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6 AS UNIVERSIDADES PESQUISADAS

6.2 CONTEXTO MICROINSTITUCIONAL OU ORGANIZACIONAL: AS UNIVERSIDADES

Cada universidade possui suas estruturas e normas de funcionamento, baseadas em suas identidades e vocações históricas. As universidades pesquisadas, em particular, constituem o contexto específico de ação dos gestores e, enquanto tal, possuem características que lhe são próprias e que, de algum modo, influenciam tanto a forma de condução por parte dos gestores quanto a construção de suas identidades. As universidades, individualmente consideradas, serão aqui chamadas de “contexto institucional” ou “contexto organizacional”.

As universidades, em sua totalidade, possuem em sua configuração estrutural os Conselhos ou Órgãos Colegiados (Conselho Superior, Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), a Reitoria (reitor e vice-reitor), as Pró-reitorias (Acadêmicas e Administrativas), as Unidades Acadêmicas (sejam na forma de Centro, Instituto ou Faculdades) – cuja unidade básica é o Departamento (segundo as especialidades) –, Órgãos Suplementares (como Hospital-Escola ou Hospital Universitário, em algumas das universidades) e Assessorias, além das Fundações de Apoio, que são responsáveis pela gestão financeira de projetos institucionais.

Os Conselhos Superiores têm por objetivo básico estabelecer as diretrizes e políticas institucionais, acompanhar sua execução e aprovar o orçamento e a prestação de contas, bem

como discutir e decidir por propostas e projetos institucionais. Basicamente, são formados pelos reitores, pró-reitores, último reitor, diretores de Unidades Acadêmicas, representantes do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, e servidores técnicos-administrativos em educação e discentes, nos termos de cada estatuto em particular.

Os reitores e vice-reitores são eleitos na forma da lei (por meio de consulta à comunidade e nomeados pelo presidente da República). Os pró-reitores e assessores são nomeados pelo reitor, enquanto os chefes de departamento, coordenadores de curso, diretores de centro ou de unidades acadêmicas são eleitos em suas respectivas Unidades e nomeados pelo reitor. Os demais cargos administrativos são considerados de confiança e nomeados de acordo com a vinculação hierárquica. Todos os cargos eletivos possuem mandato, que varia de dois a quatro anos. No caso específico dos reitores e dos vice-reitores, o mandato é de quatro anos.

Embora cada ocupante de cargo de chefia ou de direção possua prerrogativas específicas de decisão, a maior parte das decisões mais importantes são tomadas coletivamente em alguma das instâncias colegiadas, o que pressupõe um processo de discussão de idéias e projetos, bem como de articulação política para sua aprovação.

É importante ressaltar que, embora as universidades busquem atender a uma missão geral, cada uma em particular tem sua própria história e identidade. Por exemplo, há universidades que têm uma vocação agrária, enquanto outras são tecnológicas ou são mais genéricas. No entanto, todas as pesquisadas (e as federais em geral) têm em comum a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.38

A escolha das universidades localizadas em Minas Gerais, repita-se, deu-se em função de sua importância e pelo fato de o estado possuir o maior número de universidades federais.

É importante destacar que no último “provão” aplicado pelo MEC, ocorrido em 2003, quatro universidades mineiras (50%) figuram entre as dez melhores conceituadas no país: UFMG (1ª), UFU (2ª), UFJF (6ª) e UFV (8ª), conforme mostra a tabela 2.

Tabela 2 – Relação das instituições mais bem conceituadas no “Provão” do MEC em 2003

N. INSTITUIÇÃO NATUREZA Nº CURSOS

AVALIADOS INSTITUCIONAL ÍNDICE

1 UFMG Federal 26 92,3 2 UFU Federal 23 92,2 3 UFRGS Federal 25 92,0 4 UFRJ Federal 24 90,8 4 UNB Federal 24 90,8 6 UFJF Federal 20 90,0 7 UFSM Federal 26 87,7 8 UFV Federal 14 85,7 9 UERJ Estadual 29 84,8 10 UNIOESTE Estadual 31 84,5

Fonte: Relatório das gestões / UFJF, 2006, p.43.

