3.3 Fábrica de Insecticidas/Fungicidas/Acaricidas/Outros
4.1.3 Contextualização Actual Na Empresa
A contaminação cruzada (cross contamination) é uma temática emergente e que requer especial preocupação e cuidado. Face à preocupação crescente de fornecer produtos seguros para o homem e com um impacto menos severo para o ambiente é necessário controlar determinados parâmetros e situações de forma a não acontecer contaminações entre produtos distintos. Desta forma, a avaliação dos vários factores de risco é importante na prevenção da contaminação cruzada. Contudo, além da sua avaliação é preciso padronizar e praticar acções de encontro à prevenção/ eliminação deste problema.
A Sapec Agro Portugal, como empresa de agroquímicos, requer que os produtos formulados estejam conforme a legislação vigente e, assim, se evite efeitos negativos nas culturas e,
20
consequentemente, no consumidor final. Assim, a Sapec Agro Portugal apresenta e adopta princípios importantes que permitem a prevenção de contaminação cruzada.
Separação Física das Unidades Fabris
Pela diversidade de formulações com as mais diversas substâncias activas e pela fácil contaminação que pode acontecer entre agroquímicos, a unidade fabril da Sapec Agro Portugal já se encontra dividida em duas unidades fabris distintas de forma a evitar contaminações entre produtos com funções diferentes. Existindo para o efeito a unidade fabril de produção de herbicidas e a unidade fabril de produção de insecticidas/fungicidas. A separação anterior tem como fundamento o objectivo de acção de cada tipo de produto: os herbicidas destinam-se ao controle de infestantes, enquanto os fungicidas e insecticidas destinam-se ao controle de fungos e insectos (pragas), respectivamente. Esta separação na produção destes dois tipos de produto evita contaminações gravosas e qualquer contaminação que possa acontecer é por incumprimento das normas de conduta e de utilização existentes em cada uma das secções. Evita-se desta maneira a contaminação e a subsequente danificação da cultura, por consequência da diminuição da produção agrícola.
Separação de Produtos Por Tipologias de Formulação
A Sapec Agro Portugal dispõe cada unidade fabril dividida por secções e cada secção apresenta zonas específicas de formulação consoante a tipologia de formulação de cada produto. Esta situação é bem visível no Capítulo 6.1 - Herbicidas Formulação de Líquidos (HFL) - Fábrica de Herbicidas e Capítulo 6.2 - Insecticidas Formulação de Líquidos (IFL) - Fábrica de Insecticidas/Fungicidas. Esta subdivisão permite organizar as secções e os equipamentos necessários para cada tipologia.
Processo de Moagem
O processo de moagem de SC é um procedimento organizado e agrupado consoante o produto em causa. Existem diferentes grupos de esferas com características específicas e consoante as características e a funcionalidade de cada produto, assim é atribuído um tipo de esferas para a sua moagem. Esta divisão de produtos em diferentes grupos de esferas (Anexo 7 - Grupos de Esferas e Respectivos Granéis Associados) foi concebida com o contributo da Unidade de Produção, Laboratório do Controlo da Qualidade (LCQ), Departamento Técnico e outras áreas igualmente importantes. Como exemplo de factores para a distribuição de cada SC pelos diferentes grupos de esferas têm-se a estrutura química (família de cada herbicida), a finalidade de aplicação de cada produto, selectividade, entre outros. A categorização em diferentes grupos de esferas permite prevenir complicações de contaminação entre produtos distintos.
21 Com o objectivo da prevenção da contaminação cruzada, e consequentemente, no próprio processo de limpeza associado, em cada secção existem equipamentos dedicados a certos tipos de produtos com características próprias ou instalações de produção para produtos específicos. Como exemplos destas situações tem-se:
HFL: existe um depósito de formulação de EC/SL destinado a formulados que apresentem cor diferente daqueles que se costumam produzir. Esta medida reserva este equipamento para estes produtos corados que devido a sua peculiaridade o processo de limpeza seria demorado e com um maior gasto de produto de limpeza de forma a não criar repercussões no produto formulado seguinte (produto sem cor ou cor suave);
IFL: na zona de SC, existe um circuito destinado a produtos com cor devido ao corante utilizado ou devido à matéria activa que confere a cor característica destes produtos. Devido à dificuldade acrescida do processo de lavagem, este circuito destina-se a este género de produto, enquanto um outro circuito destina-se a produtos brancos ou beges. Assim, minimiza-se o impacto da cor no produto formulado seguinte e, consequente, o processo de lavagem;
Instalação reservada: existe uma instalação separada das unidades fabris anteriores para a produção de produtos específicos, as sulfonilureias. A instalação conhecida por Nico produz compostos constituídos por nicossulfurão (matéria activa), onde a existência da separação para a produção destes produtos provém da elevada actividade destes herbicidas mesmo em pequenas quantidades. Assim, elimina-se a possível contaminação desde tipo de produtos com os restantes produtos existentes na unidade de produção de herbicidas.
Secção Limpa e Arrumada
A manutenção das áreas de trabalho limpas e arrumadas são necessárias para evitar uma possível contaminação involuntária e para melhorar o rendimento das equipas de formulação ou de produção. A prevenção da contaminação cruzada é desenvolvida pela limpeza conforme do interior do(s) equipamento(s), tubagens e equipamentos acessórios (ex.: bombas) mas também de toda a zona que os rodeia (secção).
