• Nenhum resultado encontrado

Contexto Histórico, Político e Social

No documento Reabilitação (páginas 34-44)

1. Contextualização do Objecto de Estudo

1.1. Contexto Histórico, Político e Social

Apesar da balização temporal que se propôs para esta investigação de 1880 a 1930, tornou-se pertinente uma contextualização histórica e política dos séculos XIX, XX e XXI com a intenção de se enquadrar as alterações ocorridas na sociedade em causa.

1.1.1. SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

O velho continente europeu assiste no século XIX ao sucesso de muitas das ideias e projectos encetados com as revoluções liberais. Na generalidade dos casos instituem-se regimes parlamentares, em que a burguesia detém o poder político. A burguesia distingue-se pela sua mentalidade característica em defesa dos mesmos valores e hábitos de vida. Este confia no esforço individual, no valor do trabalho e na possibilidade de ascensão social. Orgulhoso da sua fortuna e da sua posição social alcançada, o burguês tem o sentido do dever e do cumprimento das suas obrigações. Esta classe social emerge com uma dedicação calorosa à sua família e procura em todas as circunstâncias, a manutenção das aparências através de uma imagem de dignidade respeitando a conveniências sociais.

A civilização agrária é substituída pela civilização industrial, acentuando-se na segunda metade do século XIX o crescimento demográfico e económico. As classes médias expandem- se e irão promover a oposição entre a burguesia capitalista e o operariado. Responsável por este fenómeno de expansão, a complexidade da vida urbana geradora de uma pluralidade de profissões e serviços, vem assim formar uma média e uma pequena burguesia muito diversificadas. As classes médias constituem uma massa social cada vez mais influente.

Em Portugal, o país procura resolver os seus graves problemas económicos tentando recuperar o atraso em relação à Europa industrializada. Em 1851, um novo movimento da Regeneração propõe-se a iniciar a renovação económica, alcançando a estabilidade politica e pacificando o país. Constitui-se uma eficiente rede de vias de comunicação e de transporte, apoiada pela introdução dos caminhos de ferro, a abertura de novas estradas, a modernização dos

principais portos, a organização dos correios, a inauguração do telégrafo, do telefone e da electricidade (já no final do século). O país continua, porém, predominantemente agrícola.

A partir de cerca de 1870 começam a desenvolver-se em Portugal os ideais republicanos que se aproveitam das contradições e erros do regime monárquico constitucional em vigor. Apesar do atraso registado em relação aos restantes países europeus, desenvolve-se gradualmente uma classe de burgueses ricos, banqueiros e capitalistas em território nacional. Consciente da sua classe e orgulhoso do nome plebeu, este extracto social era composto por membros originários da pequena e média burguesia, assim como da nobreza tradicional, embora em número reduzido, virada agora para as actividades do comércio e banca.

1.1.2. SÉCULO XX

Em 1906, num ambiente de monarquia constitucional, o rei D. Carlos I forma um governo sem maioria parlamentar em que o rei “reinava mas não governava” (Marques, 1969). Porém, a oposição ao rei e ao ministério, assim como os ânimos populares foram crescendo e culminam no Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908 que ocorre no Terreiro do Paço, em Lisboa. Este acontecimento desencadeia uma nova escalada de violência na vida pública do País. O rei sucessor, D. Manuel II, culpa do regicídio o primeiro-ministro de seu pai, João Franco que governara como um ditador nos últimos anos. A demissão de João Franco não impede, no entanto, a degradação da imagem da monarquia nem detém a pressão do movimento republicano. A instabilidade política e social (muitas vezes fruto do poder que o rei tinha para dissolver as Câmaras), a subjugação do país aos interesses coloniais britânicos, o poder da igreja, os gastos da família real, o sistema de alternância de dois partidos no poder (os progressistas e os regeneradores), a aparente incapacidade de acompanhar a evolução dos tempos e se adaptar à modernidade foram tudo factos que contribuem para um inabalável processo de desgaste da monarquia portuguesa do qual os defensores da república, particularmente o Partido Republicano, souberam tirar o melhor proveito. Organizados, os republicanos que se apresentavam como os únicos com um programa capaz de devolver ao país o prestigio perdido, organizam e fazem eclodir uma revolução triunfante a 5 de Outubro de 1910. A república é proclamada e o rei obrigado ao exílio na Grã Bretanha.

