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DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO DO FC PORTO

È notável a existência de uma vasta bibliografia no que concerne à comunicação institucional, um tanto menor quando

nos reportamos à temática desportiva. Ruão et al. (2008) no

seu estudo sobre a comunicação, imagem e reputação em organizações desportivas aborda este facto referindo que os estudos de comunicação no domínio desportivo são recentes e têm seguido outros caminhos, como: a gestão de eventos, a

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Concluímos assim que a comunicação e o desporto é um assunto pouco explorado pela academia, mas de atenção crescente. Como refere Simões (2005), o desporto é hoje uma das atividades humanas mais praticadas, seja ao nível profissional ou amador, de forma regular ou ocasional. Com o elevado número de praticantes o desenvolvimento do desporto e das organizações desportivas entrou num desenvolvimento económico sem precedentes fazendo dele uma indústria florescente.

Tratando-se o FC Porto de uma organização desportiva seria importante perceber se existem diferenças entre a comunicação que se realiza em empresa com fins comerciais e lucrativas e as organizações desportivas. Em termos práticos seria bastante difícil perceber as diferentes realidades, dado que a experiência foi realizada apenas num clube desportivo, o FC Porto, não havendo assim termo de comparação.

Em constante desenvolvimento e a par das suas necessidades e das vontades dos seus seguidores, o FC Porto “gere” todos os dias as suas informações e transmite-as através do seu departamento de comunicação. Este é considerado um departamento de grande importância para o clube, pois devido ao seu grande mediatismo, o seu objetivo é conseguir atribuir uma imagem unificada que gere valores de acordo com a sua filosofia. Através do departamento de comunicação esta unificação de mensagens, imagens, valores, cultura interna ganha a sua forma. Esta ideia de organização segue o mesmo caminho de ideias de Shultz (2000) que considera uma organização expressiva aquela que destaca a identidade, a imagem, a reputação, a marca ou a cultura fatores importantes na batalha pela cota do mercado ou pela simpatia do clube.

Refletindo sobre a estrutura deste gabinete podemos confrontar diversos autores (J. Costa, 2008b; Matos, 2004; Sarmento, s/d) que referem várias subdivisões na comunicação em organizações.

No que diz respeito ao FC Porto, este criou um departamento de comunicação com vários grupos de pessoas especializadas em diferentes tipos de comunicação (interna, externa e assessoria) que se articulam com outros departamentos especializados

noutras áreas como o marketing, o merchandizing entre outras.

Foi de total interesse perceber a necessidade e a importância das conexões existentes entre os diversos setores do FC Porto,

nomeadamente entre os jornalistas, assessores, RP, marketing,

recursos humanos, contabilidade e serviços administrativos. O estágio profissionalizante serviu para, perceber e conhecer toda a dinâmica e estrutura desta empresa desportiva assim como as entidades organizacionais similares uma vez que, possuem dinâmicas, problemas e necessidades idênticas (J. Costa, 2008b; Matos, 2004; Vieira, 2009). REFLEXÃ O CRÍ TIC A E COMPETÊNCIA S ADQ UIRID A S

85 O peso da estrutura hierárquica influencia o funcionamento

interno do clube. Qualquer proposta, projeto ou ação tem que ser adjudicado pelo diretor do departamento e na maioria dos casos este tem que levar as propostas ao concelho de administração para aprovação. Esta estruturação hierárquica vai de encontro com as ideias de Dias (2011). O diretor de comunicação deverá ser o responsável pela estabilização e uniformização da imagem institucional e supervisiona um conjunto de ações ligadas à instituição. No entanto existem algumas nuances quando confrontamos as ideias deste autor no que diz respeito às funções do diretor de Comunicação, pois Dias (Ibidem.) afirma que este deverá ser também responsável pela publicidade. No caso da instituição FC Porto, devido à sua dimensão criou outros departamentos que controlam a publicidade e serviços relacionados com esta.

O departamento de comunicação do FC Porto está subdividido em três áreas específicas de comunicação; a assessoria, os conteúdos e as RP. De forma a tornar cada uma dessas áreas mais especializada, mantém uma comunicação transversal com as outras áreas do departamento. Esta ideia de especialização, nos tempos de hoje é essencial, sobretudo, nas grandes empresas (Lampreia, 1999).

A área dos conteúdos é responsável pela recolha, tratamento e divulgação de todas as informações sobre todos os eventos

FC Porto, assim como da atualização dos conteúdos do site.

A assessoria do FC Porto é uma atividade institucional que estabelece a ligação entre a entidade e os OCS. As RP cuidam da ligação entre a entidade e as grandes empresas/pessoas que têm ou poderão vir a ter boas relações ou contratos com FC Porto.

Ao confrontarmos esta subdivisão estrutural do departamento de comunicação do FC Porto com a literatura, encontramos algumas diferenças. Rodrigues (2007) afirma que o assessor de imprensa trata da gestão do relacionamento entre uma pessoa física, entidade, empresa, órgão público e a imprensa, no entanto, Lampreia (1999) refere que estas funções serão realizadas pelas RP.

Esta aglomeração de funções poderá acontecer em empresas de menor dimensão, pois a base de conhecimentos de assessores e de RP poderá ter a mesma formação, o jornalismo. Afif (2000) destaca que nas organizações desportivas, as RP atuam na

área da AI na medida em que elabora press releases para o seu

website e atende os jornalistas que diariamente cobrem notícias sobre o clube. No FC Porto estas funções são destinadas ao departamento de assessoria e ao departamento de conteúdos. Na prática, a atividade do responsável pelo serviço de imprensa estriba-se em três polos de conhecimento: (i) conhecimento de RP, visto que ele é na realidade um técnico de RP especializado

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nas relações com um determinado público – os OCS; (ii) conhecimentos de jornalismo, dado que precisa de conhecer o seu público e estar profissionalmente à altura dele; (iii) conhecimentos da empresa onde trabalha, a fim de poder prestar eficientemente qualquer tipo de informação a esse respeito (Carvalho, 2006).

Esta afirmação verifica-se na instituição do FC Porto. Tanto Diana Fontes, como Rui Cerqueira, os assessores de imprensa do FC Porto são licenciados em ciências da comunicação e já executaram funções em OCS. Da mesma forma, os demais elementos - Jaime Teixeira, Alberto Barbosa e João Pedro - são formados em ciências da comunicação.

Concluímos assim que o FC Porto – Departamento Comunicação: é uma empresa de grande dimensão e de elevado prestígio que continua em ascensão. Existe uma clara intenção dos intervenientes em continuar a implementar ideias inovadoras e a especializar-se nas diferentes áreas de intervenção.

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