processa também uma modificação no conceito de texto, que já não se refere apenas àquele pronto e acabado, mas um que se revela em sua produção, em sua instabilidade, sendo o produto final apenas a culminância de uma série de processos.

Assumindo o papel de foco convergente dessas práticas editoriais, o método lachmaninano pode ainda ser identificado como portador do gérmen dos estudos da recepção e circulação dos textos propostos por McGann e McKenzie. Na Sociologia dos Textos, por exemplo, a metodologia de registrar os “erros” poderia ser lida, com os olhos de hoje, como um modo de evidenciar a recepção desses escritos por meio dos copistas. A partir das formulações da referida disciplina, foi possível valorizar o aspecto material aliado à circulação dos textos num dado âmbito social. No momento de seu surgimento, a Sociologia dos Textos estava voltada para entender a dinâmica que movia as oficinas tipográficas e as complexas relações sociais estabelecidas entre os atores sociais envolvidos na produção dos livros impressos.

Juntos, todos esses diferentes desdobramentos do fazer filológico promoveram atualizações teórico-metodológicas, em decorrência do trabalho com os diferentes documentos. Somem-se a esses a influência dos filósofos da diferença, dedicados a pensar a desconstrução de alguns conceitos, tomados como basilares para a Filologia.

Lendo este novo paradigma teórico, em que se inserem os estudos contemporâneos, Cerquiglini (2000) discorre acerca da diferenciação da história da Filologia em duas etapas, contando-se a começar de sua consolidação como disciplina. Esta diferenciação se torna relevante, visto que muitas vezes os ideais positivistas de pureza da edição, neutralidade do editor e busca pela origem perdida ainda se presentificam nos meandros das práticas editoriais contemporâneas, resultando em um estreitamento da possibilidade de leitura de uma obra, quando não em um anacronismo teórico-metodológico.

Disto advém a proposição de dois paradigmas para a Filologia, identificados em algumas características. O paradigma I, denominado Filologia Antiga, poderia ser relacionado à atividade filológica desenvolvida durante os séculos XVIII ao início do século XX: é a filologia de base positivista cujo principal objetivo era a reconstrução de um original, a partir da comparação entre os testemunhos. De acordo com Cerquiglini (2000), a mudança para o Paradigma II, da Nova Filologia, está vinculada, sobretudo, à transformação na concepção de textos promovida tanto pelos avanços dos estudos literários, destacando as figuras de Roland Barthes, Michel Foucault e Jacques Derrida, como pela noção de hipertexto, suporte de escrita que engendra outras textualidades na apresentação da edição.

O quadro apresentado por Cerquiglini (2000, p. 2) sistematiza as principais diferenças entre os dois fazeres filológicos. Para o primeiro paradigma, a opção crítica reside na autoridade textual, o editor se exime de exercer seu papel interpretativo e propor uma leitura da situação textual em função de obedecer a vontade do autor, perspectiva que, segundo Cerquiglini, é resultado das ideias do romantismo literário. Neste caso, o autor não é somente o responsável intelectual pela obra, mas materializa um certo saber canônico, ao qual se deve obediência e respeito. Sua palavra deve ser reconstruída, resguardada e salva das alterações impostas pela circulação dos textos na sociedade. O meio impresso, sua principal forma de circulação, materializa a unicidade almejada, visto que mostra uma forma final, estática e aparentemente imutável.

Quadro 1 – Comparação entre os dois paradigmas da filologia

Paradigme I5 Paradigme II

Option critique Autorité textuelle Partage textuel

Technologie Imprimerie Internet

Métaphore Arbre Réseau

Héros Auteur Scribe

Amour Unicité Variance

Objet Copie méprisée Réception positive

Texte comme Essence verbale Matérialité du codex

Principe Décontextualisation Contextualisation

But Reconstruction Simulation

Méthode Interventionnisme Comparaison

Résultat Livre imprimé Hypertexte

Fonte: Cerquiglini (2000, p.2)

O objetivo do trabalho filológico, é, nesse caso, encontrar a unicidade de uma obra a partir do exame minucioso entre as diversas cópias degradadas, adulteradas, contaminadas. Toda a intervenção do copista era considerada uma degradação que o afastava do original perdido. Ao filólogo cabia, então, estabelecer a filiação entre os manuscritos em forma de árvore genealógica, apontando os caminhos percorridos por este, a fim de chegar a sua origem.

Para tanto, estabelecia-se um processo de comparação entre as versões legadas pelos testemunhos, o que ocasionava uma descontextualização do texto em relação a sua materialidade, bem como perdas de informações relevantes sobre o suporte, necessárias à

Documentos relacionados