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Contexto Urbano e Arquitectónico

No documento Reabilitação (páginas 54-64)

1. Contextualização do Objecto de Estudo

1.3. Contexto Urbano e Arquitectónico

Durante os anos que ocorrem na transição do século XIX para o século XX, os habitantes da cidade de Lisboa vivem momentos de expansão populacional, descrito como um surto demográfico (Pereira, 1979), motivado pelo processo de industrialização tardia que estava a processar-se no país. Nos anos 80 do século XIX, o número de residentes cresce cerca de 30%, havendo a partir de 1864, a obrigatoriedade da elaboração de “planos gerais de melhoramentos”, elementos de planeamento urbanístico no entanto incomparáveis com as grandes expansões urbanas das metrópoles europeias.

É neste meio que se desenvolve o Bairro Camões, na zona da rua Barata Salgueiro.

Após o rasgamento da Avenida da Liberdade, inaugurada em 1885, Lisboa carece de uma nova expressão urbana delineada que o crescimento populacional e o progresso da burguesia cosmopolita justificam.

1.3.1. RESSANO GARCIA E O PLANO DAS AVENIDAS NOVAS

Concretizando amplamente uma nova representação urbana, que havia sido timidamente esboçada pelo rasgamento do Passeio Público do Rossio e a criação da Avenida da Liberdade, a fisionomia da cidade de Lisboa é radicalmente modificada pelo Plano das Avenidas Novas.

O projecto urbano do engenheiro municipal formado em Paris, Ressano Garcia, para as “Avenidas Novas” constitui-se como uma importante área de expansão para norte e nordeste da cidade de Lisboa partindo da Rotunda do Marquês de Pombal estendendo-se até ao Passeio do Campo Grande. Inicia-se em 1879 com o “plano de melhoramentos” (o segundo, depois de 1864-81) sendo posteriormente, em 1888, responsável pelo alargamento considerável da escala da intervenção pública que se traduz em expropriações de vastas áreas, em traçados de planos viários, assim como na introdução de nova regulamentação das regras de construção. Uma vez mais, seria um engenheiro a qualificar a Lisboa burguesa do principio do século.

Ressano Garcia baseia-se em princípios e técnicas do urbanismo francês que alteram a escala urbana da cidade. Apoiada nos modelos importados das boulevards progressistas, esta rasgada operação cria uma nova malha viária, em que a avenida é o elemento de medida. Destas avenidas parte um conjunto de ruas constituindo uma malha ortogonal que se integra nas preexistências.

No número de Março de 1906 da revista Ilustração Portuguesa, num artigo intitulado As Novas Construcções de Lisboa, sobre o Palácio Sotto Mayor, o autor “funccionario de mais elevada categoria do municipio” com o entusiasmo característico do início do século, escreve: “(…) As avenidas Fontes Pereira de Mello, Antonio Augusto de Aguiar, Ressano Garcia, Antonio Maria de Avellar, estenderam as suas filas symetricas de arvores atravez de todos os obstaculos. Trinta ruas, quarenta ruas, cincoenta ruas appareceram como por encanto, illuminadas, arborisadas, edificadas.”

Generalizam-se os grandes quarteirões que introduzem uma nova forma de ocupação no terreno subdividido em lotes estreitos e profundos obrigando a novas configurações de edifícios.

Esta operação urbanística introduz uma estética e um pragmatismo da engenharia, na medida em que reflecte grandes preocupações nos campos da salubridade, higiene e iluminação. Como tal, higieniza-se a cidade alargando as ruas estreitas, tortuosas e mal iluminadas e introduz-se a circulação do ar nas habitações e nos interiores dos quarteirões através de saguões. Criam-se importantes manchas de arvoredo e vegetação em amplos jardins e bosques (nascendo assim a actividade da arquitectura paisagista), arborizam-se passeios e placas centrais ou laterais das ruas largas, operações que tomam partido do carácter natural e de pulmões verdes destes elementos que higienizam a cidade. São também criadas infra- estruturas (esgotos, água e electricidade) logo desde o início da construção.

