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Conteúdo geolocalizado e narrativa imersiva

A segunda consequência da ubiquidade é o crescimento de novas formas narrativas geolocalizadas e imersivas. geolocalização se refere à habilidade de etiquetar vídeos e outros conteúdos midiáticos com informação sobre a localização, que usualmente é obtida por dados de gps. geolocalização é uma característica em crescimento nas notícias e conteúdos midiáticos. ela é cada vez mais amplamente utilizada em fotografias e redes sociais, incluindo postagens no twitter.

34) Wired, ‘new York legislation Would ban anonymous online speech’, may 22, 2012. url:http://www.wired.com/threatlevel/2012/05/anonymous-online-speech-ban/

a geolocalização serve diversos propósitos em notícias e materiais midiáticos. ela permite que o conteúdo seja automaticamente transferido para o google earth ou outro software de mapeamento disponível online. isto capacita outras pessoas em qualquer lugar a acessar o conteúdo pela localização. reportagens vídeo de um evento podem ser vistas acompanhadas de um mapa interativo que fornece uma melhor percepção do espaço, usando computadores tradicionais e aplicações web de mapas, como o Google Maps. Geolocalização é um aspecto do big data, na medida em que permite o mapeamento ou outras análises de conteúdos geolocalizados. este tipo de análise pode revelar uma variedade de

insights sobre a produção de conteúdo midiático.

a visualização também pode ocorrer de forma imersiva por meio do uso de dispositivos móveis ou sistemas de realidade aumentada, possibilitando que as pessoas reprisem os eventos no local onde estes efetivamente ocorreram. o vídeo geolocalizado pode ainda ser usado no contexto das mídias sociais. “em conversas por vídeo, a geolocalização pode ser usada para disponibilizar um mapa dos amigos próximos que estão disponíveis para conversar e/ou alertar você quando um amigo chega a um destino a partir do qual você gostaria de conversar com ele (um mercado rural, um concerto, etc).”

“a geolocalização com vídeo pode também ser usada para recriar pontos de desastre ou crise usando múltiplos vídeos a suprir múltiplos ângulos. ainda, modelos 3d podem ser construídos com precisão usando estes múltiplos ângulos.”36 Alguns vídeos geolocalizados já têm sido produzidos e disponibilizados no google earth, incluindo vídeos geolocalizados do terramoto e tsunami no Japão em 2011.

em conjunto com outras marcas d’água digitais, a geolocalização pode fornecer uma ferramenta útil para autenticar vídeos. embora nenhuma marca d’água digital seja 100% impenetrável à manipulação ou falsificação, esta é, sem dúvida, uma ferramenta valiosa para ajudar a estabelecer a veracidade de um vídeo ou conteúdo. numa era em que por vezes vídeos são produzidos de forma questionável por usuários, freelancers ou até mesmo por repórteres profissionais

36) user-generated geolocated video of 2011 earthquake and tsunami in Japan. https://maps. google.com/maps/ms?ie=utf8&oe=utf8&msa=0&msid=216041831496399127050.0004c77d 95f7b34 retrieved 5 June 2013.

cobrindo fatos delicados, uma ferramenta que ajuda a documentar quando e onde um vídeo foi capturado tem seu valor. por exemplo, um repórter (cidadão ou profissional) fornecendo vídeo por telemóvel de uma revolta, um protesto ou outro evento, pode usar a capacidade de geolocalização de tecnologias de vídeo, tal como Kinomap, para auxiliar a estabelecer horário, data e localização precisos em que o vídeo foi capturado. a geolocalização também pode apoiar freelancers ou cidadãos a protegerem o copyright ou os direitos sobre a propriedade intelectual ao providenciar uma forte marca d’água digital que inclui não apenas suas identidades, mas o horário, a data e a localização precisos em que o vídeo foi capturado. finalmente, no contexto do vídeo, a geolocalização representa uma oportunidade para uma nova abordagem narrativa.

O jornalismo tem sido definido, há muito, pelas qualidades de tempo e espaço. ao menos, desde o advento do fuso horário internacional (international Date Line) no final do século XIX, organizações noticiosas geograficamente conectadas incorporaram um “dateline” nas reportagens.37 o random house Kernerman Webster’s College dictionary aponta que o dateline tem sido adotado em despachos noticiosos pelos menos desde 1885.38

um dateline, que usualmente fornece tanto localização quanto data (às vezes o horário exato) de uma reportagem, é inserido no início de um despacho noticioso. ele fornece contexto à reportagem, especialmente para leitores ou espectadores que podem estar numa localização remota em relação ao fato reportado. tal contexto é valioso como auxílio para compreender a reportagem.

Com a ascensão da era digital e da internet, é possível avançar enormemente com a tradição geolocativa no trabalho noticioso. a geolocalização não precisa mais estar limitada a um simples dateline no início de uma notícia impressa ou transmitida por mídia eletrônica. ela pode ser incorporada com precisão em cada elemento ou fato que é reportado. Como se trata de uma fonte primária de notícias para muitas pessoas em todo o mundo, o vídeo acrescido de localização

37) http://www.thefreedictionary.com/dateline retrieved 6 June 2013.

38) random house Kernerman Webster’s College dictionary, © 2010 K dictionaries ltd. Copyright 2005, 1997, 1991 by random house, inc. all rights reserved.

espacial poderia avançar significativamente com o fornecimento de um melhor contexto geográfico.

na próxima década, conteúdos ubíquos geolocalizados em mídias móveis e dispositivos adaptados ao corpo provavelmente conduzirão a uma nova forma de jornalismo sem as barreiras impostas pelas tradicionais plataformas de apresentação de notícias. em vez disso, os cidadãos usarão seus telemóveis ou os

wearables para acessar ou contribuir com o conteúdo noticioso geolocalizado em

qualquer lugar de cada comunidade. os cidadãos irão se envolver em narrativas imersivas e interativas como se estivessem em uma máquina do tempo virtual enquanto percorrem suas comunidades. estas narrativas imersivas fornecerão um contexto geográfico ainda mais rico do que aquele possível na mídia tradicional. o acesso a estas narrativas imersivas poderá ser feito remotamente, bem como por meio da realidade virtual. imersão virtual em tempo real também se tornará amplamente disponível, assim que repórteres, sejam eles profissionais ou cidadãos, gerem narrativas ao passar por suas comunidades e compartilhar seus vídeos ou outros conteúdos gerados automaticamente via múltiplos sensores. será possível contar virtualmente qualquer estória neste modelo, por meio de sensores que capturam fotos, vídeo ou outras informações do ambiente, como dados sobre poluição, como a qualidade do ar, sons e outros inputs.