É imediatamente constituído o Governo Provisório, com a presidência do Dr. Joaquim Teófilo Braga. Vota-se numa constituição em 1911 e institui-se um sistema parlamentar inspirado no sistema francês dando inicio à Primeira República. Este novo fôlego traz mudanças à sociedade

portuguesa tais como a substituição dos símbolos nacionais: o hino nacional e a bandeira bem como a moeda, com o escudo a substituir o real, entre outras.

Contudo, Portugal vive ainda momentos de instabilidade politica. De 1910 a 1926, Portugal é governado por uma república parlamentar (ou a 1ª República) baseada na predominância do Parlamento sobre o poder executivo. Durante este período o país conhece 8 Presidentes da República e 45 governos chefiados por republicanos que são uma minoria urbana num país rural de direito de voto restrito aos homens alfabetizados e que correspondem a cerca de vinte e cinco por cento da população portuguesa.

Neste início de século assiste-se ao crescimento das incontornáveis tensões que culminaram na I Guerra Mundial (1914-1918), na qual Portugal entrou em 1916 ao lado dos Aliados. Pretende-se, assim, salvar as colónias dos interesses estrangeiros. Parte da população portuguesa discorda desta posição política de Portugal na Europa, sobretudo quando as consequências económicas se começam a fazer sentir. A moeda desvaloriza-se, a inflação dispara a galope, os preços sobem constantemente, factores que provocam a descida do nível de vida dos portugueses, cujo défice financeiro não pára de aumentar. As despesas do Estado são permanentemente superiores às receitas obrigando ao recurso a empréstimos cada vez mais delicados de pagar. Vastos sectores da sociedade de direita atemorizados pelo exemplo da Revolução Russa vão estimular o aparecimento de grupos armados de extrema direita e procurar o apoio dos militares tendo em vista a organização de um “governo forte” que defenda melhor os seus interesses.

A 28 de Maio de 1926 inicia-se em Braga um golpe militar comandado pelo general Gomes da Costa. Visando a reposição de ordem no país, este vem marcar o fim da 1ª República e o início de um longo período de ditadura.

O período balizado entre 1926 e 1933, denominado por Ditadura Militar, viu o parlamento ser dissolvido, as liberdades individuais suspensas e o autoridade passou a ser controlada pelos militares, tendo como Presidente da República o General Óscar Carmona eleito em 1928.

Em 1932, António de Oliveira Salazar ascende com naturalidade ao poder de Ministro das Finanças a Presidente do Conselho (onde se manteve até 1968) em que irá impôr uma política de austeridade, aumentando os impostos e reduzindo as despesas do Estado. Salazar prepara uma nova Constituição, aprovada em 1933, que finaliza o período de Ditadura Militar fundando o regime do Estado Novo (muitas vezes vulgarmente designado pelo salazarismo).

Durante quatro décadas decorre um poder absoluto na vida politica e quotidiana de regime politico conservador e autoritário (do tipo fascista) em que se respira uma insólita estabilidade num ambiente de regeneração e autossuficiência. Os portugueses acreditam no homem de Santa Comba Dão que lhes impõe a castração da sociedade civil promovida pela persuasão e mentalização obtidas através da censura e polícia políticas, a Policia Internacional e de Defesa do Estado, a PIDE. Todos os partidos políticos foram proibidos sendo criado pelo governo um partido oficial único, a União Nacional, e os sindicatos livre proibidos, instituindo-se o corporativismo.

A sociedade deste regime intimida-se e conforma-se. Idealiza-se um modelo de sociedade salazarista: “anti cosmopolita, paroquial, protegida das perniciosas influências estrangeiras, voluntariosa, puritana, disciplinada, não consumista, industrializada só no essencial, onde os patrões e operários vivam em harmonia, abastecendo e abastecendo-se no império colonial. “(…) Há até lugar para o optimismo, o júbilo e a celebração que a propaganda do Regime tão bem sabe difundir.” (Barros, 2009).