Decorrente do racionalismo engenheiral, refira-se também o loteamento das novas zonas de extensão, com uma matriz geométrica que se repete monotonamente cedendo amplos logradouros no interior dos quarteirões.

Contrariamente ao que aconteceu na generalidade dos casos das grandes cidades, a cidade de Lisboa, “mecânica e geométrica” (Henriques da Silva, 1985), não questiona a cidade velha, expandindo-se por ampliação e não por reconversão respeitando as preexistências. Tecnicamente, o projecto de Ressano Garcia é notável (Henriques da Silva, 1985). Este transmite segurança e bem estar através das redes ortogonais e das suas infraestruturas, permanecendo e respeitando, no entanto, o carácter lisboeta através da consideração tida pelas preexistências que permaneceram até à modernidade.

Fig. 4:Esquema do Plano das Avenidas Novas

Paralelamente a este projecto que se desenvolve ao longo de um dos principais vales de Lisboa, realiza-se outro, incluído no plano de 1901-04 que se implanta noutro vale lisboeta, da Baixa a Arroios, mas que não obtém tanta relevância e futuro, já que ao contrário do primeiro, aponta para uma zona da cidade de uso antigo, como se descreve adiante.

A operação urbanística da construção das Avenidas Novas marca, sem dúvida alguma, a afirmação de Lisboa como capital europeia moderna. O empenho político da Câmara e do Governo no projecto global das Avenidas Novas esmorece, quase definitivamente, durante o período da Primeira República, visto que os próprios dirigentes municipais cedo manifestam “o seu desamor por aquela cidade de ricos” (Henriques da Silva, 1985).

Uns anos mais tarde, depois de viver 20 anos sem fervor dada a constante dependência do centro que era a Baixa, é durante a década de vinte numa altura em que “ os novos ricos procuram criar uma genealogia e os descendentes da aristocracia liberal se convertem aos encantos da vida moderna” (Henriques da Silva, 1985) que As Avenidas Novas surgem finalmente como um local da moda.

Durante o regime do Estado Novo, este panorama inverte-se novamente: as Avenidas tornam- se sensivelmente um modelo a evitar. Tanta exibição de riqueza ostensiva é desaprovada por um regime que está empenhado na criação de símbolos urbanos e arquitectónicos exclusivamente seus e a inexistência de normas disciplinadas desagrada à nova organização da sociedade. Por estes motivos, procedem-se a alterações de fachadas e a demolições quando ainda se edificam os últimos lotes.

1.3.2. A CONSTRUÇÃO DAS AVENIDAS

As edificações que se concretizam nas Avenidas Novas são num primeiro momento habitações unifamiliares, moradias ou palacetes, implantadas em parcelas de gaveto (provavelmente pela opção da criação de jardins), correspondentes ao gosto burguês de fim de século dos seus proprietários “novos ricos”, que enriqueceram rapidamente naquela época, cujas fortunas têm na sua generalidade origem no Brasil ou em África.

A partir da segunda década do século XX, surgem nas Avenidas os prédios de rendimento, ou seja, os edifícios de habitação plurifamiliar por pisos construídos por promotores tendo em vista a venda ou o arrendamento dos mesmos. Estes vulgarizam-se e surgem organizados em fiadas quase contínuas por toda a cidade sendo os protagonistas da Lisboa renovada.

A edificação tanto das moradias como dos prédios de rendimento traduz o gosto do cliente burguês que encomenda "arte de aparências, volúvel e evocadora, quer do passado, quer do mundo rural, quer do estrangeiro” (Portas, 1973).

Existe uma clara hierarquização das artérias urbanas, na medida em que o ritmo de construção nas avenidas paralelas é mais lento, sobretudo nas avenidas mais a norte. A qualidade arquitectónica nas segundas é evidentemente menor e a intervenção dos arquitectos quase inexistente. A variedade de estilos diminui dando lugar a uma repetição de certos modelos simplificados.

