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A investigação científica brasileira encontra-se concentrada principalmente nos programas de pós-graduação das universidades públicas que constitui-se em um sistema especial de cursos voltado para atividades de ensino, pesquisa e inovação, cujo objetivo é a produção de conhecimento de elevado nível em várias áreas do saber. Oficialmente, tem a função de produzir profissionais de elevado padrão de excelência acadêmica aptos a atuar nos diferentes setores da sociedade e capazes de contribuir, a partir da formação recebida, para o processo de modernização, a fim de garantir a presença atuante e autônoma do país no contexto mundial (CAPES, 2004).

A pós-graduação brasileira foi implementada oficialmente em 1965, pelo Parecer64 nº. 977/65 do Conselho de Educação Superior (CESu), aprovado em

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Parecer nº. 977/65 do Conselho de Educação Superior (CESu), definiu e estabeleceu as características dos cursos de mestrado e doutorado, traçando o perfil da pós-graduação brasileira e estruturando-a no modelo do sistema norte-americano, além de distinguir a Pós-Graduação Lato Sensu da Stricto Sensu. (CAPES, 2010)

03/12/1965 (CAPES, 2004). Conforme dados da CAPES65, atualizados em maio de 2010, no Brasil existe 2.718 programas de pós-graduação e 4.384 cursos de pós- graduação distribuídos em mestrados acadêmicos, mestrados profissionais e doutorados.

A pós-graduação segue as orientações definidas no Plano Nacional de Pós- Graduação. A meta do V Plano Nacional de Pós-Graduação (2011- 2015) consiste em alcançar gradualmente a titulação anual de sessenta mil mestres e vinte e cinco mil doutores (BRASIL/PNE, p.14; 16). O Plano anterior (2005 – 2010) estipulava alcançar as metas de ultrapassar o número de 8.094 alunos titulados em Doutorado em 2003 para 16.295 em 2010 (101%); de 27.639 alunos titulados em Mestrado em 2003 para 45.677 em 2010 (65%); de 26.752 alunos titulados em doutorado e mestrado em 2003 para 47.141 em 2010 (76%).

O país tem atualmente demonstrado maturidade e qualificação para formar recursos humanos de elevado nível em várias áreas do conhecimento. Entretanto, apesar do avanço da pós-graduação brasileira, verifica-se que as condições das universidades no Brasil está muito aquem da realidade das universidades de países com maior produção científica, seja pelo valor investido na ciência e tecnologia, seja pelas condições de trabalho dos pesquisadores, ou pelas condições de permanência oferecidas ao estudantes desse sistema de ensino.

De acordo com os dados da CAPES, o sistema de pós-graduação registrou em 2009 um número de 161.068 discentes matriculados nos cursos de mestrados e doutorados. Dos discentes matriculados apenas um percentual de 31,1 %, ou seja, 50.156 alunos conseguiram obter a titulação e 69,9% não conseguiram. Trata-se de uma quantidade significativa de estudantes que não conseguem concluir seu curso, o que evidencia a relevância da reflexão sobre as condições de permanência e a relação entre condições de vida e trabalho dos estudantes e de seus familiares e a

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A Coordenação Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (atual CAPES) foi criada em 11 de julho de 1951, pelo Decreto nº 29.741, com o objetivo de "assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados que visam ao desenvolvimento do país". Ao longo dos anos sofreu várias mudanças em sua estrutura. A partir de 1970, a CAPES é reconhecida como órgão responsável pela elaboração do Plano Nacional de Pós-Graduação Stricto Sensu, em 1981, pelo Decreto nº 86.791. No mesmo ano, a CAPES é recriada pela Lei nº 8.028. A Lei nº 8.405, de 09 de janeiro de 1992, que autoriza o poder público a instituir a CAPES como Fundação Pública, conferindo-lhe um novo vigor à instituição. “Em 1995, a CAPES passa por uma reestruturação, tornando-se a instituição responsável pelo acompanhamento e avaliação dos cursos de pós- graduação stricto sensu brasileiros.” Disponível em: www.capes.gov.br.

inserção, permanência e conclusão dos estudos em nível de graduação e notadamente de pós-graduação.

Em relação a quantidade de bolsas concedidas, a CAPES disponibilizou um número de 72.071 bolsas de apoio ao estudante de pós-graduação no ano de 2011, distribuidas de acordo com o gráfico abaixo.

GRÁFICO 6 - Concessão de bolsas por nível

Fonte: CAPES/GEOCAPES. Atualizado em 03 de jul 2012. Acesso em 26 de set 2012. Dados referentes a 2011

Elaborado pelo autor

A UFRN matriculou 35.93367 mil alunos no primeiro semestre de 2010, distribuidos conforme dados abaixo, obtidos no Relatório de Gestão 2010 da instituição.