Do ponto de vista económico e financeiro, Portugal possui uma moeda forte e consolidada. Em termos demográficos, o país tem a taxa de crescimento mais alta da Europa durante a década de trinta: para além da suspensão do fluxo migratório português motivada pela crise sentida a nível mundial verifica-se um declínio da mortalidade, a melhoria das condições higiénicas, o aumento da taxa de nupcialidade e uma queda acentuada na taxa de divórcios (eventualmente devido à moral do regime). A esperança média de vida, no entanto, ainda não ultrapassa os cinquenta anos.

Continua a existir, todavia, uma agricultura tradicional pouco produtiva acompanhada por uma indústria dispersa e pouco desenvolvida e um sector de serviços mínimo. Segundo as fontes estatísticas, cerca de metade da população activa trabalha ainda no campo e vive impossibilitada de emigrar sem a “carta de chamada”, ou seja, uma garantia de trabalho no exterior. O desenvolvimento industrial é deliberadamente travado por Salazar, como forma de impedir a constituição de um proletariado forte e numeroso.

Até à 2ª Guerra Mundial, a politica económica de Salazar pauta-se pelo esforço do equilíbrio financeiro e pelo lançamento de um programa de obras publicas, um dos seus principais motivos de orgulho e propaganda.

Apesar do alastramento da II Guerra Mundial pela Europa (durante o período compreendido entre 1939 e 1945), Salazar consegue impedir que Portugal participe nesta, facto que motiva

uma afluência de refugiados ao nosso país. Estas populações forçadas a sair dos seus territórios agitam a moral portuguesa e a mentalidade salazarista: os homens vestem-se informalmente em que dispensam o uso de chapéu e as mulheres que se atrevem a sentar sozinhas em esplanadas, fumam na rua em público. Na praia, os homens andam de tronco nu e as mulheres usam fatos de banho, os maillots, arrojados. Lisboa torna-se assim uma cidade cosmopolita europeia, apesar de viver numa ditadura.

Com o decorrer do tempo, torna-se cada vez mais insuportável para Salazar a manutenção da neutralidade; é difícil manter a estabilidade do país dada a agitação social causada pelas privações da economia de guerra e dada a agitação política originada pela queda dos principais regimes fascistas europeus. Portugal é alvo de intrigas à medida que as embaixadas e espiões dos países participantes disputam informações, bens e matérias-primas, dada a neutralidade colaborante assumida pela nação. Portugal inclina-se, inicialmente até 1943, para o apoio das potências do Eixo, com as quais tem maiores afinidades ideológicas. Quando a vitória dos Aliados já se deixa vislumbrar, o país inflete o seu rumo. As exportações durante a guerra proporcionam a Portugal a obtenção de saldos positivos na sua balança comercial.

Apesar da angariação de grandes capitais nesta fase da história do país, os horizontes do regime salazarista continuam circunscritos pela obsessão do equilíbrio financeiro e não estimulam o investimento promovendo a estagnação da economia.

Ao contrário do que por muitos era esperado, o salazarismo fica reforçado após a derrota do nazismo e do fascismo da Segunda Guerra Mundial. De 1945 a 1974 ocorrem várias eleições que foram manipuladas a favor do regime. Apesar da repressão, este é progressivamente contestado: a maioria dos intelectuais e profissionais liberais da sociedade portuguesa opõem- se activamente nos breves períodos eleitorais. Algumas elites sociais como a grande burguesia, a maior parte do clero católico e dos oficiais das forças armadas apoiam no entanto o regime, o que permite a manutenção do mesmo. O carácter anticomunista do regime do Estado Novo agrada aos países ocidentais, sendo Portugal admitido em 1949 como país fundador da NATO, e em 1955, como membro da ONU. Após este ingresso, recomendadou-se a Portugal que concedesse autonomia às suas colónias, as províncias ultramarinas pertencentes ao Estado pluricontinental e multirracial- um só Portugal "do Minho a timor", segundo Salazar.

primeiros planos de fomento, responsáveis pelo surgimento de novas indústrias que modificam substancialmente a situação económica de Portugal. Embora o crescimento económico português seja menor do que o nível europeu, rompe-se com a tendência para a estagnação e isolamento.