1.3.3. OS BAIRROS

Paralelamente a uma burguesia em ascensão que protagoniza a urbanização das Avenidas Novas com padrões qualitativos superiores, coexistem outros estratos das denominadas classes médias (em que se inclui também a pequena burguesia), aos quais correspondem necessidades urgentes de alojamento.

Simultaneamente à concretização do plano das Avenidas Novas, desenvolve-se um processo intenso que abrange quintas e preenche espaços vazios que as vias radiais demarcaram. A expansão urbana regulada pela matriz de Ressano Garcia permite a criação de pequenos bairros de desenho tendencialmente geométrico. Introduzem-se assim na cidade focos de civilização através das bases criadas de infraestruturas básicas e rede viária.

Constroem-se assim bairros inteiros como o de Camões (Conde Redondo), Andrade, de Inglaterra, das Colónias, dos Actores, Calvário, Campolide e Brandão e preenchendo outros

iniciados antes do arranque do Plano das Avenidas Novas, como a Estefânia e Campo de Ourique (ambos de iniciativa camarária, projectados por Ressano Garcia em 1880) e Barata Salgueiro de iniciativa particular mas em que a Câmara acabaria largamente por intervir). O Município realiza posteriormente a abertura de grandes eixos de penetração e urbanização como a actual Avenida Almirante Reis (anteriormente designada por Avenida dos Anjos, rebaptizada em 1903 com o nome Avenida Dona Amélia) em que surge uma dispersão de bairros articulados com a Estefânia e com as Picoas e, do lado oriental, com a vivência antiga e operária da Graça. Este eixo é urbanizado paulatinamente por se implantar em tecido já fortemente construído, em que o tecido social é menos privilegiado fixando uma população pequeno burguesa.

Porém, dada a população média e pequeno-burguesa residente, este conjunto de bairros recai, necessariamente, sobre padrões urbanos e de construção mais modestos do que o das Avenidas Novas: “a cidade satisfazia-se (…) com construções de moradias e prédios de rendimento, para uma média e pequena-burguesia…” (França, 1974 citado por Almeida, 2006).

Estas células apresentam-se a nível urbano com uma escala mais reduzida: a malha do quarteirão, a largura das vias e a dimensão dos lotes. Estas zonas compactas são traduzidas pelas densidades elevadas e por uma total ausência, no interior de cada loteamento, de espaços livres. Os edifícios habitacionais são também construídos com dimensões mais reduzidas, acessíveis a pequenos construtores de investimentos modestos. Dá-se um aproveitamento intensivo do volume de construção permitido: multiplicam-se os fogos em caves e em águas-furtadas (mansardas), que são posteriormente proibidos. Regista-se também com alguma frequência, construções mistas de prédio com frente para a rua e vila operária no interior do lote.

As fachadas são simples (no prolongamento do espírito pombalino), raramente apresentam cantarias, sendo por vezes adornadas por frisos de azulejo. Por vezes, e sobretudo nas artérias principais, encontram-se edifícios que incorporam elementos de maior qualidade em sintonia com as construções das Avenidas Novas, tais como faixas de cantaria, volumes decorativos, porteiro, circulação de serviço.

Posteriormente, na época da década de vinte, desenvolvem-se bairros formados por prédios de rendimento com fachadas de desenho modernista destinados à classe média e pequena- burguesa. São os Bairros Bélgica e Londres (Rego), Bairro da Liberdade (zona de Campolide), Bairro das Colónias, Bairro Santos, Bairro Lopes (zona oriental), para além do crescimento de zonas como a de Penha de França e São Mamede. A burguesia mais endinheirada alojou-se nos bairros criados nas zonas dos Bairro Azul e Alto do Parque Eduardo VII, para além das Avenidas Novas.

Durante a década de trinta, estas zonas continuam a sua expansão e desenvolve-se a Avenida Álvares Cabral, igualmente com desenho modernista e destinado a estratos sociais elevados.