A seguir, as instituições serão sucintamente caracterizadas (por ordem alfabética), de modo a se fornecer um pano de fundo para a discussão seguinte sobre o trabalho e a identidade dos seus altos gestores. É conveniente registrar que grande parte das informações foi coletada nos respectivos sites das instituições. Algumas universidades possuem documentos (como livros) que dão conta de suas histórias de forma mais completa e abrangente, além dos relatórios de gestão que são normalmente publicados. No entanto, não é o foco deste trabalho a discussão sobre as instituições universitárias propriamente ditas. Daí a razão de uma descrição mínima para fins de contextualização. Certamente, a evolução e o desenvolvimento dessas universidades poderão ser fruto de trabalhos posteriores.

6.2.1 Universidade Federal de Juiz de Fora

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi criada em 1960, por ato do então presidente Juscelino Kubitschek. É pólo acadêmico e cultural de uma região de 2,5 milhões de

habitantes, no sudeste do Estado de Minas Gerais. Inicialmente, foi constituída pela agregação de cinco estabelecimentos de ensino: Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Faculdade de Farmácia e Odontologia, Faculdade de Engenharia e Faculdade de Ciências Econômicas.39

Atualmente, a UFJF oferece 30 cursos de graduação (cerca de 2.100 vagas), nos quais estão matriculados cerca de 11 mil alunos. Possui aproximadamente 520 alunos de mestrado (16 cursos), 60 de doutorado (5 cursos) e 1.500 de especialização (49 cursos).40

No seu quadro de pessoal efetivo, reúne 748 docentes, sendo 55% doutores, 30% mestres, 12% especialistas e 3% graduados. Possui 1.141 servidores técnicos-administrativos. Destes, 4% possuem ensino fundamental incompleto; 15%, fundamental completo; 43%, ensino médio; 14%, graduação; 21%, especialização; 2%, mestrado; e 4%, doutorado (Relatório das Gestões / UFJF – dados de 2006).

6.2.2 Universidade Federal de Lavras

Fundada em 1908, a Escola Agrícola de Lavras, depois Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) e, hoje, Universidade Federal de Lavras (UFLA), é fruto da concretização dos ideais de seu fundador, Dr. Samuel Rhea Gammon, e de seu primeiro diretor, Dr.

Benjamim Harris Hunnicutt.

Atualmente, oferece dez cursos de graduação, com cerca de 2.600 alunos, 49 cursos de especialização a distância, 3 cursos de especialização presencial, 2 programas de mestrado e 12 de mestrado e doutorado.

Em seu quadro de pessoal permanente, possui 305 docentes e 355 técnicos- administrativos. Do corpo docente, cerca de 70% possuem o título de doutor; 25%, o de mestre; e 1%, o de especialista.41

6.2.3 Universidade Federal de Minas Gerais

Em Minas Gerais, a primeira instituição de nível superior, a Escola de Farmácia, de Ouro Preto, data de 1839. Em 1875, criou-se a Escola de Minas e, em 1892, já no período republicano, a antiga capital do Estado ganhou também a Faculdade de Direito. Em 1898, com a mudança da capital, a Faculdade de Direito foi transferida para Belo Horizonte. Depois, em 1907, criou-se a Escola Livre de Odontologia e, quatro anos mais tarde, a Faculdade de Medicina e a Escola de Engenharia. E em 1911, surgiu o curso de Farmácia, anexo à Escola Livre de Odontologia.

A criação de uma universidade no Estado já fazia parte do projeto político dos Inconfidentes. A idéia, porém, só veio a concretizar-se em 1927, com a fundação da Universidade de Minas Gerais (UMG), instituição privada, subsidiada pelo estado, surgida a partir da união das quatro escolas de nível superior então existentes em Belo Horizonte. A UMG permaneceu na esfera estadual até 1949, quando foi federalizada. Ainda na década de 1940, foi incorporada ao patrimônio territorial da Universidade uma extensa área, na região da Pampulha, para a construção da Cidade Universitária. Os primeiros prédios erguidos onde é hoje o campus Pampulha foram o do Instituto de Mecânica (atual Colégio Técnico) e o da reitoria. O campus só começou a ser efetivamente ocupado pela comunidade universitária nos anos de 1960, com o início da construção dos prédios que hoje abrigam a maioria das unidades acadêmicas.