QUADRO 10 - Número de alunos da UFRN no ano de 2010 INDICADORES 2010 SUBTOTAL Graduação Presencial 23.721 - Graduação Probásica 150 Graduação Tecnológica 100 Graduação a Distância 3.483 - 27.208 Pós-graduanção (Mestrado) 2.668 - Pós-graduanção (Doutorado) 1.382 - Pós-graduanção (Especialização) 2.596 - Residência Médica 138 - 6.784 Ensino Médio Profissionalizante 1.368 -

Ensino Médio 207 -

Educação Infantil 370 -

1.945

TOTAL GERAL 35.933

Fonte: Relatório de Gestão 2010/UFRN Elaboração do autor

Para os discentes da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) a UFRN disponibilizou em 2010, mediante dos dados da Pró-Reitoria de Pós- Graduação, um número de 1.26568 bolsas de ajuda financeira (Demanda Social (M/D), Reuni, AND (M/D), PICDT/CAPES).

Este quadro é reflexo de uma política de retração e de desresponsabilização do Estado no campo das políticas sociais, principalmente na política educacional de ensino superior, haja vista o repasse finaceiro pelo Governo Federal às instituições privadas de ensino superior mediante o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES). O objetivo deste fundo é ampliar o acesso deste nível de ensino por meio de financiamento para estudantes regularmente matriculados em cursos de graduação de instituições de ensino superior privadas cadastradas no programa e avaliadas positivamente pelo MEC.

Em 2010, conforme dispõe a sinopse das ações do MEC, o FIES passou por

68Ver:<http://geocapes.capes.gov.br/geocapesds/#app=c501&da7a-selectedIndex=0&5317- selectedIndex=0&82e1-selectedIndex=0>.

reformulações dentre as quais podemos citar a redução de juros de 9% para 3,4% ao ano cobrados aos estudantes pelo financiamento das mensalidades; ampliação do financiamento em até 100% da mensalidade; dilatação do prazo de pagamento no triplo do tempo da graduação; criação do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc) e a garantia aos estudantes de licenciatura e medicina que se dispuserem a trabalhar nas redes públicas de educação e saúde amortizar sem dispêndio 1% da dívida consolidada por mês de trabalho.

De acordo com a sinopse, em 2010 foram firmados 74.007 novos contratos no valor global superior a R$ 3 bilhões. A quantidade acumulada de contratos firmados atingiu o total de 425.650 neste mesmo ano, conforme quadro a seguir. QUADRO 11 - Número de contratos firmados com as instituições privadas.

ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

CONT. FIRMA DOS

50.619 94.760 175.721 235.813 285.583 318.902 351.643 425.650

Fonte: Sinopse das ações do MEC. Edição 1/2011. Elaboração própria

Em face deste contexto, o que poderia ser uma política de direitos, torna-se uma barreira, sobretudo para aqueles alunos egressos do ensino médio público, de baixo poder aquisitivo e proveniente da classe trabalhadora, que para financiar seus estudos precisam trabalhar, submetendo-se a trabalhos precários. A inserção nos cursos de graduação ocorre mediante inúmeras dificuldades de permanência e um cento endividamento futuro, considerando os contratos de financiamento para pagar a universidade. Essa situação se atualiza na pós-graduação com acréscimos de outros problemas, que se referem mais diretamente às condições de falta de moradia, acesso a bolsa de estudos e os processos aligeirados para conclusão.

No que se refere ao ensino da pós-graduação da UFRN, nos últimos anos tem-se verificado um forte crescimento quantitativo e qualitativo de suas atividades, assumindo uma dimensão de destaque no âmbito das outras instituições de ensino superior do Estado. Tem como objetivo a formação de docentes, pesquisadores e profissionais de alto nível. Abrange Programas de Pós-graduação Stricto Sensu

(mestrado), Cursos de Pós-graduação Lato Sensu (Especialização, Aperfeiçoamento e Residência Médica). De acordo com o Plano Geral de Gestão da UFRN (2007- 2011), no primeiro semestre de 2007 existiam 58 (cinquenta e oito) cursos de pós- graduação stricto sensu, sendo 19 (dezenove) doutorados e 39 (trinta e nove) mestrados.

A área de Serviço Social oferta um total de 29 programas de Serviço Social, sendo 19 (programas de mestrado) e 10 (programas de doutorados), correspondendo com apenas 0,99% do total dos programas. Segundo Silva (2002) apud Iamamoto (2010, p. 456), “a área de Serviço Social encontra-se em crescimento, descentralização e amadurecimento” [...]. A tendência dos últimos anos apontam para dois caminhos: a proliferação de cursos superiores da área em instituições privados e do EAD.

O EAD, segundo Pereira (p. 31, 2012),

a partir do governo FHC e nos governos Lula, constituiu-se como uma via privilegiada para ampliar o acesso ao Ensino Superior sem aumentar gastos estatais de forma considerável, elevar as estatísticas do país, fortalecer o mercado educacional e, ainda, difundir junto à população um forte consenso em torno da ideia de ascensão social via educação superior, sem tocar nas bases estruturantes da desigualdade no país.

Esta modalidade de ensino tem sido utilizada estrategicamente como forma de viabilizar a política de acesso ao ensino superior.

5.2. AS PARTICULARIDADES DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO