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Tipologia dos casos de indisciplina do ano letivo sem aulas práticas de

5. A interrupção das aulas práticas de Educação Física e a indisciplina dos alunos:

5.4. Resultados e discussão

5.4.4. Tipologia dos casos de indisciplina do ano letivo sem aulas práticas de

5.4.4.1. Reincidência por aluno

O gráfico 9 mostra o número de alunos reincidentes em casos de indisciplina. Pode-se constatar que existiram 81 alunos com apenas 1 caso de indisciplina, sendo este o menor valor de ocorrências. Ao contrário, mencionando o valor maior, verifica-se que houve 1 aluno que foi reincidente 26 vezes. Relativamente à média de reincidências pode-se reconhecer que por cada aluno reincidente ocorreram cerca de 3 reincidências.

18% 17% 27% 18% 24% 41% 79% 51% 9% 10% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

5º ano 6º ano 7º ano 8º ano 9º ano

% d o n º d e ca so s d e in d is ciplin a Ano de escolaridade

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Gráfico 9 – Alunos com casos reincidentes de indisciplina no ano letivo sem aulas práticas

5.4.4.2. Indisciplina por ciclos de ensino

O quadro 9 mostra o número de casos de indisciplina por aluno e por ciclo, nos dois períodos do ano letivo sem aulas práticas.

Figura 9 – Indisciplina por ciclos de ensino no ano letivo sem aulas práticas (2014/2015)

Ano

Nº de casos de indisciplina por aluno

% de casos de indisciplina por ciclo

1º Período 2º Período 1º Período 2º Período

5º ano 21,10% 41% 26,5% 60,2% 6º ano 32% 79,40% 7º ano 19,30% 51,40% 23,4% 23,5% 8º ano 47,20% 9% 9º ano 3,50% 9,90%

De um total de 552 casos registados, foi no 2º ciclo que decorreu a grande maioria, tanto no 1º período (26,5%), como no 2º (60,2%).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 N º d e a lu n o s Nº de ocorrências

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O facto do maior número de casos ter decorrido no 2º ciclo pode estar relacionado com a idade dos alunos que a este pertencem. Por serem mais novos têm mais dificuldade no cumprimento e na aquisição de regras (Coelho & Anastácio, 2013).

5.4.4.3. Indisciplina por idades

A figura 9 apresenta o número de casos de indisciplina por idade dos alunos, calculada através da divisão do número de casos de indisciplina pelo número de alunos. A mesma representa a percentagem do número de alunos com determinada idade que tiveram casos de indisciplina.

Figura 10 – Número de casos de indisciplina por idades no ano letivo sem aulas práticas (2014/2015)

Idade Nº de alunos Nº de casos de

indisciplina % de casos de indisciplina relativamente ao nº de alunos 10 anos 64 36 56% 11 anos 148 53 36% 12 anos 142 104 73% 13 anos 163 122 75% 14 anos 150 99 66% 15 anos 118 89 75% 16 anos 48 45 94% 17 anos 23 3 13% 18 anos 12 2 17% Total 868 552

Com os dados apresentados no quadro 8, pode-se verificar que a faixa etária dos alunos com mais casos de indisciplina é entre os 12 e os 15 anos. Este facto vai contra o que foi referido no item anterior, já que as idades que correspondem ao 2º ciclo variam entre os 10 e os 11 anos de idade. Por este motivo, o facto da faixa etária dos 12 aos 15 anos ser a que tem mais casos de

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indisciplina, pode estar relacionada com o processo de desenvolvimento humano, já que coincide com a etapa da adolescência. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (consult. em 30/6/2015) a adolescência é um período compreendido entre os 11 e os 19 anos, no qual se verificam mudanças corporais e de adaptação a novas estruturas psicológicas e ambientais, que conduzem o individuo da infância à idade adulta. Para Ferreira & Nelas (2006, p. 145) “é um período em que ocorrem grandes modificações físicas, psicológicas e sociais que afetam o indivíduo”.

5.4.4.4. Indisciplina por local

A figura 10 apresenta os dados relativos ao número de ocorrências de indisciplina por local onde ocorreram as mesmas. O mesmo é calculado pela divisão do número de ocorrências em cada local pelo número total de casos mencionados.

Figura 11– Número de ocorrências de indisciplina por local no ano letivo sem aulas práticas (2014/2015)

Local de ocorrência Nº de ocorrências

por local % de ocorrência por local Sala de Aula 511 97,0 % Corredores 5 0,9 % WC 1 0,2% Espaço Exterior 10 1,9% Total 527 100% Não mencionado 25 Total 552

Pela sua análise (Quadro 10) pode-se constatar que a maioria dos casos ocorreram na “Sala de Aula”, o que comprova que, o facto de os alunos passarem mais tempo dentro das salas de aula, não é benéfico, já que não lhes é permitido gastar a energia que acumulam, consequência da carga psicológica e intelectual que as aulas teóricas implicam para a maior deles, especialmente

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nas idades em causa. Estes impedimentos podem ter influenciado o comportamento dos mesmos, nos locais que habitualmente frequentavam.

