• Nenhum resultado encontrado

Consultas odontológicas nos 12 meses anteriores à entrevista

3. Material e Métodos

5.5. Utilização dos serviços de saúde

5.5.3. Consultas odontológicas nos 12 meses anteriores à entrevista

Conforme visto, os deficientes visuais apresentaram menor utilização do serviço odontológico, quando comparados com os não-deficientes visuais. O tipo do serviço utilizado teve porcentagens aproximadas nas três categorias de serviços quando comparados os dois grupos.

Com relação ao gasto com o serviço odontológico, os deficientes visuais relataram mais vezes o não gasto do que os não-deficientes. Por isso, os não-deficientes tiveram maior porcentagem de gasto integral. Ressalta-se que entre os deficientes visuais houve 21% menos gasto integral com dentista.

A respeito da cobertura do gasto, verifica-se que entre os deficientes visuais, houve maior cobertura do poder público do que entre os não-deficientes. A cobertura do setor privado foi aproximadamente a mesma para os dois grupos. Outras fontes cobriram por mais vezes os gastos dos não-deficientes visuais. As diferenças de prevalências, no entanto, não persistiram após ajuste por idade e sexo.

Percebe-se que entre os deficientes auditivos a porcentagem de indivíduos que consultaram o dentista foi menor do que entre os não-deficientes. A categoria do serviço público foi mais usado entre os deficientes auditivos que entre os não-deficientes. Os serviços privados foram usados menos pelos deficientes auditivos e mais pelos não- deficientes.

Com relação aos gastos com o serviço odontológicos, mais deficientes não gastaram com o serviço do que entre os não-deficientes, por conseqüência, houve maior gasto com as consultas entre os não-deficientes. A cobertura do gasto com o dentista pelo poder público foi maior entre os deficientes auditivos do que entre os indivíduos não-deficientes, logo, o setor privado cobriu mais os gastos dos não-deficientes. É importante ressaltar que entre os deficientes auditivos houve 34% mais consultas odontológica cobertas pelo setor público do que entre os não-deficientes e 60% menos cobertura do setor privado do que entre os não-deficientes. As demais diferenças perderam a significância depois de ajustadas por idade e sexo.

Conforme mostrado, a porcentagem de indivíduos com deficiência física que fez consulta odontológica nos 12 meses anteriores à entrevista foi menor entre os deficientes físicos do que entre os não-deficientes. Após ajuste por idade e sexo percebe-se que os deficientes físicos utilizaram 24% menos vezes os serviços de consulta odontológica quando comparados com os não-deficientes. Esse menor uso dos serviços odontológicos pode ser em virtude de dificuldades no acesso aos consultórios e clínicas odontológicas. EDWARDS et al. (2002) em seu estudo com dentistas em uma região da Inglaterra, verificaram que em menos de um terço dos consultórios de dentistas entrevistados havia acessibilidade completa. Os próprios dentistas apontaram barreiras físicas, problemas de tempo de atendimento e difícil acesso ao domicílio com os equipamentos como as principais barreiras ao provimento da saúde bucal dos deficientes por eles atendidos.

O tipo do serviço utilizado para consulta ao dentista pelos deficientes físicos foi o público em maior porcentagem do que entre os não-deficientes. O serviço privado foi consultado mais pelos não-deficientes. Outros serviços foram consultados mais pelos deficientes físicos. Após ajuste por idade e sexo a RP revelou que houve 205% mais cobertura pelo setor público nas consultas odontológicas feitas pelos deficientes físicos quando comparados com os não-deficientes.

A respeito dos gastos com consulta odontológica, mais deficientes físicos relataram não ter gastado nada com o serviço. O gasto foi parcial com consultas ao dentista em maior porcentagem entre os deficientes físicos do que entre os não-deficientes físicos. Assim, o gasto integral foi maior entre os não-deficientes.

Sobre a cobertura do gasto, o setor público cobriu mais os gastos odontológicos dos deficientes físicos. Ocorrendo o inverso com a cobertura privada. Outros setores cobriram mais os gastos das consultas ao dentista de deficientes físicos. Todas as diferenças citadas perderam significância após ajuste por idade e sexo, com exceção do caso já comentado.

Observa-se que, comparando os três grupos de deficientes, os que mais se serviram de consultas odontológicas foram os deficientes auditivos; depois temos os deficientes visuais; e os deficientes que menos consultaram serviços odontológicos foram os deficientes físicos. A maior porcentagem de uso de serviços do setor público para as consultas odontológicas foi entre os deficientes físicos; depois entre os deficientes auditivos; e por último, os deficientes visuais. Os serviços ditos privados cobriram em

maior porcentagem os deficientes visuais; depois os deficientes auditivos; e por último, os deficientes físicos.

Quando se analisa a ausência de gasto com o serviço odontológico, verifica-se que os deficientes auditivos tiveram a maior porcentagem; depois os deficientes físicos; por último os deficientes visuais. O gasto parcial foi maior entre os deficientes visuais; depois os deficientes físicos; e por último, os auditivos. O gasto integral com as consultas odontológicas foi maior entre os deficientes auditivos; depois temos os deficientes físicos; e por último, os deficientes visuais.

A cobertura do gasto pelo setor público foi maior entre os deficientes físicos; depois entre os deficientes auditivos; e em seguida, entre os deficientes visuais. O poder privado cobriu os gastos de maior porcentagem dos deficientes visuais; depois dos deficientes físicos e dos deficientes auditivos. Outras fontes cobriram em maior porcentagem os gastos com serviços odontológicos dos deficientes físicos; depois os gastos dos deficientes auditivos, e por último, os gastos dos deficientes visuais.