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Internações hospitalares nos 12 meses anteriores à entrevista

3. Material e Métodos

5.5. Utilização dos serviços de saúde

5.5.2. Internações hospitalares nos 12 meses anteriores à entrevista

Analisando-se as internações entre os deficientes visuais, percebe-se que entre os deficientes houve mais internações, tanto unitária quanto múltipla. A porcentagem de deficientes visuais que relataram pelo menos uma internação nos 12 meses anteriores à entrevista foi maior do que entre os não-deficientes visuais, o que também se aplica a internações repetidas (mais de uma internação). As prevalências relatadas, entretanto, não mantiveram a significância estatística após ajuste por idade e sexo, levando a crer que a maior porcentagem de internações entre os deficientes se deu por causa da diferenciação nas variáveis idade e sexo.

Sobre o gasto com o serviço utilizado durante a internação a mesma porcentagem de deficientes visuais e não-deficientes relatou que não tiveram gastos com as internações. Também no item cobertura do gasto, também houve paridade entre deficientes visuais e não-deficientes. Houve maior cobertura das internações de deficientes visuais pelo sistema privado quando comparados ao grupo de não-deficientes. Entre os deficientes também foi maior a cobertura da internação por outras fontes que não a pública ou privada quando comparadas ao grupo de não-deficientes. Quando se analisa a avaliação do serviço prestado na internação, entre os deficientes visuais foi maior a porcentagem dos que consideraram o serviço muito bom ou bom do que entre os não-deficientes. É importante ressaltar que todas

as diferenças de porcentagens perderam a significância após ajuste por sexo e idade, exceto a avaliação do serviço como muito boa ou boa. Entre os deficientes houve 5% a mais de avaliações boa e muito boa do serviço de saúde usado na internação.

Entre os deficientes auditivos, houve maior proporção de relatos de uma internação do que entre os não-deficientes auditivos. Com relação ao gasto com o serviço, entre os deficientes a porcentagem dos que não tiveram nenhum gasto foi menor do que entre os não-deficientes. Dos indivíduos que relataram internação, a cobertura pelo poder público foi maior entre os deficientes auditivos do que entre os não-deficientes. Com cobertura do setor privado, registrou-se menor proporção entre os deficientes auditivos do que entre os não-deficientes; e por outras fontes, a cobertura foi maior entre os deficientes do que entre os não-deficientes.

Sobre a avaliação do serviço prestado na ocasião da internação, mais deficientes classificaram como muito bom ou bom quando comparados com os não-deficientes. Porém, houve menos classificações regulares entre os deficientes auditivos. Cabe ressaltar que entre os deficientes auditivos houve 1500% mais casos de cobertura do serviço de internação por outras fontes quando comparados com os não-deficientes.

Estudando-se os deficientes físicos percebe-se que entre os deficientes houve maior porcentagem de casos de uma internação que entre os não-deficientes físicos. Para mais de uma internação, esse padrão também se manteve. Entre os indivíduos que foram internados, a proporção dos que tiveram gastos foi parecida entre deficientes físicos e não-deficientes. Com relação à cobertura dos gastos, no caso das internações dos deficientes, a porcentagem de cobertura pelo setor público foi maior entre os deficientes físicos do que entre os não- deficientes. Ocorreu o inverso quando se tratou da cobertura do setor privado. No item sobre avaliação do serviço utilizado, a maior porcentagem de classificação do serviço como bom ou muito bom foi dos deficientes físicos. Para a classificação regular do serviço utilizado na internação, a maior porcentagem foi do grupo dos não-deficientes. A classificação ruim foi mais usada pelos deficientes físicos. Importante lembrar que entre os deficientes físicos houve 183% mais internações do que entre os não-deficientes. Em 89% mais vezes o gasto dos deficientes físicos foi coberto pelo setor público quando comparado com os não-deficientes físicos; houve 661% mais classificação do serviço como ruim entre os deficientes do que entre os não-deficientes.

Comparando-se os três tipos de deficiência com relação à ocorrência de uma internação, observa-se que a maior porcentagem de indivíduos que relataram uma internação foi entre os deficientes físicos; depois temos os deficientes visuais; e por último os deficientes auditivos. Com duas internações também entre os deficientes físicos a porcentagem foi maior; seguido pelos deficientes auditivos; e por último, os deficientes visuais.

PINHEIRO et al. (2002) encontraram uma taxa de internação de 3,6% analisando os dados da PNAD 1998, essa taxa fica abaixo das encontradas por este estudo. As necessidades maiores de hospitalização pelos deficientes provavelmente são ocasionadas pelo seu estado de saúde característico. Isso indica uma necessidade maior de utilização de serviços de saúde, já que o maior fator de admissões hospitalares é a necessidade de saúde (CASTRO et al., 2005). Os serviços de saúde de uma região devem responder às demandas sociais resultantes de uma conjugação de fatores sociais, individuais e culturais, assim o conhecimento do padrão de consumo de uma população ajudaria no planejamento de ações, equalizaria gastos, custos e atendimento necessário da população (SAWYER et al., 2002). Além disso, conforme nos lembram UNGLERT et al. (1987) o acesso da população à saúde é um fator fundamental para se ter uma boa situação de saúde individual e coletiva.

Com relação ao gasto com o serviço de internação o grupo de deficientes que teve maior porcentagem de não-gasto foi o dos deficientes físicos; seguido dos deficientes visuais; e os deficientes auditivos foram os que tiveram menor porcentagem de não gasto com internações.

Sobre a cobertura do gasto, a cobertura pelo setor público foi maior entre os deficientes físicos; depois entre os deficientes auditivos e, por último, pelos deficientes visuais, que tiveram a menor cobertura de serviços de internação pelo setor público. O setor privado apresentou maior cobertura entre os deficientes visuais; depois entre os deficientes auditivos; por último, os deficientes físicos.

Acerca da avaliação do serviço utilizado na internação, os deficientes físicos foram os que mais consideraram o serviço bom ou muito bom; depois, os deficientes visuais; e por último, os deficientes auditivos. O grupo de deficientes que mais qualificou o serviço de regular foi o dos deficientes auditivos; depois, os deficientes visuais; por último, os

deficientes físicos. No caso da qualificação ruim, os deficientes físicos relataram essa classificação em 18,29% das vezes; os auditivos em 4,17% e os deficientes visuais 1,25%.