• Nenhum resultado encontrado

Com a intenção de escolher a escola lócus da pesquisa, visitamos algumas escolas estaduais de Ensino Médio, em Natal/RN, buscando identificar, no seu quadro discente, alunos com deficiência mental.

Das quatro escolas visitadas, apenas uma foi selecionada, pois, nas outras três, embora tivéssemos tido informação da existência de alunos com deficiência mental, esses não dispunham de diagnóstico, como também as instituições de ensino não contavam com o reconhecimento das famílias sobre a possibilidade de seus filhos apresentarem déficits nessa área. Essas escolas, na verdade, baseavam-se apenas no baixo rendimento escolar desses alunos, culminando com mais de uma repetência e problemas relacionados à indisciplina, motivos que, no nosso entendimento, não se enquadrariam no critério previamente estabelecido para a escolha da escola.

Selecionada a escola, procuramos a direção para informar o propósito da pesquisa e solicitar seu consentimento para a realização do estudo. A seguir, a mãe da aluna com deficiência mental também foi comunicada sobre a pretensão do estudo, colocando-se, desde o primeiro momento, à disposição para colaborar durante o processo de investigação.

A escola pesquisada é vinculada ao sistema estadual de educação, localiza-se num bairro da zona sul da cidade de Natal/RN, denominado Lagoa Nova.

Foi fundada em 1980, sendo reconhecida pelo Ato de Criação n° 7.846/80 – SECD/RN4, em 15/02/1980 e autorizada através do Ato de Autorização n° 262/95 – SECD/RN, em 12/05/1995, tendo como finalidade o, então, Ensino de Segundo Grau, voltado unicamente para o ensino profissionalizante nas áreas de saúde, eletricidade, administração e contabilidade.

Devido ao alto índice inflacionário decorrente do sistema econômico do país, no ano de 1992, foi solicitada, por um número significativo de pais de alunos da escola privada, a inclusão do ensino (na época) da 5ª a 8ª séries, já que, para esses pais,

estava economicamente difícil manter seus filhos na escola particular. O objetivo era, com a parceria dos pais, manter a escola pública com a qualidade da escola privada. A experiência transcorreu até o ano de 1999, voltando a escola a atender, a partir do ano subseqüente, exclusivamente o Ensino Médio, porém sem caráter profissionalizante.

A partir do ano de 2006, a escola vivenciou outra experiência. Tratou-se do Ensino Médio integrado ao profissionalizante, com habilitação em Secretariado Bilíngüe. Esse curso terá a duração de quatro anos, cumprindo a grade curricular comum do Ensino Médio, designada pela SECD/RN, acrescidas as disciplinas de Informática, Economia, Espanhol, Relações Humanas, Filosofia e Sociologia.

Em relação à inclusão, a escola já vivenciou uma experiência com um aluno com deficiência física (paraplégico), que chegou a concluir o Ensino Médio. A partir de 2005, vivenciou a inclusão de uma aluna com deficiência mental, no 1° ano.

Estudavam em 2005, nessa escola, aproximadamente, 1.200 alunos, distribuídos nos três turnos (manhã, tarde e noite), cuja faixa etária variava entre quinze e vinte anos de idade. Desses, segundo análise documental realizada, apenas uma aluna apresentava deficiência mental, sendo, portanto, a primeira experiência deste tipo vivenciada pela escola, que se tornou alvo da presente investigação.

Com relação aos recursos humanos, a escola dispunha, em seu quadro funcional, de 102 servidores, sendo: 12 profissionais atuantes na equipe administrativa/pedagógica (1 diretor, 1 vice-diretor, 9 supervisores e 1 orientador educacional); 69 professores, atuando em sala de aula; 6 bibliotecárias; 3 professores que atuam na sala de vídeo; 2 professores que ministram aula nos laboratórios de informática; 16 servidores desenvolvendo atividades de secretaria, limpeza e portaria.

A escola, por ser relativamente nova, apresentava um bom estado de conservação e um espaço físico satisfatório, constituído de quatro setores:

- setor administrativo - compreende as salas de direção, secretaria, arquivo, reunião, digitação e mecanografia, equipe técnica-pedagógica, almoxarifado e a sala dos professores. Existem, ainda, banheiros masculino e feminino para professores e funcionários;

- setor de aulas - é dividido em três blocos, assim distribuídos: Bloco I - 08 salas; Bloco II- 10 salas; Bloco III constituído por salas reservadas aos

laboratórios de Física, Química, Biologia e Informática, atelier de Artes e um auditório;

- setor de apoio - engloba as salas para Grêmio Estudantil, coordenação de Educação Física, copiadora, depósito de material de limpeza, cozinha, vestuários masculino e feminino, banheiros masculino e feminino para alunos, cantina, depósito da cantina e pátio coberto que forma uma área de convivência;

- setor de Educação Física - possui uma quadra de esportes e um campo para futebol de areia.

Quanto ao currículo escolar, este é comum a todos os alunos. A grade curricular obedece à designação da SECD/RN, com disciplinas de base comum. A base diversificada diz respeito à disciplina Cultura e Economia do RN, para o 1° ano, e Filosofia, para o 2° ano. Portanto, não são feitas modificações no processo educacional e curricular, para que este se ajuste às características ou necessidades educacionais dos alunos.

O projeto político-pedagógico encontra-se em fase de elaboração. Na verdade, a escola iniciou a elaboração do seu projeto no ano 2000, porém, até o início do ano 2006, quando ocorreu o término da pesquisa de campo, esse não havia sido concluído. Vale destacarmos que, no documento a que tivemos acesso – embora devesse ser instrumento norteador da ação educativa –, constatamos informações que carecem de maior aprofundamento sobre a realidade escolar, já que – ligado diretamente à identidade da escola – evidencia os valores que cultua e expressa relativos às dimensões política, cultural e prática, fato que exige melhor contextualização na realidade representada. No entanto, é provável que a dificuldade em finalizar o projeto, iniciado há algum tempo, esteja relacionada à falta de experiência ou à dificuldade da liderança para desencadear um trabalho de equipe nesse sentido, já que este deve ser elaborado coletivamente.

Além disso, no esboço do projeto não estava contemplado o atendimento ao aluno com necessidades educacionais especiais. Contudo, diante da realidade ou da experiência de receber uma aluna com deficiência, esperamos que esse aspecto venha a ser considerado durante esse processo de elaboração.