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3. Material e Métodos

5.5. Utilização dos serviços de saúde

5.5.4. Uso de serviços de saúde por outros motivos

Percebe-se que houve menor procura dos serviços de saúde por outros motivos (atestado médico, pré-natal, puericultura, parto, exames de rotina, tratamento de reabilitação, exames preventivos, vacinação e outros) por parte dos deficientes visuais quando comparados com os não deficientes visuais. Após o ajuste por idade e sexo a RP mostrou que entre os deficientes visuais a procura pelos serviços de saúde por outros motivos foi 13% menor. Sabe-se que a disponibilidade de serviços de saúde pode diminuir os índices de internações hospitalares (CASTRO et al., 2005), melhorando a qualidade de vida e a saúde dos indivíduos.

Com relação ao motivo da procura, a maior porcentagem de deficientes visuais teve como principais motivos definidos, em ordem decrescente de importância, os exames de rotina; exames preventivos; vacinação; reabilitação; atestado médico e exames de pré-natal.

Referente ao tipo de serviço classificado como básico (UBS, consultório, ambulatório), a procura foi maior entre os deficientes visuais do que entre os não- deficientes. Por conseqüência, o serviço hospitalar foi mais procurado pelos não-deficientes visuais.

Em 98,47% dos casos de procura dos serviços de saúde por outros motivos, não houve gastos por parte dos deficientes visuais, entre os não-deficientes essa porcentagem foi de 95,29%. Registrou-se gasto parcial em 0,49% dos casos dos deficientes e de 2,72% entre os não-deficientes. Houve gasto integral em 1,53% dos casos entre os deficientes e em 2,45% dos não-deficientes visuais.

A cobertura do gasto foi feita pelo setor público em maior proporção no grupo dos não-deficientes. Houve cobertura privada em 16,99% dos casos entre os deficientes e de 16,48% entre os não-deficientes.

A avaliação do serviço de saúde procurado foi muito bom ou bom em maior porcentagem entre os deficientes.

A porcentagem de indivíduos com deficiência auditiva que procurou os serviços de saúde por outros motivos foi maior quando comparada com a porcentagem de não- deficientes. Entretanto, após ajuste por idade e sexo, a diferença entre deficientes auditivos e não-deficientes não permaneceu, indicando que essa maior procura pode ser em virtude de características particulares do grupo de deficientes auditivos no que se refere à idade e ao sexo.

Não houve procura por parte dos deficientes auditivos de serviços de saúde para atestado médico, exames de pré-natal, puericultura e parto. Os principais motivos definidos de procura de outros serviços de saúde, em ordem decrescente de importância, são os exames de rotina; os exames preventivos; a vacinação e a reabilitação. As diferenças dos motivos de procura entre deficientes auditivos e não-deficientes não apresentaram significância após ajuste por idade e sexo.

A busca de serviços de saúde básicos por deficientes por outros motivos foi maior entre os deficientes auditivos do que entre os não-deficientes auditivos. O serviço hospitalar foi procurado em maior porcentagem pelos não-deficientes. Outros serviços foram procurados mais pelos deficientes auditivos. O cálculo da razão de prevalência ajustada por idade mostra que entre os deficientes auditivos houve 31% mais procura pelo serviço básico do que entre os não-deficientes; 51% menos procura pelos serviços hospitalares; e 1300% mais procura por outros serviços. Esses dados evidenciam que os deficientes se servem na maioria das vezes de serviços básicos, que podem ser os mais acessíveis a eles.

Relativamente ao gasto com o serviço de saúde, a proporção de nenhum gasto foi aproximada entre os deficientes auditivos e os não-deficientes auditivos. Houve maior gasto parcial entre os não-deficientes auditivos. O gasto integral foi relatado mais dos deficientes auditivos.

Sobre a cobertura do gasto, ele foi coberto pelo setor público e privado em maior proporção entre os deficientes auditivos. Outras fontes de cobertura foram usadas por mais pelos não-deficientes.

A avaliação do serviço feita, em maior porcentagem, pelos deficientes auditivos foi muito boa ou boa. As avaliações regular e ruim foram feitas mais pelos não-deficientes.

Entre os deficientes físicos houve maior procura dos serviços de saúde por outros motivos quando comparados com os não-deficientes, entretanto a diferença não persiste após os ajustes por idade e sexo.

Sobre o motivo da procura, os principais em ordem decrescente de importância foram os exames de rotina; a reabilitação; exames preventivos e vacinação. Pelo cálculo da razão de prevalência ajustada por idade e sexo, percebeu-se que entre os deficientes a procura por serviços em busca de reabilitação foi 574% mais freqüente do que entre os não- deficientes. Esse fato é perfeitamente justificável pelo quadro de saúde e necessidade de saúde do deficiente físico, que inspira cuidados adequados a fim de melhora e controle da evolução da deficiência. BODE et al. (2005) ressaltam a importância da reabilitação em pacientes vitimados por acidentes vasculares cerebrais, relatando que a reabilitação deve se iniciar o quanto antes para otimização de resultados e melhora rápida do quadro de saúde do paciente. Ressaltamos também que entre os não-deficientes houve uma procura 96% maior pelo serviço de vacinação quando comparados com os não-deficientes, dado que pode ser justificado pelos problemas de acesso geográfico e pela não-atenção das campanhas de vacinação para a população de deficientes especificamente.

