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4 A UNIVERSIDADE

4.1 ORIGENS DA UNIVERSIDADE

Para se compreender melhor a construção da identidade dos gestores universitários, é importante, por assim dizer, que se desenhe tanto o cenário atual quanto os movimentos que o engendram. Em outras palavras, a construção da identidade gerencial se dá num contexto também em movimento, em que a instituição constrói e reconstrói sua própria identidade permanentemente. Nesse sentido, pode-se dizer que a instituição universitária também vem experimentando algumas metamorfoses ao longo dos séculos, desde sua criação.

A universidade não está fora da história de um país; ao contrário, ela participa da história e é por esta atravessada, numa espécie de relação dialética (FÁVERO, 1980). Como afirma Anísio Teixeira, quatro grandes instituições fundamentais constroem e condicionam a vida em comum: a Família, o Estado, a Igreja e a Escola. Embora somente a partir da Idade Média a universidade (escola) tenha se colocado em pé de igualdade com as demais instituições, ela hoje é entendida como uma das grandes responsáveis pelo florescer da civilização ocidental (TEIXEIRA, 1998).

Segundo Teixeira (1998), a universidade é na sociedade moderna uma das instituições características e indispensáveis, sem a qual não chega a existir um povo, o qual não teria uma existência autônoma, vivendo, tão-somente, como um reflexo dos demais. Segundo o autor (em escritos de 1935),

[...] a história de todos os países que floresceram é a história da sua cultura e a história da sua cultura é, hoje, a história das suas universidades. Sempre a humanidade viveu utilizando a experiência do passado, mas essa experiência atingiu, nos tempos modernos, tamanha complexidade intelectual que, sem a experiência das universidades, grande parte dela se teria perdido e outra grande parte nem chegaria a ser formulada. (TEIXEIRA, 1998, p. 34)

Antes das universidades, o ensino medieval se dava, basicamente, por meio de dois tipos de escola: a monástica e a episcopal. Ambas, religiosas e essencialmente técnicas, visavam formar o monge e o padre, respectivamente. Os estudos eram dirigidos prioritariamente para as ciências sagradas ou estudos teológicos, que consistiam em habilitar o futuro eclesiástico a compreender e expor as Escrituras Canônicas e outros escritos, ficando as ciências desleixadas e as questões filosóficas centrais evitadas. Para completar o ensino teológico, havia a base preparatória (grau inferior do ensino), por meio das chamadas “artes liberais”, herança da cultura antiga. As artes liberais eram sete, divididas em dois grupos: o Trivium e o Quadrivium. O primeiro grupo, considerado como instrução elementar, envolvia a gramática, a retórica e a dialética, enquanto o segundo era uma instrução avançada, envolvendo a aritmética, a geometria, a astronomia e a música (JANOTTI, 1992).

Segundo Janotti (1992), a escola monástica preponderou sobre a episcopal até o século XI, mas no decorrer do século XII, devido ao renascimento urbano e cultural (Renascimento do século XII), a escola episcopal se sobressai, por ser tipicamente urbana. No entanto, logo ela é suplantada por uma nova escola, que surge para dar conta das novas demandas e necessidades da sociedade: a universidade.

Podem-se vislumbrar quatro períodos no desenvolvimento da instituição universitária, cujas características principais são descritas a seguir (resumidas no Quadro 11), conforme a classificação de Trindade (2000).

a) Primeiro período. Vai do século XII até o Renascimento e corresponde ao período de invenção da universidade tradicional, a partir das experiências precursoras de Paris e Bolonha, e que se implanta em todo o território europeu sob a proteção da Igreja romana. Na fase áurea, a universidade se organiza a partir de um modelo corporativo e em torno de uma catedral, abarcando certos domínios do saber, como a Teologia, o Direito Romano e o Canônico e as Artes. A corporação de professores e estudantes (passam a existir as

“repúblicas” de estudantes estrangeiros, organizadas por país de origem) é a base da universidade, em que o termo studium significava o estabelecimento do ensino superior.23 Daí o corporativismo, a autonomia e a liberdade acadêmica serem consideradas a essência da universidade medieval.