5.4.4.5. Tipo de ação mais frequente

A figura 11 mostra o tipo de ação mais frequente. Deve-se ter em conta que, de modo a diminuir o número dos itens referentes ao tipo de ação, os mesmos foram agrupados em itens mais abrangentes. Por esse motivo os itens passam a ser: “Saídas sem autorização” (sair da sala de aula sem autorização; sair da escola sem autorização do Enc. Ed. Ou da Diretora) “Desrespeito de ordens” (desrespeitar ordens de docentes ou assistentes operacionais; recusar a realização de tarefas escolares; perturbar frequentemente o ambiente de sala de aula); “Agressão/Ofensa” (ofender verbalmente; agredir fisicamente); “Utilização indevida de espaços/materiais” (utilizar indevidamente meios e materiais tecnológicos e/ou informáticos; usar indevidamente/incorretamente espaços e/ou material/equipamentos escolares); “Falsificação de documentos” (Falsificar assinaturas ou elementos de avaliação); “Furto de bens” (furtar bens); “Consumo de substâncias proibidas na escola” (consumir tabaco, bebidas alcoólicas, drogas em recinto escolar) e “Transporte de objetos perigosos (transportar materiais, instrumentos ou engenhos passíveis de causarem danos físicos”.

Figura 12 – Número de ocorrências por tipo de ação no ano letivo sem aulas práticas (2014/2015)

Tipos de ação Nº de ocorrências

por tipo de ação

% de ocorrências por tipo de ação

Saídas sem autorização 0 0%

Desrespeito de ordens 515 97,9%

Agressão/Ofensa 11 2,1%

Utilização indevida de espaços/materiais 0 0%

Falsificação de documentos 0 0%

Furto de bens 0 0%

Consumo de substâncias proibidas na escola 0 0%

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Total 526 100%

Não mencionado 26

Total 552

Após a análise do referido quadro, pode-se mencionar que a maioria dos casos de indisciplina registados é originada pelo “Desrespeito de ordens”, contabilizando um total de 515 casos, dos 526 mencionados e dos 552 registados. O outro motivo mais representativo é “Agressão/Ofensa”, que contempla 11 casos. De salientar que em 26 do total de casos registados, não foi apresentado nenhum tipo de ação, pelo que se torna impossível determinar a sua origem.

Os dados apresentados podem ser justificados pela ausência de regras e valores por parte dos alunos, quando são lhes é atribuída uma ordem. Nesse sentido, a ausência das aulas práticas de EF veio agravar este facto, uma vez que nas aulas da referida disciplina o cumprimento de regras assume grande importância através da autonomia e responsabilidade que os alunos têm na realização e regulação da sua própria atividade (Nobre, 2010).Também Martins (2010) refere que as aulas de EF permitem a aquisição de regras e valores necessários para viver em sociedade.

5.4.4.6. Intervenientes nos casos de indisciplina

A figura 12 apresenta o número de ocorrências por intervenientes nos casos de indisciplina. Entenda-se por interveniente a pessoa que realizou a participação/registo do caso de indisciplina.

Figura 13 – Número de ocorrências por intervenientes nos casos de indisciplina no ano letivo sem aulas práticas (2014/2015)

Intervenientes Nº de ocorrências por intervenientes % de ocorrências por interveniente Professor 511 97% Colega 8 2%

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Assistente Operacional 7 1%

Total 526 100%

Não mencionado 26

Total 552

De acordo com o que já foi referido anteriormente, sobre o local onde ocorreram a maioria das ações, os “Professores” afiguram-se, em 511 casos, como os principais autores dos registos. Os “Colegas” e os “Assistentes Operacionais” assumem-se como os outros intervenientes principais, sendo que ambos realizaram 8 e 7 registos, respetivamente. Ainda assim, existem 26 casos registados, quem não apresentaram nenhum autor.

Estes resultados vão ao encontro do que também já foi referido anteriormente, sobre o facto de os alunos terem passado mais tempo dentro das salas de aula, em contacto com um professor.

Para Cerezo (1999) o papel do professor e do aluno só pode ser definido, relativamente um ao outro, com características de complementaridade. Assim, a indisciplina resulta de estratégias de resposta dos alunos a situações cuja definição difere da dos professores (Reis, 2011).

5.4.4.7. Disciplinas com mais casos de indisciplina

Por fim, torna-se também importante verificar em que disciplinas ocorreram mais casos de indisciplina, estando esses resultados apresentados no gráfico 10.

De acordo com o mesmo, foi na disciplina de Matemática do 3º ciclo que se registaram mais casos (87), seguindo-se Português do 2º Ciclo (76), Matemática do 2º Ciclo (39) e Ciências Naturais do 2º Ciclo (35). Existe ainda um número relevante de casos de indisciplina (64) que ocorreram numa disciplina, mas a mesma não foi registada.

É possível constatar que as disciplinas onde aconteceram mais casos de indisciplina são aquelas que têm mais carga horária, sobretudo Português e Matemática. Estas mesmas disciplinas são consideradas nucleares (Ferreira,

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2015, p. 155) uma vez que desenvolvem capacidades de raciocínio e de comunicação. Exigem mais concentração e empenho por parte dos alunos comparativamente com as disciplinas de enriquecimento (EM, EVT e EF) (Peres, 2012). Esta pode ser uma razão pela qual as disciplinas nucleares refletem mais casos de indisciplina, uma vez que são mais exigentes e proporcionam a elevação dos níveis de stress, ansiedade e depressão dos alunos.

Gráfico 10 – Casos de indisciplina registados por disciplina