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Prevalência de deficiência auditiva segundo variáveis sócio demográficas

3. Material e Métodos

4.6. Utilização de serviços de saúde

5.1.3. Prevalência de deficiência auditiva segundo variáveis sócio demográficas

Segundo os dados do presente estudo, as prevalências de deficiência auditiva foram diferentes nas áreas estudadas, porém, não apresentaram significância quando analisadas as Razões de Prevalência, o que evidencia a probabilidade de as áreas estarem em um mesmo patamar, tratando-se de deficiência auditiva. Segundo um relatório divulgado pela CORDE (2004), os valores das prevalências de deficiência auditiva de algumas cidades brasileiras variam de 2 por mil em Taguatinga a 30 por mil em Porto Velho. Das prevalências encontradas neste estudo, somente a da área GSP fica próxima a esses valores, enquanto as outras áreas ficam com prevalências acima das descritas no citado relatório.

Em estudo na Austrália, WILSON et al. (1999), chegaram a uma prevalência de 16,6% de acometimento auditivo na população estudada. Um segundo estudo com escolares na cidade de Goiânia, foi verificada uma prevalência de 24% de alterações auditivas (ARAUJO et al., 2002); valor aproximado da prevalência encontra por PICAVET et al. (2002) em uma pesquisa na Alemanha. Um terceiro, aponta prevalência de 45,6% de deficiência auditiva em Wisconsin, em uma população idosa nos EUA (KLEIN et al., 2001). Em um outro estudo, feito no Chile, encontrou-se uma prevalência de 1,6% de deficiência auditiva na população estudada (ENDISC-CIF, 2004). FOOK et al. (2000) relatam que a prevalência prevista de deficiência auditiva para o Reino Unido é de 38 por mil. As prevalências variam bastante, dependendo de variáveis de difícil controle, o que torna a comparação entre estudos uma delicada operação. Nos estudos descritos acima variam a faixa etária, o sexo e as características sociais da população entre outras.

A distribuição da prevalência de deficiências auditiva segundo idade evidencia que as maiores prevalências acontecem em grupos de idade avançada, aumentando à medida que a idade aumenta. WILSON et al. (1999), PICAVET et al. (2002) e CRUICKSHANKS et al. (2003), também percebem esse fato em seus estudos, reforçando a grande influência da idade no aparecimento de deficiências. Ao observar as razões de prevalências, percebe- se que os indivíduos entre 20 a 39 anos têm 243% mais deficiência auditiva quando

comparados aos indivíduos com idade menor que 12 anos (escolhidos como baseline); as pessoas com idade entre 40 e 59 anos têm 495% mais deficiências auditivas que o baseline; na faixa etária de pessoas maiores que 60 anos foi verificado 1552% mais deficiências auditivas quando comparados com o baseline.

Conforme já citado, a prevalência de deficiência auditiva é maior no sexo masculino, dados que corroboram com os achados de WILSON et al. (1999); PICAVET (2002) e CRUICKSHANKS et al. (2003). Talvez essa maior prevalência de deficiência auditiva nos homens se dê por fatores ligados à profissão ou maior exposição a fatores de risco. A razão de prevalência é de 1,67, ou seja, os homens têm 67% mais deficiência auditiva do que as mulheres.

Foram verificadas diferentes prevalências quando se analisou o estado civil do indivíduo e percebeu-se que houve maiores prevalências para os indivíduos viúvos ou separados, e casados ou unidos que entre os solteiros. PICAVET et al. (2002) em pesquisa realizada na Alemanha também encontraram esse padrão de distribuição da deficiência auditiva segundo estado civil do indivíduo. Porém, essa diferença parece ser propiciada pelo fator idade, uma vez feita a razão de prevalência ajustada por idade e sexo não foram detectadas diferenças significante no presente estudo, nesse caso a eliminação do fator idade por meio do ajuste estatístico provou que a idade é fator determinante na prevalência dessa deficiência. Assim, pode-se depreender que entre os viúvos foi detectada uma maior prevalência de deficiência auditiva não por seu estado civil, mas porque os viúvos ou separados normalmente têm idade mais avançada, o mesmo se aplica aos casados ou unidos.

Em relação ao item escolaridade do indivíduo, diferentes prevalências foram encontradas na análise, sendo as prevalências de deficiência auditiva maiores entre os indivíduos com 3 anos ou menos de escolaridade (61,76 por mil) e entre os com 12 anos ou mais de escolaridade (46,21 por mil). Entretanto, após ajuste por idade e sexo, observa-se que diferenças não são detectadas. Assim, fica claro que as diferenças entre as prevalências são decorrentes do fator idade/sexo e não do nível de escolaridade do indivíduo. CRUICKSHANKS et al. (2003), no entanto mostra diferenças significantes nas prevalências de deficiência auditiva segundo escolaridade dos indivíduos, porém, trabalhando com sujeitos com mais de 49 anos e com classes de escolaridades diferentes

das estudadas neste estudo. Esse artigo aponta aumento da prevalência com a diminuição da escolaridade, mesmo após o ajuste por idade e sexo. PICAVET et al. (2002), entretanto apontam que os indivíduos com escolaridade primária tinham 280% mais acometimentos auditivos quando comparados aos indivíduos que tinham nível universitário; e os sujeitos com nível médio, tinham 90% mais deficiências auditivas do que os de nível universitário. Provavelmente essa maior prevalência de deficiência auditiva entre os indivíduos com menor escolaridade seja também causada pelas condições sociais, biológicas e econômicas vividas pelos sujeitos e não pelo nível de escolaridade propriamente.

A cor ou raça quando analisada revelou diferenças nas prevalências, sendo a maior prevalência de deficiência auditiva verificada na raça amarela e outras (96,08 por mil), depois os de raça branca (49,56 por mil) e por último os negros ou pardos (32,82 por mil). Entretanto, depois dos ajustes por idade e sexo, as razões de prevalência não mostraram significância. Isso pode ser justificado pelo fato de que as raças em que as prevalências foram maiores têm uma esperança de vida maior (LOPES, 2005), ou seja, vivem mais e por isso tem maior influência da idade. Nesse caso, o fator social parece ser mais importante que a raça em si. Assim os negros podem ter mais deficiências por causa das condições sociais piores que enfrentam na sua vida.

A prevalência de deficiência auditiva entre a população migrante e não-migrante não mostrou grandes variações, sendo de 41,85 por mil para os migrantes e de 44,24 por mil para os não-migrantes. Depois de ajustadas por idade e sexo as razões de prevalência não mostraram diferenças.

5.1.4. Prevalência de deficiência física segundo variáveis sócio-