No que diz respeito ao conteúdo dos websites dos clubes de
futebol, o jornalismo online de uma forma geral, utiliza uma
linguagem própria, através do recurso a texto, som e imagens em movimento, baseados nas potencialidades do hipertexto (Canavilhas, 2001). O referido autor adianta ainda que, o grande
desafio feito ao webjornalismo é a procura de uma linguagem
amiga que imponha a web notícia (Ibidem.).
Também Amaral (2005) considera que neste novo meio os conteúdos são agrupados de uma forma diferente, ou seja,
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não obedecem à tradicional pirâmide invertida, preferindo implementar uma lógica assente numa pirâmide convergente. Por conseguinte, o autor refere mesmo que a pirâmide convergente segue a lógica da sua antecessora, “mas complementa a informação central com o recurso a elementos multimédia e textuais agregados numa rede de hiperligações”.
Ainda assim, existem algumas dúvidas em relação à existência de uma linguagem própria do jornalismo digital, reconhecendo, no entanto, as suas implicações: “Se ainda não existe propriamente uma escrita digital, também é certo que o novo médium já revolucionou a forma como os jornalistas trabalham e hoje não é possível nenhum profissional ignorá-la” (Gradim, 2000).
Falando sucintamente da estrutura da notícia esta acontece quando é produzido um acontecimento (Fontcuberta, 1999), ou seja, o jornalista está perante um facto significando que algo aconteceu, geralmente a alguém, num determinado lugar, num dado espaço de tempo, com certas características e devido a algumas causas. A resposta a estes elementos, num texto elaborado para ser difundido pelos meios de comunicação social, transforma o acontecimento em notícia.
Para tal, o informador formula cinco perguntas clássicas no mundo do jornalismo, chamados os cinco “WW” devido à sua raiz anglo-saxónica. São estes:
- O quê (what): são os acontecimentos, as ações e ideias sobre
as quais a notícia vai informar;
- Quem (who): são os protagonistas, os seus adversários e, em
geral, todos os personagens que aparecem na notícia;
- Quando (when): situa a ação num tempo concreto, assinala o
seu início, duração e termo;
- Onde (where): delimita o espaço do desenrolar dos factos;
- Porquê (why): relata ao recetor os motivos que originaram o
acontecimento, os antecedentes, etc. Além disso, introduz, em muitos casos, elementos de valorização que ultrapassam a simples descrição dos acontecimentos;
- Como (how): descreve as circunstâncias e as modalidades de
que os factos se revestirem (Fontcuberta, 1999).
As respostas às perguntas acima referidas constituem o lead. O
“como” e o “porquê”, por vezes com o sentido de “para quê” são, geralmente, difíceis de resumir em poucas palavras, justificando o seu desenvolvimento no corpo (abaixo explicitado) do texto e, também, o “quando” e o “onde” devem ser omissos nos casos óbvios. Assim, a notícia, quanto à estrutura interna, apresenta
dois elementos básicos: lead, ou núcleo fundamental da notícia;
e o corpo, que explica a notícia (Lampreia, 1999).
No que respeita ao primeiro elemento, trata-se do primeiro
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31 parágrafo, onde devem constar as componentes mais
importantes, obedecendo os leads a dois requisitos: explicar a
essência do acontecimento e captar a atenção do recetor. A partir daqui, o corpo desenvolve-se com os restantes elementos do acontecimento, ou seja, este deve conter dados que explicam e
ampliam o lead, que ajudem a situar a notícia num determinado
contexto (se necessário) e, por último, incluir material secundário ou de menor importância, se assim se justificar (Fontcuberta, 1999).
A função do título é chamar a atenção para a notícia, despertando ao mesmo tempo o interesse para a leitura, ao informar do seu conteúdo. Um bom título deve ser curto e conciso e tentar dar um máximo possível de informações num mínimo de palavras (Lampreia, 1999). Pode também haver uma chamada antes do título principal e este, por sua vez, ser seguido de um ou vários subtítulos, cuja finalidade é reforça-lo com pormenores que não podem ser incluídos nele.
Na fase a que chamamos webjornalismo/ciberjornalismo,
as notícias passam a ser produzidas com recurso a uma linguagem constituída por palavras, sons, vídeos, infografias e hiperligações, tudo combinado para que o utilizador possa escolher o seu próprio percurso de leitura (Canavilhas, 2005).