O tipo de serviço utilizado pelos deficientes em maior porcentagem foi o básico, logo, o serviço hospitalar foi mais usado por não-deficientes. Outros serviços foram usados mais por deficientes físicos. Verificou-se pela RP ajustada que entre os deficientes físicos a procura por outros serviços foi 5200% maior do que entre os não-deficientes. Provavelmente isto se deve às casas de caridade, associações e entidade assistenciais que

provêem cuidados aos deficientes físicos, oferecendo nas sedes serviços médicos, que são utilizados pelos deficientes.

Com relação ao gasto com o serviço de saúde, os deficientes físicos relataram não ter tido gastos com o serviço em maior porcentagem do que os não-deficientes. Nenhum dos deficientes relatou gasto parcial ou integral com o serviço de saúde procurado. Pela RP ajustada foi verificado que entre os deficientes houve 4% mais casos de não gasto com o serviço de saúde do que entre os não-deficientes.

A cobertura do gasto com o serviço de saúde entre os deficientes físicos foi feita pelo poder público em maior porcentagem do que entre os não-deficientes, por isso, a cobertura privada foi responsável por maior cobertura entre os não-deficientes físicos, o mesmo se aplicando às outras fontes. Houve, entre os deficientes físicos, 242% mais cobertura pelo poder público do que entre os não-deficientes, ou seja, os deficientes apresentam maior dependência do sistema público de saúde.

Entre os deficientes físicos, houve mais avaliações do serviço usado como muito bom ou bom do que entre os não-deficientes. A RP ajustada revelou que entre os deficientes houve 20% a mais de qualificações boas ou muito boas quando comparado com o grupo de não-deficientes físicos.

Comparando-se a procura por serviços de saúde por outros motivos percebemos que os deficientes visuais foram os que mais buscaram os serviços de saúde; depois os deficientes auditivos; e por último, os físicos. A menor porcentagem de procura de serviços de saúde pelos deficientes físicos não indica que eles precisem menos, pois acontece justamente o contrário. Essa menor porcentagem indica que talvez eles tenham dificuldade no acesso ao serviço de saúde, uma vez que possuem características de movimentação diferente das outras pessoas e podem encontrar obstáculos em sua passagem.

Os deficientes visuais foram os únicos dentre os grupos de deficientes que relataram procura por causa de atestado médico e exames de pré-natal. Ninguém entre os deficientes procurou os serviços de saúde em busca de puericultura e parto. Para exames de rotina houve uma maior porcentagem de deficientes auditivos que procuraram os serviços de saúde; depois os deficientes físicos, e por último, os deficientes visuais. A reabilitação foi a causa da procura por serviços de saúde em maior porcentagem entre os deficientes físicos; depois entre os deficientes auditivos e, por último, entre os deficientes visuais. Em busca de

exames preventivos, mais deficientes auditivos procuraram os serviços de saúde; depois os deficientes físicos e os deficientes visuais. A vacinação foi motivo de procura de serviços em maior porcentagem pelos deficientes auditivos; depois pelos deficientes visuais e pelos deficientes físicos. Outros motivos foram a causa da busca de serviço de saúde em maior porcentagem pelos deficientes físicos; depois pelos deficientes visuais e pelos deficientes auditivos.

Sobre o tipo do serviço procurado, o serviço básico foi mais procurado primeiro pelos deficientes auditivos; depois pelos deficientes físicos; e, por último, pelos deficientes visuais. O hospitalar foi mais usado pelos deficientes visuais; depois pelos deficientes auditivos; e pelos físicos. Os outros tipos de serviços foram mais procurados pelos deficientes físicos; depois pelos deficientes auditivos; e pelos deficientes visuais.

Entre os deficientes que não relataram gastos com o serviço usado, a maior porcentagem foi entre os deficientes físicos; depois, entre os deficientes visuais e, por último, entre os deficientes auditivos. Entre os deficientes quem mais relatou gasto parcial com o serviço foram os deficientes auditivos, em primeiro lugar; em segundo os deficientes visuais. Não houve relato de gasto parcial com o serviço entre os deficientes físicos.

Ao tratar da cobertura do gasto com o serviço, o setor público foi mais usado pelos deficientes físicos; depois pelos deficientes auditivos; e por último, pelos deficientes visuais. O setor privado foi mais usado pelos deficientes auditivos; depois, pelos deficientes visuais, e por último, pelos deficientes físicos. Outros setores cobriram em maior porcentagem os gastos dos deficientes visuais; depois dos gastos dos deficientes físicos e dos deficientes auditivos.

Com relação à avaliação do serviço de saúde, a maior porcentagem de avaliação muito boa ou boa foi entre os deficientes físicos; depois entre os deficientes visuais; e depois entre os deficientes auditivos. A avaliação regular foi maior entre os deficientes visuais; depois entre os deficientes auditivos; e entre os deficientes físicos. As avaliações ruins foram verificadas mais entre os deficientes visuais; depois entre os deficientes auditivos e não houve casos deste tipo de avaliação do serviço entre os deficientes físicos.