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Prevalência de deficiência visual segundo variáveis sócio demográficas

3. Material e Métodos

4.6. Utilização de serviços de saúde

5.1.2. Prevalência de deficiência visual segundo variáveis sócio demográficas

A deficiência visual teve prevalência de 46,64 por mil na cidade de Campinas. No caso da cidade de São Paulo, houve prevalência de deficiência visual de 33,2 por mil. Em Botucatu, a prevalência encontrada foi de 95,73 por mil; na área GSP a prevalência encontrada foi de 72,59 por mil.

Uma outra fonte de dados lista as deficiências relatadas por um estudo conduzido em diversas cidades do Brasil, no ano de 2003. A deficiência visual teve prevalências que vão desde 0,7% em Taguatinga-DF até 7,50% em Maceió-AL (CORDE 2004). TABBARA (2001) encontrou uma prevalência de 9,3% nos paises da parte oriental do Mediterrâneo, que está próxima a encontrada para a cidade de Botucatu e superior às outras cidades. Outra pesquisa nos traz uma prevalência de deficiência visual de 15%, porém esta pesquisa foi feita com indivíduos institucionalizados (BREZIN et al., 2005). TABBARA et al. (1986) pesquisaram adultos não-institucionalizados na Arábia Saudita e chegou a uma prevalência de 9,3% de deficientes visuais.

MEDINA et al. (1993) conduziram um estudo com idosos em bairros da cidade de São Paulo, Aclimação, Vila Guilherme e Brasilândia, e encontraram uma prevalência de 38,2%, prevalência próxima à encontrada por esse estudo na cidade de Campinas e inferior às prevalências das outras áreas estudadas e também próxima à encontrada por um inquérito feito no Chile (ENDISC-CIF, 2004). MUÑOZ et al. (2002) nos trazem as seguintes prevalências para a deficiência visual em Barbados de 10,6%, acima das de todas as encontradas na presente pesquisa; e em Tucson e Nogales, 1,4%, prevalência inferior aos

desta pesquisa. GHOSH et al. (1984) relatam uma prevalência de 22,4% de deficiência visual em um inquérito feito por eles em Calcutá, valores acima dos encontrados. PICAVET et al. (2002), em um inquérito com metodologia bem parecida com esta pesquisa, nos trazem a prevalência de deficiência visual nos Países Baixos de 4,0%, que têm uma realidade sócio-econômica e de saúde diferente da brasileira. A prevalência de deficiência visual encontrada em Campinas, 46,64 por mil, se equipara a que MUÑOZ et al. (2002) relatam para um estudo feito no Chile, 44,0 por mil. É importante destacar que as prevalências de deficiências podem variar dependendo da maneira como são coletadas, das características da população estudada e da época em que foi conduzido o estudo, ente outros fatores.

A prevalência de deficiência visual em São Paulo (63,91 por mil) se equipara a dessa deficiência em Barbados, 59,0 por mil (MOÑUZ et al., 2002), ou mesmo a prevalência detectada em Santos, com 66,0 por mil (CORDE, 2004); a prevalência na área GSP (72,59 por mil) se aproxima da prevalência verificada em São Paulo, 68,0 por mil, em estudo realizado em 1986 (MOÑUZ et al., 2002); por fim a prevalência de deficiência visual em Botucatu, 95,73 por mil, é próxima a encontrada em pessoas institucionalizadas em uma área da França, 134,0 por mil (BREZIN et al., 2005). Como percebemos, as prevalências são muito diferentes e guardam profunda relação com a localização, condições de vida da população e idade.

Quando analisamos a prevalência de deficiência visual segundo idade e sexo, observa-se que essa prevalência aumenta com a idade e tende a ser maior entre as mulheres, conforme já discutido anteriormente. A análise das razões de prevalências para o item idade reforça a informação apresentada anteriormente. Pode-se observar que entre há um gradativo aumento da prevalência com a idade, registrando-se 221% mais deficientes na faixa de idade 12 a 19 anos; 225% mais deficientes com idades entre 20 a 39 anos; 670% mais na faixa de 40 a 59 anos; e 1028% mais deficientes na faixa de indivíduos com 60 anos e mais; todos comparados com a faixa de idade de menores de 12 anos. Observando-se a RP entre os sexos, fica claro a maior prevalência entre as mulheres, que registraram 1,67 mais deficiência visual do que os homens. PICAVET et al. (2002) e QIU (2005) também encontraram maiores prevalências para as mulheres nesse tipo de deficiência.

Tratando-se da deficiência visual conforme estado civil, diferentes prevalências foram observadas, que indicam que a prevalência é maior entre os viúvos ou separados; depois em casados; sendo os solteiros o grupo de menor prevalência, o que vai ao encontro do que PICAVET et al. (2002) relatam em seu estudo. Porém, não foram verificadas diferenças estatísticas nas razões de prevalências ajustadas. Se quando se elimina a influência da idade pelo ajuste estatístico, perdem-se as significâncias, pode-se concluir que as diferenças entre as prevalências observadas se davam mais em razão da idade do que do estado civil em si, uma vez que entre os viúvos ou separados e casados, a idade é maior do que entre os solteiros.

Quando se analisam as prevalências de deficiência visual segundo o nível de escolaridade do indivíduo, percebe-se que houve maiores prevalências quanto menor era a escolaridade, achado que coincide com os encontrados em outro estudo (PICAVET et al., 2002). Porém, na análise da RP somente houve significância no nível de escolaridade menor que 3 anos; nessa classe houve 2,71 mais deficiência visual quando comparada com a classe de 12 anos e mais de escolaridade. Esses dados endossam o que alguns estudos apontam: que a prevalência de deficiências tem relação com fatores sociais nas coletividades (DFID, 2000; ENDIS, 2003; CORDE, 2004; ENDISC-CIF, 2004). Provavelmente isso acontece por causa das condições de vida mais precárias nos grupos com menor escolaridade, que normalmente são também menos favorecidos financeiramente, sendo mais sujeitos a acidentes e doenças que podem conduzir a um processo incapacitante.

Analisando a distribuição das prevalências de deficiência visual segundo raça, percebemos que houve variação nas prevalências, porém, ao observarmos a RP ajustada, percebe-se que essas diferenças não foram significantes. Uma explicação para esse achado é dada por LEON et al. (1997) que dizem que a maior prevalência para os negros pode ser causada não pela raça em si, mas pelas características sociais que as pessoas dessa raça têm em comum, como escolaridade baixa e poder aquisitivo insuficiente por exemplo, levando a uma maior exposição aos riscos para as deficiências.

Não foram verificadas diferenças na RP quando analisado se a pessoa era migrante ou não, talvez o mesmo principio lógico do raciocínio acima possa ser aqui também

aplicado. Ou seja, os migrantes podem ter mais deficiências visuais não por serem migrantes, mas pelas características que este grupo assume.

5.1.3. Prevalência de deficiência auditiva segundo variáveis sócio-