Outra característica do webjornalismo, está baseada nas
próprias características da internet e do público que a utiliza. Os leitores da internet são tão diferentes quantos os de jornais e revistas. Percebeu-se que a leitura não segue mais a pirâmide invertida, essa que aprendemos nos cursos como essencial do jornalismo escrito. Aqueles que utilizam a internet preferem ler em blocos pequenos e interligados. O jornalista precisa ser conciso colocando cada ideia em um parágrafo (Ibid.2001). A redação de notícias com hipertexto requer todo um novo sistema de construção. A tradicional técnica “pirâmide invertida” dá lugar a uma arquitetura noticiosa mais aberta, com blocos de informação organizados em diferentes modelos, sejam eles lineares ou complexos. O elemento base da notícia, um primeiro nível onde todos os utilizadores iniciam o seu percurso de leitura, deve ser um parágrafo ou uma infografia que responda de forma simplificada ao Quem, Onde, O quê, e Quando. A partir
deste elemento, que deverá incluir links, a notícia evolui de forma
livre para o Como e o Porquê, com o utilizador a escolher o seu percurso de leitura (Ibid., 2005).
Falar de jornalismo é falar da pirâmide invertida, uma técnica de redação fundamental, mas que tem levantado grandes polémicas nos meios profissional e académico. Esta polémica
renovou-se com o aparecimento do jornalismo na Internet,
pois alguns dos pressupostos que levaram os jornalistas a adotar técnica de redação deixam de fazer sentido devido às
características da web. Desde logo porque o espaço disponível
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num webjornal deixa de ser finito, anulando a necessidade de escrever condicionado pela possibilidade do editor poder efetuar cortes no texto para o encaixar num determinado espaço. Por outro lado, o hipertexto permite ao utilizador definir os percursos de leitura em função dos seus interesses pessoais pelo que a redação da notícia deve ter em conta esse fator (Ibid., 2006).
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4
enquadramento
da
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4 – e
nquadramento daP
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rofIssIonalNesta parte do relatório procuraremos, de forma sucinta, caracterizar a entidade acolhedora de estágio assim como enquadrar a sua pertinência no quadro deste estágio profissionalizante. Iremos proceder à caracterização da Instituição FC Porto assim como do seu Departamento de Comunicação.
4.1
ENTIDADE PROMOTORA DO
ESTÁGIO - FC Porto
4.1.1
CONTEXTO LEGAL
Á medida que os clubes desportivos foram crescendo quer a nível nacional como internacional verificou-se uma necessidade do seu redimensionamento, de se adaptarem aos novos tempos e novas realidades, criando assim departamentos especializados de acordo com as novas exigências. A sua reorganização teve por objetivo responder aos novos desafios, sobretudo no setor do comércio, publicidade e televisão, uma vez que os clubes constituem uma indústria cada vez mais influente e poderosa. Surgiram assim as sociedades desportivas como resposta à necessidade e controlo, por parte dos clubes e do estado da prática desportiva (Candeias, 2000).Com a criação das sociedades desportivas em Portugal, houve a necessidade de legislar e clarificar a diferença entre as sociedades comerciais até então conhecidas e as novas sociedades desportivas com fins lucrativos: as Sociedades Anónimas Desportivas (SADs) (Meirim, 1995).
Os clubes de futebol constituem sociedades anónimas desportivas, SAD’s. Trata-se de formas de organização empresarial que vieram transformar por completo a realidade do desporto nacional, em finais dos anos 1990. A lógica comercial passou a dominar estas instituições, até então dirigidas por corpos de associados, sem preocupações de mercado ou retorno financeiro. ENQ U ADRAMET O D A PRÁ TIC A PR OFISSIONAL
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Com esta mudança emerge um interesse, completamente novo, pela dimensão simbólica e intangível da comunicação nestas instituições (Ruão & Salgado, 2008).
A FC Porto, Futebol SAD foi constituída em 30 de julho de 1997, ao abrigo do regime especial previsto no Decreto-Lei n.º 67/97, desenvolvendo todas as atividades relacionadas com o futebol profissional anteriormente desenvolvidas pelo FC Porto, sendo os seus acionistas fundadores os seguintes: (i) FC Porto: 41%; (ii) Imobiliária Chamartín: 18,12%; (iii) António Oliveira: 11,01%; (iv) Sportinveste SGPS: 10,01% (Solar, 2009).
O embrião desta nova sociedade desportiva emerge do FC Porto, instituição de utilidade pública com mais de 100 anos de existência. Fundado em 1893, na cidade do Porto, o FC Porto tem caracterizado a sua existência pelo fomento da prática desportiva e pela participação em competições das mais diversas modalidades. Dada a sua dimensão e ecletismo, o FC Porto é considerado um dos grandes clubes portugueses, caracterizando-se pelo seu carácter associativo e pelo futebol, sua principal atividade (FCPorto, 2011a).