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3. Enquadramento da Prática Profissional

3.2. Contexto Legal, Funcional e Institucional

O EP é enquadrado em diferentes contextos. O contexto legal é o que abrange a legislação específica do mesmo; o contexto institucional refere-se à posição desta unidade curricular no plano de estudos do MEEFEBS e por fim o enquadramento funcional estabelece o contexto em que a PES é realizada, nomeadamente as características da escola onde é realizado o referido estágio e do próprio meio envolvente onde esta se insere.

Em termos formais é uma unidade curricular (UC) incluída no plano de estudos do 2º ciclo, conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP, correspondendo a um total de 48 unidades de crédito ECTS (European Credit Transfer and Accumulation System)2. É dinamizado especificamente no 2º ano e integra a PES e o Relatório

de Estágio (RE). A PES pode decorrer em mais do que um estabelecimento de ensino, de forma a contemplar os diferentes ciclos de ensino, abrangidos pelo grupo de recrutamento para o qual o ciclo de estudo prepara. O RE é orientado e supervisionado por um professor da Faculdade, nomeadamente o PO, regendo-se pelas normas da instituição universitária e pela legislação específica acerca da Habilitação Profissional para a Docência (Batista & Queirós, 2013; Matos, 2014b).

Em termos legais, o modelo do EP adotado pela FADEUP é orientado pelos princípios expressos no Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de março e no Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro, e têm em conta o Regulamento Geral dos segundos ciclos da Universidade do Porto, o Regulamento Geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de MEEFEBS.

2Documento interno da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, designado “Regulamento da unidade

curricular estágio profissional”, elaborado pela Doutora Zélia Matos para a unidade curricular Estágio Profissional no ano letivo 2014-2015.

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Segundo as Normas Orientadoras desta UC, o EP é considerado um “projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação” (Matos, 2014a, p. 3).

Neste seguimento, o objetivo é integrar o estudante de forma progressiva e orientada, na vida profissional e no meio escolar em contexto real, orientando- o no desenvolvimento das suas competências. Igualmente pretende-se que o estudante-estagiário se auto desenvolva “(…) numa lógica de procura permanente do saber, através da reflexão, investigação e ação” (Batista & Queirós, 2013, p. 36).

As competências profissionais que o ciclo de estudos promove, reportam- se ao Perfil Geral de Desempenho do Educador e do Professor (Decreto-lei nº 240/2001 de 17 de agosto) e organizam-se nas seguintes áreas de desempenho: (i) “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem” - em que estão integradas todas as tarefas relacionadas com a conceção, planeamento, realização e avaliação do processo ensino-aprendizagem, sob responsabilidade do professor estagiário; (ii) “Participação na Escola e Relações com a Comunidade” - englobando todas as atividades não letivas e que se tornam responsáveis pela integração e socialização do estagiário na comunidade educativa e envolvente; (iii) “Desenvolvimento Profissional” - onde o objetivo principal é que se desenvolva a competência profissional assentada no desenvolvimento de competências pedagógicas didáticas e científicas, através de práticas reflexivas, de ações e de investigação. Desta forma, sob a supervisão da PO da FADEUP e sob a tutela da PC, o Estudante Estagiário deverá cumprir todas as tarefas previstas nos documentos orientadores do EP (Matos, 2014a).

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Em termos funcionais, os estudantes estagiários integram um NE na escola onde decorre o EP e são responsabilizados pela condução do processo ensino-aprendizagem de uma turma, atempadamente atribuída PC, que ao longo do ano letivo é o professor titular. Como anteriormente já foi referido, são da responsabilidade do estagiário todas as tarefas inerentes ao processo ensino- aprendizagem, ou seja, a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino. Cabe ao PC supervisionar todo o trabalho desenvolvido pelos professores estagiários, em interação com o professor orientador.

A nível funcional, a escola democrática, atualmente em voga, respeita as diferenças entre alunos, ajuda na formação moral dos seus educandos, transmiti-lhes valores e regras através de todos os agentes da comunidade escolar, através da literatura, da organização institucional ou da forma de avaliação. Tal como indica Dundar (2013) as escolas democráticas são instituições onde as práticas, as culturas e os valores democráticos são vivenciados.

Deste modo, de acordo com (Moreira & Candau, 2003, p. 160) “a escola é uma instituição construída historicamente no contexto da modernidade, considerada como mediação privilegiada para desenvolver uma função social fundamental: transmitir cultura, oferecer às novas gerações o que de mais significativo culturalmente produziu a humanidade”.

A escola e a comunidade escolar são cruciais no processo formativo da criança e do jovem, visto que uma grande parte do tempo da infância e da adolescência é passado na escola, sendo esta influenciada pelo contexto, absorvendo tudo o que há de positivo e negativo nela e crescendo sobre esses ideais.

Deve ter como principal objetivo a formação integral dos seus alunos, respeitando as limitações/dificuldades de cada um, que têm direito a ter aprendizagens ricas e enriquecedoras de forma a explorar as suas potencialidades. O artigo 74º do capítulo III da Constituição da República Portuguesa reconhece que “Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar”. A educação é, portanto,

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um direito humano fundamental e essencial para o desenvolvimento dos cidadãos, que permite garantir o gozo por outros direitos.

Por nos dias de hoje vivermos numa sociedade onde existem várias culturas e na qual cada caso é um caso, onde a população é bastante heterogénea, não faz sentido a aplicação, nas escolas, de um currículo monocultural, em que os alunos são encarados como uma unidade com as mesmas particularidades (Batista, 2014). Segundo a mesma autora, a escola deve promover uma intervenção pedagógica particular e distinta, adaptada às particularidades de cada aluno, com vista à formação de cidadãos suficientemente aptos para entregar a sociedade.

Atualmente, além de uma escola de massas, com alunos oriundos de diferentes estratos sociais, a sociedade e o Estado também exigem que a escola seja inclusiva, acolhendo grupos sociais, grupos étnicos, crianças com necessidades educativas especiais, e crianças portadoras de doenças graves (Cunha, 2008). Para o mesmo autor, esta conceção de escola exige também uma nova conceção do professor, ao professor letrado, bem formado, bondoso, acrescentou-se o professor seletivo (distinguir os mais aptos, ajudar os menos aptos).

A escola constitui uma instituição de primeira linha na constituição de valores que indicam os rumos pelos quais a sociedade trilhará o seu futuro (Souza, 2001).