O inicio da década de cinquenta caracteriza-se pelo investimento de muitos capitalistas no sector industrial. A pressão dos interesses externos conduz ao fim do isolamento da sociedade portuguesa, à aproximação com outros países da Europa, à integração de Portugal na EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre) e à entrada de investimentos estrangeiros na década seguinte apesar da aversão sentida por Salazar.

É neste cenário que a indústria portuguesa se desenvolve enquanto que no panorama agrário se mantêm sistemas tradicionais sem capacidade para novos processos de cultivo. É seguro afirmar que o país já não é sobretudo agrícola; verifica-se uma descida da população activa rural de 48% do total em 1950 para 42% em 1960 que ruma em massa em direcção às cidades industrializadas.

O mundo conhece nos anos cinquenta uma explosão do consumo e do conforto. Um certo desafogo económico permite às classes médias em expansão adquirir a maior das novidades tecnológicas e de entretenimento que é a televisão.

A década de sessenta assenta sob várias contradições: o desenvolvimento económico coexiste com constantes sinais de subdesenvolvimento e desequilíbrios estruturais; a industrialização cria mais e melhores empregos, mas não inibe a emigração motivada pelo insuficiente crescimento económico; o protecionismo económico convive com a instalação de empresas estrangeiras em território nacional; o Governo procura o isolamento diplomático e os portugueses estão permeáveis às influências do exterior.

O terceiro plano de fomento de 1967 vem reforçar as intenções de industrialização do país procurando abrir-se claramente ao investimento estrangeiro. É finalmente nesta década que o país deixa a identidade rústica e adopta um perfil de país industrial. As unidades industriais desenvolvem-se no litoral, em especial à volta da capital, regiões de fácil acesso e disponibilidade de mão-de-obra e os campos despovoam-se.

O trabalho feminino evidencia-se nesta época, dado que a circunstância da guerra provoca a falta de mão-de-obra masculina, para além de que a ideologia do Regime se torna insuficiente para a manutenção da mulher no lar.

As classes médias e suas exigências consumistas expandem-se: estas faixas populacionais “vêem televisão, lêem revistas e jornais, fazem comparações com o estrangeiro, abrem-se aos novos costumes e seguem as modas” (Moura, 1963 citado por Barros, 2009).

Nas populações mais jovens, os movimentos despoletados em França em Maio de 1968 depressa promovem uma rebeldia que adere às modas musicais do twist e do ié-ié e posteriormente do pop-rock e do movimento hippie. Nos estabelecimentos de ensino superior vive-se um ambiente de rebelião constante, marginal aos valores tradicionais da sociedade portuguesa e justificado pela agitação da reacção à rigidez do salazarismo e pela perspectiva de participação na guerra colonial.

O mundo político agita-se em 1968, data em que Salazar sofre um acidente vascular responsável pela impossibilidade de continuar a desempenhar as suas funções e pela cedência do seu lugar. Marcelo Caetano toma o lugar de novo Presidente do Conselho e o país aceita serenamente a mudança.

Em Março de 1961 ocorrem no norte de Angola combates anti-colonialistas. Estes movimentos rapidamente se alastram às outras províncias ultramarinas da Guiné e Moçambique. A guerra colonial que se desencadeia é muito criticada interna e externamente e é um dos factores responsáveis pela revolução do 25 de Abril de 1974. Durante o período de 13 anos que dura a guerra, Portugal vê-se obrigado a desviar vultuosas verbas para cobrir as despesas militares que poderiam ter sido responsáveis pela promoção do desenvolvimento do país. O movimento do 25 de Abril tem imediata adesão popular, sendo o Presidente da República, Américo Tomás, o Presidente do Conselho, Marcelo Caetano e vários dos seus ministros, presos e posteriormente exilados. Para além da descolonização, a democratização e a modernização da sociedade portuguesa é outro dos principais objectivos do 25 de Abril. Para tal, cria-se um novo sistema institucional democrático em Portugal: a organização de partidos políticos, a consulta regular às populações através de actos eleitorais, a redação e aprovação de uma nova Constituição. O país aposta assim numa maioria politica estável, cujo principal desígnio é a modernização, a integração europeia, a restituição dos militares aos quartéis e o progresso da sociedade civil.