Existem normas e procedimentos de conduta para cada secção e, num panorama geral, para as unidades de produção, com o intuito de se evitar contaminações. A responsabilidade da conformidade da limpeza e a prevenção da contaminação não foca apenas o que constitui cada secção mas também quem lá trabalha e utensílios móveis existentes nas mesmas. Como exemplo destas situações anteriores, cada unidade fabril possui ferramentas e utensílios próprios e é extremamente proibido o empréstimo ou troca destes instrumentos entre unidades fabris. Uma outra medida que relaciona a mesma questão é o equipamento de trabalho de cada operador (vestuário, botas e outros equipamentos de protecção individual (EPI)), onde existe a possibilidade de contaminação através de salpicos ou derrames sobre o EPI e da sujidade que existe nas botas, e
22
assim não é permitido trabalhar em duas secções em simultâneo ou em turnos consecutivos em unidades fabris diferentes com o mesmo EPI. Estas e outras medidas pretendem reduzir a possível contaminação não só em termos do que pertence a cada secção mas quem lá trabalha, que é sempre um possível foco de contaminação de produtos com finalidades diferentes.
Consciencialização das Equipas de Produção
Fomentação da consciencialização e do comportamento das equipas de produção para os problemas de contaminação cruzada que advém de uma lavagem não conforme do(s) equipamento(s) e de toda a secção.
Padronização das Operações de Formulação e de Limpeza
A padronização do processo produtivo e da operação de limpeza dos equipamento(s) permitem uma melhor organização na secção e uma melhor compreensão do trabalho a desenvolver por parte das equipas de formulação (Anexo 4 - Exemplo de Fórmula Para Granel e Anexo 5 - Check List Limpeza e Verificação de Equipamentos). A existência das check list`s de cada equipamento permite o registo das condições da operação de limpeza realizada, assim como a avaliação visual dos pontos críticos de cada equipamento (Capítulo 4.1.8.2 - Pontos Críticos de Limpeza de Equipamento(s) Na Unidade de Formulação de Líquidos).
Condições de Armazenamento de Matérias-Primas e Produtos Formulados
O armazenamento de matérias-primas, embalagens, produtos acabados e o controlo de qualidade contribuem igualmente para o presente tema. A Sapec Agro Portugal possui parque de matérias-primas e parques de produtos acabados. A utilização de matérias-primas é feita com a quantidade necessária para se formular cada produto (lote), com o intuito de evitar-se matérias- primas não utilizadas ou excedentárias. Em situações não possíveis de se evitar o excedente de matérias-primas, por exemplo pela quantidade necessária não corresponder à quantidade contida numa palete ou bidon, o excedente é devidamente identificado, pesado e devolvido ao parque de matérias-primas e colocado em local apropriado ao da unidade fabril onde ele é proveniente. O mesmo se verifica quando se trata de uma matéria-prima comum às duas unidades fabris e não é utilizada na sua totalidade: realiza-se o mesmo procedimento anteriormente descrito com o objectivo da prevenção da sua utilização pela outra unidade fabril (prevenção de contaminação).
Também a situação em que é preciso proceder à fusão de matéria-prima para ser utilizável, cada unidade fabril possui a respectiva zona de liquefacção (conhecida por zona de indutores e as estufas).
O controlo da entrada/ utilização de matérias-primas, armazenagem de lotes e de produtos embalados ocorre pela utilização de um sistema informático, onde cada produto é distinguido por uma etiqueta com código específico que possui informações relevantes sobre esse mesmo produto.
23 Produtos Devolvidos ou Não Conformes
Os produtos devolvidos do exterior são primeiramente colocados no Ecoparque, onde ficam sujeitos a procedimentos logísticos, de qualidade e posteriormente de produção. Após a sua identificação e a análise das acções necessárias para garantir a conformidade do produto, são encaminhados para as respectivas secções de fabrico para serem reintroduzidos em formulações do granel correspondente ou sujeitos a outras acções estabelecidas pelo LCQ.
Inspecção Final de Qualidade do Produto Formulado
A inspecção do produto formulado é feita seguindo procedimentos específicos, padronizados e controlados pelo LCQ.
As equipas dedicadas à inspecção de qualidade do produto embalado possuem laboratório e equipamento específico e recebem formação constante para executar a inspecção visual e os ensaios necessários para garantir a qualidade do produto embalado que posteriormente segue para o mercado.
Sistema Informatizado
A Sapec Agro Portugal possui um sistema informático, onde a cada produto é atribuído uma etiqueta com código de barras específico que possui as informações relevantes sobre esse produto, como exemplo permite saber em que condições está o produto, data da formulação ou as matérias- primas e seus respectivos lotes que foram incorporadas na sua fabricação. As matérias-primas também estão sujeitas ao mesmo procedimento. Com alteração das operações de limpeza dos equipamentos de forma a utilizar-se o produto de limpeza indicado com o intuito da valorização dos resíduos através da sua incorporação em posteriores formulações do mesmo produto, será necessário a codificação destes resíduos de limpeza reaproveitáveis. Assim, da mesma forma que existe para os produtos, é necessário a atribuição de códigos de barras aos resíduos de limpeza de forma a controlar-se a quantidade de resíduo de limpeza em stock e qual é o produto a que ele pertence para posteriormente ser incorporado nas formulações. Este procedimento permitirá um melhor controlo e organização da incorporação destes resíduos.
Com a atribuição de códigos de barras aos resíduos líquidos em stock, será também necessário a alteração das fórmulas com a introdução da utilização de resíduos de lavagem. A quantidade a utilizar será de acordo com as características de cada produto. Esta alteração das fórmulas já existe para algumas situações.
24