Fig. 6: A Influência do Movimento Moderno. In Evolução das Formas de Habitação Pluri-Familiar na Cidade de Lisboa

As intervenções efectuadas pontualmente acentuam a segregação social e desfragmentam a expansão da cidade que havia sido feita em continuidade, consequência da intensa actividade empresarial da época (patos bravos).

Estes bairros caracterizam-se por um desenho urbano pouco inovador que ocupa terrenos loteados de antigas quintas suburbanas feitos sem grande sentido urbano. Estes aceitam todavia a estrutura urbana tradicional, crescendo à base de loteamentos de configuração tradicional sobre arruamentos de quarteirão fechado. Assentam em elementos fundamentais como os arruamentos, a edificação em quarteirão e o espaço não construído dos logradouros. A dimensão do arruamento condiciona desde logo a volumetria e tipologia dos edifícios correspondendo às preocupações de higiene e salubridade do plano.

Os quarteirões eram divididos geometricamente em lotes que eram ocupados por um edifício e respectivo logradouro no espaço não construído remanescente das traseiras. Tal como referido anteriormente, o plano possibilita a implantação de tipologias habitacionais distintas, tais como moradias ou prédios de rendimento. Procurando a inovação da configuração das tipologias, a construção destas edificações foi fiel à lógica da promoção imobiliária, aproveitando ao máximo a área do lote, recorrendo a corredores laterais exteriores e saguões para permitir a criação de compartimentos no "miolo" dos edifícios com as condições exigidas na época.

Mantém-se o espírito tradicional das fachadas relacionadas com o espaço urbano através do alçado principal que não reflectem a distribuição da compartimentação interior. No entanto, as fachadas principais e tardoz reflectem preocupações de desenho distintas: A fachada principal constitui a frente adornada que exibe o desenho do plano marginal virada para a rua enquanto que a tardoz mantém a marquise de ferro apoiada pelas suas escadas de serviço voltadas para o espaço privado residual do logradouro. É nestes espaços de logradouros, localizados e escondidos nos interiores dos quarteirões e desassociados da morfologia dos espaços públicos urbanos, que se localizam as actividades escondidas do espírito burguês das aparências, tais como hortas, armazéns, garagens, ilhas operárias, entre outras.

1.3.4. OS “PATOS BRAVOS”

Conforme anteriormente enunciado, no início do século XX, as condições são propícias ao crescimento do sector da construção civil na cidade de Lisboa.

O aumento populacional e a consequente procura de habitação, os novos meios de transporte e acessibilidades, os terrenos disponíveis para a expansão urbana e suas infraestruturas para além do número reduzido de arquitectos (o Anuário da Sociedade dos

Architectos Portugueses refere a existência de 30 profissionais em 1906, ao contrário da vasta lista de construtores civis) são factores que promovem o aparecimento dos "patos bravos" em Portugal, construtores e promotores que vêm marcar a imagem da capital.

Maioritariamente oriundos de Tomar estes construtores e promotores vêm marcar a imagem da capital (“três simples operários carpinteiros tomarenses” constituíram-se em sociedade para “construir uma propriedade para venda tal como se vendiam móveis ou outros objectos de primeira necessidade” dando origem à “indústria das edificações urbanas para venda”, de autor anónimo in Os Construtores Civis Tomarenses, Filius Populi).

A classe profissional dos arquitectos portugueses, apresentando-se em número reduzido e assistindo à degradação do seu papel na sociedade, é incapaz de dar resposta às novas necessidades impostas por estes impulsionadores da construção de habitação para venda, sendo a maioria dos projectos elaborados por engenheiros, desenhadores e construtores, que passam a constituir-se como projectistas.

Depois de uma primeira instalação, “ainda calma” de Patos Bravos, uma segunda geração proveniente sobretudo de Tomar desloca-se à capital, e constrói para vender lucrativamente numa Lisboa que “encontrou (…) a mão-de-obra que precisava para concretizar o seu sonho de modernidade” até à interrupção despertada pela crise mundial da recessão da década de 20 que é provocada pela guerra e consequente instabilidade política. Nos primeiros anos da década de 20, a crise política, económica e financeira faz com que os preços das matérias primas aumentem atingindo o sector da construção e tornando inacessível o acesso ao crédito, “o negócio de venda de prédios deixa de ser uma aventura fácil que qualquer tomarense afoito pode acometer” (Henriques da Silva, 1985).

Estes eventos e impedimentos promovem uma degradação da qualidade da construção assim como a quebra na procura de habitação. A atitude da Câmara em relação ao agravamento evidente da qualidade da construção e à impunidade da actuação dos mestres de obras não foi totalmente passiva. Foi até por vezes conivente como se depreende pela polémica gerada entre a Comissão Administrativa e Ressano Garcia (enquanto chefe da 3ª repartição) em 1907, por este se ter recusado a inscrever um conjunto de mestres de obras por “lhes faltarem os requisitos técnicos que a lei expressamente exige.”

Posteriormente e sob a Ditadura Militar, a 30 de Março de 1928, a publicação do Decreto nº15289 impulsiona a retoma da actividade, caracterizada pelo claro apoio do novo regime à construção urbana, através desta legislação que concede incentivos através de benefícios fiscais e legais, nomeadamente a isenção de contribuição predial durante 10 anos e a redução do imposto SISA a 1%.

Conhece-se então uma época de maior estabilidade económica, em que deixa de existir desemprego para os operários da construção civil e respectivos empresários.

Com o estado corporativo, as empresas construtoras, em nome individual ou em sociedades, vêm substituir quase na totalidade o promotor individual. Os projectos licenciados segundo a legislação em vigor são agora na sua maioria assinados por engenheiros ou arquitectos, que entretanto se organizaram em 1901 e formaram a Sociedade dos Architectos Portuguezes, que publica o respectivo Annuario, responsável pela promoção e reconhecimento do estatuto social do arquitecto.

Este factor influencia necessariamente uma difundida melhoria na qualidade construtiva lisboeta em geral e nas construção dos últimos lotes das Avenidas em particular, na qual se procede à substituição dos processos construtivos tradicionais introduzindo-se o betão armado (iniciando-se a produção do cimento nacional) como matéria estrutural. Este novo sistema construtivo possibilita lentas alterações nas plantas dos edifícios em que se evoca recursos estilísticos inspirados na Art Déco, característica pela sua geometrização ornamental.

1.3.5. A ARQUITECTURA

É importante referir que a qualidade do plano das Avenidas Novas assenta em princípios urbanistas, já que do ponto de vista da arquitectura este não tem a mesma correspondência qualitativa. O loteamento, respectivos alinhamentos e regulamentos mínimos de edificação são concebidos por um engenheiro, limitando a intervenção do arquitecto à unidade da parcela.

Fruto do espírito liberalista da época e soltando-se das condicionantes pombalinas, o Plano das Avenidas Novas não enuncia princípios normativos arquitectónicos permitindo que cada promotor, construindo para si mesmo, para venda ou arrendamento, possa optar entre prédio ou moradia, pela ocupação de toda a frente do lote ou não, pelo isolamento do edifício ou pela

exigências nem ao nível da estética nem ao nível dos materiais. “Desde a «moradia» de ostentação ao «prédio de rendimento», desde a «habitação» à loja ou escritório, tudo isto pode caber na matriz das «Avenidas Novas».(...)”(Henriques da Silva, 1985).

A produção arquitectónica revela-se, consequentemente, excessivamente heterogénea, manifestando fragilidade económica e social do período complexo vivido pela burguesia portuguesa (Madeira Rodrigues, 1980 citado por Henriques da Silva, 1985), responsável também pelo arrastamento do próprio plano, apenas concluído nos anos 1930. Esta liberdade compromete a consolidação final do Plano, dada a época da arquitectura eclética, marcada por vários revivalismos, exotismos e ruralismos. Este factor promove a demolição de alguns edifícios já nos anos 1930, quando ainda existem lotes para edificar.

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