Neste período, a instituição se constitui espontaneamente por bula papal ou imperial. Em função de conflitos entre a universidade e os poderes locais da Igreja ou do governo, vários papas e imperadores começaram a atribuir privilégios àquela instituição, de modo a preservar sua autonomia. É neste período que surgem as universidades de Toulouse (França), Oxford e Cambridge (Inglaterra), Siena, Nápoles e Pavia (Itália), Salamanca, Valência e Valladolid (Espanha) – a primeira a ter uma legislação elaborada por um Estado – e Coimbra (Portugal).24 A concepção da universidade medieval possui três elementos básicos: voltada para uma formação teológico-jurídica que responde às necessidades de uma sociedade cuja cosmovisão é católica; organização corporativa que detém seu significado medieval original; e preservação da autonomia diante do poder político e da Igreja.

b) Segundo período. Inicia-se no século XV, quando a universidade renascentista sente o impacto das transformações comerciais do capitalismo e do humanismo literário e artístico, além dos efeitos da Reforma e da Contra-reforma.

A Renascença tem seu epicentro na Itália. O desenvolvimento de suas principais universidades (Roma, Nápoles, Florença) e da Academia Neoplatônica é fundamental para o

23 Na Idade Média, o termo que mais tecnicamente corresponde à universidade não era universitas, mas studium

generale. No fim do século XII e início do século XIII, o termo universitas é utilizado para designar corporações de professores e estudantes, mas continuou a ser aplicada a outras corporações. Daí o fato de o termo ser usado sempre de forma relativa: universidade de estudantes, universidade de mestres, universidade de comerciantes etc. Foi somente no decorrer do século XV que a distinção entre universitas e studium generale desapareceu e os termos passaram a ser praticamente sinônimos (JANOTTI, 1992).

24 Janotti (1992) destaca as principais universidades que surgiram de forma espontâena (ex-consuetudine):

Bolonha, Paris, Oxford e Montpelier (século XII). Surgiram ainda (século XIII) de forma espontânea as universidades de Vicenza, Arezzo, Pádua, Vercelli, Siena (Itália), Orléans e Angers (França), Cambridge (Inglaterra) e Valladolid (Espanha). O autor destaca aquelas que foram criadas por meio de bula papal, imperial ou real (ex-privilegio), que são “o resultado dos desejos pessoais submetidos às exigências da política” (p. 109): Nápoles (fundação imperial em 1224), da Cúria Romana e Piacenza (fundação papal, em 1244 e 1248), de Toulouse (fundação papal em 1229), das universidades espanholas (fundações reais) de Palência (1212-1214),

fim da hegemonia teológica e para o advento do humanismo antropocêntrico. O humanismo atinge a Europa de forma heterogênea. A universidade de Louvain, situada entre a civilização francesa e a alemã, realiza a transição para o humanismo sem romper a tradição medieval, tornando-se um importante centro do renascimento literário da Europa, influindo especialmente nas universidades inglesas. Na Alemanha, com o desaparecimento do feudalismo, as universidades passam para o controle dos príncipes, e a vinculação ao Estado se estabelece no século XVI como um dos padrões da universidade européia.

A Reforma e a Contra-reforma introduzem um corte religioso radical entre as universidades. A Reforma tem desdobramentos calvinistas e anglicanos, rompendo com a hegemonia tradicional da Igreja, que reage por meio da Contra-reforma. Assim, Lutero funda as primeiras universidades desde 1544, enquanto a ordem jesuíta amplia o campo da Contra- reforma na Alemanha, França, Itália, especialmente com a universidade Gregoriana, em Roma (1533).

c) Terceiro período. Abrange os séculos XVII e XVIII, épocas marcadas por descobertas científicas em vários campos do saber, pelo Iluminismo e pela Revolução Industrial inglesa. Neste período, a universidade começa a institucionalizar a ciência, marcando a transição para os modelos que irão se desenvolver no século XIX.