O nome atual - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), só foi adotado em 1965. À época da federalização, já estavam integradas à UFMG a Escola de Arquitetura e as Faculdades de Filosofia e de Ciências Econômicas. Depois, como parte de sua expansão e diversificação, a Universidade incorporou e criou novas unidades e cursos. Surgiram então, sucessivamente, a Escola de Enfermagem (1950), a Escola de Veterinária (1961), o Conservatório Mineiro de Música (1962) e as escolas de Biblioteconomia (1962), Belas-Artes (1963) e Educação Física (1969). Em 1968, a Reforma Universitária impôs profunda alteração à estrutura orgânica da UFMG. Dessa reforma resultou o desdobramento da antiga Faculdade de Filosofia em várias faculdades e institutos. Surgiram, assim, a atual Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, o Instituto de Ciências Biológicas, o Instituto de Ciências Exatas e seus respectivos ciclos básicos, o Instituto de Geociências e as faculdades de Letras e de Educação.

Atualmente, a UFMG oferece 48 cursos de graduação (4.674 vagas), 48 programas de doutorado, 58 de mestrado, 57 de especialização e 37 de residência médica, num total de 5.780 vagas. Possui cerca de 35 mil alunos em curso, sendo 22 mil somente na graduação.

Em seu quadro de pessoal permanente, possui cerca de 2.450 professores e cerca de 4.450 técnicos-administrativos. Do corpo docente, 65% possuem título de Doutor ou Livre- Docência; 25%, de mestre; 6%, de especialista; e 4%, de graduados.42

6.2.4 Universidade Federal de Ouro Preto

A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foi instituída como Fundação de Direito Público em 21 de agosto de 1969, incorporando duas instituições de ensino superior centenárias: a Escolas de Farmácia e a Escola de Minas.

Atualmente, a UFOP oferece 28 cursos de graduação, contando com 22 departamentos e 7 unidades acadêmicas. A Instituição tem nove bibliotecas, distribuídas nos quatro campi. São 62 mil títulos e 101.688 volumes, excluídos os do Centro de Educação Aberta e os do Centro de Estudos a Distância. Além dessas, há a Biblioteca de Obras Raras, localizada na Escola de Minas do Centro Histórico, que conta com um acervo de 20 mil volumes. Entre eles, estão livros dos séculos XVIII e XIX, de pesquisadores e naturalistas estrangeiros que estudaram o Brasil. Atualmente, a Biblioteca realiza o projeto de restauração de livros, com financiamento da empresa Açominas.

O corpo docente conta com 335 professores, dos quais 63% são doutores, 28% são mestres, 4% são especialistas e 5% são graduados. O corpo técnico-administrativo é composto por 641 funcionários técnicos-administrativos.

Quanto ao corpo discente, são 8.289 alunos na graduação, sendo 3.617 na modalidade a distância. Na pós-graduação, são 250 alunos no mestrado, 52 de doutorado e 167 de especialização. A UFOP oferece cerca de 1.100 vagas para a graduação (dados de 2004).43

6.2.5 Universidade Federal de São João del-Rei

A Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) chamava-se Fundação de Ensino Superior de São João Del Rei (FUNREI). Instituída pela Lei n. 7.555, de 28 de dezembro de 1986, a FUNREI foi o resultado da reunião e federalização de três instituições: Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis, e Faculdade de Engenharia Industrial. Em 19 de abril de 2002, foi transformada em Universidade (Lei n. 10.425).

Atualmente, a UFSJ oferece 15 cursos de graduação (3.800 alunos), 2 de mestrado e 5 de especialização (cerca de 400 alunos). O quadro docente é formado por 216 professores, sendo 54% doutores, 36% mestres, 6% especialistas e 4% graduados. O corpo técnico- administrativo é composto de 230 servidores, sendo 39 do nível de apoio, 160 do nível intermediário e 31 do nível superior.44

6.2.6 Universidade Federal de Uberlandia

Em 14 de agosto de 1969, por meio do Decreto-Lei 762, foi autorizado o funcionamento da Universidade de Uberlândia, uma fundação de direito privado e fruto da união das instituições isoladas existentes na cidade. Em 24 de maio de 1978, a instituição foi federalizada e recebeu o nome atual, pelo Decreto-Lei 6.532.45

Atualmente (dados de 2005), a UFU oferece 33 cursos de graduação (cerca de 2.500 vagas), 34 de especialização, 22 de mestrado e 10 de doutorado, com cerca de 12.500 alunos matriculados na graduação e 1.300 na pós-graduação. A UFU possui cerca de 3.300 servidores técnicos-administrativos e 1.270 professores. Destes, 48% possuem doutorado; 28%, mestrado; 15%, especialização; e 9%, graduação. Dos servidores técnico- administrativos, cerca de 33% possuem nível superior; 33%, nível médio; e 33%, nível fundamental.46.