Após a revolução dos cravos, a sociedade portuguesa ambiciona melhorias. Sem investimento e sem remessas dos emigrantes (a guerra baixa o desemprego e consequentemente o número da emigração, para além de que no panorama europeu, o velho continente atravessa uma crise causada pelo choque petrolífero de 1973), Portugal conhece dias de agitação política, social e económica, tendo sido obrigado a recorrer a empréstimos externos concedidos pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). Este constitui-se como uma tentativa de correção da situação de grande dependência externa financeira que se prolonga até 1986, ano da adesão à CEE, posteriormente União Europeia em que se elege um governo civil e que marca o início de uma era de estabilidade.

A segunda metade da década de oitenta é efectivamente vivida num ambiente de crescimento económico e marca o fim de um ciclo de profundas transformações ocorridas no país. Portugal passa da inconstância politica para a estabilidade, da crise para o crescimento económico, da poupança para o consumo e do restringimento ao espaço nacional para a livre circulação no espaço económico europeu. Com efeito, é nos anos oitenta que a corrente de imigração (essencialmente proveniente do Brasil e das antigas colónias) se sobrepõe à emigração. Os portugueses têm agora outras inquietações: o conforto sobrepõe-se às preocupações ideológicas e consome-se mais do que em qualquer outro período anterior. A inauguração dos novos hipermercados e centros comerciais contribui para a corrida e canalização dos gastos da população em bens tais como automóveis, electrodomésticos, equipamentos electrónicos, roupa e calçado. Os valores de consumo aproximam-se dos padrões europeus e, pela primeira vez, a percentagem de famílias que possuem habitação própria ultrapassa os sessenta por cento, valor muito elevado mesmo quando comparado com os restantes parceiros europeus. Esta expansão económica promove o crescimento do sector terciário (em actividades tais como: banca e outras actividades financeiras, comércio, turismo, informática, meios de comunicação, ensino e formação profissional) e a redução dos sectores agrícola e industrial, sendo que a maior parte dos cargos são cada vez mais ocupados por mulheres. Este novo papel desenrolado pelo sexo feminino contribui para o retorno ao fato e gravata e à cuidada elegância feminina em que a imagem física ganha importância na procura para se alcançar o sucesso profissional, constrastante com o estilo descontraído dos rebeldes anos sessenta.

Os anos noventa são vividos tranquilamente numa atmosfera de estabilidade política, quando o país atinge um nível de bem-estar inédito: urge saborear-se a vida e descontrair. Os

hipermercados e centros comerciais cada vez maiores instalam-se por todo o país que de repente deixa de ser o menos desenvolvido da Europa comunitária. A população gasta o que tem e o que não tem fazendo com que a taxa de endividamento aumente de vinte para oitenta por cento do rendimento disponível.

Apesar da contenção que visa o cumprimento dos objectivos financeiros europeus, o Estado português investe grande parte dos fundo provenientes da Europa em infraestruturas de comunicações e em espaços de lazer e cultura.

O Primeiro Ministro eleito, o Dr. Aníbal Cavaco Silva preside a uma fase excepcional de desenvolvimento e crescimento de Portugal promovendo uma política económica neoliberal. É o responsável pela integração de Portugal no tratado de Maastricht em 1991, quando se forma a União Europeia e opta-se por integrar o processo de instituição da moeda única europeia – o Euro. A meio da década é trocada a liderança tanto do Primeiro Ministro (o governo é agora liderado pelo socialista Engº António Guterres – Partido Socialista - de 1995 a 2001) como do Presidente da República (Dr. Jorge Sampaio de 1996 a 2006), eleitos democraticamente. Imigrantes trabalhadores da Europa central e de Leste chegam ao país gradualmente e surpreendentemente rápido.

A televisão privada surge em Portugal no ano de 1992 e modifica o modo de actuação dos media. A busca persistente por notícias, a presença e transmissão em ocorrências dramáticas e a sua agressividade para com algumas instituições de poder vem moldar e afectar a opinião publica.

Em 1998 realiza-se em Lisboa a exposição universal Expo`98, atraindo 11 milhões de visitantes, demonstrando uma grande vitalidade cultural do país.

O final do século XX é também o fim do império português, assinalado pela passagem de soberania de Macau à China em 1999, último território ultramarino administrado de facto por

No documento Reabilitação (páginas 34-44)

Documentos relacionados