Na transição entre aqueles séculos, são fundadas as primeiras cátedras científicas e surgem os primeiros observatórios, jardins botânicos, museus e laboratórios científicos, em função do desenvolvimento e descobertas no campo da Física, Astronomia, Matemática (século XVII), Química e Ciências Naturais (século XVIII). Também se intensifica a profissionalização das ciências, com a criação das academias científicas, o que vai permitir sua inserção nas universidades a partir da pesquisa. Até o século XVII o cientista não possui um papel especializado na sociedade, época em que começa a acontecer uma profunda mudança no sistema de valores e normas da universidade, reconhecendo-se – ainda que de

forma conflituosa – a legitimidade de uma atividade relacionada com as ciências em geral. A inserção das ciências na instituição universitária altera de forma irreversível sua estrutura, até então limitada às ciências ensinadas nas faculdades de medicina e artes sob a denominação de filosofia natural.

d) Quarto período. Institui a universidade moderna, começando no século XIX e estendendo-se aos dias de hoje, período em que se introduz uma nova relação entre Estado e universidade. Esta não segue um modelo único e a sua história, a partir do século XVII, confunde-se com as vicissitudes das relações entre a universidade, a ciência e o Estado. Há uma tendência para a estatização e abolição do monopólio corporativo dos professores. Inicia- se o que chama de “papel social das universidades”, com o desenvolvimento de três novas profissões: engenheiro, economista e diplomata.

Após a Revolução Francesa, a universidade napoleônica rompe com a tradição medieval e renascentista, e organiza-se subordinada ao Estado, que nomeia os professores e é assessorado por um Conselho, com o objetivo de garantir que a doutrina acadêmica esteja imune às febres da moda, expandindo-se pelos Países Baixos e Itália. Em função das guerras napoleônicas e revolucionárias, a Alemanha realiza uma profunda mudança em suas instituições, inclusive as universitárias. É sob o impulso do Estado que a concepção de universidade, fundada sobre o princípio das pesquisas e no trabalho científico, amadurece. O marco pode ser considerada a nomeação de Humboldt, em 1809, para assumir o Departamento de Cultos e Instrução Pública do Ministério do Interior. Esta, a Universidade de Berlim, torna-se o centro da luta pela hegemonia intelectual e moral na Alemanha, sendo seu primeiro reitor o filósofo Fichte. A característica central desta universidade é a integração das faculdades – ao contrário das faculdades isoladas napoleônicas –, em que o sincretismo religioso predominou sobre o confessionalismo protestante ou católico (TRINDADE, 2000).

[...] a universidade de Berlim representa realmente os primórdios da nossa universidade contemporânea [...] É na Alemanha, com efeito, que se opera a grande renovação da universidade, voltando a ser o centro da busca da verdade, de investigação e pesquisa; não o comentário sobre a verdade existente, não o comentário sobre o conhecimento existente, não a exegese, a interpretação e a consolidação desse conhecimento, mas a criação de um conhecimento novo.

O quadro 9 resume as principais fases relacionadas anteriormente.

Quadro 9 – Desenvolvimento da instituição universitária, segundo Trindade

Fase Características

Século XII ao Renascimento

Corresponde ao período de invenção da universidade tradicional.

• A corporação de professores e estudantes é a base da universidade, em que o termo stadium significava o estabelecimento do ensino superior. Daí o corporativismo, a autonomia e a liberdade acadêmica serem a essência da universidade medieval.

• Em função de conflitos entre a universidade e os poderes locais da Igreja ou governo, vários papas e imperadores começaram a atribuir privilégios àquela instituição de modo a preservar sua autonomia. É neste período que surgem as universidades de Toulouse (França), Oxford e Cambridge (Inglaterra), Siena, Nápoles e Pavia (Itália), Salamanca, Valencia, Valladolid (Espanha) e Coimbra (Portugal).

Século XV ao XVI

• O desenvolvimento das principais universidades italianas (Roma, Nápoles, Florença) e da Academia Neoplatônica é fundamental para o fim da hegemonia teológica e para o advento do humanismo antropocêntrico.

• O humanismo (Renascimento) atinge a Europa de forma heterogênea.