44 http://www.ufsj.edu.br. Acesso em 09/10/2006.

45 Universidade Federal de Uberlândia. Condições de oferta dos cursos ministrados – 2005. 1ª ed. CD-ROM.

6.2.7 Universidade Federal de Viçosa

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) originou-se da Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV), criada pelo Decreto n. 6.053, de 30 de março de 1922, do então presidente do Estado de Minas Gerais, Arthur da Silva Bernardes. A ESAV foi inaugurada em 28 de agosto de 1926, por seu idealizador, Arthur Bernardes, que na época ocupava o cargo máximo de presidente da República. Em 1927, foram iniciadas as atividades didáticas, com a instalação dos Curso Fundamental e do Curso Médio. No ano seguinte, instalou-se o Curso Superior de Agricultura. Em 1932, foi a vez do Curso Superior de Veterinária.

Visando ao desenvolvimento da Escola, em 1948, o governo do estado a transformou em Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), composta da Escola Superior de Agricultura, da Escola Superior de Veterinária, da Escola Superior de Ciências Domésticas, da Escola de Especialização (Pós-Graduação), do Serviço de Experimentação e Pesquisa e do Serviço de Extensão. O Governo Federal a federalizou em 15 de julho de 1969, com o nome de Universidade Federal de Viçosa.

Por tradição, a área de Ciências Agrárias é a mais desenvolvida na UFV, sendo conhecida e respeitada no Brasil e no exterior. Apesar dessa ênfase na agropecuária, a Instituição vem assumindo caráter eclético, expandindo-se noutras áreas do conhecimento.47

Atualmente (dados de 2005), a UFV oferece 36 cursos de graduação, com oferta de cerca de 1.800 vagas, e possui aproximadamente 10 mil alunos matriculados. Na pós- graduação, a Instituição oferece 27 cursos de Mestrado e 18 de Doutorado, com cerca de 1.000 e 700 alunos matriculados, respectivamente.

No seu quadro permanente, a UFV possui 779 docentes, sendo 70% com doutorado, 21% com mestrado, 2% com especialização e 7% com graduação. Dos seus 2.511 servidores técnicos-administrativos, 211 estão no nível superior (8%), 1.223 no intermediário (49%) e 1077 no auxiliar (43%) (Dados de 2005).48

6.2.8 Universidade Federal de Itajubá

A Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), fundada em 23 de novembro de 1913, com o nome de Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá (IEMI), por iniciativa pessoal do advogado Theodomiro Carneiro Santiago, foi a décima Escola de Engenharia a se instalar no país.

Desde logo, o IEMI se destacou na formação de profissionais especializados em sistemas energéticos, notadamente em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. O então Instituto foi reconhecido oficialmente pelo Governo Federal em 5 de janeiro de 1917. O curso tinha, inicialmente, a duração de três anos, tendo passado para quatro anos em 1923 e, em 1936, foi reformulado e equiparado ao da Escola Politécnica do Rio de janeiro e tendo o nome da instituição sido mudado para Instituto Eletrotécnico de Itajubá (IEI), em 15 de março daquele mesmo ano.

Em 30 de janeiro de 1956, o IEI foi federalizado. Sua denominação foi alterada, em 16 de abril de 1968, para Escola Federal de Engenharia de Itajubá (EFEI). A concretização do projeto de transformação em Universidade deu-se em 24 de abril de 2002, pela Lei n. 10.435, sancionada pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.49

Atualmente (dados de 2005), a UNIFEI oferece 11 cursos de Graduação, 5 de Especialização, 5 de Mestrado, 2 de Doutorado, com um total de cerca de 1.700 matriculados na graduação, 365 na Especialização, 392 no Mestrado e 71 no Doutorado.

Em seu quadro permanente de pessoal, conta 194 docentes. Destes, 67% são doutores, 27% são mestres, 1% é de especialistas e 5% são graduados. Dentre os 278 servidores técnicos-administrativos, 17% são graduados, 5% são especialistas, 1% é de mestre, 41% têm ensino médio e 36% têm ensino fundamental.50