• A Reforma e a Contra-reforma introduzem um corte religioso radical entre as universidades. A Reforma tem desdobramentos calvinistas e anglicanos, rompendo com a hegemonia tradicional da Igreja, que reage através da Contra- reforma.

Séculos XVII e XVIII

• Institucionalização da ciência marcando a transição para os modelos que irão se desenvolver no século XIX. Na transição entre aqueles séculos, são fundadas as primeiras cátedras científicas e surgem os primeiros observatórios, jardins botânicos museus e laboratórios científicos, em função do desenvolvimento e descobertas no campo da Física, Astronomia, Matemática (século XVII), Química e Ciências Naturais (século XVIII).

• Também se intensifica a profissionalização das ciências, com a criação das academias científicas, o que vai permitir sua inserção nas universidades a partir da pesquisa. Impactos profundos: o Iluminismo e a Revolução Industrial inglesa.

Início no século XIX aos dias de

hoje

• Período em que se introduz uma nova relação entre Estado e universidade. • A universidade não segue um modelo único e a sua história, a partir do século

XVII, confunde-se com as vicissitudes das relações entre a universidade, a ciência e o Estado. Há uma tendência para sua estatização e a abolição do monopólio corporativo dos professores.

• Inicia-se o que se chama de “papel social das universidades”, com o desenvolvimento de três novas profissões: engenheiro,economista e diplomata. • Após a Revolução Francesa, a universidade napoleônica rompe com a tradição

medieval e renascentista, e organiza-se subordinada ao Estado.

• A Universidade de Berlim torna-se o centro da luta pela hegemonia intelectual e moral na Alemanha. A característica central desta universidade é a integração das faculdades – ao contrário das faculdades isoladas napoleônicas –, em que o sincretismo religioso predominou sobre o confessionalismo protestante ou católico (TRINDADE, 2000).

Fugiria ao escopo deste trabalho a discussão sobre os desdobramentos e particularidades do caso europeu até os dias de hoje. Entretanto, antes de discutir as origens da universidade brasileira e, em função da diversidade das instituições européias, é interessante que se apresentem algumas de suas concepções, posto que tal procedimento torna mais claro o entendimento dos rumos da universidade pelo mundo, incluindo o Brasil.

Drèze e Debelle (1983) entendem contemporaneamente a instituição universitária segundo cinco pontos de vista, que denominam “concepções da universidade”: centro de educação, comunidade de pesquisadores, núcleo de progresso, modelo intelectual e fator de produção. As três primeiras concepções compõem o que os autores chamam de “a universidade do espírito”, e que dizem respeito aos ideais mais tradicionais da universidade, sendo representadas pela universidade inglesa, pela alemã e pela norte-americana, respectivamente. As duas últimas concepções são compatíveis com as características mais modernas da instituição, agrupadas sob o rótulo “a universidade do poder”, concernentes à universidade francesa e à soviética. As principais características identificadas pelos autores, observadas no Quadro 10, referem-se à forma como os autores percebem as universidades no momento atual de sua observação.

Cada concepção retrata a universidade de acordo com as sociedades em que foram iniciadas e com a interpretação da realidade de sua época (JANNE, 1981). Assim, a universidade inglesa visava à difusão e à extensão do saber universal. Segundo Newman, não haveria razão para que ela tivesse estudantes se ela fosse apenas um lugar para descoberta científica e filosófica, ou seja, consagrada à pesquisa. Sua concepção, compatível com sua época, era a de que o homem buscava naturalmente o saber e que este deveria ser ensinado nas universidades. No entanto, tal saber não era exclusivamente profissional (DRÈZE & DEBELLE, 1983).

Quadro 10 – Concepções da universidade, segundo Drèze e Debelle

A universidade do Espírito A universidade do Poder I Um centro de educação II Uma comunidade de pesquisadores III Um núcleo de progresso IV Um modelo intelectual V Um fator de produção Influência

principal J. H. Newman K. Jaspers Whitehead A. N. Napoleão

Conselho dos Ministros da

URSS

Finalidade Aspiração do indivíduo ao saber Aspiração da humanidade à verdade Aspiração da sociedade ao progresso Estabilidade política do Estado Edificação da sociedade comunista Concepção geral Uma educação geral e liberal por intermédio do saber universal A unidade da pesquisa e do ensino no centro do universo das ciências A simbiose da pesquisa e do ensino a serviço da imaginação criadora Um ensino profissional uniforme, confiado a um grupo profissional Um instrumento funcional de formação profissional e política Princípios de organização Uma pedagogia do desenvolvimento intelectual; internato e “tutores” Uma sã organização da faculdade; liberdade acadêmica Um corpo docente criador; os estudantes capazes de aplicar alguns princípios gerais Uma hierarquia administrativa; programas uniformes Uma manipulação controlada da oferta de diplomados Conclusão quanto ao problema da massa

Uma rede diversificada de instituições de ensino superior no seio da qual as universidades

conservam sua originalidade

Uma rede oficial uniforme para a massa e a elite Adaptação do número às necessidades da economia e diversificação das instituições Adaptado de Drèze & Debelle (1983, p. 29).

A universidade alemã, inspirada na universidade de Humboldt, tem como representante mais contemporâneo Karl Jaspers, o qual parte do princípio de que a humanidade aspira à verdade, e daí a necessidade de se criar uma comunidade de pesquisadores e estudantes. Segundo essa premissa, a universidade deve existir com base em dois princípios: a unidade do saber; e a unidade da pesquisa e do ensino (que, para Jaspers, significa iniciação à pesquisa). Assim, para se descobrir a verdade, é necessária a liberdade acadêmica – ou seja, não deve haver censura intelectual (DRÈZE & DEBELLE, 1983).

Segundo a concepção americana, cujo representante, segundo Drèze e Debelle (1983), é Whitehead, a universidade deve ter a capacidade de influenciar o lugar público e de ser por este influenciado, de modo que se obtenha o progresso da sociedade. A ênfase no progresso é menos desinteressada do que a aspiração ao saber e à verdade, mas para Whitehead a cultura e a ciência deveriam desembocar na ação; ou seja, serem úteis. Portanto, a pesquisa e a educação são primordiais para o progresso, devendo-se aliar a imaginação à experiência e o entusiasmo criador à ciência adquirida para uma reflexão inventiva sobre as formas de saber. Assim, “trata-se [...] de impregnar a execução dessa dupla tarefa de um espírito inventivo, de orientar os homens que consagram a ela para a criação e o progresso; isso é próprio da universidade” (DRÈZE & DEBELLE, 1983, p. 67).

A universidade francesa, por sua vez, não possui um autor específico de referência, sendo necessário remontar a Napoleão, por sua considerável influência, a despeito das diversas reformas educacionais que ocorreram ao longo dos séculos. Napoleão possuía uma concepção totalitária do poder segundo a qual a universidade era organizada. Assim, é a finalidade sociopolítica da instrução que define a idéia napoleônica da universidade. Em outras palavras, “serviço público do Estado, a universidade imperial é ideologicamente subjugada ao poder e se vê assumir uma função geral de ‘conservação da ordem social’ pela difusão de uma doutrina comum” (DRÈZE & DEBELLE, 1983, p. 86), por meio da organização de professores a serviço do imperador, que asseguravam basicamente o ensino profissional (DRÈZE & DEBELLE, 1983).

Por fim, a universidade soviética, sob influência do marxismo-leninismo, foi definida tendo por objetivo a construção da sociedade comunista, segundo as diretrizes aprovadas pelo Conselho de Ministros, em 1961. O ensino é dirigido basicamente para a formação de um quadro de especialistas profissionais, por meio de conhecimentos científicos e políticos para a população, a começar pelos estudantes e mediante a determinação de cotas para os quadros

profissionais. Em resumo, a concepção universitária russa visa integrar a instituição ao processo socioeconômico da nação, orientando e reorientando os conteúdos de acordo com os objetivos estabelecidos pelo governo central (DRÈZE & DEBELLE, 1983).

Diante do exposto, percebe-se que as universidades não apresentam um desenvolvimento uniforme e único. Ao contrário, embora haja semelhanças, elas possuem configurações e concepções diferentes significativas.